A lua em seu círculo raro
Tendo ao lado, uma linda estrela
A imponentemente,
Resplandecer no firmamento
Por vários dias, esta lua a nos acompanhar,
Escondida no alto zênite,
Oculta aos nossos olhares primeiros,
Fugidios
A exibir seu branco arco,
Num céu profundamente escuro
Nas primeiras horas da noite,
Um escuro azul marinho,
A revelar a cidade ao fundo,
Os prédios, as árvores secas, desfolhadas,
O parco verde a resistir,
Na árida concretude da cidade
A poucos passos da Nova Lua,
Para tudo novamente começar
Corpo celeste a se transmudar,
Ante nossos olhos desatentos,
Esquecidos das pequenas maravilhas da vida
A lua a sumir no horizonte,
A novamente surgir,
E aos poucos, em seu formato crescente,
Encher-se de beleza e encanto
Donairosa em seus fetiches,
A resplender maravilhas e luar
E num distante lugar,
O menino a tudo isto contemplar,
No escuro quintal de seu lar
Feliz dizia a seu pai:
Quantas maravilhas no mundo há!
E o pai com tudo concordando,
Pois percebia que tudo era bom e belo!
E o cachorro no quintal
A latir, espantado com a presença,
Das gentes no quintal
O menino por sua vez, a chamar o cão,
E com ele a brincar,
Dizendo-lhe estar apreciando a beleza da lua
E a se recordar do dia que um eclipse viu,
A lua imensa, cheia, branca
Como nas melhores canções
Pouco a pouco perdendo o esférico ornato,
Metamorfoseando-se em minguante,
Até por completo desaparecer
Encantado, Felipe perguntou ao pai,
Do que se tratava,
E o homem a calmamente lhe explicar,
Tratar-se de fenômeno astronômico,
Ocasionalmente a ocorrer,
Sendo a lua obscurecida,
Por um astro a lhe cobrir a visão
E o menino a perguntar,
De que astro ele estava falar
E o pai então, lhe respondeu,
Que tratava-se da sombra da terra,
No astro lunar projetada,
A afirmar que isto, tal efeito causa,
Obscurecimento
E a lua obumbrada,
A se esconder na sombra terrestre
Embora a continuar por lá,
Uma sombra a encobre,
Obstaculizando a visão!
Que lega!
O menino dizia,
Depois do aludido fenômeno, contemplar
E nisto seu pai a lhe recomendar,
A casa adentrar
E o menino a protestar,
Dizendo que mais queria ver
Nisto Carlos ficou a lhe dizer que o eclipse,
Ocorrido havia,
E que não havia mais nada para se olhar
E assim, relutando,
O menino a casa adentrou...
No dia seguinte na escola,
O menino a descobrir,
Que nem todos o fenômeno viram
Os garotos a comentar que,
Somente brumas viram,
Não podendo divisar a lua,
Em meio aos etéreos vapores
Que pena!
Felipe ficou a pensar,
Pois nem todos oportunidade tiveram,
De o fenômeno visualizar
Felipe também ficou a lembrar,
Do dia em que um cachorrinho encontrou
O cãozinho a latir e a balançar o rabinho,
Acompanhava os passos do menino,
Que da escola regressava
Em sozinho se encontrando,
O menino tentou se apartar do cachorro
Dizia para ele se afastar
Mas o cãozinho renitente,
Parecia fingir não ouvir
E assim, se afastava um pouco,
Para após, novamente retornar,
E a certa altura,
Para o menino latiu
Felipe por seu turno,
Interrompeu a caminhada,
E a observar o cachorro ficou
O animal ficou então, a correr a sua volta
Felipe a coçar a cabeça,
Ficou pensando em uma maneira,
De os pais convencer,
A com o bichinho ficar
Pensando alto, ficou a se perguntar:
O que vou fazer,
Caso em meu lar chegue, com você?
Meus pais certamente não concordarão,
Em me deixar ficar contigo!
Nisto o cachorrinho
A sentar ficou,
Olhando o garoto, com olhos suplicantes
Felipe então, respondeu que:
Tá certo! Tá bom!
Eu te levo para casa,
Só não garanto a boa acolhida!
E nisto, o cãozinho,
A acompanhá-lo continuou
Desta forma, Felipe em casa chegando,
Trazia consigo um cachorro
A mãe ao ver o cão, logo questionou:
De quem é este cãozinho,
Que o vem acompanhando?
E o menino gaguejando,
A explicar começou,
Dizia que o cãozinho dono não tinha,
E que o vinha seguindo,
Praticamente desde a saída da escola,
Com olhos súplices,
A pedir-lhe guarida
E a mãe, para o cachorrinho a olhar,
Comentou:
Com o cãozinho não poderemos ficar!
E o menino, a pedir,
A insistir dizendo que poderiam sim,
E que tudo faria para ajudar
Mas a mãe insistia para o cãozinho deixar,
Para quem dele pudesse cuidar,
E o menino a chorar,
Prometia ajudar, a dele cuidar
E o chororô se fez tão pungente,
Que a pobre, alternativa não restou,
Senão com o pai conversar,
E deliberar sobre a permanência ou não,
Do cãozinho no lar
Carlos, o pai,
Consciencioso, e a tudo acautelar,
Por fim, ao perceber o empenho do menino,
Na permanência do cão
Com ele ajustou:
Deverás auxiliar nos cuidados,
Lembrando os horários das refeições,
Dos banhos, as visitas ao veterinário,
Os diários passeios com o animal!
E Felipe a tudo ouvia com atenção,
E a tudo prometia,
O maior cuidado tomar
Carlos por sua vez,
Prometia a tudo assessorar,
Mas salientando de Felipe ser,
A responsabilidade pelo cão
E assim, os dias se seguiram
Uma casinha para cachorrinho,
Foi providenciada,
A ração, as visitas ao veterinário,
Felipe, auxiliado pelos pais,
De tudo se encarregou
Quanto ao banho,
O menino, ao tentar lavar o cachorrinho,
Todo molhado ficou
Carlo ao ver a cena,
Rindo ficou,
E a ajudar o menino se dispôs
E assim, com a ajuda do pai,
O cão um banhou tomou,
Atlas limpinho ficou,
A balançar os pelos molhados,
E a enxugado ser pelo menino
Mais tarde, Felipe levou Atlas para um passeio,
Nas ruas do bairro,
Sempre um plástico carregando,
Para assim recolher, os dejetos do animal!
Certo dia,
Acompanhado pelo pai,
Felipe levou o fiel amigo para passear,
No lindo parque que havia no lugar
E o cãozinho a correr ficou,
Latiu para uma borboleta linda,
Que então pousou,
Em uma planta florífera
Felipe ao ver a cena, censurou o gesto,
Dizendo-lhe que não poderia,
Espantar a espécie
E o cachorrinho envergonhado, calou-se
Quando o cãozinho adoeceu,
O menino entristecido ficou,
E o vê-lo tão debilitado,
Felipe chorou, temendo o serzinho se findar
No que foi consolado pelos pais,
Que lhe disseram que Atlas iria se recuperar
E o tempo em sendo,
O senhor da razão,
Demonstrou ao menino,
Através da melhora do cãozinho,
Que seus pais razão tinham no dizer!
E com isto, o menino a brincar,
Com seu dileto amigo ficou
Brincava de jogar bola ao cão,
Para fazer com que ele buscasse o objeto
Ao andar de bicicleta,
Colocava o bichinho em um cesto,
Na traseira da magrela
E a vizinhança admirava o bom comportamento,
Do disciplinado cãozinho
Certa vez, Felipe apresentou-se disfarçado,
Ao atento cachorro,
Que em não o reconhecendo,
Começou a latir para ele,
E o menino então, trancou-se na casa
Carlos e Irene, muito riram da brincadeira
Felipe por sua vez questionou,
Argumentando se o cachorrinho,
O reconhecido não havia,
Por seu cheiro
Carlos então, respondeu que na dúvida,
Era melhor não se disfarçar
E o menino a lastimar e a dizer:
Fazer o quê!
Tantas lembranças,
Visto que Felipe entretinha-se com elas
Carlos seu pai, ficava a lhe chamar,
Dizia para em casa entrar,
Pois tarde estava,
E não queria pegar o sereno da madrugada
O menino por seu turno, comentou que gostava,
Do orvalhar das plantas
Carlos então prometeu,
Que mais cedo poderiam acordar,
E assim, observar as plantas,
A umedecidas pelo orvalho serem
E assim ajustados,
Após mais uma noite de contemplação,
Dos astros celestes
Pai e filho, a casa adentraram
O menino, de dentes escovados,
Pijama posto,
Em sua cama deitou-se,
Sendo coberto por seu pai,
E a mãe a lhe desejar um terno boa noite
O menino então, ficou a pedir,
Para uma história contar
E o pai a lhe dizer que tarde estava
Como o menino insistisse,
O homem começou a narrar,
A singela história de um beija-flor
Que a procurar estava,
Uma perfeita flor,
Para recolher o pólen
E a seguir, espalhar o material,
Oriundo de boa matriz,
Para outras plagas
E assim, a espalhar a beleza e a perfeição!
Maravilhado com a narrativa,
O menino a dizer ficava:
Que bonita história!
E Carlos, a narrativa continuava
Dizia que o pássaro em sua procura,
Deixava de lado,
A tudo que não considerasse perfeito
E com isto, muitas flores,
Deixaram de ter seu pólen recolhido
E muitas flores deixaram de ser semeadas,
Fato este que ocasionou a redução,
Dos números de flores na região,
Pois em somente se germinando o pólen,
Das flores perfeitas,
A nascer não estava,
As flores diversas do jardim,
Pois em nem todas sendo belas,
Oportunidade não tinham,
De o melhor mostrarem
Pois em apenas se pautando pela beleza,
A imponente ave,
Deixava de levar em conta,
A essência da natureza,
Onde todos espaço tem
Em não se prevalecendo a beleza
Algum encanto há,
Nas espécimes nem sempre tão belas,
Pois em feias nascendo,
Chances tem de se aperfeiçoar,
Melhores polens produzindo,
Para as novas gerações
Flores e flores, nascendo e morrendo,
Para dar lugar a novas flores
E em belas nascendo,
Fenecem, despindo-se,
De suas materiais, belezas
Com isto, demonstrando,
A inconstância da vida,
Sua efemeridade
Às vezes sua feiúra,
A qual não pode ser abandonada,
Tampouco de lado posta!
Pois se tudo belo fosse,
Não saberíamos apreciar a beleza das coisas
Vivemos pois, de contrastes,
Finalizou o pai,
Sob aplausos de um filho entusiasmado
Em seguida,
Dizendo que se fazia hora de dormir,
Beijou a fronte do filho
E apagando a luz do quarto,
Desejou-lhe boa noite e bons sonhos
Felipe então, deitado em sua cama
Em sua cama esticou-se,
E a dormir ficou
E os mais diversos sonhos, sonhou
Sonhou com crianças muitas,
Com sua escola,
Suas brincadeiras com os amigos,
Os passeios em um parque diverso
O qual possuía lindas árvores,
Pássaros coloridos, grandes, pequenos,
De cantos canoros
Nos sonhos, se viu índio
A viver de caça e pesca,
A banhar-se em rio de claras águas,
Fonte cristalina a percorrer vales,
Tendo a sua volta,
Verdejantes margens, lindas paragens!
Ao despertar, foi logo chamado pelo pai
O homem então chamou o filho,
Para ir até o jardim
E lá o menino pode contemplar,
As árvores, as plantas, as flores diversas,
Orvalhadas
A manhã despejava um manto de bruma,
Fumaça branca despregada do firmamento
O ar gélido de tudo tomava conta
Assim, após alguns minutos,
De precioso contemplar,
O pai recomendou,
A casa novamente adentrar
Com isto, a família tomou café da manhã
Pão fresco, leite, suco de laranja,
Frutas, frios, manteiga
Carlos e Irene surpreenderam-se,
Pois, Felipe comia seu lanche avidamente
Tinha pressa em se divertir!
A seguir,
Vestido com uma calça comprida,
E uma blusa de manga comprida
O menino ficou a observar o jardim
Pela janela contemplava a chuva,
Que desabou logo após o término do café
A Felipe então, só restava ver tevê
Carlos e Irene por sua vez,
Disseram que muito provavelmente,
A chuva logo pararia
Com isto, o menino poderia no quintal brincar
E assim, Felipe esperou, esperou
E quando finalmente a chuva parou,
O garoto dirigiu-se ao quintal,
E Atlas chamou,
Que feliz, foi logo abanando o rabinho,
Encaminhando-se ao seu encontro
E assim, ficaram o restante da manhã a brincar
E o cheiro de terra molhada,
A invadir o ar
Ampla atmosfera que a tudo envolve,
Sonhos, projetos e realizações
E o dia a seguir,
Calmamente entrecortado,
De risos e brincadeiras!
Luciana Celestino dos Santos
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