Poesias

quarta-feira, 1 de julho de 2020

COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 58

CAPÍTULO 58

Após narrarem a ‘Lenda do Guaraná’, passaram a contar sobre ‘O Curupira’:
O Curupira, é um ser fantástico que, segundo a crença popular, habita as florestas e é o protetor das plantas e dos animais.
É descrito como tendo a estatura de um menino, pele escura e os pés às avessas, isto é, com os calcanhares para frente.
Suas pegadas enganam os caçadores e seringueiros, que se perdem nas florestas.
O curupira também faz as pessoas se perderem imitando gritos humanos.
Para não serem incomodados, os seringueiros e caçadores, adaptando um costume indígena, fazem oferendas de pinga e fumo.56
O Curupira é considerado por muitos, como uma espécie de gênio da floresta.
Parece-se com um menino de cabelos vermelhos, mas tem o corpo peludo, dentes verdes e os seus pés são virados: o calcanhar para a frente e os dedos para trás.
É ele quem cuida dos animais da floresta.
Dizem que esses ruídos misteriosos que vêm da mata são causados por ele.
Tolera os caçadores que caçam para comer, mas não tem pena dos caçadores maldosos, principalmente dos que matam filhotes.
Quando vê um caçador que mata por prazer, judia tanto dele, mas tanto, que o coitado, se não morre, fica louco para sempre.
Para proteger os animais, ele usa mil artimanhas, procurando iludir o caçador: gritos, assobios, gemidos.
O caçador pensa que é um animal ou uma ave e vai atrás do Curupira.
Quando percebe, está perdido na floresta.
Ao se aproximar uma tempestade, o Curupira corre toda a floresta e vai batendo nos troncos das árvores.
Assim, ele vê se elas estão fortes para agüentar a ventania.
Se percebe que alguma árvore poderá ser derrubada pelo vento, ele avisa a bicharada para não chegar perto dela.
Os índios contavam uma interessante história sobre o Curupira.
Estava o Curupira andando pela floresta, quando encontrou um índio caçador que dormia profundamente.
O Curupira estava com muita fome e cismou em comer o coração do homem.
Assim, fez com que ele acordasse.
O caçador levou um susto, mas como ele era muito controlado, fingiu que não estava com medo.
O Curupira disse-lhe:
-- Quero um pedaço de seu coração!
O Caçador, que era muito esperto, lembrando-se que havia atirado num macaco, entregou ao Curupira um pedaço do coração do macaco.
O Curupira provou, gostou e quis comer tudo.
-- Quero mais! Quero o resto! - pediu ele.
O Caçador entregou-lhe o que havia sobrado, mas, em troca, exigiu um pedaço do coração do Curupira.
-- Fiz sua vontade, não fiz? Agora você deve dar-me em pagamento um pedaço de seu coração. - disse ele.
O Curupira não era muito esperto, acreditou que o Caçador havia arrancado o próprio coração, sem ter sofrido nenhuma dor e sem haver morrido.
-- Está certo, respondeu o Curupira, empreste-me sua faca.
O Caçador entregou-lhe a faca e afastou-se o mais que pôde, temendo levar uma facada.
O Curupira, porém, estava sendo sincero.
Enterrou a faca no próprio peito e tombou, sem vida.
O Caçador não esperou mais, disparou pela floresta com tal velocidade que deixaria para trás os bichos mais velozes...
Quando chegou à aldeia, estava com a língua de fora e prometeu a si mesmo não voltar nunca mais à floresta.
Pensou:
"Desta escapei. Noutra é que não caio"
Durante um ano, o índio não quis saber de entrar na mata.
Quando lhe perguntavam por que não saía mais da aldeia, ele se desculpava, dizendo estar doente.
Mas o Caçador tinha uma filha que era muito vaidosa.
Como haveria uma festa dentro de poucos dias, ela pediu ao pai um colar diferente de todos os que ela já tinha visto.
O índio, pai dedicado, começou a pensar num modo de satisfazer o desejo da filha.
Lembrou-se, então, dos dentes verdes do Curupira.
Daria um bonito colar, sem dúvida.
Por isso, partiu para a floresta e procurou o lugar onde o gênio havia morrido.
Depois de algumas voltas, deu com o esqueleto meio encoberto pelo mato.
Os dentes verdes brilhavam ao sol, parecendo esmeraldas.
Conseguindo vencer o receio, apanhou o crânio do Curupira e começou a bater com ele no tronco de uma árvore, para que se despedaçasse e soltasse os dentes.
Imaginem a sua surpresa quando, de repente, viu o Curupira voltar à vida!
Ali estava ele, exatamente como antes, parecendo que nada havia acontecido!
Por sorte, o Curupira acreditou que o Caçador o ressuscitara de propósito e ficou todo contente:
-- Muito obrigado! Você devolveu-me a vida e não sei como agradecer-lhe!
O índio então, percebendo que estava salvo, respondeu que o Curupira não tinha nada que agradecer, mas ele insistia em demonstrar sua gratidão.
Pensou um pouco e disse:
-- Tome este arco e esta flecha. São mágicos. Basta que você olhe para a ave ou animal que deseja caçar e atire. A flecha não errará o alvo. Nunca mais lhe faltará caça. Mas, agora, ouça bem: jamais aponte para uma ave ou animal que esteja em bando, pois você seria atacado e despedaçado pelos companheiros dele. Entendeu?
O índio disse que sim e desde aquele momento não mais lhe faltou caça.
Era só atirar a flecha e zás!
O bicho caía. Tornou-se o maior caçador de sua tribo.
Por onde passava, era olhado com respeito e admiração.
Um dia, ele estava caçando com outros companheiros que não tinham mais palavras para elogiá-lo.
O índio sentiu-se tão importante que, ao ver um bando de pássaros que se aproximava, esqueceu-se da recomendação do Curupira e atirou...
Matou somente um pássaro e, como o Curupira avisara, foi atacado pelo bando enlouquecido pela perda do companheiro.
De seus amigos, não ficou um: dispararam pela floresta, deixando-o entregue à própria sorte.
O pobre índio foi estraçalhado pelos pássaros.
A cabeça estava num lugar, um braço no outro, uma perna aqui, outra longe...
O Curupira ficou com pena dele.
Arranjou cera e acendeu um fogo para derretê-la.
Depois recolheu os pedaços do Caçador e colou-os com a cera.
O índio voltou à vida, levantou-se e disse:
-- Muito obrigado! Não sei como agradecer-lhe!
-- Não tem o que agradecer. – respondeu o Curupira – Mas preste atenção. Esta foi a primeira e ú1tima vez que pude salvá-lo! Não beba, nem coma nada que esteja quente! Se o fizer, a cera se derreterá e você também!
E assim, durante muito tempo, o índio levou uma vida normal.
Ninguém sabia do acontecido.
Um dia, porém, sua mulher lhe serviu uma comida quente e apetitosa, tão apetitosa que o índio nem se lembrou que a cera poderia derreter-se.
Engoliu a comida e pronto!
Não só a cera se derreteu, mas também o próprio índio.57

56 Sociedade e Cultural - Enciclopédia Compacta Brasil - Larousse Cultural - Nova Cultural – 1995.
57 Texto extraído do livro Histórias e Lendas do Brasil (adaptado do texto original de Gonçalves Ribeiro). - São Paulo: APEL Editora, sem/data.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos

É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 57

CAPÍTULO 57

 Em seguida, passaram a contar a ‘Lenda do Guaraná’:
Há muitos anos, vivia na selva um casal de índios que era muito feliz.
Os dois eram jovens, davam-se bem e toda a tribo gostava deles.
Apenas uma coisa faltava, para que fossem completamente felizes: um filho.
Resolveram pedir esta graça a Tupã, que os premiou com um menino forte e sadio.
Toda a tribo ficou contente: agora, nada mais lhes faltava!
O tempo foi passando e a criança ficava cada vez mais forte e bonita.
Era um menino muito vivo, e tinha sempre alguma coisa com o que empregar o tempo.
Se não estava ajudando sua mãe a fazer algum serviço, ia com o pai à caça ou à pesca, embora não gostasse de matar nenhum bicho.
Quando não tinha mesmo nada que fazer, visitava os outros índios, com os quais sempre aprendia alguma coisa, pois era muito inteligente e curioso.
Por ter um coração cheio de bondade, era admirado por todos.
Seus pais eram o casal mais feliz daquela tribo.
Ninguém possuía um filho assim.
Pouco a pouco, o menino foi conhecendo a vida e os segredos da floresta, onde ia sempre acompanhado.
Mas havia uma coisa que o deixava muito intrigado.
Era Jurupari, o espírito do mal.
Tinha ouvido alguns dos mais velhos falarem rapidamente sobre este demônio.
Todas as vezes, porém, que o menino pedia que lhe contassem quem era e o que fazia Jurupari, eles nada diziam.
Achavam que ele era muito novo para estas revelações.
E, assim, este ficou sendo o único segredo que o menino desconhecia.
Tanto correu a boa fama do menino, que chegou aos ouvidos de Jurupari.
E, a partir daquele momento, ele começou a observar cuidadosamente a criança.
Como Jurupari podia ficar invisível, ninguém percebia que ele andava por perto.
Quanto mais o malvado observava o menino, mais raivoso ficava.
Morria de inveja.
Não podia suportar que alguém fosse tão inteligente e bondoso.
Foi embora para a selva, tremendo de ódio e pensando:
"Preciso vingar-me daquele menino. Não pode existir uma pessoa tão perfeita! É um desaforo!"
O tempo foi passando e Jurupari não encontrava um modo de prejudicar o menino.
Uma vez, na mata, quando estava observando a criança, notou que ela era procurada pelas aves e pelos animais e ficava no meio deles, conversando com um, acariciando a cabeça de outro... Jurupari ficou tão furioso, que assustou a todos.
As aves saíram voando, os animais corriam como loucos e o pequeno, sem compreender o que havia acontecido, foi embora muito triste, pensando que os bichos não gostavam mais dele.
Como o menino gostava muito de frutas, procurava sempre ficar perto das árvores, escolhendo e comendo os frutos maduros.
Ao descobrir este seu costume, Jurupari teve uma idéia:
--Vou transformar-me em cobra! Quando menos esperar, será picado e não terá salvação!
Jurupari ficou então, esperando nova oportunidade.
Poucos dias depois, a criança apareceu outra vez.
Os frutos estavam luminosos e o menino correu para a árvore.
O demônio transformou-se numa cobra e foi para perto do menino.
Ele notou a presença da serpente, mas como não tinha medo de cobras, pois conhecia todos os seus costumes, continuou a comer calmamente.
Ignorava que Jurupari podia transformar-se no que desejava.
Ah! se os mais velhos lhe houvessem contado...
Jurupari tomou a cor da árvore e enrolou-se nela.
O menino estava descendo, distraído, quando foi atacado pela serpente.
Quando o encontraram, caído, os olhos virados, as frutas jogadas no chão, foi uma tristeza sem tamanho.
Todos choravam, inconformados.
Seus pais gritavam tão alto que estremeciam as nuvens...
-- Foi picada de cobra, vejam! - mostrou um índio.
-- Não é possível! - exclamou o pai. -- Ele sabia lidar com as serpentes.
Um dos índios mais velhos, que até ali não dissera uma palavra, falou:
-- Foi Jurupari. Era o único segredo da selva que o menino não conhecia.
E ninguém parava de chorar.
De repente, o ruído de um trovão cobriu todos os outros sons.
Os índios ficaram assustados, pois o céu não apresentava nenhuma nuvem.
Somente a mãe do menino compreendeu a mensagem:
-- É a voz de Tupã. Ele quer dar-nos uma compensação. Deseja que plantemos os olhos do meu filho. Diz que deles brotará uma planta milagrosa, cujos frutos nos farão felizes!
Os índios atenderam e enterraram os olhos do menino.
E deles nasceu o guaraná. Guará, na língua dos índios, significa "o que tem vida, gente", e ná, "igual, semelhante".
Assim, traduzido, guaraná quer dizer: bagos iguais a olhos de gente.55

55 Guaraná Texto extraído do livro Histórias e Lendas do Brasil (adaptado do texto original de Gonçalves Ribeiro). - São Paulo: APEL Editora, sem/data. Grande Enciclopédia Larousse Cultural -São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda, 1988: (Paulinia cupana) – do tupi wara’ná. Arbusto trepador que tem propriedades excitantes, pelo conteúdo de cafeína e teobromina. 

As sementes maduras do guaraná, depois de torradas e moídas, formam uma massa plásticas macia e homogênea de cor cinzenta, que, depois da defumação para secagem, muda para vermelho-escura, às vezes quase roxa, escurecendo com o tempo, devido à oxidação.
É na fase de massa moldável que se preparam os “pães”, de formas cilíndricas, elípticas ou ovais, que, depois de adquirirem consistência extremamente dura e inalterável, são oferecidos no comércio. O “pão” de guaraná é constituído por massa duríssima e, para ser consumido, precisa ser desbastado com lima de aço ou, como o fazem as populações rurais da Amazônia, limado com o osso hióide (erradamente chamado de língua) do Pirarucu. 
Como refrigerante, o nome guaraná é reservado à bebida não alcoólica, gasosa, que contenha no mínimo 1% de extrato de guaraná (produto resultante do esmagamento da semente de guaraná torrada), mais açúcar, acidulantes (como o ácido cítrico) e substâncias aromáticas. 
Muito difundido no Brasil, o guaraná é também exportado; tem ação refrigerante e tônica, sendo rico em cafeína. 
No folclore, Guaraná de figuras, são enfeites fabricados com sementes de guaraná descartadas como inaproveitáveis para a alimentação, com as quais se faz a massa plástica e que se defuma para endurecer. 
Verdadeiros artistas modelam objetos (bandejas, cálices, canetas), frutas (biribás, ananás, mungubas) e animais (antas, quatis, jacarés, macacos, tatus), que são comercializados como curiosidades ou lembranças de viagem pela Amazônia. 
Os índios Maués preparam uma massa comestível com as sementes desse arbusto.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos

É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 56

CAPÍTULO 56

Em seguida, os pescadores passaram a contar a ‘Lenda da Sapucaia-Roca’.
Primeiramente, os pescadores tiveram o cuidado de explicar que Sapucaia-Roca é uma pequena povoação à margem do Rio Madeira.
Pouco abaixo do lugar em que acha assentada, referem os índios que existiu outrora uma outra povoação, muito maior do que esta, e que um dia desapareceu da superfície da terra, sepultando-se nas profundidades do rio.
É que os Muras, que então a habitavam, levavam a vida desordenada e má, e nas festas, que em honra de Tupana celebravam, entregavam-se a danças tão lascivas e cantavam cantigas tão impuras, que faziam chorar de dor aos angaturamas, que eram os espíritos protetores, que por eles velavam.
Por vezes os velhos e inspirados pajés, sabedores dos segredos de Tupana, haviam advertido de que tremendo castigo os ameaçava, se não rompessem com a prática de tão criminosas abominações.
Mas cegos e surdos, os Muras não os viam, nem os ouviam.
E pois um dia, em meio das festas e das danças e quando mais quente fervia a orgia, tremeu de súbito a terra e na voragem das águas, que se erguiam, desapareceu a povoação.
As altas barrancas que ainda hoje ali se vêem, atestam a profundidade do abismo em que foi arrojada a povoação e os réprobos...
Depois, muitos anos depois, foi que começou a surgir a atual povoação, que ainda não pôde atingir ao grau de esplendor da que fora submergida.
Foram de novo habitá-la os Muras.
Mas em breve, por entre a escuridão da noite começaram a ouvir, transidos de medo, como o cantar sonoro de galos, que incessante se erguia do fundo das águas.
Consultando os pajés, que perscrutavam os segredos do destino, declaram estes que aquele cantar de galos, ouvido em horas mortas da noite, provinha daqueles mesmos angaturamas, que deploraram outrora a misérrima sorte da povoação submergida e que, sempre protetores dos filhos dos Muras, serviam-se do canto despertador dos galos da Sapucaia-Roca submergida, para recordarem o tremendo castigo por que passaram seus maiores e desviarem a nova geração do perigo de sorte igual. É este o fato que deu origem ao nome da povoação: Sapucaia-Roca.54

54 Lendas Brasileiras / Câmara Cascudo. - Rio de Janeiro: Ediouro, 2000.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 55

CAPÍTULO 55 

Depois de contar a referida lenda, passaram a contar a ‘Lenda da Vitória-Régia’.
A história começa assim:
A índia Moroti atirou sua pulseira ao rio para mostrar às amigas que sua grande paixão, o guerreiro Pitá, a traria de volta como prova de amor.
O guerreiro caiu no capricho da moça, mergulhou e não voltou.
Meio arrependida, meio desesperada, a índia mergulhou atrás do guerreiro amado.
Adeus romance.
No dia seguinte, a tristeza viu brotar uma flor gigante.
Sua parte central, branca, foi associada a Moroti.
As pétalas avermelhadas, ao redor, seriam o bravo Pitá.
Assim, atesta a lenda, a maior flor do mundo surgiu de uma história de amor.
Séculos depois, o inglês Richard Schomburgk, que não era sapo nem príncipe, mas um botânico esperto, aproveitou a beleza e o gigantismo daquela flor, para fazer média com sua rainha.
Nem Moroti nem Pitá.
A maior flor do mundo, que vive em águas amazônicas, ficou conhecida internacionalmente por vitória-régia, em homenagem à rainha da Inglaterra.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 54

CAPÍTULO 54 

Ao falar da ‘Onça-Maneta’, começaram:
É um animal fabuloso, caracterizado pelo rastro.
Trata-se de uma onça que perdeu uma das patas dianteiras.
Mesmo assim, é um animal de espantosa ferocidade, força incrível e mais ágil, mais afoita, mais esfomeada que outra qualquer de sua espécie.
Aparece inopinadamente, atacando sempre rebanhos, caçadores, viajantes, num arranco desesperado e brutal, como se não comesse há muitos meses.
Naturalmente a origem foi uma onça, que, ferida numa pata ou tendo-a decepada em luta, conseguiu fugir dos caçadores e da matilha de cães e, por algum tempo, ferida e doida de raiva, guerreara fazenda e roceiros, numa despedida heróica.53

53 Veiga Miranda citou-a em São Paulo (Mau-Olhado, 132, São Paulo, 1925). Maior Registro em “Folclore Nacional”, 18-19, sep. de Revista do Arquivo Municipal, CXIX, São Paulo, 1948.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 53

CAPÍTULO 53 

Com isso, animados, os pescadores prosseguiram em suas narrativas.
Lisongeados com o interesse dos turistas em conhecer suas lendas, os moradores da pequena Vila de Itamaracá, faziam questão de lhes contar tudo o que sabiam sobre o lugar.
E assim prosseguiram contando a lenda do ‘Anhangá’.
De acordo com Túlio, Anhangá, significa espectro, fantasma, duende, visagem.
Há Miranhanga, Tatu-anhanga, Suaçu-anhanga, Tapira-anhanga, isto é, visagem de gente, de tatu, de veado e de boi.
Em qualquer caso e qualquer que seja, visto, ouvido ou pressentido, o anhanga traz para aquele que o vê, ouve ou pressente, certo prenúncio de desgraça, e os lugares que se conhecem como freqüentados por ele são mal-assombrados.
Há também Pirarucu-anhanga, Iurará-anhanga, etc., isto é, duendes de pirarucu e tartaruga, que são o desespero dos pescadores, como os de caça o são do caçador. 52
Segundo o pescador, há muito tempo atrás, os antigos índios que habitavam a região temiam o Anhangá, por considerá-lo um mal espírito.
Isso por que, de acordo com antigas lendas, alguns índios, ao desobedecerem as ordens de Tupã, atraíram para si o mal espírito, que passou a persegui-los pelo resto de suas vidas.
De acordo com alguns pescadores, ainda se podia ver os índios percorrendo as matas, atormentados, tentando debalde, se livrarem da presença do Anhangá que tanto os aterrorizava.
Felipe ao ouvir a narrativa, comentou com os pescadores que a esta narrativa era conhecida deles, por que nos livros de história, se falava muito nos índios.
Os pescadores, ao ouvirem o comentário do viajante, ficaram impressionados.
Isso por que, o folclore da região ultrapassou fronteiras.
Tal fato os deixou profundamente envaidecidos.
-- Quer dizer então que estamos famosos? – perguntou um dos pescadores.
-- Sim. – respondeu Felipe.
Assim envaidecidos, continuaram a contar histórias.

52 (Stradelli, Vocabulário). Outras definições poderão ser encontradas no Dicionário do Folclore Brasileiro de Câmara Cascudo. 
É um dos mitos mais antigos do Brasil colonial, registrados pelos cronistas da época. 
Os padres Manuel da Nóbrega, José de Anchieta, Fernão Cardim, disseram-no um ente malfazejo. Jean de Lery chamou-o aygnhan. Hans Staden, 1557, diz que os indígenas “não gostam de sair das cabanas sem luz, tanto medo tem do diabo, a quem chamam ingange, o qual freqüentemente lhes aparece.” 

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 52

CAPÍTULO 52

Com isso, o pescador passou a contar a lenda do ‘Gunucô’.
Segundo ele Gunucê, é a divindade das florestas, e quer dizer fantasma.
Só aparece ou se manifesta uma vez por ano, salvo invocação para consulta prévia.
Em suas manifestações, num bamburral, aumentando e diminuindo de tamanho, ele só aparece aos homens que o recebe com trajos especiais.
Dá consultas, prevê os males e ordena observação de preceitos contra o que está para acontecer.
É santo pertencente à tribo dos tapas, e o nagô dá-lhe o nome de Ourixá-ô-cô. 51
Nas palavras de alguns dos pescadores, esta entidade era conhecida de Túlio, mas este, aborrecido com o comentário, mandou que o pescador se calasse.

51 Manuel Querino, Costumes Africanos no Brasil, 49).

DICIONÁRIO:
bamburral - substantivo masculinoBRASILEIRISMO•BRASIL 1. m.q. BAMBUAL.
2. ANGIOSPERMAS
subarbusto ( Hyptis umbrosa ) da fam. das labiadas, de folhas elípticas, ovadas ou cordiformes, flores roxas em espigas e fruto capsular pequeno [Ocorre no Brasil (N.E. ao S.E.), e as folhas têm vários usos medicinais.].

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
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