Os dois então, entraram na igreja. Na sacristia, Lourival começou a contar a história de sua vida.
Enquanto isso, na entrada da igreja, todos comentavam sobre o lamentável incidente ocorrido.
Lourival, na sacristia, explicava a moça sobre sua origem pobre, seu trabalho como pescador, seus tios – recém-falecidos. Contou também sobre como sua vida mudou depois que entrou para o bando de Raul, de como conheceu Elis, e de tudo o que viveram.
Regina, ao ouvir que era o retrato exato da noiva que ele vira morrer, ficou chocada.
Não bastasse isso, a pobre moça ainda teve que ouvir que ele se envolvera com uma mulher mais velha, e que por acidente a matara. Depois, Lourival explicou que com o dinheiro de Madalena, passou a viver como um lorde.
Regina ao ouvir as palavras de Lourival, tencionou sair da sacristia. Chamando-o de assassino, comentou que não queria mais saber de se casar com ele. Dizendo que o desprezava, respondeu que ele era indigno de conviver com sua pessoa.
Lourival ao ouvir isso, tentou se explicar. Dizendo que a vida o encaminhara a isso, revelou que gostava muito dela.
Regina magoada, ao ouvir isso, perguntou em um tom choroso:
-- Tanto quanto você gostava de Elis?
-- Mas é claro que não. Entre vocês, não há comparação. Você é especial. – respondeu ele segurando o rosto de Regina.
Regina furiosa, respondeu que não era um prêmio de consolação. Dizendo que não estava ali para ser usada, sugeriu a Lourival que ficasse com as lembranças de Elis. Afirmando que o noivado estava desfeito, saiu correndo da sacristia.
Lourival aflito, ao vê-la escapar, partiu em seu encalço. Dizendo que não havia dito tudo, pediu para ela não fugisse dele.
Regina porém, continuou a correr.
Lourival, percebendo que precisava apertar o passo, correu atrás dela.
Quando a moça alcançou a porta de entrada da igreja, Lourival gritou pedindo para que os convidados não a deixassem sair. Em vão.
Regina, mesmo tendo em frente a multidão, conseguiu sair da igreja.
Lourival por sua vez, ao sair, passou a ser xingado por todos. Aturdido, bem que tentou seguir Regina, mas esta, percorrendo as ruas, acabou sendo perdida de vista.
Leopoldo dizendo a esposa que a procuraria, pediu a ela que esperasse por eles, em frente a igreja.
Margarida, bem que tentou argumentar, mas Leopoldo insistiu para que ela o esperasse por ali.
Com isso Lourival, cercado por Aliomar, Abelardo, Bernardo, Claudete e Cremilda, encurralado, pediu para que eles o deixassem ir. Afirmando que há muitos anos estava vivendo um inferno na Terra, comentou que mais do que já pagara pelo que fizera, ninguém pagou. Em seguida, dizendo que Aliomar também tinha sua parcela de culpa na morte de Elis, Lourival revelou que ele perseguira sua noiva. Dizendo que Aliomar compelira Elis a se jogar na frente de um automóvel, Lourival conseguiu reverter a situação.
Aliomar então, passou a ser vaiado por todos.
Nisso, dizendo que a morte de Madalena não fora sua culpa, comentou que nunca tivera a intenção de matá-la. Aflito, Lourival respondeu que se eles o deixassem ir atrás de Regina, assim que terminasse de se explicar a ela, voltaria até ali e se entregaria a polícia.
Aliomar ao ouvir isso, ameaçou-o com uma arma.
Lourival porém, sem ter mais nada a perder, saiu em disparada dali.
Foi o suficiente para Aliomar atirar contra a multidão.
Assustados, todos se afastaram. Curiosamente porém, ninguém saiu correndo dali, nem mesmo Margarida, que assustada, se afastou um pouco da frente da igreja.
Nisso, Lourival partiu no encalço de Regina.
Leopoldo, também a procurava – de carro. Todavia, não a encontrou.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
Poesias
quinta-feira, 3 de junho de 2021
OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 38
OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 37
Assim, Aliomar e Lourival conversaram. Ou melhor, discutiram. Isso por que, Aliomar, utilizando-se de seus conhecimentos sobre a vida pregressa de Lourival, passou a ameaçá-lo. Dizendo que contaria tudo o que sabia a seu respeito a todos, tentou intimidá-lo.
Lourival porém, dizendo que ele tinha muito a perder se contasse o que sabia a seu respeito, comentou que fora ele quem matara Elis.
Aliomar, ao ouvir o nome de Elis, sorriu. Aproveitando a deixa, respondeu que ele não fora o único culpado por aquela morte. Dizendo que Lourival também fora responsável pelo lamentável acidente que vitimara Elis, o homem praticamente se isentou de culpa. Além disso, Aliomar respondeu que por mais que fizesse, Lourival nunca poderia se livrar desta culpa.
Lourival ao ouvir isso, mandou Aliomar se calar.
Aliomar contudo, continuou acusando-o da morte da moça.
Atordoado, Lourival, começou a correr.
Irritado, Aliomar começou a gritar que não havia terminado sua conversa.
Desesperado, Lourival passou a correr pelas mesmas ruas, que Elis percorrera no dia fatídico. Correndo, acabou se deparando com Abelardo, que ao vê-lo, chamou-o de assassino. Logo após, Lourival avistou Bernardo e Claudete – que se dirigiam a igreja.
Desejoso de consumar sua vingança, Bernardo acabou convencendo Claudete a acompanhá-lo até a igreja.
Ao vê-lo, Bernardo chamou-o de desgraçado.
Aturdido, Lourival correu mais alguns quarteirões. Seguido por Aliomar e seus capangas, e acabou sendo alcançado.
Ao ser pego, Lourival tentou resistir, mas Aliomar, percebendo isso, esmurrou-lhe.
Desacordado, Lourival foi levado de volta a igreja. Deitado no chão em frente a entrada do templo, a esta altura, todos os convidados já sabiam do incidente.
Cremilda, que havia ido até a igreja, ao avistá-lo em tão comprometedora situação, ao vê-lo despertar, comentou que a morte de Elis, não era a única morte que ele carregava consigo. Afirmando que sua patroa também fora morta por ele, Cremilda apontou para Lourival.
Os convidados ao notarem o dedo da mulher em direção a Lourival, censuraram-no.
Foi então que Cremilda chamou-o de assassino.
Com isso, eis que surge Regina. Depois de quase uma hora de atraso, a moça ao ver a aglomeração de pessoas em frente a igreja, assustou-se. Preocupada pediu ao pai para que verificasse o que estava acontecendo.
Leopoldo então saiu do carro, e seguindo em direção a multidão, descobriu que o genro tentara fugir da igreja.
Ao saber disso, Leopoldo exigiu explicações de Lourival.
Aliomar ao perceber o espanto do homem, comentou que Lourival era acusado do assassinato de duas pessoas.
Lourival ao perceber o olhar de reprovação de Leopoldo, pediu a ele para conversar por um momento com Regina. Dizendo que tinha o direito de se explicar, Lourival acabou convencendo o relutante Leopoldo a deixá-lo conversar com a moça .
Isso por que o homem, percebendo que a filha precisava ver com os próprios olhos o que estava acontecendo, desistiu da idéia de proibir o encontro.
Assim foi.
Regina, ao ser chamada a sair do carro, comentou que todos ainda estavam na porta da igreja. Perguntando por que tinha que sair do carro, ouviu como resposta, que Lourival precisava conversar com ela.
Regina ao ouvir as palavras do pai, bem que tentou argumentar, mas Leopoldo dizendo que o assunto era muito sério, exigiu que ela deixasse de lado as formalidades.
Sem alternativa, Regina aquiesceu.
Lindamente vestida, Regina, ao caminhar por entre os convidados, causou espanto e admiração em todos. Envergonhada, a moça bem que pensou em voltar ao carro, mas ao ver que seu gesto não tinha volta, resolveu seguir em frente.
Ao ver Lourival com o olho roxo – resultado do soco que levara –, a moça perguntou o que havia acontecido.
Nisso, Abelardo, Bernardo, Claudete e Aliomar, ao verem a moça, ficaram espantados. Isso por que, Regina muito assemelhada com Elis, lhes trazia a mente a memória da moça. Admirados com a semelhança física, comentaram quase que em uníssono:
-- Mas ela é igualzinha a Elis!
A moça ao ouvir aquelas palavras, assustou-se. Perguntando a Lourival o que estava acontecendo, ouviu dele um pedido para conversarem na sacristia.
Regina, sem saber o que pensar, concordou.
Luciana Celestino dos Santos
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OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 36
Claudete que estava cuidando do jantar, ao descobrir o motivo da irritação de Bernardo, preocupada pediu para ele deixar o assunto de lado. Dizendo que Lourival não tivera culpa da morte de Elis, a mulher pediu reiteradas vezes, para que ele se esquecesse da idéia de vingança.
Bernardo porém, iracundo, insistiu em dizer que era chegado o momento da revanche.
Claudete ao ouvir isso, ficou apavorada.
Cremilda – a ex-empregada de Madalena –, depois de um longo dia de trabalho na casa de uma família abastada, ao saber pelos jornais, da notícia de casamento de Lourival, inconformada, comentou com uma amiga, que gostaria de ver de perto, o casamento.
Misteriosa, acabou deixando escapar, que sabia de algo relacionado a morte da ex-patroa.
A amiga, ao perceber o tom com que Cremilda falava, recomendou-lhe cautela. Perguntando-lhe o que sabia a respeito da morte de Madalena, Cremilda respondeu que nada de mais.
A amiga porém, não se convenceu.
Cremilda, percebendo a desconfiança da amiga, resolveu mudar de assunto.
Assim, as duas começaram a falar de amenidades.
Com isso, no dia do casamento, Lourival, animado, tratou logo de se preparar para o momento. Depois de tomar um banho, colocou o terno. Feliz, ao mirar-se no espelho, lembrou-se do fatídico dia em que se casaria com Elis.
Ao lembrar-se da morte da moça, Lourival ficou perturbado.
Isso por que, a cena de Elis morta, nos seus braços, era terrível. Tão funesta que retirou-lhe até as cores da face. Atormentando com a lembrança, Lourival pensou em desistir do casamento.
Não fosse o companheiro fiel de festas, e Lourival teria deixado Regina, esperando-o no altar.
Enquanto isso, depois de dormir profundamente, Regina foi chamada por Margarida. A moça, espreguiçando-se, logo levantou-se. Tencionando banhar-se, pediu a mãe para que lhe preparasse um banho.
Margarida atendeu o pedido. Preparando a banheira, colocou na água, e todos os sais de banho que sua filha tinha direito.
Regina então, tomou seu banho.
Lourival, por sua vez, já se preparava para ir até a igreja.
A esta altura, todos os convidados, aguardavam ansiosamente o casal. Assim, quando Lourival apareceu todos o cumprimentaram. Posicionado em frente ao altar, permaneceu em pé.
Regina por sua vez, colocava seu vestido de noiva. Arrumando-se para o casamento, demorou mais do que o esperado para chegar na igreja.
Lourival, que aguardava a noiva, distraído, só percebeu a aproximação de Aliomar, quando o mesmo puxou-o pelo braço.
Ao vê-lo, Lourival perguntou:
-- O que faz aqui?
-- Nossa! Mas que recepção! Eu venho aqui para te congratular e você me responde com quatro pedras na mão. O que é isso? – comentou Aliomar, visivelmente espantando com a aparência excessivamente jovial de Lourival.
Lourival ao perceber o olhar de espanto de Aliomar, resolveu perguntar:
-- O que você está olhando?
-- Nada de mais. Eu só estou espantado com seu aspecto jovem. Já faz quase vinte anos que eu te conheço, e você não mudou nada. Parece o mesmo jovem que eu conheci tempos atrás. Quanto a mim, já não posso dizer o mesmo. Como pode ver, eu já sou um velho.
Lourival, percebendo que a conversa trilhava um caminho perigoso, pediu licença aos padrinhos, que ouviram tudo. Espantados, os mesmos concordaram que os dois conversassem do lado de fora da igreja.
Luciana Celestino dos Santos
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OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 35
Os pescadores da vila onde ele nascera e crescera, ao saberem da novidade, comentaram que Lourival havia realmente, mudado de vida. Impressionados com sua trajetória, alguns deles comentaram, decepcionados, que jamais seriam convidados para participar da festa.
Aliomar, que havia se afastado da cidade, após o lamentável acidente que vitimara Elis, depois de alguns anos, retornou ao lugar. Retomando suas atividades, quando o jogo foi proibido em 1946, pelo presidente – o General Eurico Gaspar Dutra –, Aliomar ficou sem saber o que fazer. Sem sua principal fonte de renda, inconformado com a medida, entrou para ilegalidade. Foi assim que continuou com seus negócios.
Com seus cassinos na clandestinidade, Aliomar, acabou se aliando a Raul – importante contrabandista da região. Os dois juntos, eram imbatíveis. Sim por que, com o jogo proibido no Brasil, só restou a Aliomar contrabandear os produtos que necessitava para operar seu cassino.
Assim, os dois se tornaram grandes amigos.
Quanto a Abelardo – o mesmo se casou. Após o lamentável acidente que ceifou a vida de Elis, o rapaz, por algum tempo, chorou sua tristeza. Porém, conforme o tempo passou, ao encontrar uma nova pretendente, casou-se. Agora com dois filhos quase moços, Abelardo parecia ter se esquecido por completo de Elis.
Já Bernardo e Claudete, sozinhos, só faziam lamentar a perda da filha. Embora já fizesse quase vinte anos que a tragédia que vitimara Elis, ocorreu, o casal não se conformava com a morte da moça.
Bernardo, inconformado com essa tragédia, foi o que mais sofreu com a perda da filha. Depois da morte de Elis, desejando vingança, o homem procurou por Lourival, em todos os lugares.
Procurando-o passou meses em seu encalço. Em vão. Nunca conseguiu achá-lo.
Todavia depois de alguns anos, alimentando sua raiva por ele, finalmente Bernardo o viu em colunas sociais, ao lado de uma mulher, chamada Madalena.
Bernardo ao ver Lourival estabelecido na vida, ficou furioso. Isso por que, com dinheiro, ficava praticamente impossível atingi-lo.
Claudete, percebendo a irritação do marido, ao ver a foto do casal, tentou de todas as formas possíveis acalmá-lo.
Bernardo porém, furioso, não podia aceitar que o estava acontecendo.
Sim, por que se o rapaz estava casado com a dama, não havia mais nada o que ser feito.
Claudete ao perceber que o marido desejava se vingar, tentou mais uma vez acalmá-lo. Mas Bernardo, frustrado, nutriu por muito tempo um sentimento de pesar e de amargura, ao sentir que não poderia atingi-lo.
Nisso, o tempo passou.
A raiva de Bernardo por Lourival, contudo, não arrefeceu. Porém, ao ver a notícia da morte de Madalena, Bernardo percebeu que o rapaz não era tão inatingível assim. Feliz com a notícia, esperava se vingar do rapaz. Sim, por que, duvidando das versões apresentadas pela polícia, Bernardo acreditava que Lourival, matara a mulher.
Todavia, para sua decepção, Lourival não chegou sequer, a ser alvo de suspeitas.
Aliomar e Raul, ao acompanharem as notícias do envolvimento de Lourival com uma mulher mais velha e depois a morte desta, ficaram surpresos. Acreditando que Lourival poderia ter algum envolvimento no crime, a dupla acompanhou avidamente as notícias no jornal.
Raul, que há tempos não tinha notícias de Lourival, ao saber pelos jornais, que ele estava para se casar, espantou-se. Espantou-se mais ainda, ao saber de Aliomar, que Lourival fugira da cidade depois da morte de sua primeira noiva.
Com isso, quando Raul e Aliomar souberam do enlace de Lourival e Regina, perceberam que ele era forte demais para cair. Ao notarem este fato, perceberam que o mesmo era uma ameaça em potencial.
Muito embora, Lourival nunca mais tenha falado com eles, Raul e Aliomar temiam que ele contasse o que sabia a respeito deles. Cismados com a atitude de Lourival, Raul e Aliomar, acreditavam que mesmo depois de anos, ele podia prejudicá-los.
Aliomar principalmente. Ao dizer que de certa forma tivera sua parcela de responsabilidade pela morte de Elis, comentou que Lourival poderia estar esperando o momento certo para se vingar dos dois.
Raul ao ouvir isso, respondeu que não tinha nada que ver com a morte da moça. Salientando que não a conhecia, afirmou que não podia ser responsabilizado por isso.
Aliomar concordou. Mas dizendo que Lourival sabia demais a respeito dos dois, comentou que eles deviam ter cautela.
Raul, notando que o temor de Aliomar era exagerado, respondeu que muita coisa havia mudado.
Aliomar, percebendo uma certa tranqüilidade no parceiro, comentou que embora muita coisa tenha mudado, algumas permaneciam iguais. Ademais, ressaltando que para quem tinha dinheiro era fácil descobrir o paradeiro de dois bandidos, Aliomar conseguiu deixar Raul bastante preocupado.
Intrigado, o homem perguntou:
-- Mas por que só agora ele tomaria alguma atitude contra nós?
Aliomar então respondeu:
-- Talvez por que só agora ele tenha encontrado uma boa desculpa para isso.
Raul por sua vez, continuava sem entender a preocupação do amigo. Dizendo que já havia passado tempo demais, comentou que ele não tinha motivos para querer prejudicá-los.
Nisso, a conversa se encerrou.
Aliomar contudo, continuava preocupado. Por esta razão, tentando se antecipar aos fatos, resolveu visitar Lourival.
Abelardo, ao ler a notícia do casamento de Lourival com Regina, inconformado, tratou logo de informar Bernardo a este respeito.
O homem ao saber da novidade, ficou inconformado. Prometendo se vingar, jurou que desta vez Lourival não escaparia incólume.
Abelardo ao perceber a irritação de Bernardo, ficou deveras satisfeito. Isso por que, mesmo depois de muitos anos, Abelardo ainda nutria um sentimento profundo de ódio por Lourival. Por esta razão, desejoso de vingança, assim que soube do grande acontecimento avisou Bernardo.
Com isso, depois de avisar Bernardo sobre o casório, Abelardo se despediu.
Luciana Celestino dos Santos
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OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 34
No dia seguinte, Lourival e Regina foram passear pelo centro da cidade.
Mais tarde, aproveitando a matinê, foram ao cinema. Enquanto assistiam a película, Lourival aproveitava para tocar o ombro de Regina.
Feliz por conhecer a moça, Lourival pôde retomar seus tempos felizes.
Contente, nos últimos tempos, Lourival resolveu se dedicar única e exclusivamente a Regina. Ser ao qual, devotava sua mais completa adoração. Muito embora, a moça não agisse igual a Elis, Lourival chegava a se esquecer às vezes, que Regina, era apenas muito parecida com sua primeira noiva.
Regina por sua vez, ao notar que algumas vezes Lourival a observava de uma maneira muito comovida, perguntava:
-- O que foi? Por que você está me olhando desta maneira?
Lourival, percebendo que agia indiscretamente, sempre respondia, quando era questionado a esse respeito, que apenas a estava admirando.
Regina, que desconhecia a história de Elis, sempre que ouvia as explicações do mancebo, acreditava nelas. Isso por que, sem motivos para desconfiar de Lourival, só restava a moça, acreditar.
Assim, foi até o dia do casamento.
Sim, depois de algum tempo de calmo namoro, Lourival, sequioso de se casar, resolveu conversar com os pais da moça e marcar o dia do casamento.
Leopoldo, que considerava a filha muito jovem, tentou fazê-lo desistir da idéia.
Lourival no entanto, insistiu. Dizendo que já era mais do que hora dele ter uma família, afirmou que Regina seria a mulher mais feliz do mundo.
Leopoldo ao ouvir as palavras do rapaz, percebendo que nada o faria mudar de idéia, finalmente concordou com o casamento.
Margarida, percebendo que em breve sua filha sairia de casa para ter sua própria família, ficou emocionada. Em meio a este sentimento abraçou Regina, e dizendo que sua vida iria mudar muito dali por diante, desejou-lhe felicidades.
Igualmente emocionada, Regina agradeceu as felicitações. Em seguida, abraçando Lourival, disse-lhe que estava muito feliz.
Lourival sorriu.
Com isso, nos dias que se seguiram, Margarida e Regina passaram tardes e mais tardes vasculhando lojas a procura de objetos para guarnecer a nova casa. Muito embora soubessem que o rapaz já possuía residência, Margarida queria por que queria, que sua filha tivesse um vasto enxoval.
Assim, só restou a moça, acompanhar sua mãe nas compras.
Lourival por sua vez, assim que pôde, ligou para seu alfaiate, solicitando-lhe que fosse até sua casa conferir suas medidas para fazer um terno.
Com isso, o tempo foi passando.
Regina e Lourival ansiosos pela data do enlace, mal podiam acreditar que em breve se casariam.
O casal, que ultimamente vinha freqüentando as colunas sociais, atraía a atenção dos jornalistas, sempre ávidos por novidades.
Assim, o casamento acabou se tornando conhecido de todo o pessoal da região.
Luciana Celestino dos Santos
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OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 33
Com isso, nos dias que se seguiram, informado de que seus tios faleceram, Lourival tomou logo todas as providências necessárias, para que fosse realizado o enterro.
Mesmo assim, muito embora tenha arcado com todas as despesas da cerimônia fúnebre, Lourival não compareceu ao enterro.
Tal fato causou estranheza a todos os moradores da vila de pescadores, onde Marta e Renato viveram seus últimos dias. Alguns pescadores, espantados com a desconsideração de Lourival, chamaram-no de ingrato.
Como desculpa para sua ausência, Lourival encomendou uma linda coroa de flores para enfeitar o caixão dos tios. Mas, isso não foi o suficiente para convencer os caiçaras de que agira corretamente. Alguns dos homens, que o conheceram quando jovem, ao constatar que Lourival continuava o mesmo arrogante de sempre, comentaram que não o perdoariam por ter abandonado os tios.
Com isso, certa vez, caminhando pelas ruas da cidade de Fortaleza, Lourival, ao ser reconhecido por um dos pescadores da vila onde morava, tratou logo de fugir dali.
Espantado, o caiçara ficou admirado quando notou que Lourival não mudara nada nos últimos anos.
Incomodado com a cena, Lourival demorou algum tempo para se esquecer do assunto.
Todavia, quando se esqueceu, voltando a sua vida boêmia, novamente se encontrou com Regina. Cada vez mais impressionado com a beleza da moça, Lourival constatou que não poderia mais uma vez deixar a felicidade escapar-lhe das mãos. Assim, ao sentir que a presença da moça em sua vida não era obra do acaso, Lourival, passou a usar pretextos, para vê-la.
Foi assim, que descobriu que a moça dançava muito bem. Dançando com ela em bailes, Lourival percebeu também, que ela era uma ótima companhia. Inteligente e refinada, sabia conversar sobre qualquer assunto.
Simpática, sempre sorria dos galanteios dos colegas de Lourival.
Ele por sua vez, ficava cada vez mais encantado com ela.
Feliz com sua presença, certa vez, em visita à sua residência, Lourival conheceu os pais da moça.
Nesta visita, Lourival descobriu também, que Regina era uma exímia pianista.
Impressionado com tantas habilidades, Lourival, exclamou:
-- Vejo que a senhorita tem múltiplos talentos!
Regina ao ouvir o comentário, sorriu.
Por fim, se despedindo, Lourival voltou para casa.
Feliz, ao chegar em sua residência, mal podia acreditar que estava fazendo as pazes com a vida. Depois de anos vivendo sozinho, finalmente encontrara a pessoa que iria alegrar seus dias. Envolvido por este pensamento, Lourival decidiu que já era hora de firmar compromisso com a moça.
Foi assim, que depois de algumas semanas, Lourival pediu a mão de Regina em casamento.
Em um jantar oferecido em sua residência, Lourival pediu Regina em casamento.
Margarida e Leopoldo ao ouvirem o pedido, concordaram.
Leopoldo, visivelmente emocionado, respondeu que a data era tão feliz que não conseguia encontrar palavras para descrevê-la.
Regina sorriu.
Lourival, comentando que tivera muita sorte por encontrar Regina, respondeu que mal podia esperar pelo dia do casamento.
Leopoldo, percebendo sua animação, respondeu que não havia por que ter pressa.
Margarida concordou. Dizendo que a filha era muito jovem, afirmou que eles precisavam se conhecer mais um pouco.
Nisso, eis que surge uma criada trazendo chávenas com chá para que pudessem encerrar o jantar. A refeição, cuidadosamente preparada, parecia um banquete. Lourival, sequioso de que a data se tornasse memorável, pediu as empregadas que caprichassem no jantar. Isso por que, só assim, conseguiria impressionar os pais da moça.
Nervoso, Lourival não queria que nenhum detalhe escapasse de seu controle.
Por isso, quando tudo ocorreu a contento, feliz, se aquietou.
Com isso, no momento em que Margarida e Leopoldo se despediram, Lourival convidou Regina para um passeio.
A moça, mais do que depressa concordou. Seus pais então, pedindo para que não se demorasse, responderam que a esperariam no carro.
Regina concordou.
Nisso, depois do passeio, dizendo que precisava partir, Regina foi ao encontro dos pais, que a esperavam dentro do carro, para ir embora.
Luciana Celestino dos Santos
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OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 32
Foi justamente neste cenário que ele voltou a se lembrar dos momentos que passara com a moça. Dos beijos que trocaram, das brincadeiras na praia, dos sorrisos, dos olhares.
Envolvido por estas lembranças, Lourival chegou por um instante a se esquecer de suas tristezas, de suas culpas, e de seus pesares.
Contudo, depois de horas se recordando de momentos felizes de sua vida, Lourival voltou a sua realidade.
No caminho de volta para casa, ao se encontrar com Abelardo, este ao vê-lo, surpreendido com sua juventude, começou a dizer, que ele devia ter uns quarenta anos. Os transeuntes que ouviram o comentário, ao observarem Lourival, ficaram espantados.
Lourival, aturdido com a atitude de Abelardo, começou a correr. Apressado, só pensava em chegar à sua casa. Por isso, ao lá chegar, tratou logo de trancar a porta. Assustado com o que ocorrera, Lourival resolveu que passaria os próximos dias recluso.
Seus empregados, já acostumados com suas excentricidades, nem estranhavam mais o seu comportamento.
Contudo, alguns conhecidos, percebendo que ele não saía mais de casa, começaram a estranhar sua atitude. Por conta disso, alguns deles chegaram até a visitá-lo para saber o que estava acontecendo.
Com isso, Lourival, acabou retomando sua vida social.
Foi assim, que depois de algum tempo, reencontrou Regina. Cada vez mais encantado com a moça, Lourival com o passar do tempo, convidou-a para visitar sua casa.
Regina, encantada com o convite, aceitou prontamente a oferta.
Assim, no dia combinado, a moça adentrou a suntuosa residência de Lourival. Observando a decoração dos ambientes, e o requinte do lugar, Regina elogiou seu bom gosto.
Lourival prontamente agradeceu o elogio. Depois, dizendo que fazia algum tempo que vivia ali, comentou que pouquíssimas pessoas conheciam sua casa.
Regina ao ouvir isso, ficou lisonjeada.
Por fim, passadas algumas horas, Regina, percebendo que precisava voltar para casa, despediu-se de Lourival.
O homem por sua vez, dizendo que a acompanharia até a porta, convidou-a para uma nova visita.
Regina prometeu que assim que pudesse, o visitaria novamente.
Luciana Celestino dos Santos
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