Poesias

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

IDEIAS

I
Entre deliberações
A livre escolha
Do azo livre
Liberdade, alvedrio
Arraso

II
Pensamentos por vezes me distraem
Conclusões que se esvaem
Pelos desvãos do pensamento
Decisões inconclusas que em perdem
Na contagem rara do momento

Idéias pouco claras
A navegar em mar de ideias
Lento e sequioso de alento

Por que a resposta não nos chega?
Desalento em cada vão momento
Arremedo de pensamento

Saudade de um tempo das mais belas conclusões
A enfeixar um pensamento
Quanto desidério

Perguntas sem respostas
Angustias sem consolos
E a dúvida a abismar:
Por que assim é o mundo?

Em triste cenário absurdo
Tento me confortar
E pairar por entre abismos
A me admirar dos paroxismos

A lua bela,
Sempre branca e redonda lua,
A me encantar

Em cenários de claridade
Pouca escuridão
Nas madrugadas a ausência de luz
A nos trazer confusão

A de pé esperar pela condução
Que quase sempre chega,
Ou sempre nunca chega

Caos, problemas, confusão
Pessoas em profusão
E a gente a tentar sobreviver em meio ao caos

Triste a solidão das multidões sempre vazias
E eu a ler meus surrados papéis e apostilas
Quem sabe na vã esperança
De fazer de meu tempo,
Algo melhor do que uma desconsolação
E um tédio mortal

A observar sempre as mesmas coisas
Olhares vazios, cenários vazios
Vida vazia de significado
Cenário triste e desolado
Habitáculo de seres de passagem
Em uma triste e penosa viagem

Há! Quantos caminhos por devassar
Cordões e correntes a se arrebentar

Pois a vida não há de ser um oceano,
De emaranhados pensamentos aprisionados
E das ideias puras
Pensamentos puros, acrisolados

Mas e essa tal liberdade
Por onde andará?
E a vida será que algum dia,
Enfim, diferente será?

A podermos deliberarmos livremente
E vivermos conforme o que queremos
Ou seremos sempre autômatos seres?

III
Borboletas rareiam a vagar
Em pleno jardim de maravilhas

E eu a caminhar
Divagando em diletante
Doce e sonora amante das canções
Beletrismo a nos compor os dias
Nas mais belas poesias

IV
Nas setas, nas retas
E nas curvas
Nos intrincados caminhos

Nas confluências e entroncamentos,
Com os mais variegados movimentos gesticulares
Deslindes sem deslizes,
Ou acidentes de percurso

V
Estudantados dias
Em cujos ditosos anos
Conhecimentos formoseiam

A dilapidarem mais,
E novos conhecimentos

Em mundo em ebulição,
Convulsionado em revoluções,
Resoluções, faltas e soluções,
Sem nada resolver

Mas estudantes,
Sempre aplicados a aprender
Em seus passeios da ditosa escola da vida
A novos conhecimentos adquirirem

A acompanhar a transformação das coisas,
Da história e da própria vida,
A conhecerem novos lugares

A visualizarem vivos seres pulsáteis,
Seguindo o sentido das marés,
Ou a deitarem-se nas areias a se deixar levar,
Em suas gelatinosas e coloridas formas

Vibrantes descobertas
De um tempo sem igual

Na escola da vida,
A aplicar os conhecimentos adquiridos em aula

VI
Altares ricamente decorados
A ilustrar santas vidas em seu retábulos

Painéis ricamente adornados,
A enfeitarem os altares das igrejas
Com colunas, imagens e ornamentos

Dedicados artistas a esculpirem obras de vulto
Em altíssimo nível e inestimado valor
Raro esplendor

VII
Frases de efeito
A seguir os passos e os pensamentos
Odores, licores e sabores
Albores de novos tempos

Idas e vindas de ideias insuladas
Isoladas em si mesmas

Sonhos nababescos
Jardins suspensos
Modesta morada

DICIONÁRIO:
paroxismo
1.espasmo agudo ou convulsão.
2. momento de maior intensidade de uma dor ou de um acesso.

Significado de Albores:
Diz-se de início, começo.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Ideias Vagas

Dizem que quem ao feio ama,
Gosto não tem
Pois é desprovido da capacidade de enxergar a beleza,
Nas coisas que a tem, em seu intrínseco ser
Pois a beleza externa,
Vazia é,
Acaso contemplada não seja,
Pelo ser!

Libertas!

Liberdade, ainda que tardia a liberdade
Antes tarde acontecer, do que o nunca ocorrer
Pois a liberdade, a soberana liberdade
Nada mais é,
Que a questão do que se valora
E em ser valorizando a essência do que se é,
Nada se tem a perder,
Neste inesquecível espetáculo
Que é a vida!

A liberdade nada mais é,
Do que eterno voar e revoar das ideias
Libertar-se dos preceitos,
Para tudo o que significa existir,
Sem se importar a quem quer que seja agradar!

Liberdade, sonho dos homens
Mas poucos tem a coragem, do convencional se despir
E assim, deixar de seguir a manada,
Gado contente,
Gentes alienadas, a pouco se importar com os fatos,
E a seguir um roteiro traçado por outrem

Não a isto!
Liberte-se das ideias preconcebidas
E viva melhor

Talvez não consigas a felicidade eterna,
Estampada num comercial de tevê
Mas serás feliz, por seres quem se és,
Sem fingir algo que não se é

Livre de roteiros preestabelecidos,
E voa, voa soberano

Assuma as rédeas da vida
E verás como é melhor, a si felicitar, do que aos demais,
Que em nenhum momento, gratos serão por seus agrados
Melhor a ti ser contente,
Do que vazio ser!

Liberto da escravidão de um viver sem sentido
Sem sentir
Liberdade, a abrir suas imensas asas sobre nós!

Ideias Vagas II

Ideias vagas,
Sem pensamentos a passar
Indiferença
O triste cotidiano a nos matar
Quando será que o tédio assim, irá enfim se afastar?

Creio que nos momentos em que ocupar-nos
Com o melhor aproveitar do tempo
E as ideias, de vagas,
Concretas a se fazer

Ideias vagas
Volatizadas em estéreis pensamentos,
A se transmutarem em ideias firmes, complexas
E as ideias, de vagas, a se tornarem ações

Pensamentos Sem Juízo

Quem a dizer fica,
Que o importante é a beleza interior
Certamente desconhece o valor intrínseco que traz, cercar-se do belo

Pois neste mundo de aparências,
A beleza maravilhas faz
E o belo exterior, cercado de beleza interior,
Muito melhor fica!

E a interior beleza, sem o adorno exterior,
Muito mais padece, para seu valor mostrar
E a beleza, verdadeiro ouro puro,
Sem o correspondente conteúdo,
Verdadeiro valor não dão as gentes!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Fragmentário

I
Enquanto a ampulheta do tempo gira
Fico eu a imaginar
Será o tempo relativo,
Ou eu que por um instante fiquei a sonhar?
Roda mundo, mundo gira
Gira a roda, roda do tempo
Que gira, gira sem cessar

II
Estando a bailar
No vai e vem das valsas
Vem e vai, vai e vem
Balanço cadenciado
Dançar conforme a música
Movimentar-se
A consciência de seu corpo ter
A deixar os movimentos por acontecer

III
Movimentos cadenciados,
Ritmados, como a lembrar passos de dança
Mas rápidos, frenéticos

Pedalar cada vez mais apressadamente
O vento a impor sua força,
Opondo-se ao corpo fraco que luta para transpô-lo
E a luta por resistir
Fazendo com que se pedale cada vez mais rápido
E assim, fazer o corpo ficar, em constante movimento

IV
Na bela cidade,
Repleta de encantos,
Embora circundada de tantos descuidos

Céu e mar,
Peruíbe a encantar
Com seu amplo e rico cenário
Deslumbramento dos sentidos
Riqueza de sensações
Atividades várias

V
E mais tarde regressar
A rotina retomar
Trabalho e atividades para recomeçar
Atividades físicas para se iniciar
Novo mundo de possibilidades

A pedalada em um banco azul
O sobe e desce do step,
Nas estepes do pensamento
Voo para as geografias do mundo
Relembrando lugares, paragens,
Coisas simples do viver

E a lua com sua beleza delicada, delgada
Estrelas poucas no céu,
No firmamento, a salpicá-lo em brilhos

Pernas indo e vindo
Braços se levantando,
Ávidos por movimento,
Em busca de musculatura

O pêndulo a balançar o corpo
Alongando, exercitando
Movimentando o corpo no espaço

E a lua a nos acompanhar,
Em todos os eventos
A nos ter por velha amiga
Esperança de melhores tempos

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

FLORES MARMÓREAS

Flores que encantam
Bravas plantas,
Flores a desabrochar no jardim da vida,
Depois de germinadas
A crescerem invadindo os espaços,
A espalhar suas folhagens verdes,
Sua delicadeza de pétalas,
Seu verde de flor
A colorir o verde do jardim

A desenvolver-se em suas floradas,
Lindas e exuberantes flores,
Coloridas, cheias de pétalas,
Com seus odores
Algumas com seus perfumes,
A todo o jardim invadir

A despetalar seus pedaços
Fenecendo,
Desfalecendo-se para novamente,
E aos poucos, refazer-se,
E novamente em exuberâncias,
Desabrochar,
Com suas novas e coloridas flores

Lindo jardim,
Visitado por pássaros diversos,
Coloridas borboletas,
Com suas imponentes asas,
Entre outros aéreos seres

Assim é a natureza,
A sempre se renovar
Como os seres,
Sempre tendo uma função neste mundo,
Para que possa se afirmar

E assim são os seres,
As mulheres a sempre serem,
Comparadas as flores
Por sua suposta delicadeza, sutilezas
E por sempre estarem a se renovar

Transfigurando-se,
Transformam a dura realidade,
Em flores delicadas
Assaz coloridas, e diversas,
Em seus formatos de pétalas, e ornatos

E o universo dorido,
A encher-se de belas e delicadas flores fica
O ar perfumado,
A exalar os melhores pensamentos
Dos adoráveis seres,
Pelos homens admirados!

Alentos nas difíceis horas,
A fortalecerem-se em caule,
A crescer vigoroso,
E a se espalhar pelos jardins,
Nos confins de nossas existências

Por vezes, a se encher de espinhos,
Com vistas a melhor se proteger
Delicadeza ladeada a fortaleza
Abrigo da beleza,
Monumento a vida

A despejar-se em vasos de maravilhas
A transmutar o mundo
Fantásticos seres
Inimagináveis criaturas!

As marmóreas flores
Com seus braços, pernas,
Músculos e sentidos,
Seus mil tons de pele,
Seus cabelos, seus jeitos,
Seus modos, seu falar,
Seu calar, seu caminhar, seu cantar,
Seu pulsar

Delicadas mulheres,
Inspiradamente esculpidas,
Admiráveis seres
A envolver os seres, os homens,
A percorrer o mundo em um abraço
Inimitáveis criaturas!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Estelares

I
Céu estrelado
Coroado de brilhos, enfeitado de estrelas
Lua minguando em seus contornos
Mas ainda com brilho acentuado

Acompanha-me,
Em meus passeios madrugadeiros
Sentada em um trólebus
Contemplo a atmosfera noturna
Por detrás das janelas do coletivo

II
Passeios por Paranapiacaba
Avistando a lua altaneira
Em dia azul e claro a riscar os céus

Onde branca e redonda a surgir no horizonte azul
A fazer par com belo castelo
Erigido em monte
A descortinar a bela paisagem do lugar
Passarela em madeira, com archotes iluminados

Escadarias de pedra conduzem ao lugar
E a noite o Castelinho majestoso, fica a brilhar
E o show tão aguardado, de uma banda tão memorável
A nos brindar a noite, ao som das estrelas

Que de tão vivas,
Ocupam os palcos da vida a nos encantar
Nos velhos trilhos de trem

Os passeios em terra brumosa de outrora
A locomotiva a apitar majestosa
E as moças a acenar com seus lencinhos
Belos tempos

E na atualidade, um belo festival a nos encantar
Ornamentada em um palco
Bela banda com boas músicas
Apresentando sempre muita qualidade,
E a pedir bis
14 Bis

III
Eram belos e belas, imponentes
Deuses e déias do Olimpo
Heróis de velhos combates
A trazerem consigo,
Lindas e possantes medalhas

Lutadores, guerreiros, brigadores
Mas, as vezes muitas, que pena!
Heróis sem medalha

Esperança de tempos melhores que virão
A espera de maiores incentivos
Que belo país o Brasil seria,
Então!

IV
Passeios pela cidade paulistana
Em caminhos inóspitos
Edifício paulista em estilo clássico
Mármores, gradis decorados,
Portas de metal e vidro entalhadas
Muitos detalhes e frisos
Belíssima construção!

Exposição de belos quadros impressionistas
Claude Monet, Manet, Degas, Renoir
Entre outros expoentes
Pinturas a produzir grandes efeitos à distância!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
 

Essa palavra bendita!

Viver alegre,
Cada vão momento
A expressar em verdade e sentimento

A divagar e pensar
Neste pequeno mistério
Amor, esta palavra
Quanto significado terá?
Fico a pensar ...

Não quero a isto me furtar
As tuas mãos hei de tocar
Teus lábios doces irei beijar

E até de um breve bocejar
Terei um mundo inteiro para contemplar

Dorme querido, dorme
Dorme profundamente
Neste ninho e leito de amor
Delicadamente construído
Para que este sentimento perdure

Puro deleite
E assim, durando para sempre
Sigamos sempre felizes
Mas não durma eternamente
Em sua torre de marfim
Como as princesas encantadas,
De um conto de fadas
Alheamento sem fim

Não seja poltrão
Não ajas como se fora um covarde
Não tenha medo de ser feliz
Ainda que por um breve instante
Mesmo esteja assaz distante
Viva este sentimento verdadeiro

Não roubes a esperança
De encontrar um valor em essência
E desta forma nem mesmo
À distância
Pode afetos dissolver

Resolva viver
Um dos melhores sentimentos
Que a vida pode trazer!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

ENLUARADAS!

As manhãs despontando
Despedindo-se da aurora madrugadeira
Onde uma lua minguante,
Desponta no mais alto dos céus,
Ladeada por algumas estrelas brilhantes
Cenário discreto
Lua acompanhar as horas primeiras da manhã

As flores desfalecidas de um ipê roxo,
Caídas ao chão,
E varridas pelo vento

As árvores sem folha,
Mostrando seus galhos ávidos por vida,
A contrastar com as horas do dia
O tons claros dos azuis do céu,
Pouco a pouco escurecidos,
Pelo cair da tarde,
E o acréscimo das horas

Outrora, noites entristecidas,
Sem o clarão da lua,
Obscura por sobre o firmamento

Mas eis que surpreendente,
Surge na abobada celeste,
Agora uma lua discreta,
Partida em seu esplendor

Ah! quanto tempo,
Não ver uma estrela o céu a riscar!
Cenário raro,
Nos atuais dias de minha vida
Dias de luas de cores diversas,
Em fumaça e poluição envolvida

Cenário onde falta, as cores cambiantes,
De antigos pores-do-sol
Alaranjados, dourados e violetas

Caminho meus apressados passos,
Acompanhada pela escuridão das noites
Hoje lua a despontar no céu,
Junto ao amanhecer das horas

O firmamento a se clarear
Para deixar novamente,
Um novo dia acontecer

Horas de esperança alvissareira
A afastar os afamados desencantos,
Os desenganos que a vida nos traz!

E assim o dia a passar,
As horas a passar
Mil estações do ano,
Em apenas algumas horas!

E assim a vida segue,
Com suas cores,
Dores e encantamento

Para mitigar o desalento,
Instrumentos utilizados para mitigar as dores
Tristezas sentidas dos viveres

Boa música a escutar
Em suas suaves,
Outras vezes tristes melodias
Leituras diversas,
Conhecimentos vários

A tudo transformar o viver
Em um nada normal, caminhar
Pois o melhor da vida,
Não é normalidade se ter!

A irrealidade,
A se transformar em plena realidade,
Tornar a ser,
O mundo das idéias,
Materializado ser

E as dores para longe,
Afastadas ser
Pois se a vida é,
O mundo que para nós construímos,
Que então, sejamos felizes
E enchamos este mundo de beleza e esplendor!
Da minha madrugada enluarada!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.