Crianças, essas eternas crianças!
Sempre a reinar
Imaginando as mais curiosas histórias
Ao voltar da escola,
Gostava de vestir um calçãozinho com rendinhas na barra
Vesti-lo era me preparar para horas de diversão
Livre da escola, da obrigação dos estudos
Ver tevê, desenhos animados
Criança sequiosa de descobrir novos mundos
Novas realidades
A sonhar com mundos repletos de eventos,
Acontecimentos
Menina a contemplar o vôo colorido das borboletas
O gramado imenso do jardim
O pinheirinho da entrada da casa
Modesta residência,
De uma pequena família
Os pássaros a passearem pelo imenso quintal
Pequenas rosas
Rosas diversas, Antúrios
Imenso quintal com árvores
Posteriormente concretado
A Dama da Noite misteriosa
A enfeitar os ares noturnos, com seu perfume
Faceira
Ladeada de outras plantas
Varais repletos de roupas
A tremularem ao sabor dos ventos
O radinho na área de serviço
A ouvir músicas enquanto fingia tentar estudar
Canções infantis
Alegria enfinda, reinações
A imaginar as histórias cantadas
Nas músicas que ecoavam pelas ondas do rádio
Perdia-me naquelas canções
Embrião talvez, das minhas literárias criações
A empinar pipas improvisadas
Montadas de forma desajeitada
Vontade de ver o mundo
Quando o mundo inteiro cabe dentro de si
A sonhar com uma bicicleta que não chegou
Na casa, construção inacabada
Palco de sonhos e fantasias
A se imaginar cantando
E a viver mil vidas diferentes
Em apenas uma vida
A ouvir antigas canções e a se emocionar
Sem nem ao menos compreender
O sentido de tal afeto
Sensação de identidade
Com coisas distantes
Vontade de entender o que nem mesmo sabia existir
Mundo que me parecia avassalador e assustador
Brincadeiras fagueiras em uma piscina de plástico
Alegria de muitos de meus dias
Festas juninas, ensaios, coreografias
A serem realizadas na quadra da escola
Em uma delas, blusinha branca, saia vermelha, meia-calça
Cabelos curtos, presos
Maquiagem, pose
Menina de cinco anos
Fotografada
As brincadeiras de carnaval
Criança fantasiada, a brincar de jogar confete
Ficava ali por horas
Os desenhos, as pinturas, as artes
O devanear
Os coleguinhas, as brigas, as amizades
Leituras em salas, ditados
As tormentosas aulas de matemática
A geografia de um mundo a descortinar
O sol da meia-noite
Detestado evento a estudar
Festinhas de final de ano
Danças
Comemorações
Brincar de boneca
Com uma aventura de Monteiro Lobato
O eterno faz de conta
A imaginar-se dama rica
A viajar de primeira classe
De navio, trem
Madame
Imaginar-se como personagem de novela
Noveleira que sempre fora
Algumas delas, marcantes
Programas infantis,
O eterno sonho de ser algo diferente do que se é
Demora em se aceitar
Enquanto ser humanamente limitado
E não a se espelhar apenas no que a televisão nos traz
Na escola, a imaginar mil mundos diversos
Snoopy, querido cãozinho
O balanço montado no fundo do quintal
A pracinha onde de vez em quanto,
Ficava a noite a brincar
A luz amarela do passeio a criar uma bonita atmosfera
O carrinho de hambúrguer
E o delicioso e completo lanche
Os passeios pelos arrabaldes
A contemplar as flores do mato
As construções, as casas
A imaginar e vivenciar a vida
Caminhadas
As idas na sorveteria
A me esbaldar com o sorvete servido
Quanta festa!
As brincadeiras com os bonequinhos de plástico
A enfeitarem a piscina de anis do bolo
Muitos deles, escondidos na areia
Numa das mais belas festas de aniversário que tive
Canudinhos coloridos
A tomarem formas diversas
Colares, a serem contados
Quantas saudades!
Da minha Araraquara de cores raras
A eterna Morada do Sol
Berço das minhas mais belas lembranças
Que ventura poder dizer
Tenho álacres lembranças
Belas coisas lindas para me recordar
A quantas gentes não fora dado tal privilégio!
A graça de se viver e de ter o que se contar
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Poesias
quinta-feira, 28 de janeiro de 2021
Meneios
Melhores Possíveis!
Guardadas as boas lembranças dos felizes momentos da vida
Embriaguei-me no espetáculo da vida
Apreciei os belos sons dos mais incríveis acontecimentos
Cantores a apresentarem o mais belo espetáculo,
Que são capazes de oferecer
A beleza de suas vozes, embalada a um show de luzes
Bonitos cenários, danças e alegria
A platéia a acompanhar o desempenho
E a cantar felizes e desafinados
Músicas, para os nossos ouvidos sedentos de encantamento!
Acaso a vida é evento,
Aproveitemos para conhecer suas melhores coisas
O conhecimento dos efeitos das luzes
O dínamo que nos permite energia em nossos dias
Neste mundo movido a eletricidade,
Gerada por hidroelétricas formas
E trazer luzes e brilhos as cidades
E os canhões de luzes azuladas, coloridas
Nos shows das belas vozes, a embalarem nossos dias
Com sua alegria, seu encantamento
Trazendo cor ao som
Ouvir muitas canções e melodias,
A acrescentar mais e mais, ao roteiro de nossas vidas
Fotografias a registrar, alguns especiais momentos eternizados
Outros tantos guardados apenas, em nossas cariciosas lembranças
Pois se o mundo é universo de possibilidades
O passado, e as memórias, são o registro de nossa passagem pelo mundo
Determinantes e construtores de nossa essência
E assim, aos poucos vamos construindo nossa história
O tempo, passa, passa
Assim como uma cena de filme
A tudo levar
E a noite, vem aos poucos se aproximar
Com seus variegados tons
De uma tarde azul, com um lindo sol ao fundo
A brilhar em meio ao cenário
De casas, prédios e construções
A brincar de aparecer e depois se esconder,
Em meio as habitações
Avaro em seu espetáculo de beleza
Quando finalmente me apercebo a noite já chegou,
E a tudo invadiu, roubando a luz
Faz seu império, ainda que por poucas horas
E no meio da noite, uma estrela altaneira no céu a brilhar
Linda, isolada de outros astros
Na misteriosa noite escura
De perto, seus tons imensamente escuros,
Azuis marinhos, de longe negros
O desenho dos prédios, as luzes a iluminar as moradas,
Formam um bonito cenário
O céu escurecido, a colorir seus fortes tons azuis,
A despontar na atmosfera,
A demonstrar os primeiros sinais do amanhecer
Dias gelados, de céus cinzentos
Agora consigo apreciar o movimento das nuvens brancas
A devassarem o céu com seu deslizar
Inconstantes!
Não vejo pássaro, e tampouco posso apreciar seu cantar
Mas consigo caminhar em meio a um chão repleto de folhinhas verdes
O pé de ipê roxo desnudo, a mostrar seu tronco, e sua trama de galhos secos,
A despontar no cenário,
Em contraste com a ausência de luar
Árvores de flores amarelas, formando cachos
Hibiscos vermelhos, eternamente fechados
Tímido jardim, em meio a selva de concreto
E o tempo passa, passa,
Passa passador
Apreciar o inclemente credor,
Que não permite negociação com esta mercadoria rara
E as boas idéias que se esvaem,
Na falta de um registro d’alma, mais profundo
Que pena, a perda das melhores idéias!
No palco da humana existência,
O desfile de dores, amores e vivências
As mais intensas ou não
Como bailarina a desfilar em palco ornamentado de flores
E a mostrar seu melhor desempenho,
Entre valsa e bailados
Com suas lindas vestes vaporosas, e sua melhor coreografia
E muitos passos em ponta de pé!
E a novela, a expor os imaginários dramas de suas personagens,
Tão intensamente vividas pelos atores,
Que até reais parecem!
Com seu encantado cordel
E seus bondosos cangaceiros,
Sertanejas que se tornam lindas princesas,
Valorosos heróis,
Príncipes que se tornam profetas, homens de fé,
Donzelas que resolvem tomar as próprias rédeas da vida pelas mãos
Maravilhoso conto de fadas dos modernos tempos,
Com jornalistas aventurosas e determinadas
Outras poucas, a abordarem temas pouco convencionais,
A este tipo de trama,
Fracassando ou não,
Mas a se tentar descobrir novos caminhos para a dramaturgia
No esporte, belas apresentações de rítmicas ginásticas
Com jovens desportistas a mostrarem grandes habilidades,
Com seus encantados laços de fita,
A desenharem mil formas graciosas no ar
As leituras a faltar,
Mas os eventos lidos e acompanhados
A aquilatarem toda uma existência!
Pois o todo vivenciado e experienciado,
A formatarem nosso ser
As aventuras no deserto de dunas, douradas areias beijadas pelo ardor solar
A criar aventuras de sheik’s, chefe de tribo,
A arrebatarem mocinhas resolutas
Anos vintes
Em modernos tempos,
Tramas outras a desvelarem os conflitos da região
Violência contra as mulheres,
Regimes políticos totalitários e ditatoriais
Em lugares outros, se percebe certas liberdades para as mulheres
Construções mouriscas, treliças, domos
Véus que escondem rostos e tristezas
Histórias de vida
Trazendo ínsitos, milênios de cultura e tradição!
Um mundo também de sonhos a desfilar com seus véus bordados,
Jóias, olhos fortemente marcados, ou não
A narrar a história de um amor impossível
Encontros e reencontros
Eterno contar e recontar de velhas e novas historias
A povoarem nosso imaginário de sonhos e imagens mentais
A enriquecer nossa existência de deslumbramento e beleza
Mas também, a nos fazer refletir
Sobre este louco mundo em que vivemos
Narrativas a revelarem dramas
Histórias mil, a passearem ante nossos olhos
Reais ou irreais, imaginosas ou não
As dunas de minha lembrança,
Em uma Praia dos Ingleses, perdida,
Nos confins do Sul do meu fantástico país
Viagens, passeios mil!
Imagem palpável, assemelhada ao deserto distante!
Lembranças da infância querida ...
E o trapezista a fazer mil desenhos no ar
Vestido com sua melhor roupa,
Dourada e repleta de enfeites
Números de mágica,
Gracinhas ditas por espevitados palhaços
Engolidor de fogo, a aquecer a lona do circo
E eu a me arrumar para os eventos festivos,
A vestir lindos vestidos e a usar maquiagem para as festividades,
A se pôr bonita para especiais momentos
Acompanhar as notícias do mundo
A embriagar-se de vida, tentando dele tirar os melhores ensinamentos
Especiais conhecimentos,
E belas lembranças, bons momentos
A visitar terra de experiências as mais diversas
Com espelhos em formatos diversos
Luzes colocadas em caixas e refletidas em espelhos,
A revelarem formatos diversos
Poço sem fundo,
Espelho a refletir o sumidouro do fosso
Esfera condutora de eletricidade, a liberá-la nas mais leves partes do corpo
Demonstração da resistência do ar, sobre um sólido corpo
Mega pixels aglutinados em grandes quantidades, ou não
Maiores e separados, menores e aglutinados, a melhor definir as imagens
Explicações sobre o funcionamento de hidroelétricas,
Em lugares, com inclinações pronunciadas
Aquários com peixes diversos
Pinguinário, com seus bichinhos ariscos,
Isolados em uma crosta de gelo,
Tendo apenas um desinibido a nadar
E eu a contemplar, a beleza das humanas criações
Pois quem ao feio ama,
Não entende nada de beleza!
E assim, a divagar, devanear
Melhor pensar,
Tantas coisas para se criar, se fazer, se raciocinar
E assim, guardadas as melhores lembranças das coisas da vida
Guardar em si, as coisas melhores possíveis
E tentar alcançar as intangíveis
Sempre tentando a vida transformar
E a se transportar, para um melhor caminho
Pois as pedras constantes, farão por vezes,
Nós, do caminho desviar,
Até finalmente encontrar, ou pensar encontrar o destino
Será isto, um desatino?
Creio que não,
E assim, fico a tentar recolher,
As experiências melhores possíveis do existir!
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Mares
Preservar as memórias dos queridos entes
Guardar com carinho nos corações,
Os seus gostos, seus interesses da vida
A fim de que eles vivam eternamente em nossas lembranças
Perceber que em muitas alegrias
Existem alheias tristezas
A vida vem e vai
Ora nos trazendo alegrias, ora nos transmitindo tristezas
E mesmo nos maiores conflitos,
Descobrir a alegria, e um melhor jeito para se entender os desenganos,
Recorrentes nos desvãos da vida
Viver no mar
Oceano salpicado de barcos,
A circundarem os banhistas
Frias águas do tempo
De um tempo de felicidade passado
Mas que a qualquer momento pode ser retomado
Origem das primeiras cidades de uma terra brasilis
Índios a marcarem a história destas plagas
Cunhambebe a se estabelecer em Bertioga
E a depois lutar em território fluminense
Ao lado de Estácio de Sá
Anchieta e seu trabalho de catequizar os índios
A dormir em leito de pedras,
Circundado pelo brilho das estrelas
A iluminar de tímida forma, a cama
Do município litorâneo, com seu casario histórico
Jesuíta dotado de espírito aventureiro,
Como os demais sacerdotes,
A enfrentar serras íngremes
A fazer pouso em campo estrelado,
Tendo por leito apenas as pedras,
E o duro chão dos caminhos
A transmitir os ensinos de sua religião,
E conhecimento aos índios
Em suas caminhadas pelo litoral,
Ficava a escrever belos textos na areia molhada
Palavras que com a elevação da maré,
Seriam devoradas pelas águas
Que as lamberiam, em seu furor
Abarebebê, Leonardo Nunes
A percorrer de forma veloz, as regiões
Amontoado de aldeias indígenas
Aldeias e povoados, a receberem as luzes da doutrina cristã
E a reunir as gentes,
A construção de uma igreja de pedras,
Que hoje se faz em ruínas
Memória do município desmembrado de Itanhaém,
Peruíbe, Terra da Eterna Juventude
Com sua lama medicinal, a curar dores e vitalizar
Lugar de mar aberto, extenso
Linda serra verdejante ao fundo
Ultimamente salpicada de barcos pesqueiros
Com seu mar azul e lindo, contrastando com a espuma branca das ondas
Lua brilhante, acompanhada de estrelas,
Iluminam o céu escuro
A noite preta e densa, a envolver toda a atmosfera
Em contraste aos tempos passados,
Conforto em macios lençóis
Quartos arejados
Em tempos de antanho,
Homens desbravadores, dormindo ao relento
Os nobres padres jesuítas a descansarem seus corpos cansados,
Em céu de estrelas
A edificarem cidades e povoados
E escalando íngreme serra, colonizaram o interior
Marca de bravura e coragem,
E um grande contingente de violência
Índios foram escravizados, catequizados,
E transformados em servis criaturas
Auxiliaram na edificação dos povoados
Índias foram violadas,
Dando origem aos cafuzos
Paridos de cócoras
Primeira mistura brasileira
As mulheres brancas, raras,
Eram trazidas de Portugal
Mulheres que não tinham nada a perder em suas terras
Acreditavam na possibilidade de um bom casamento em terras tupiniquins
Acreditavam, ou eram levadas a acreditar
Mulheres brancas, objeto de cobiça dos portugueses
A habitarem estas plagas
Homens brancos,
Vinham na esperança de enriquecer,
De livrarem-se das pesadas penas impostas pela coroa portuguesa
Muitos indesejados em sua terra
Bandeirantes, a desbravarem os sertões
A percorrerem as entranhas do Brasil
A gerarem conflitos com os índios habitantes destas paragens
A imporem seu modus vivendi
Aculturando os índios, ou adaptando-os a sua cultura
Ora odiados, ora temidos pelos índios
Como o Anhagüera, ou Diabo Velho
A colocar fogo em aguardente, atemorizando os índios
Edificaram construções em taipa de pilão
Estruturas em ripas de madeira,
Cobertas de argila, estrume e sangue de animais
Grossas paredes, pintadas de cal
Com batentes de portas e janelas coloridos e verde, azul
Em seu interior, poucos móveis feitos em madeira de lei
Os alimentos a serem conservados de forma rudimentar
Água fresca guardada em cabaças e jarras de barro
Resultante do trabalho das índias
Inóspitas paragens,
A fazer das mulheres, seres dotados de muita coragem
Em muitos povoados, ataques diversos de índios
Como em Vila de Santo André da Borda do Campo,
A qual fora abandonada
Vindo o Cacique Tibiriçá, a índia Bartira, e o português João Ramalho
Este último, vindo a desposá-la
Todos a viver, junto com os demais habitantes da vila,
Em São Paulo de Piratininga, ou Piratinim
Vida dura, difícil, sacrificada, com muito pouco, ou quase nenhum conforto
Desbravadores,
Como o foram os primeiros portugueses a aportarem no Brasil
A oferecerem-lhe quinquilharias, em busca do Pau Brasil
Madeira nobre, da qual se extraía uma tintura vermelha,
A tingir as vestes espalhafatosas dos portugueses
Neste primeiro contato, a dominação dos índios,
O adoecimento dos nativos, a violação das índias
O deslumbramento dos navegadores,
Com a exuberância das matas,
A nudez, dos índios
Seu modo de vida simples
A viver da caça, da pesca, da coleta de alguns frutos
A prepararem o cauim,
Bebida feita do milho fermentado pela mastigação dos índios
Mandioca, base da culinária brasileira
Mistura de paladar português com gosto indígena, adaptado
As peculiaridades de cada local
E assim, surgiu a culinária paulista, a mineira, e assim por diante
Nordeste, Porto Seguro, lugar da primeira missa celebrada,
Em Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, Brasil
Retratada de forma poética por Pedro Américo
No Nordeste, história de índios canibais,
A devorarem padres
Em Itanhaém, índios escravizaram Hans Staden,
O qual naufragou em águas brasileiras,
Vindo a se salvar do canibalismo, por sua bravura e coragem,
Em lutar ao lado dos índios
Conflitos de interesses, onde todos lutam pela vida
Em que pese a morte, quase sempre, à espreita
Engenhos de açúcar, e as formas em metal,
Chamadas de Pão de Açúcar
Com o tempo, passou-se a escravizar os negros
Os quais não conheciam a terra, e o modo de vida
O que dificultava a fuga
Muitos, reis e príncipes em suas terras,
A viverem de modo servil em plagas alheias
A sofrerem as maiores formas de humilhação,
E sofrimento no transporte das terras africanas,
Traídos que eram por seus pares
A morrerem muitos na jornadas
E muito pouco viverem nas senzalas
Em São Paulo, a trabalharem no comércio do café
Fazendas coloniais, com senzalas, pelourinhos
Grandes construções
Cenários de muito luxo e requintes, com interiores ricamente decorados
Em contraste com as moradas antigas dos bandeirantes
Brasil, terra de foro de privilégios
Com as sesmarias,
Criadas com o objetivo de estimular a ocupação do país
Sesmeiros ocuparam as terras, mas de extensas, perderam seu território
Poucos conseguindo mantê-los
E ainda assim, as terras foram desbravadas,
E o país, de dimensões continentais
Transformou-se em terra de diversas culturas,
Onde povos, vivendo nos mais distantes rincões,
Falam a mesma língua, portuguesa
Araribóia em apoio aos portugueses,
Contra os invasores holandeses
Por tributo aos seus bravos feitos,
Recebeu sesmarias, entre elas: “São Lourenço dos Índios,
Atualmente conhecida como Niterói
Dizem que em matança noturna, o índio seguiu a nado, pela baía,
A fim de emboscar os holandeses
Bravos índios,
Tão decantados nas poesias da fase primeira do romantismo
Especialmente na poesia de Gonçalves Dias
Ciclo do ouro, com o fausto e riqueza das construções barrocas de Vila Rica,
Atual Ouro Preto,
Palco de muitas fotografias,
Disparadas das câmeras digitais dos turistas e passantes do local
Cenário da Inconfidência Mineira, e de um bravo Tiradentes,
Morto e esquartejado,
Com seus pedaços espalhados pela cidade
Lembranças da brutalidade de outros tempos,
Os quais ainda infelizmente persistem em muitos aspectos
Tantas histórias, tanto passado,
História de um tempo, não tão distante
Memórias de uma época, e de lugares,
Próximos de nós
Ruínas abertas a visitação,
Pedaço da história de Peruíbe
Pensamentos distantes, a viajarem no tempo
Viver histórico, com a vida prosaica de cada dia
Com flor noturna a desabrochar,
Em um jardim sempre exuberante,
Com suas belas árvores de folhagem verdejante
As flores várias
As águas a invadir as areias,
E a formarem pequenas e singelas lagunas
Remansos de água salgada e doce
Mar azul
Céu azul, brancas nuvens, sol dourado,
A refletir na claridade das águas
Queima de fogos no reveillon
Cenário de luzes variegadas e formas, por muitos minutos
Barcos pesqueiros a circundarem a praia
Quiosques repletos das gentes, e das músicas variadas
Canais de água e correr o mar
Canal de pedras, divide a praia em duas
De lá saindo os barcos que singram as águas
Mar revolto, correntes de retorno
Lua cheia, céu estrelado
Flores de cera,
Hibiscos dobrados vermelhos, laranja, róseos;
Lantanas coloridas;
Flores miúdas de uma dama da noite perfumada
No caminho de volta ao lar citadino
A serra enfeitada de manacás floridos
Céu bonito,
Com imponentes formações de brancas nuvens na ida
Pôr do sol dourado em das viagens, várias
Lindo cenário de felicidade e de reflexão
O entender da vida
Crianças a correr para o mar, a brincar na areia
Caminhadas, muitas,
Novas construções,
As melhorias a caminharem a passos lentos
Carnaval com confete e serpentina
Herança dos tempos do Entrudo
Os corsos,
Com as mocinhas sentadas,
Em seus luxuosos carros conversíveis
Mascaradas,
Enroladas em confete e serpentina
Blocos carnavalescos
Desfiles em sambódromo,
A formação das escolas de samba,
A desfilarem inicialmente em avenidas
São Paulo a despontar neste cenário
E Adoniram Barbosa a demonstrar,
Ser a mais completa tradução,
De que São Paulo não é o túmulo do samba
Cidade aniversariante que nunca dorme!
E o entrar nas águas da praia,
Molhar o corpo, os cabelos,
Apreciar o cenário
E a ter a certeza do quanto se pode ser feliz,
Realizando algo tão simples
O segredo da felicidade, está na simplicidade
Assim como a música pode mudar o estado de ânimo de alguém
E um livro aperfeiçoar o modo como se vê o mundo
As pessoas são eternas em nossas memórias
E o tempo, este eterno inconstante,
Este só nos acrescenta
Só cabendo a nós não temê-lo
E os mares guiam a corrente, ou a corrente guia os mares
Mar, maré, mares, guia
Condutor de destinos ...
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Mares Guia; ou as Madrugadas aos Mares
Madrugada de céu estrelado
Meia lua ainda mal apontada
Mal adormecida
Em céus de uma cidade escurecida,
Na madrugada adentro
Longa jornada
Madrugadas por hora cedem
E em seu lugar dão hora a luz do dia
E a jornada de trabalho a se cumprir
Para após, um merecido descanso dispôr
E assim, a vida segue
Com suas obrigações
E seus pequenos shows de cantores,
A transportarem contentamento por fios sutis
A nos ligarem os sons maviosos, aos ouvidos atentos
Gravações registradas nos HD's de nossos computadores
Remanso e descanso de nossos tédios
A nos impulsionar para o trabalho
Odisséia sem fim!
Estrelas a luzirem num céu de escuros véus
A desvendar os pequenos mistérios do dia
Dia-a-dia descamando as fibras da vida
A contar os passos dos homens
Através de seu relógio singelo de brilho e esplendor
Para enfim desfrutar
Passeios por entre mares azul esverdeados,
Ou melhor,
Esverdeantes azuis
Entrecortado de furibundas ondas
Brancas ondas
De ondulante espuma branca
Ondas de mar e mergulhos
Amplo mar, lindo mar
Ao lado de estonteante montanha
Serra verde, oculta por entre nuvens
Mistérios por desvendar
Amplos cenários
Em Torre de TV,
Acenas para uma verde vista alegre
Das casas a acompanhar
Tendo o mar como elemento, ao fundo
As ruínas de uma antiga igreja
E suas pedras por revelar
Um tempo de padre jesuítas
Índios por escravizar
E brancos senhores de terras
Caminhar por caminhos deslumbrantes
Casas imponentes, e coqueiros a dançarem
Na cadência e balanços dos ventos bravios do mar
Quiosques a servirem bebidas e iguarias
Água de coco saboreada à beira-mar
Esculturas na areia
E o sol a tocar a pele
Mudando o tom de suas cores
Corpo a molhar, ao tocar as águas do mar
Divertir-se e nadar,
Repousar em suas fortes águas
As águas a tocarem os pés, no ir e vir das vagas
O corpo a se banhar, nas águas em movimento
Barcos ancorados, em um Porto sossegado
A aguardar o movimento dos peixes e crustáceos
Vendidos em uma Peixaria de brancos e azuis
Barcos a singrarem os mares
A luzirem na escuridão das noites
De longe observados
Como se fora acenos de quem passa,
E acompanha os movimentos da vida
Madrugadas afora dando lugar ao lindo dia
Imponente sol a raiar
E as águas do mar, sempre a brilhar
Vida!
Longa vida a ti, ó deus dos mares
Longa vida a ti, que tanto de tua paz nos traz
Ó mar!
Mar dos mares!
Farol, Porto e abrigo dos meus melhores dias!
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Intempéries
Desolação,
Desencanto
Triste ocaso das horas
Desinteresse
Intolerância
Os agentes da ignorância
A se perpetuarem mundo afora
Cansaço
Desta vida seca e vazia
Destas pessoas duras,
Empedernidas,
Sem nenhum alento no coração
Sinto pena
Profundo pesar
Pelo fato do mundo
Estar como está
Que pena que todos fechados estão
Para o respeito e a consideração
Que pena!
E pensar que o mundo
Bem melhor poderia ser
Apenas com um simples gesto
Atitude amistosa
Gestos gentis, atitudes delicadas
Quanto perdemos com a má educação
E as más escolhas feitas na vida
É pena!
Todavia, em que pese
Estas coisas brutas
Esta gente sem consideração
Estas coisas que magoam e ferem
Muitos melhores seres existem
A engrandecer este mundo,
Vasto e inóspito
A preenchê-lo de belezas,
Maravilhas e encantamento!
Que grande ventura
Por me descobrir brasileira
E que apesar de tantos defeitos
Brasileiro, ó povo!
É um povo de valor
Que busca transformar suas vidas
E muitos nesta busca,
A vida de outros também modificam
Amo os poetas
Em todos os gêneros
Cantadores dos livros,
Dos textos, das obras literárias,
Muitas imortalizadas
Outras tantas,
Em música transformadas
Quanta beleza
Este mundo mágico nos traz!
Em recente matéria
Porventura descobri
De eminente filósofo
Sua tese de que a música
É a essência e a explicação,
Do mundo
Em outras passagens
Afirmativas descobri
De que a música traz em si a matemática,
Em sua exatidão,
De idéias construídas
Música boa é exata,
Perfeita
Como a se encaixar
Da mais perfeita forma
Em nossas vidas
A muitas vezes,
Germinar em campo estéril
E a estimular boas idéias
Traz cor e vida
A muitas vidas insípidas e sem sentido
Música inspira,
Modifica,
Ilumina e ajuda a iluminar
Estimula a enxergar a vida,
Com novos olhos
Incrível façanha!
Sempre a nos estimular
A viver em um mundo melhor
Pitagórica filosofia,
Que creio eu,
Não ser desprovida de fundamento
A música salva,
As almas em desesperação
Como a literatura,
Ajuda a alimentar o espírito
Em suas delicadas letras
Suave melodia
Ensinamentos, lições de vida,
Conselhos e admoestações
Como que a nos despertar
Para o mundo que nos cerca
A estimular, a criar
As canções,
Companheiras fiéis
Das horas de desalento,
Desânimo,
Da falta de coragem
Da vontade de muito se fazer,
Sem se saber,
Por onde começar
A estimular melhores pensamentos,
Posicionamentos
Quanta companhia nos faz!
A nos transportar
Para melhores paragens
Cenários de rara beleza
Encantamentos mil
Novas realidades a se revelar
Canções a celebrarem realidades
Muitas desconhecidas para mim
A falarem de velhas paineiras,
Em mourões,
Esteio, para se estender as cercas
O ipê amarelo,
A florir, obstaculizando o luar
As quiçaças de um sertão,
Sem condições para se plantar
As saudades de uma terra distante,
Os pássaros a cantar
Entre outras canções a dizer
Que mais devemos confiar em nós,
Do que esperar por vãs promessas
E dureza das realidades,
A perceber que nem todos
Verdadeiros são
O que se há de fazer!
Bons e maus há,
Neste desenfreado mundo,
E cabe a nós distingui-los,
Em uma terra de gente indistinta,
Apagada pela multidão
A massa indiferente,
E amorfa que nos acompanha em nossos passos,
Dando-nos a falsa impressão,
De que não estamos sós
Falsa assertiva,
Quimérica
Mundo cinzento,
Como na canção
Falta de verde,
De flores coloridas,
De plantas
Para alegrar o cenário triste
Talvez daí resida a necessidade
Quase primal, de bucolismo
De poesia,
E de natureza
A indiferença a nos rondar
Socorrei-nos por nos sentirmos tão indiferentes
Nesta vida monótona
Triste melopéia
Daí a necessidade de maiores conhecimentos,
Melhores leituras,
Emotivas canções,
Repertório afetivo
A embalar nossas vidas,
E a nos trazer encantamentos
A semear beleza por áridos campos
A germinar em campo frio
E quem sabe produzir bons frutos
Mas o campo é inóspito,
E difícil a semeadura
Mas ainda assim acredito
Que bons frutos se colherá,
Entre aqueles que dispostos estiverem,
A melhor viver
Que venham,
Pois embora difícil,
A colheita é farta e compensadora!
Bons auspícios,
Mensagens alvissareiras
Boa nova a se aproximar
Muitos sonhos a se realizar!
Novas floradas a acontecerem,
Como na canção
Flores delicadas,
A cobrirem campos de aço
Assim, o quero!
DICIONÁRIO:
melopeia /éi/ substantivo feminino
1. MÚSICA
a parte musical, melódica de um recitativo ('gênero de canto declamatório').
2. toada, cantiga de melodia simples e monótona, ger. melancólica; cantilena.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
IPÊS
Ipês floridos, roxos e floridos, no caminhos das pedras e dos passos apressados.
Uma elevação em concreto, a desnudar janelas para uma paisagem que acena de verdes e ipê florido.
Em sua visão oposta, os trilhos de uma estação de trem.
Trilhos envelhecidos pelo devassar dos tempos.
Caminhos de mata, musgo, ferrugem.
No balanço dos tempos, os trens passam.
Em seu deslizar tímido sobre os trilhos.
Contemplo a visão do alto do prédio.
Velho e feio, que abrigou os maiores dias do meu trabalho.
Rezo na esperança dos mais belos, lindos dias.
Onde me abrigo no pouso do alento.
Se acaso encontro tanto desalento, é por se fazer pensar em melhores tempos.
Por vezes maciços de beri amarelo me brindam de encantos.
Por ora frutas no chão.
Árvores de lindas flores amarelas.
Que nome terás?
Acácias amarelas encontrei em caminhos da Sé.
Em minha casa, saudades das violetas na janela.
Na volta ao lar, ipês floridos se fazem acenar à distância, no limiar dos tempos.
Tempo de parar e de pensar.
Repensar e se desfazer em esquecimento.
Com isto, um nome dia a se começar.
Novo deslize em superfícies ásperas, duras.
A melhor lugar ocupar.
E ocupando, assumir um lugar no mundo.
Afinal, em que lugar você que estar?
I
Que lugar no mundo ocupar?
Ser alguém?
Acumular-se de riquezas materiais.
Desfrutar o instante do viver.
Quanta contradição!
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Ideias Vagas
Dizem que quem ao feio ama,
Gosto não tem
Pois é desprovido da capacidade de enxergar a beleza,
Nas coisas que a tem, em seu intrínseco ser
Pois a beleza externa,
Vazia é,
Acaso contemplada não seja,
Pelo ser!
Libertas!
Liberdade, ainda que tardia a liberdade
Antes tarde acontecer, do que o nunca ocorrer
Pois a liberdade, a soberana liberdade
Nada mais é,
Que a questão do que se valora
E em ser valorizando a essência do que se é,
Nada se tem a perder,
Neste inesquecível espetáculo
Que é a vida!
A liberdade nada mais é,
Do que eterno voar e revoar das ideias
Libertar-se dos preceitos,
Para tudo o que significa existir,
Sem se importar a quem quer que seja agradar!
Liberdade, sonho dos homens
Mas poucos tem a coragem, do convencional se despir
E assim, deixar de seguir a manada,
Gado contente,
Gentes alienadas, a pouco se importar com os fatos,
E a seguir um roteiro traçado por outrem
Não a isto!
Liberte-se das ideias preconcebidas
E viva melhor
Talvez não consigas a felicidade eterna,
Estampada num comercial de tevê
Mas serás feliz, por seres quem se és,
Sem fingir algo que não se é
Livre de roteiros preestabelecidos,
E voa, voa soberano
Assuma as rédeas da vida
E verás como é melhor, a si felicitar, do que aos demais,
Que em nenhum momento, gratos serão por seus agrados
Melhor a ti ser contente,
Do que vazio ser!
Liberto da escravidão de um viver sem sentido
Sem sentir
Liberdade, a abrir suas imensas asas sobre nós!
Ideias Vagas II
Ideias vagas,
Sem pensamentos a passar
Indiferença
O triste cotidiano a nos matar
Quando será que o tédio assim, irá enfim se afastar?
Creio que nos momentos em que ocupar-nos
Com o melhor aproveitar do tempo
E as ideias, de vagas,
Concretas a se fazer
Ideias vagas
Volatizadas em estéreis pensamentos,
A se transmutarem em ideias firmes, complexas
E as ideias, de vagas, a se tornarem ações
Pensamentos Sem Juízo
Quem a dizer fica,
Que o importante é a beleza interior
Certamente desconhece o valor intrínseco que traz, cercar-se do belo
Pois neste mundo de aparências,
A beleza maravilhas faz
E o belo exterior, cercado de beleza interior,
Muito melhor fica!
E a interior beleza, sem o adorno exterior,
Muito mais padece, para seu valor mostrar
E a beleza, verdadeiro ouro puro,
Sem o correspondente conteúdo,
Verdadeiro valor não dão as gentes!
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.