Poesias

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

TERRAS DO PASSADO

Em passeios por terras do passado
Ficar a contemplar lindas telas enamorado
Quanta virtude, energia e beleza em vigorosas pinceladas
Imponentes esculturas em bronze,
Ou materiais diversos
Da impressionante construção de tijolos a vista
Que ocupa a visão, os olhares do passeio
De largas ruas e corredor de coqueiros
Do jardim que já serviu de cartão postal para histórias
Encontros e despedidas
Abraços e sorrisos, das pessoas
Viandantes, viajores do tempo

De pessoas com suas roupas domingueiras a passear,
Em família pelo bonito jardim
Em suas ruas de plantas, os bancos
A emoldurar muitas histórias de amor
A serem fotografados em máquinas antigas,
E cujas chapas ficavam a soltar fumaça
Branca fumaça a eternizar momentos belos, felizes, fugazes
Nas câmaras do tempo e da saudade

Muitos vestidos rendados, jóias, colares, pulseiras
As belas damas, adornadas com pequenos chapéus
Mocinhas melindrosas de cabelos channel e luvas,
Soltos vestidos longos
Os cortes dos cabelos a se alongarem,
E os cabelos a se cachearem
As mulheres de vestidos, longas saias rodadas
Homens engravatados e de terno, chapéus

Os tubinhos, sapatos de salto, as maquiagens pesadas
Olhos negros, delineados
O tempo a ditar as regras e as modas
As carruagens que a circundar ficavam o parque,
Lugar deram a carros luxuosos, caros
E mais tarde, veículos menos sofisticados,
Populares a todos, simples carros

Dos tempos em que se fazia o footing e se andava de bonde
Primeiramente puxados por cavalos, e depois, elétricos
Do Parque da Luz,
Confrontado com a centenária Estação Férrea
Majestático cenário!

E na magnífica Pinacoteca
Pinturas abstratas, portraits, naturezas mortas
Desenhos e gravuras
Prodígios de engenho e arte
As escadarias de mármore,
As esculturas a enfeitarem as passagens
E o tempo passado a nos trazer,
Pequenos fragmentos de momentos distantes
Em portraits, retratos de presidentes,
De famílias de escol

Telas a exporem as histórias de nossos tempos
Retratos de famílias, bustos, pinturas
E a bela moça de cabelos médios, levemente anelados
Com seu semblante enigmático,
Nos leva a pensar:
Qual teria sido seu passado?
Teve vida ditosa? Foi feliz?
Vivente em tempos passados,
A mostrar seu semblante em retrato
Fiel aos modismos de seu tempo

Pinacoteca do Estado
Morada eterna de Brecheret’s, Décios e Dário Villares,
Almeidas Junior, Anitas Malfatis, Portinaris, entre tantos outros
Entre diversos passeios, dispersos
Museu de meus passeios, de minhas viagens ao passado

A imaginar festejos e bailados,
Com a mais fina flor da sociedade paulistana!
Bailes nos clubes da cidade
Com seus crooners a entoarem belas canções do rádio
Todos a usarem trajes de gala
Lindas moças elegantemente vestidas em seus longos,
Senhores repletas de jóias e luxo
E os homens de fraque
A dançarem ao som das lindas canções
Dançando e vivendo emoções

Revistas antigas, fotografias amareladas,
Retratos em preto e branco
A contar nossos melhores momentos
A esconder nossas dores
Dores, velhas dores do mundo,
As quais nunca mudam de forma,
Apenas mudam de lugar!

E as moças e os moços a sonhar ...
E as moças a imaginarem,
Como seriam os rostos de seus cantores queridos
Emoções advindas das ondas de uma estação de rádio
Objeto de fortes freqüências,
De madeira, imponente, imenso,
A parte fazerem, do cotidiano das pessoas

Pinacoteca querida!
Tantas histórias tenho para contar-te
Das minhas impressões pessoais
Pois nos caminhos do templo,
Em seus corredores, e em seus amplos salões
Muitas histórias para se imaginar
Muitas pinturas e esculturas para se admirar
Depositário das memórias de nossas gentes,
De nosso povo,
Orgulho de São Paulo!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

Sem título

I
Caos, trânsito,
Superpopulação, superlotação
Transportes públicos transbordantes de gentes,
Empurra empurra,
Integração e baldeação demais
Linhas de transportes extintas,
Sob alegação de que as estações não as comportam

E nós, quanto suportamos?
Até quando teremos que suportar tanto descaso?

Pensando nisto,
E na classe política que em grande parte,
Só pensa em seus próprios bolsos,
Chega-se a seguinte conclusão:

O bom senso adverte;
Viver em sociedade, faz mal a saúde!

II
Pensamentos políticos:
Gostaria de escrever versos políticos
Destes que servem para as pessoas pensarem,
Refletirem sobre suas realidades!

Como que a mostrar,
O quanto a política interfere em nossas vidas
Em nossas práticas cotidianas,
Sem que sequer percebamos

Por onde começo?
Pelas bombas, atentados terroristas?
Campos de refugiados?

Nos campos de refugiados
Pessoas acorrem em desespero
Lugar onde pessoas e crianças famélicas,
Esperam ajuda humanitária

E voluntários procuram fazer o melhor
Na precária situação em que se encontram

Gente desamparada rumando sem rumo
Estrangeiros sem pátria,
A fugirem das guerras de seus países de origem
Da fome e da miséria

O sonho de uma vida melhor,
Onde a dor e o sofrimento
Não o habitem,
Fazendo dele a sua morada

Triste esperança, quase sem esperança
Vida muitas vezes,
Sem perspectiva e sem futuro

Comento o drama,
Das minas terrestres em países da África?
Contingência de guerras civis
Pessoas mortas ou mutiladas

Os vivos, que precisam retomar suas vidas
Na sua esperança de a guerra ser longínqua
Retomada de esperança, em tempos de paz

Digo de nossas tristes mazelas?
Por qual delas começo?
Os tributos, as taxas?

Impostos a nos sobretaxarem por tantos meses
Onerando nossa economia,
Nossa paciência,
E nossa folha de pagamento
Não se refletindo em serviços de qualidade

Pois tudo o que precisamos,
Necessitamos pagar à parte
Saúde, educação, segurança

E quem não quer sofrer,
Em transporte de má qualidade
Paga seu carro, caro
Sem contar o preço dos imóveis na estratosfera

Nossos políticos,
Cada dia mais desmascarados em suas falcatruas
A ladroagem correndo a descoberto

Elevação do preço das passagens de transporte
O qual anda cada vez mais abarrotado de gente

Tranquilidade somente ao descer do coletivo
Poucos passos para se chegar em casa

E ao ligar a tevê,
Mais notícias trágicas
Atentados na Síria,
Político convalescente,
A demonstrar possuir um coração,
De maneira indiscutível!

Eleições na França,
A hipocrisia a condenar alguém por ter dinheiro

Mas por que?
O mal não é o dinheiro honesto que do bolso sai,
E sim, o dinheiro escuso que o penetra

Berthold Brecht a dizer
Que o preço do pão, de nossa escova, etc.,
E tantos serviços colocados a nossa disposição,
São resultado de um processo político

E que se trata de um tolo,
Quem diz com isto não se importar
Afinal,
Como não se importar com o próprio viver?

O preço do combustível, dos dentifrícios,
Dos cosméticos, dos produtos de higiene,
Do transporte, da água e do esgoto, da luz,
Do telefone, da internet, da tevê a cabo,
Dos alimentos, das bebidas, sucos, refrigerantes,
Do álcool, da palha de aço,
Dos produtos de limpeza, etc.

Enfim, o preço dos produtos,
E serviços que nos cercam,
Bem como da guerra e da paz
Tudo é resultado das decisões políticas!

Majorados pelos impostos,
E suas alíquotas definidas por leis
Oriundas de processos legislativos

Nas Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas,
Câmara dos Deputados, Senado,
Unidos no Congresso Nacional

São eles, os políticos,
Que ditam leis majorando alíquotas de impostos,
Que aumentam o preço dos produtos
Onerando o custo de vida

Vez por outra, os criam ou os extinguem,
Ora criam leis isentando-os

São os homens da vida pública,
Os quais decidem em grande parte,
Pela guerra e pela paz!

Muito embora a guerra,
Não faça parte de nossa realidade
Pelo menos não a declarada
Muito embora ocorram muitas outras silenciosas

Rezemos então por nossos irmãos que sofrem,
Neste ou em outros continentes,
Ajudemos no que for preciso!

Mas voltemos aos políticos ...
São eles que através dos impostos, taxas e tarifas,
Interferem no preço das mercadorias e dos serviços

Não bastassem as estiagens e demais problemas,
Decorrentes de chuvas ou da falta delas,
A elevar o preço dos produtos agrícolas

Aumento de tributo muitas vezes,
Sem nenhum proveito para nós!

São os mesmos políticos,
Que argumentam ser impossível,
Aumentar aposentadorias,
Em razão do impacto,
Na folha de pagamento da Previdência
Mas que aumentam seus próprios salários,
Em que pesem o impacto em nossa folha de pagamento,
Já onerada por tantos impostos

Milhões retirados de possíveis investimentos sociais
Sem falar nos milhões, bilhões desviados dos cofres públicos,
Das mais diversas e criativas formas
Novamente sem proveito para nós

Mas então,
Por que ao abordar tão espinhoso tema?
Não se é possível se apegar a platitudes, afinal?

Por que platitudes são inúteis
Por que a vergonha assoma,
E os descaso por vezes incomoda
Em que pese a aparente indiferença,
Usada apenas como forma de se sobreviver,
Em um mundo cão!

E nisto a insatisfação prossegue
A eterna mania de em tudo,
Querer levar vantagem
A impunidade a grassar,
A falta de interesse em fiscalizar

E tudo a mudar para continuar como se está
Mudam os nomes das obras,
Para nada se modificar!

Gostaria de escrever versos
Que finalmente pudessem as coisas mudar
E as pessoas em pensando
Procurassem com isto,
Escolher melhores representantes

E que com isto, as coisas mudassem
Revolução silenciosa
A se operar apenas com o poder do voto!

É Pena! Que Pena!
Por que as coisas não podem ser assim?

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

IDEIAS

I
Entre deliberações
A livre escolha
Do azo livre
Liberdade, alvedrio
Arraso

II
Pensamentos por vezes me distraem
Conclusões que se esvaem
Pelos desvãos do pensamento
Decisões inconclusas que em perdem
Na contagem rara do momento

Idéias pouco claras
A navegar em mar de ideias
Lento e sequioso de alento

Por que a resposta não nos chega?
Desalento em cada vão momento
Arremedo de pensamento

Saudade de um tempo das mais belas conclusões
A enfeixar um pensamento
Quanto desidério

Perguntas sem respostas
Angustias sem consolos
E a dúvida a abismar:
Por que assim é o mundo?

Em triste cenário absurdo
Tento me confortar
E pairar por entre abismos
A me admirar dos paroxismos

A lua bela,
Sempre branca e redonda lua,
A me encantar

Em cenários de claridade
Pouca escuridão
Nas madrugadas a ausência de luz
A nos trazer confusão

A de pé esperar pela condução
Que quase sempre chega,
Ou sempre nunca chega

Caos, problemas, confusão
Pessoas em profusão
E a gente a tentar sobreviver em meio ao caos

Triste a solidão das multidões sempre vazias
E eu a ler meus surrados papéis e apostilas
Quem sabe na vã esperança
De fazer de meu tempo,
Algo melhor do que uma desconsolação
E um tédio mortal

A observar sempre as mesmas coisas
Olhares vazios, cenários vazios
Vida vazia de significado
Cenário triste e desolado
Habitáculo de seres de passagem
Em uma triste e penosa viagem

Há! Quantos caminhos por devassar
Cordões e correntes a se arrebentar

Pois a vida não há de ser um oceano,
De emaranhados pensamentos aprisionados
E das ideias puras
Pensamentos puros, acrisolados

Mas e essa tal liberdade
Por onde andará?
E a vida será que algum dia,
Enfim, diferente será?

A podermos deliberarmos livremente
E vivermos conforme o que queremos
Ou seremos sempre autômatos seres?

III
Borboletas rareiam a vagar
Em pleno jardim de maravilhas

E eu a caminhar
Divagando em diletante
Doce e sonora amante das canções
Beletrismo a nos compor os dias
Nas mais belas poesias

IV
Nas setas, nas retas
E nas curvas
Nos intrincados caminhos

Nas confluências e entroncamentos,
Com os mais variegados movimentos gesticulares
Deslindes sem deslizes,
Ou acidentes de percurso

V
Estudantados dias
Em cujos ditosos anos
Conhecimentos formoseiam

A dilapidarem mais,
E novos conhecimentos

Em mundo em ebulição,
Convulsionado em revoluções,
Resoluções, faltas e soluções,
Sem nada resolver

Mas estudantes,
Sempre aplicados a aprender
Em seus passeios da ditosa escola da vida
A novos conhecimentos adquirirem

A acompanhar a transformação das coisas,
Da história e da própria vida,
A conhecerem novos lugares

A visualizarem vivos seres pulsáteis,
Seguindo o sentido das marés,
Ou a deitarem-se nas areias a se deixar levar,
Em suas gelatinosas e coloridas formas

Vibrantes descobertas
De um tempo sem igual

Na escola da vida,
A aplicar os conhecimentos adquiridos em aula

VI
Altares ricamente decorados
A ilustrar santas vidas em seu retábulos

Painéis ricamente adornados,
A enfeitarem os altares das igrejas
Com colunas, imagens e ornamentos

Dedicados artistas a esculpirem obras de vulto
Em altíssimo nível e inestimado valor
Raro esplendor

VII
Frases de efeito
A seguir os passos e os pensamentos
Odores, licores e sabores
Albores de novos tempos

Idas e vindas de ideias insuladas
Isoladas em si mesmas

Sonhos nababescos
Jardins suspensos
Modesta morada

DICIONÁRIO:
paroxismo /cs/
substantivo masculino MEDICINA 1. espasmo agudo ou convulsão.
2. momento de maior intensidade de uma dor ou de um acesso.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

MULHER

I
Ser de mil dons encantado
De posse de sortilégios adornado
A possuir a inteligência de se saber delicada
E a seguir e decidir as regras de sua vida

Com seus mil dons, a tecer delicadeza, cor e beleza
Na trama da vida,
Com suas mil teias cinzas, pretas, coloridas
E de toda a tristeza e miséria extrair um rico ornato
A lembrar a delicadeza das flores

Flores com mil formas, com mil cores e cheiros
A trazerem beleza e encantamento para seus dias
Dias diários, corridos, atarefados

Donas de mil rótulos, preconceitos
Aos poucos aprendendo a desbravar a dura vida
E a superar as incompreensões, covardias e injustiças

Não se aviltando por baixezas e vilanias cotidianas
E a tecer seu caminho de belezas diário
Em que em nada se desfaz de ordinário

Existência extraordinária,
Por trazer a vida outros seres
E a tornar tudo melhor, quando o quer
Só poderia mesmo ser você,
Mulher

II
Entre tramas de rendas coloridas,
De mil modos feitas,
Delicados bordados

Unhas enfeitadas com brilho e cores,
De esmaltes variados
Cabelos arrumados,
Feitos com inúmeros penteados

Corpo aromatizado,
Composto de variegados matizes,
Odores de perfume

Seres que enfeitam os pés de saltos:
Agulha, anabela, meia-pata, sapatilhas

Roupas que mil formas contém,
Mil corpos tocam e abraçam

Com suas saias, calças, blusas,
Casacos, luvas e vestidos
Lenços coloridos a enfeitar

Falares e dizeres discretos,
Ou espalhafatosos,
Ou não!
Que dizer então?

Senão, parabéns por um dia, apenas
Quando em todos deveria ser lembrada e respeitada,
A você, mulher!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

SAMBAQUIS

Li em algum lugar
Sobre a ancestral existência de estruturas antigas
Feitas por povos indígenas que habitaram o litoral brasileiro
Muito antes da nobre raça existente
Em razão de sua culinária, seus hábitos e seus costumes
Muito diferentes dos tupi guaranis

Os quais deixaram inscritos em sambaquis,
Sua origem e sua história

E esses monumentos arqueológicos
São denominados: concheiros, cascaqueiros ou, berbigueiros
Nada mais sendo, que depósitos de materiais calcários
Empilhados pela ação humana,
Desses antigos homens

A sofrerem com a ação do tempo,
A serem fossilizados quimicamente
Sofrendo mudanças em suas estruturas originais
Os quais passaram por intempéries,
Que deformaram a estrutura dos moluscos, mariscos, ostras,
Das conchas e dos ossos enterrados,
E demais materiais

Os quais foram calcificados e petrificados
Transformando-se em paredes com vários metros
Algumas com até trinta metros

Construções algumas muito antigas,
A se iniciarem nos tempos das pirâmides
A abrigarem história e admiração,
Das pessoas que hoje apreciam,
E estudam os sítios arqueológicos

De onde surgiram templos religiosos,
Cujas ruínas mostram sua origem, e seus materiais

Sambaquis, origem de depósitos indígenas

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

RUÍNAS

Li há pouco tempo, simples matéria em um jornal
Onde contada a história
De uma antiga igreja erigida
Em imemoriais tempos

Hoje tornada ruína,
Com preciosos sambaquis
E em uma pia batismal, ainda original
Líquido recolhido pelos fiéis e devotos
A renovarem sua crença e devoção
Em um Deus de poder e mistérios

Com pessoas a se guiarem por um caminho de matas
Diariamente
Pescadores a viveram em isoladas praias,
A acessarem o íngreme caminho
Lindo cenário de beleza
Onde circularam povos indígenas
Provavelmente construtores do templo

Com pessoas a dizerem
Que a antiga igreja,
Ainda resistiu intacta até os tempos de antanho,
Década de cinquenta

E o tempo, sempre implacável a tudo consumir
Transformando a antiga igreja,
Restando apenas algumas paredes de pedras

Caminhos do litoral
Seguem os passos
De um tempo assaz distante
Tempos de antigas vilas, capitanias, governos gerais
Construções coloniais, prédios, igrejas
Hoje apenas ruínas de um tempo remoto

Prédios históricos, alguns resistem
A acenarem a memória de um tempo distante
Arquitetura de variados ornatos, esculturas, vitrais

E assim, ao ler a delicada notícia
Lembro-me das ruínas de uma antiga igreja
Erguida em elevado morro,
Com escadaria de pedras, quase toda tomada pela grama
E as meias paredes em pedra
Aberturas, e a visão do mar e de bairros
Sítio arqueológico, com suas áreas demarcadas, delimitadas

Quanto a pia batismal,
A mesma fora levada há tempos,
Para o mais paulista dos museus,
Museu do Ipiranga

Igreja, onde provavelmente foram celebradas missas aos nativos do lugar
Circundada por inúmeras árvores
Hoje enfeitadas de bromélias coloridas
Ponto turístico do lugar

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

QUEM UM CONTO CONTA, UM CONTO AUMENTA

Melopéias de uma tarde tristonha
A despedir-se dos mil sóis,
De uma tarde fagueira
Belos luscos-fuscos,
Emoldurados por coloridos raios
Amarelos, laranjas,
E um céu azulado e violeta

As estrelas a enfeitarem o firmamento
Cintilando a cobertura celeste de brilhos

E a triste tarde
A contrastar com todo este esplendor
E o céu a despejar suas águas,
Das brancas e vaporosas nuvens

As gotas de chuva a correr pelas vidraças
Janelas salpicadas das águas que caem das alturas
Chuva de vento, que a tudo revolve
Pensamentos que a mim e a todos envolve
Muitas e boas idéias a fervilharem a mente
E o som no rádio, e na rede,
A fascinarem nossos ouvidos
E a tarde que se despede,
E a noite se faz por chegar

Saudades de uma rede vermelha
Para nas tardes, me balançar

E o pensamento vagueia
Percorrendo mil idéias desconexas
Tempos de infância
A recordar-se de inúmeros contos de fada

Com suas belas e delicadas princesas
Jovens moças que entoam maviosas canções
Tristes e suaves melopéias
Com seus olhares profundos e puros

E seus príncipes valorosos, a enfrentarem feras
E a erguerem espadas, altivos
Portando imensas e exuberantes capas

Em ingênuas narrativas
Em que sapos viram príncipes
Donzelas adormecem por cem anos,
A espera de um beijo de amor
Ou então, presas estão, no alto das torres,
A espera de um príncipe para salvá-las

Em contraponto,
Um conto de fadas, nada convencional
Onde o interior dos seres
Mais conta do que a beleza exterior
Beleza das mensagens, das vivências
Mil e lindas experiências

E a tarde cai, os pensamentos vagueiam
As idéias, aos poucos rareiam
E os pensamentos pululam as mentes
Edificantes posturas

Em contraste a isto, tristes histórias
Lembranças dos que se foram
Partindo desta vida
Mas nunca de nós se separando
Ao menos não em definitivo

Nisto, procurando se distrair
A ouvir novas canções
E a triste tarde a se despedir
Sorrateira, dando lugar a noite e ao luar

E aqueles que tão cedo partiram,
Apressados, antes de nós,
Nunca de vós esqueceremos!

Pois entre nós viveram
E antes de partir,
Deixaram entre nós seus melhores pensamentos,
Os seus nobres ensinamentos
E também as coisas menos edificantes,
Que para trás deixaremos

Que todos sigam suas trajetórias
Em todos os planos espirituais
Temporais, e atemporais
E que os contos a serem contados,
Um conto aumentem,
Na conta de todos nós, endividados!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.