Poesias

quinta-feira, 22 de julho de 2021

DELICADO - CAPÍTULO 24

Quando Letícia e Leandro souberam do ocorrido, através de Lucindo; trataram de procurar Ana e Jacinto para demonstrarem solidariedade.
Visitando o casal, comentaram que a prisão de Cláudia era absurda e ilegal.
Letícia chegou a perguntar se não seria possível que um deles pudesse visitar Cláudia e trazer notícias.
Ana respondeu-lhe que iria se encarregar disto.
Prometeu que participaria a moça das novidades.
Letícia agradeceu.

Lucindo, ao saber do ocorrido, ficou perplexo.
Diante do ocorrido, tratou de ligar para Onofre, o advogado da família.
O homem relatou que já estava tomando as medidas legais cabíveis.
Ao encontrar Letícia andando pelo bairro, Lucindo acabou falando da vida, e contou que Cláudia havia sido presa por desacato, ao prestar um depoimento na delegacia.
Lucindo estava inconformado com a medida tomada pelo delegado.
Comentou que o próprio advogado dissera que a prisão era ilegal.
Nervoso, o moço ligou novamente para o advogado.
Pediu o endereço do presídio onde Cláudia estava. Disse que queria falar com a moça.
Onofre argumentou que não iriam deixá-lo entrar no local.
Com Ana e Jacinto deu-se o mesmo.
O homem teve de usar de muita paciência para explicar-lhes que não seria boa a visita. Contou que teve muita dificuldade para falar com a moça. Reafirmou que as visitas não estavam liberadas.
Lucindo no entanto, não aceitou a negativa do advogado.
Tanto que compareceu pessoalmente no escritório de Onofre.
Conversando com o causídico, acabou convencendo-o a entrar no presídio. Disse-lhe que poderia dizer que era seu assistente.
Onofre titubeou.
Argumentou que isto poderia não dar certo.
Lucindo porém, insistiu.
Assim, acabou indo com o advogado visitar a amiga.
Antes, informou ao reitor que não compareceria a faculdade. Disse que precisava resolver assuntos particulares.
O reitor ao receber a ligação de Lucindo, recomendou-lhe que não se envolvesse naquela história mais do que o necessário.
Lucindo agradeceu o conselho.
Em seguida, desligou o telefone.
Vestiu um terno, colocou uma gravata. Arranjou até uma pasta.
Onofre ao vê-lo todo paramentado, comentou que ele estava mais parecido com um advogado, do que ele próprio.
Lucindo contudo, estava nervoso demais para rir.
Nisto, o homem informou que era advogado de Cláudia e que o rapaz era seu assistente.
A entrada de ambos foi liberada.
Quando Cláudia viu que Onofre estava acompanhada de Lucindo, correu para abraçá-lo.
Dizia:
- Meu amigo! Meu amigo!
Lucindo logo lhe perguntou como estava, se havia se alimentado, se havia dormido. Como estavam sendo aqueles dias.
Cláudia comentou que os dias eram longos, e as provocações muitas. Mas que quando alguma presa cismava com ela, uma das carcereiras, intervinha.
Lucindo estava preocupado.
Questionava com Onofre a demora para resolver a questão.
Quando da visita à moça, evitou tocar no assunto em sua frente.
Pedia a Cláudia para que tivesse paciência. Disse que no dia de sua soltura, viria buscá-la.
Cláudia agradeceu.
Dizia que não via a hora de sair dali.
Ao término da visita se despediram.
Onofre chegou a dizer que as coisas estavam se resolvendo.
Antes de sair do presídio a carcereira pediu-lhe para comprar um vestido. Argumentou que tinha uma festa e que não podia fazer feio.
Onofre tirou mais dinheiro de sua carteira.
Lucindo percebeu que era este suborno que garantia a segurança de Cláudia.
Ao sair do presídio, o moço acompanhou o advogado.
Ao chegarem ao escritório, Lucindo perguntou-lhe quanto já havia gasto com os presentes para a carcereira.
Onofre disse que isto era pouco, diante da injustiça pela qual a moça estava passando.
Lucindo argumentou que iria reembolsá-lo.
O advogado recusou.
O moço então, argumentou que advogar era um trabalho nobre, e tudo o que advinha dele, deveria ser remunerado. Lucindo argumentou que ele estava se arriscando, e que isto precisava de uma reparação.
Onofre ficou revoltado.
- O que você está pensando rapaz?
Lucindo desculpou-se.
Disse que sabia da seriedade de seu trabalho, e que em nenhum momento pensou em suborná-lo. Argumentou que apenas queria reembolsá-lo das despesas que tivera.
Onofre, ao perceber que o rapaz não quisera ofender, pediu-lhe desculpas. Disse que já estava sendo remunerado pela moça, e que não precisava preocupar-se.
Lucindo insistiu. Disse que isto ficaria como um segredo entre eles, e que Cláudia não precisava saber.
Onofre argumentou que isto não seria necessário.
Lucindo no entanto, dizia que precisava fazer isto.
O advogado em dado momento, perguntou-lhe:
- Você gosta muito dela, não é mesmo?!
Lucindo meio sem jeito, disse que sim.
Onofre sorriu-lhe.
Disse-lhe que sabia o que estava sentindo. Argumentou que agora ele tinha uma grande chance de se entender com ela.
Por fim, acabou aceitando o dinheiro de Lucindo. O moço chegou a dizer-lhe que se precisasse de mais dinheiro, poderia arranjar.
Onofre disse-lhe que não seria necessário.

Com efeito, dias após protocolar o pedido de habeas corpus, obteve uma boa nova. Ao protocolar o pedido, solicitou urgência, mas não havia conseguido até o momento, que o pedido fosse apreciado.
Quando Onofre relatou a demora na apreciação do pedido, Cláudia ouviu a tudo, desapontada.
O juiz não havia considerado a questão como urgente.

Quando Fabrício soube do ocorrido, o homem deixou um recado para Cláudia.
A moça recebeu o bilhete na prisão.
No escrito, o homem terminava o relacionamento com ela. Dizia que não poderia se casar com alguém que tivera um filho escondido de todos, e que agora estava envolvida com assédio sexual, e até presa por desacatado.
Cláudia ao ler o bilhete com as palavras de Fabrício, tratou de rasgá-lo.
Magoada, comentou que é nas horas difíceis que se conhece o verdadeiro caráter das pessoas.
Lucindo, ao saber do ocorrido, escreveu um bilhete para consolá-la.
Cláudia ao ler o texto, ficou comovida.
Onofre, ao perceber a comoção da moça, comentou que ele era um bom companheiro. Estava sempre ao lado dela nos momentos difíceis, e que isto era uma raridade. O homem comentou que há cerca de quarenta anos, havia encontrado uma pessoa assim. Ressaltou que ao encontrá-la, percebeu imediatamente que estava diante de algo raro. Assim tratou de se casar com ela.
Nisto o homem riu.
Disse que ela estava entendendo o que ele estava falando. Onofre recomendou-lhe que ficasse com Lucindo. Mencionou que ele era bem melhor que o tal Fabrício, que terminou o relacionamento deles por bilhete.
Cláudia, ficou observando-o, surpresa.
Por fim, o homem disse que ela era inteligente, e que já havia percebido as qualidades do moço.
Como a visita terminara, despediu-se.
A moça voltou para a cela.
Dias depois, finalmente saiu à liberação.

O juiz finalmente reconheceu a ilegalidade da prisão e determinou a soltura da moça.
Onofre comunicou a novidade a família e a Lucindo.
Ana e Jacinto já estavam prontos para buscar a filha na prisão.
Lucindo porém, pediu para ele mesmo fazê-lo.
Ana iria protestar, mas ao ver o olhar de Lúcio, entendeu o que se passava.
E assim, lá se foi Lucindo buscá-la.
Quando Cláudia atravessou o muro da prisão, o moço estava do lado de fora aguardando-a.
A moça aliviada.
Lucindo abriu a porta do carro para ela.
Dentro do carro, o moço perguntou-lhe o que gostaria de fazer.
A mulher respondeu-lhe que gostaria de tomar um banho, e se livrar daquele cheiro horrível de cadeia.
Vestia a mesma roupa que trajava quando fora presa.
Disse que não queria que sua família a visse daquele jeito.
Lucindo, sugeriu, que ela poderia se arrumar em sua casa.
Ressaltou porém, que ela estava muito bem, em que pese o lugar em que estava.
Cláudia no entanto, parecia incomodada com aquela roupa.
Com isto, o homem parou em frente a uma loja.
Cláudia ficou espantada.
Lucindo disse para que entrasse na loja e comprasse alguma coisa.
Por fim, convencida pelo homem, Cláudia acabou entrando no estabelecimento.
Lucindo perguntou a vendedora sobre sugestão de roupas.
Cláudia estava um tanto sem jeito.
A vendedora mostrou-lhe uma série de peças.
A mulher experimentou algumas peças.
A vendedora por sua vez, chegou a comentar com Cláudia, que seu namorado era um partidão. A moça ficou um tanto sem graça.
Ao experimentar as peças, Cláudia decidiu ficar com a calça jeans e a blusa branca.
Por fim, Lucindo pagou as compras, sob protestos de Cláudia que argumentou que ele não tinha que pagar suas contas.
O moço porém argumentou que não havia problema nenhum nisto.
Desta forma, apresentou seu cartão e pagou.
Cláudia não insistiu muito por que não tinha como pagar a conta.
Por fim, Lucindo deixou as compras no porta malas. Entraram no carro.
Também passaram em uma farmácia para comprar alguns itens de perfumaria.
Depois, foram para a casa de Lucindo.
Ao chegar em sua casa, o moço abriu a porta do carro para ela.
Abriu o porta malas.
Pegaram a sacola e entraram na casa.
Lucindo mostrou-lhe o banheiro. Disse-lhe que poderia ficar o tempo que precisasse.
Cláudia agradeceu.
Entrou no banheiro.
Tirou as roupas, e tomou um banho.
Por fim, colocou a roupa nova.
Calçou os sapatos, ajeitou o cabelo e saiu do banheiro.
Segurando a toalha com que tomara banho, perguntou onde poderia pendurá-la.
Lucindo disse-lhe que poderia deixá-la esticada sobre o espaldar de uma das cadeiras da cozinha.
Cláudia deixou a toalha sobre a cadeira.
Em seguida, Lucindo segurou o pulso da moça.
Disse que precisavam conversar.
Nisto, levou a moça para sentar.
Sentados na sala, o moço pediu-lhe uma posição.
Cláudia ficou sem reação.
Lucindo porém, insistiu:
- Como é?
- O que? - perguntou Cláudia.
O moço ficou impaciente.
- Como o que? Não se faça de desentendida por que você sabe exatamente do que eu estou falando.
Cláudia tentava encontrar as palavras.
Chegou a dizer:
- Eu … eu … não sei o que dizer!
Lucindo ficou aborrecido.
Levantou-se. Olhou para a ela com raiva. Deu um murro na parede.
Cláudia ao vê-lo tão nervoso, assustou-se.
O moço então, procurando se recompor, voltou a sentar-se ao lado da moça.
Ficou observando-a.
Cláudia incomodada, acabou por perguntar:
- O que foi?
Lucindo devolveu-lhe a pergunta:
- Eu é que pergunto: o que foi?
Confusa, a moça falou que ele havia esmurrado a parede, e agora estava sentado diante dela como se nada tivesse acontecido. Sem jeito, comentou que ele não parecia bem.
Lucindo, ao ouvir as palavras da moça, contou que era isto que ela fazia com ele.
Cláudia não entendeu.
O homem explicou. Argumentou que sua hesitação, estava tirando-lhe a paz. Angustiado, disse que não poderia continuar daquela forma.
Segurando os braços da moça, pediu-lhe para que dissesse alguma coisa, mas que o liberasse para que pudesse viver sua vida.
Cláudia por um instante, assustou-se com o gesto brusco do moço. Porém, ao olhá-lo nos olhos, ficou penalizada.
Lucindo percebendo isto, soltou-a.
Levantou-se e voltando-lhe as costas, comentou que não queria que ela tivesse pena dele.
Cláudia que tinha os olhos voltados para o chão, levou o olhar para sua direção.
Levantando-se, caminhou na direção do moço. Colocou a mão em seu ombro.
Lucindo voltou-se para ela.
Cláudia lhe disse que não sentia pena dele.
Lucindo ao olhar os olhos dela, argumentou que ela sentia sim pena dele.
Foi que Cláudia aborreceu-se. Disse:
- Quem você pensa que é para tentar adivinhar o que eu penso? Sabe o que é? Você é o problema! Você passou a sentir pena de você mesmo. Tanta pena que não enxerga quando as pessoas estão tentando demonstrar gratidão e admiração.
- Admiração? - perguntou.
Cláudia então explicou-lhe que ele era uma pessoa especial. Comentou que ele sempre esteve presente nos momentos mais difíceis de sua vida. Revelou que se mostrou um grande companheiro, mais do que muito namorados que tivera.
Ao ouvir isto, estas palavras o moço sorriu.
Lucindo pediu para ela continuar.
A moça riu.
Prosseguindo, comentou que ele a fazia rir nas ocasiões mais inoportunas.
Lucindo insistiu:
- E o que mais?
Cláudia disse que gostava de sua companhia.
Lucindo começou a se impacientar.
Lembrou-se do conselho do tio. E se aproximou da moça.
Beijou-a novamente.
Depois a soltou.
- Então? - perguntou.
Cláudia repetiu:
- Então? Então … não sei!
Lucindo ficou aborrecido. Praguejou:
- Mas que inferno! Você nunca irá se decidir?
Cláudia, ficou pasma.
Nervosa, percebeu que precisa dizer ou fazer alguma coisa.
Gaguejou mas disse um sim, bem baixinho.
Lucindo pareceu não ouvir.
Pediu para repetir.
Cláudia tentou pronunciar o sim mais alto.
Lucindo pediu para ela repetir novamente. Parecia se divertir com a situação.
Cláudia se irritou.
- Você só pode estar de brincadeira comigo! - respondeu.
Lucindo resolveu provocá-la.
- Tá nervosinha!
- Não enche! - respondeu.
A moça então virou-lhe as costas.
Lucindo percebendo que ela não gostou da brincadeira, puxou-a pelo braço.
Cláudia disse para que a soltasse.
O moço rindo, falou que não iria soltá-la.
Cláudia respondeu-lhe que se não a soltasse, iria chutá-lo.
Lucindo se espantou com a reação da moça.
Perguntou-lhe se iria mesmo ter coragem de fazer isto.
Cláudia pediu-lhe desculpas. Disse que ele a havia irritado.
Lucindo também pediu desculpas. Falou que não sabia mais o que fazia. Nisto, tornou a perguntar se ela havia aceitado sua proposta.
Cláudia respondeu-lhe que sim. Impaciente, perguntou o que mais ele queria dela.
Lucindo respondeu-lhe que gostaria de ser amado por ela.
A moça respondeu que poderiam tentar.
O homem concordou.
Lucindo, tocou o rosto de Cláudia. Depois pôs a mão em seus cabelos.
Comentou sempre quis fazer isto, mas não podia.
Beijou-a novamente.
Passou a tocar suas costas.
Beijaram-se várias vezes.
Em dado momento, a moça beijou-o.
Lucindo não desgostou nem um pouco.
Sorriu.
Brincou dizendo que ele preferia continuar e a beijou novamente.
Quando os carinhos começaram a ficar mais frequentes, a moça comentou que precisava voltar para casa.
Lucindo reclamou.
Tentou segurá-la pela cintura, mas a moça conseguiu se desvencilhar.
Cláudia disse que precisava voltar para casa, pois todos deviam, estar preocupados. Perguntou se eles não estavam cientes de sua soltura.
Aborrecido, Lucindo concordou em levá-la para ver os pais e o filho.
Ana, Jacinto e Lúcio ao verem-na, comemoraram.
Onofre também a aguardava.
Ana ao vê-la, comentou que ela havia demorado muito.
Cláudia procurando disfarçar, comentou que havia parado em uma loja, comprado roupas novas.
Ana comentou que ela realmente estava diferente. Roupa nova, banho tomado. Percebendo que estava sendo indiscreta, finalizou com um deixa pra lá.
Lúcio perguntou-lhe se estava bem. Cláudia respondeu que o pior já havia passado.
Jacinto abraçou a filha.
Cláudia abraçou Onofre e agradeceu-o pela ajuda.
O homem respondeu-lhe que não fora nada, mas comentou que havia um processo para trabalhar. Relatou que precisava provar o embuste. Comentou que isto era uma questão de honra. Por fim, revelou que já havia saído o resultado do exame de DNA.
O advogado abriu o documento na frente de todos.
Estava reconhecido que Cláudia era a mãe biológica de Lúcio.
Todos comemoraram.
Por fim, o homem comentou que havia feito vistas do processo movido por Roberto. Contou que recebeu uma publicação.
Ana criticou o advogado. Argumentou que aquilo era muito inoportuno.
Jacinto chamou a atenção da mulher.
Onofre respondeu que aquela informação ia de encontro aos interesses de Roberto. Ressaltou que saber do andamento do processo era do agrado de todos.
Nisto, abriu uma pasta e mostrou a xérox do exame. Abriu o documento numa página determinada, já marcada por ele. Começou a ler.
A conclusão do exame informava que Roberto não era o pai biológico de Lúcio.
Todos ficaram perplexos.
Cláudia ficou pasma.
Afinal se Roberto não era o pai biológico de Lúcio. Quem poderia ser?
A moça começou a ficar nervosa.
Lúcio que estava a seu lado. A amparou.
Ajudou a moça a sentar-se.
Ana começou a questionar a filha.
Lúcio também ficou confuso.
Onofre, pediu para conversar com a moça em particular.
Cláudia o levou para conversar no quintal.
Ao lá chegarem, o causídico perguntou-lhe sobre o significado daquela informação.
Constrangida, a moça disse que não se lembrava de nada. Apenas de Roberto a levando para o apartamento.
Onofre pediu para se esforçasse para se lembrar.
Reconheceu que depois de tantos anos, e se tratando de um evento desagradável, sabia que era normal que fossem bloqueados certos detalhes. Ainda assim, insistiu para que se lembrasse.
Cláudia comentou constrangida que mesmo que houvesse entrado alguém no apartamento, não teria como se lembrar.

Lucindo por sua vez, que aguardava na sala, demonstrou nervosismo.
Ana percebeu o fato.
Perguntou-lhe se estava tudo bem.
Lucindo respondeu que sim.
Ana contudo, não ficou convencida. Falou-lhe que estava bastante nervoso.
Lucindo então comentou que estava preocupado com o andamento do processo.

Com efeito, cerca de meia hora depois, o advogado voltou à sala.
Disse que precisava voltar para o escritório.
Jacinto agradeceu.
Onofre saiu da residência.
Lucindo pediu licença. Saiu da casa.
Foi conversar com o advogado.
Ao ver Onofre dobrando a esquina, chamou-o.
Correndo, disse que precisava conversar.
Onofre percebeu o nervosismo de Lucindo.
Perguntou-lhe se estava tudo bem.
Lucindo disse-lhe que sim. Ressaltou porém, que precisavam conversar.
Onofre concordou. Pediu-lhe que agendasse uma consulta.
O moço concordou. Disse que o faria.
Nisto, despediu-se do homem.
Voltou para a casa da família.
Procurou Cláudia e a encontrou ainda no quintal.
Jacinto e Ana estavam conversando com a filha, quando o moço a encontrou.
Lúcio estava na sala.
Estava confuso e surpreso.
Lucindo, ao perceber isto, prometeu conversar com o garoto. Argumentou porém, que precisava conversar primeiro com Cláudia.

Pois bem, o moço ao ver a Cláudia, perguntou-lhe se mais tarde poderiam conversar.
Ana e Jacinto, resolveram se afastar. Disseram que retomariam a conversa mais tarde.
Lucindo, aguardando o casal se afastar, disse que tinha algo de muito importante para falar. Algo que poderia fazer as coisas mudarem entre eles.
Cláudia riu.
Perguntou-lhe se poderiam mudar mais ainda.
Aflito, Lucindo respondeu-lhe que sim.
Cláudia pediu-lhe então para que contasse.
Lucindo tentando encontrar coragem, não conseguia falar.
A mulher começou a ficar preocupada.
Lucindo então pediu para que ela se lembrasse da noite em que havia sido levada por Roberto.
Ao ouvir isto, a moça se aborreceu.
Chateada disse que o advogado já havia lhe pedido detalhes do ocorrido.
Lucindo nervoso, disse que era importante que ela procurasse se lembrar.
Cláudia constrangida, argumentou que ele sabia de mais detalhes do que ela.
Ao ouvir isto, o homem começou a tossir.
Cláudia perguntou-lhe se estava tudo bem.
Nervoso, o rapaz respondeu-lhe que sim.
Nisto, começou a chorar.
Perguntou-lhe o que estava acontecendo.
Lucindo lhe disse que havia feito uma coisa horrível, e que talvez ela nunca o perdoasse por isto.
Cláudia começou a ficar nervosa.
Lucindo disse-lhe que ele poderia ser o pai de Lúcio.
A moça, ao ouvir isto, quase que caiu.
Lucindo precisou segurá-la.
Cláudia pediu-lhe para que dissesse que aquilo era mentira. Gritou dizendo que aquela brincadeira era de muito mau gosto.
Lucindo disse que precisava fazer um exame para comprovar. Argumentou porém, que não havia dúvidas.
Cláudia saiu do quintal, e saiu da casa.
Lúcio ao foi ao quintal.
Lucindo estava chorando.
O garoto perguntou-lhe o que estava acontecendo.
Lucindo o abraçou.
Lúcio se espantou.
Lucindo continuava chorando.
O homem bem que tentou desconversar.
Fez rodeios. Disse que estava tudo bem.
Mas Lúcio pressionou-o.
Queria por que queria, saber o que estava acontecendo.
Lucindo então, resolveu contar tudo.
Disse que ele estava envolvido em toda aquela confusão. E que tinha todo o direito de saber o que estava acontecendo.
O moço então contou-lhe toda a verdade.
Lúcio ficou chocado.
Chorando, perguntou-lhe por que não havia contado a verdade antes.
Lucindo respondeu-lhe que não sabia. Imaginava que de fato ele era filho de Roberto. Argumentou que nunca havia pensado nesta possibilidade.
Lúcio disse-lhe que se ele havia mantido relação com Cláudia, era bem possível aquela possibilidade. Nervoso perguntou-lhe se ele era burro ou que.
Lucindo ficou arrasado.
Disse que ele tinha razão. Reconheceu a própria estupidez.
Lúcio irritado, relatou que não queria mais falar com ele. Disse que ele o havia decepcionado.
Lucindo pediu desculpas ao garoto, tentou se explicar, mas Lúcio saiu correndo.
Entrou pela sala e saiu.
Quando Ana viu a confusão, foi ver o que estava acontecendo.
Encontrou Lucindo chorando.
Quando tentou obter uma explicação para o que estava acontecendo, o moço pediu para que conversasse com Cláudia.
Lucindo levantou-se, pediu desculpas e saiu da casa.
Ana por sua vez, olhou para Jacinto.
Disse que não estava entendendo nada.
Jacinto comentou que aquela história não havia terminado, e que muita água ainda rolaria por debaixo daquela ponte.
Ana respondeu que estava com medo de descobrir o que estava acontecendo.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

DELICADO - CAPÍTULO 23

Quando Ana tencionou obrigá-lo, Jacinto disse para a esposa, deixar isto de lado. Comentou que o garoto estava nervoso. Talvez fosse melhor mesmo que Lúcio ficasse em casa.

Na escola, uma pessoa sentiu sua falta.
Patrícia comentou com sua amiga Daniela, que Lúcio não havia ido para a escola.
A amiga argumentou que ele poderia estar doente.
- Será? - perguntou Patrícia, preocupada.
Conversando com a amiga, a garota disse que iria visitá-lo em sua casa.
Patrícia, ao término da aula, dirigiu-se a casa de Lúcio.
Daniela ao vê-la sair, perguntou se iria visitá-lo. Patrícia confirmou.
Já havia passado em frente a rua onde ficava a casa onde Lúcio morava. O garoto já havia explicado como fazer para chegar lá.
Mas quase sempre, na volta da escola, ele acompanhava a moça até a porta de sua casa.
Soraia ao ver a cena, pedia a filha para convidá-lo para entrar.
Patrícia dizia que já havia convidado, mas Lúcio era tímido.
Agora era ela quem iria até a casa do moço.
Ao sair do colégio, a moça ligou para o celular de Lúcio e perguntou-lhe se poderia ir até sua casa.
O garoto ficou surpreso com a ligação.
Ao ouvir a voz de Patrícia ficou feliz.
Ao lembrar-se dos últimos acontecimentos porém, disse a moça que não precisava se incomodar. Disse estar bem, e que no dia seguinte estaria de volta as aulas.
Patrícia ao ouvir isto, ficou um pouco decepcionada.
Lúcio ao perceber silenciar do outro lado da linha, perguntou-lhe se não havia ficado chateada.
Patrícia respondeu-lhe que não.
Foi então que Ana entrou no quarto, perguntou-lhe com quem estava falando.
Lúcio disse para Patrícia, que sua avó estava lhe chamando. Pediu para que aguardasse.
Nisto, o garoto disse que estava falando com Patrícia, sua namorada.
Ana ao ouvir isto, sorriu.
Perguntou-lhe quando iria apresentar a moça para a família. Sugeriu aproveitando o ensejo da ligação, que poderia convidá-la para ir a sua casa.
Tímido, o garoto perguntou se podia chamá-la.
Ana sorrindo, disse-lhe que sim.
Saindo do quarto, disse que iria preparar algo bem especial para eles.
Lúcio, pegou o celular.
Patrícia então, perguntou-lhe se de fato estava tudo bem.
O garoto, então, convidou-a para ir a sua casa.
Disse que havia mudado de ideia e que sua avó, havia convidado-a para almoçar.
A garota ficou surpresa com o convite.
Contudo percebendo que não poderia recusá-lo, disse que iria ligar para sua casa, e avisar sua mãe que não iria almoçar em sua casa. Depois ligaria de volta para confirmar.
Lúcio concordou. Disse que ficaria aguardando a ligação.
Patrícia então, ligou para sua casa, e contou a mãe sobre o convite.
Soraia chamou-a de danada por avisar em cima da hora, mas não criou problemas. Disse que a filha estava liberada para almoçar com seu príncipe.
Patrícia riu. Agradeceu e desligou o telefone.
Nisto, guardou o celular, e começou a caminhar em direção a casa do namorado.
Ao chegar, o próprio Lúcio a recebeu.
Ana estava na cozinha.
Jacinto estava no escritório, tentando trabalhar.

Lúcio beijou-a.
Patrícia ficou observando para ver se não havia ninguém olhando.
Depois, o garoto perguntou-lhe se estava tudo bem.
Nisto, levou-a para dentro de casa. O garoto foi lhe mostrando a casa.
Mostrou seu quarto.
Patrícia ao ver a escrivaninha, perguntou-lhe se era ali que escrevia suas poesias.
Meio sem jeito, o moço respondeu que sim.
Depois, acompanhou a namorada até a cozinha.
Lá estava Ana colocando as panelas na mesa.
Tímido, Lúcio apresentou Patrícia.
Nervoso, demorou para dizer que era sua namorada.
Patrícia, cumprimentou Ana.
Lúcio apresentou-a como sua avó.
Almoçaram.
Ana elogiou o neto. Disse que era um garoto de ouro.
Lúcio ficou vermelho.
Quanto a Patrícia, comentou que ela era muito bonita.
A garota agradeceu.
Depois, Lúcio pediu licença à avó.
Ana percebendo que estava sobrando, disse que tinha louça para lavar, e roupas para passar.
Brincando, disse apenas que tivessem juízo.
Lúcio reclamou:
- Pô vó!
Ana riu. Pediu licença e foi para a cozinha.

Patrícia então, acompanhou o garoto até o quarto.
Lúcio então tentando encontrar coragem, disse que precisava falar-lhe.
Patrícia logo percebeu que havia algo de errado.
O garoto resolveu contar-lhe da confusão em que sua família estava metida.
Mencionou que foi criado como filho por sua avó, mas sua mãe biológica era Cláudia. Relatou que descobriu este fato, através de seu pai biológico. Contou sobre as ações que ambos moviam.
Chorando, contou das brigas, e que sua mãe agora se encontrava presa.
Patrícia ouviu tudo com calma. Espantou-se, mas também ficou penalizada ao perceber o sofrimento do garoto.
Lúcio deitou-se em seu colo.
Quando Ana percebeu que tudo estava silencioso demais, resolveu ir até o quarto do garoto para ver o que estava acontecendo.
Ficou enternecida ao ver o neto deitado no colo da moça.
Patrícia estava sentada no chão, e passava a mão em seus cabelos.
Dizia-lhe que não se preocupasse, que o advogado cuidaria para que tudo se resolvesse. Disse-lhe que tudo ficaria bem.
Ao ver a cena, Ana cuidadosamente se afastou.
Não queria que o casal a visse, pois poderiam ficar constrangidos.
Voltou aos seus afazeres.
Depois de algum tempo, Patrícia apareceu na área de serviço para se despedir de Ana.
Ana ficou encantada com a educação da moça. Disse-lhe que era muito gentil.
Lúcio falou a avó que iria acompanhá-la até sua casa.
Ana concordou. Por fim, disse a menina:
- Volte sempre!
- Obrigada! - disse Patrícia em tom de agradecimento.
Lúcio saiu de mãos dadas com Patrícia.
No caminho, não disseram uma só palavra.
No portão da casa da moça, o garoto se despediu.
Patrícia agradeceu a gentileza. Disse-lhe que o que ele lhe contara não mudava nada entre eles.
Lúcio sorriu.
Por fim, se afastou acenando.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

DELICADO - CAPÍTULO 22

Nervosa ao sair do apartamento de Roberto, Cláudia resolveu passar na casa de Lucindo.
Lá, contou o que se sucedera.
Percebendo o nervosismo da mulher, o rapaz, pediu para que ela se acalmasse. Ofereceu-lhe água com açúcar.
Cláudia chorava.
Em dado momento, mais calma, Cláudia pediu desculpas a Lucindo. Argumentou que não tinha o direito de incomodá-lo com seus problemas.
Lucindo por seu turno, argumentou que havia se colocado à disposição, e que ela fizera muito bem em procurá-lo para conversar.
Cláudia o observava com ternura.
Emocionada, agradeceu tanta gentileza.
Lucindo, ficou comovido.
Abraçou a amiga.
Mais tarde a mulher despediu-se de Lucindo, agradeceu sua paciência por ouvi-la falar de seus problemas, e convidou-o para visitar a família.
Lucindo argumentou que visitaria a família com uma condição.
Cláudia ficou surpresa com as palavras de Lucindo.
O moço argumentou que precisavam conversar sobre o que acontecera no parque.
Ao ouvir estas palavras Cláudia argumentou estar com pressa, disse que precisava voltar para casa, e resolver que medida legal poderia propor contra Roberto.
Lucindo disse que poderiam pensar juntos nisto.
Relatou ainda, que ela não iria inventar mais uma desculpa para fugir dele.
Irritou-se.
Argumentou que estava cansado de tanta indecisão.
Cláudia retrucou dizendo que não estava indecisa. Argumentou que estava estranhando o comportamento do amigo.
Lucindo então se declarou.
Segurando as mãos da moça, pediu para que se sentasse.
Disse que há anos vinha propondo que eles ficassem juntos para ver que o relacionamento poderia dar certo. Argumentou que ela sempre vinha com a conversa que seria melhor serem apenas bons amigos, e ele vinha aceitando aquela situação. Relatou que estava cansado de tudo aquilo. Mencionou que tentou gostar de outras mulheres. Investiu em vários e diversos relacionamentos, mas nenhum deles deu certo.
Cláudia ficou muda. Não sabia o que dizer.
Lucindo prosseguiu.
Disse que mesmo feliz em seus relacionamentos, com mulheres incríveis e adoráveis, sempre ficava a pensar como seria se eles tivessem ficado juntos. Revelou que esta ideia sempre ficou martelando em sua cabeça. Mencionou que ficava arrasado toda a vez que ela aparecia desfilando com um namorado novo, e parecia feliz, andando pelos lugares que ele frequentava.
A mulher, ao ouvir isto, pediu-lhe desculpas.
Disse que nunca tivera a intenção de feri-lo, e que se soubesse disto, evitaria encontrar-se com seus namorados nestes lugares.
Lucindo, diante das palavras de Cláudia, disse-lhe:
- Isto não importa mais! O que importa é o que daqui para frente.
Cláudia ao ouvir isto, ficou um pouco sem graça.
Lucindo segurou novamente as mãos da mulher.
Acrescentou que quando soube que ela finalmente iria se casar, ficou arrasado. Confessou que saiu para beber.
Cláudia ficou espantada.
Lucindo relatou então, um tanto constrangido, que ficou muito feliz ao saber que ela e Fabrício haviam dado um tempo no relacionamento. Finalizou que agora poderia ser o momento certo para ficarem juntos.
Cláudia tentou se desvencilhar de Lucindo.
Argumentou que precisava voltar para casa.
O homem não soltou suas mãos. Ao perceber que ela resistia, enervou-se.
A mulher se assustou.
Lucindo, percebendo que exagerara, pediu-lhe desculpas.
Firme porém, disse que ela havia correspondido seu beijo, embora tivesse ficado surpresa com o gesto. Comentou que ela não era indiferente a ele ou não teria ficado sem reação.
Cláudia começou a gaguejar.
Disse que eram amigos e que não queria estragar a relação bonita que eles tinham.
Lucindo rindo, disse:
- Que relação! Você só vem a minha casa quando precisa da minha ajuda. Eu mal frequento a sua casa, por que eu não consigo vê-la ao lado de outra pessoa... - disse tentando se acalmar, e acrescentou – A quem estamos tentando enganar? Isto não é uma relação... Relação é o que poderemos ter, se você claro, concordar com isto.
Cláudia não sabia o que dizer. Argumentou que havia sido pega de surpresa.
Lucindo rindo, retrucou:
- Ah, isso não! Não mesmo! Durante estes anos todos, você sempre soube do meus sentimentos.
Cláudia não sabia onde enfiar a cara.
Lucindo aproximou-se. Tentava olhar a mulher nos olhos.
Cláudia se esquivava.
O homem, pôs a mão em seu rosto.
Pediu para que ela não se escondesse. Argumentou que estava cansado de rodeios. Exigiu uma resposta. Pediu para que ela aceitasse o fato de que ele gostava dela, ou que o deixasse livre para viver sua vida. Argumentou que não era livre.
Cláudia argumentou que não podia ser responsável por sua vida.
Lucindo respondeu que mesmo assim ela era.
A mulher perguntou-lhe se não estava confundindo as coisas.
O homem ficou furioso.
- Que você não saiba o que quer, eu até consigo entender. Mas dizer que eu não sei o que quero, ou que estou sendo leviano, ou confundindo as coisas... Quando foi que eu brinquei com você, quando eu fui desleal ou desonesto?
Cláudia percebeu que ofendera o moço.
Pediu-lhe desculpas. Nervosa disse que não estava medindo as palavras e que se continuasse falando, iria acabar ofendendo-o mais. Disse que precisava voltar para casa.
Lucindo chorando, perguntou-lhe se mais uma vez ela iria dizer-lhe não.
Cláudia ficou penalizada. Abraçou o amigo.
Prometeu que não o faria mais esperar.
Lucindo ao ouvir isto, pediu para que ao menos tentassem.
Cláudia disse que precisava resolver sua relação com Fabrício. Argumentou que estavam separados, mas precisava resolver aquela situação.
Lucindo, procurando enxugar as lágrimas concordou. Pediu desculpas pela cena ridícula que ela presenciou. Argumentou que não gostaria que ela ficasse com ele por pena, mas sim por gostar dele.
Cláudia pôs a mão em seu rosto.
Prometeu que iria pensar no assunto, mas não poderia responder-lhe naquele momento.
Lucindo ao ouvir isto, ficou surpreso.
A mulher repetiu que iria pensar na proposta.
Nisto, pediu desculpas e saiu atabalhoada da residência do amigo.
Despediu-se apressadamente dos tios do moço, e entrou em seu carro, voltando para casa.
Seu tio, ao perceber que a moça saiu da casa, mais nervosa do que entrou, perguntou a Lucindo o que estava acontecendo.
O homem respondeu:
- Eu meti os pés pelas mãos! Ao invés de tentar acalmá-la, fiquei fazendo uma série de cobranças e exigências. Logo agora que ela está vivendo uma situação tão difícil.
Percebendo o nervosismo do sobrinho, Olegário percebeu que Lucindo havia mais uma vez se declarado a moça.
O homem já conhecia a história.
Sabia dos sentimentos do sobrinho, e sempre que ele ficava desolado com as negativas, aconselhava-o a investir em um outro amor.
Às vezes Lucindo o ouvia, mas os relacionamentos por um motivo ou outro, costumavam não prosperar.
Por diversas vezes, Olegário chegou a comentar com a esposa, que o sobrinho, devia sofrer muito com tudo isto. Ficava penalizado com isto.
Lucindo por sua vez, contou ao tio sobre o que haviam conversado.
Olegário ficou surpreso ao saber pelo sobrinho que Cláudia ficou de pensar no assunto. Percebeu o nervosismo da moça.
Lucindo também contou-lhe sobre o beijo no parque.
Olegário ouvia a tudo com atenção.
Ao final da conversa, percebendo o ar desolado do sobrinho, comentou:
- Ora, ora! Quem te viu, quem te vê! Você conseguiu! Finalmente você conseguiu balançar esta moça! Quem sabe a partir de agora, as coisas não começam a mudar?
Lucindo, que estava com os olhos cheios d'água, ao ouvir as palavras do tio, mudou o semblante.
- Será?
Olegário disse que viu o jeito que a moça saiu dali. Argumentou que nunca a tinha visto tão nervosa.
Lucindo argumentou que ela estava vivendo uma situação complicada.
Olegário ressaltou que já a viu passar por situações mais difíceis que aquela e não ficar tão nervosa como estava.
Lucindo parecia apreensivo. Dizia que já sabia que ela não iria ficar com ele.
Olegário disse que agora ele estava enganado, e que não deveria perder as esperanças. Chegou a pôr a mão no ombro do sobrinho e aconselhou-o:
- Se for preciso, beije-a de novo! Surpreenda-a. Mostre que você é um homem interessante!
Lucindo ficou pasmo com o conselho.
Olegário percebeu.
Comentou que de fato, preferia que ele se envolvesse com outra mulher, mas percebeu que ele estava irremediavelmente apaixonado pela moça. Assim, nada do que dissesse, seria ouvido por ele. Então, que partisse para o tudo ou nada. Falou para que ele deixasse Cláudia encantada.
Lucindo o observava com olhar de admiração.
Olegário disse-lhe para provocar a moça. Mostrar-lhe que tinha muito mais para oferecer-lhe. Disse que o sobrinho sabia muito bem, o que tinha que fazer.
Rindo, Lucindo comentou que o tio, com aquele jeito de homem sério, podia surpreender muita gente.
Olegário riu do comentário.
Disse que fazia o que podia.
O homem abraçou o sobrinho e disse que ele agora havia encontrado o caminho certo, e que acabaria conquistando o coração da moça.
Depois, olhando o sobrinho nos olhos, confessou que não acreditava que este dia iria chegar.
As palavras de Olegário encheram o moço de esperança.
Olegário porém, recomendou-lhe que fosse firme, e que não deixasse a moça enrolá-lo com desculpas. Por fim, comentou que estava orgulhoso dele, pois havia colocado a moça contra a parede, dando-lhe um ultimato.

Cláudia voltou para casa.
Ana ao vê-la, percebeu que a filha estava transtornada. Perguntou-lhe o que havia acontecido.
Cláudia porém, se esquivou da pergunta. Disse que estava cansada, e mais tarde conversaria.
Com isto, trancou-se no quarto.
Ana ficou preocupada.
Mas tarde, Cláudia revelou que conversou com Roberto e o avisou que não se casaria com ele.
Ana ao ouvir o relato da filha, ficou preocupada.
Disse que ele parecia ser perigoso. Pediu para que ela conversasse com Onofre sobre o ocorrido.
Cláudia prometeu que o faria.
Nos dias que se seguiram, a mulher agendou uma consulta com o causídico.
Onofre a instruiu.
Cláudia levou a cópia do boletim de ocorrência feito. Relatou as perseguições.
O homem comentou que precisava de testemunhas.
Cláudia prometeu que iria conversar com seus amigos e conhecidos.
Mais tarde, apresentou seu rol de testemunhas.
Cláudia tentou localizar Marcelo e Júlia, mas não obteve êxito.

Em outra conversa com Lúcio, Cláudia prometeu que assim que saísse a sentença do processo, iria alterar seu registro de nascimento, e contaria a todos que era sua mãe.
Lúcio ficou feliz com a novidade.
Cláudia deu-lhe um abraço.

A moça também conversou com Letícia.
Letícia contou sobre os passeios que fizera com o marido, e contou sobre o quanto estava feliz.
Cláudia relatou os últimos acontecimentos.
Letícia acrescentou a seguinte observação:
- As coisas não andam fáceis para você. Não é amiga?
Por fim, se abraçaram.

Na universidade, a moça continuou a ministrar suas aulas.
Tudo parecia estar tranquilo, até o dia em que Célio retornou as aulas.
Cláudia ao vê-lo na classe, ficou apreensiva.
Em dado momento da aula, orientou os alunos a procederem a leitura de um texto literário. Pediu licença, e disse que voltaria em cinco minutos.
Nisto saiu da sala.
Procurou Lucindo, que ministrava uma aula.
O homem demorou para perceber que Cláudia o esperava.
Por fim interrompeu a aula e foi conversar com a moça.
Ao vê-la, perguntou-lhe o que estava acontecendo.
Cláudia respondeu bem baixinho, que Célio havia voltado e estava na sala.
Lucindo ficou perplexo.
Chegou a comentar da cara de pau do garoto.
Porém, procurando pensar no assunto, aconselhou-a terminar a aula, e sair rapidamente da classe. Poderia dizer que hoje não teria como atendê-los, pois estava com pressa. Orientou-a a evitar ficar a sós com Célio.
Cláudia concordou.
Voltou à aula.
Ao término da aula, alguns alunos se aproximaram para tirar algumas dúvidas, mas Cláudia esquivou-se. Desculpando-se, disse que estava com pressa, e que não poderia ficar mais tempo.
Nisto saiu apressadamente da sala.
A mulher dirigiu-se a sala dos professores.
Aproveitou para ajeitar seus livros.
Cláudia chegou a ouvir passos, mas acreditou se tratar de outro professor.
Qual não foi sua surpresa ao se deparar com Célio.
O garoto dizia estar envergonhado pelo que fizera.
Cláudia, tentando se afastar, dizia que estava tudo bem.
No entanto, em que pese o rapaz dizer que queria se desculpar, mais e mais se aproximava da professora.
Cláudia procurava se afastar.
Em dado momento, o garoto conseguiu se aproximar e beijar a professora.
Cláudia reagiu. E finalmente conseguiu se desvencilhar do garoto.
Nervosa, começou a gritar com o garoto.
Perguntava-lhe o que estava fazendo? O que estava pensando?
Exigiu que ele saísse da sala ou chamaria os seguranças do prédio.
Célio, pareceu constrangido e saiu correndo da sala. Não sem antes, pedir desculpas.
Cláudia não entendeu o que se passou.
Minutos depois, Lucindo apareceu.
Comentou que demorou por que alguns alunos o interceptaram. Começaram a fazer uma série de perguntas.
Ao perceber que Cláudia estava nervosa, perguntou o que havia acontecido.
A mulher relatou-lhe os fatos.
Lucindo percebeu então, que não conhecia os garotos que o pararam nos corredores da universidade. Constatou que foi envolvido em um golpe. Preocupado, perguntou a moça se ela não havia percebido se havia mais alguém com Célio.
Cláudia respondeu que se havia, não tinha percebido.
Lucindo perguntou se havia alguém fotografando, ou observando.
Cláudia respondeu que estava sozinha na sala.
Lucindo resolveu levar a moça para casa.
Ofereceu-lhe uma carona em seu carro.

Dias depois, o reitor da universidade chamou-a para uma conversa.
Relatou que havia recebido uma denúncia de corrupção de menores, contra uma das professoras da instituição.
Cláudia ao ouvir isto, ficou perplexa.
O homem comentou que o aluno envolvido, era Célio, e que ele a havia denunciado.
A mulher parecia não entender o que estava acontecendo.
O reitor mostrou-lhe fotos e perguntou-lhe se ela se lembrava dos fatos.
Cláudia nervosa, tentou explicar-lhe que os fatos não ocorreram da forma descrita pelo aluno. Comentou que nunca assediou ninguém, e que nunca misturou seu trabalho, com seus assuntos particulares. Afirma que nunca se envolveu com nenhum de seus alunos, e que ele sim, a cercou em duas oportunidades, se aproveitando do fato de que estava sozinha.
O reitor, ao ouvir o relato da moça, comentou que seria muito difícil provar o que estava dizendo, pois ela própria dissera que não havia testemunhas.
Cláudia disse que em uma das oportunidades Lucindo viu o que estava acontecendo.
O reitor disse que iria conversar com ele.
Argumentou que diante do ocorrido, ela seria temporariamente afastada de seu trabalho, até que tudo fosse apurado.
Cláudia ao ouvir isto, ficou indignada.
O homem disse que precisava agir daquela forma para preservá-la.
Nisto informou-a que o aluno havia registrado uma ocorrência contra ela, e que seria instaurado um inquérito policial. Orientou-a a contratar um advogado pois se encontrava bastante encrencada.
Cláudia não podia acreditar no que estava ouvindo.
Atordoada, saiu da sala do reitor e se dirigiu a seu carro.
Quando ia apertar o botão para abrir as portas, ouviu alguém dizer que ela estava encrencada.
Ao olhar para trás, não viu ninguém.
Voltou para casa.
Nervosa, agendou uma consulta com Onofre.
A secretaria do causídico, ao perceber a gravidade da situação, resolveu passar a ligação diretamente para ele.
Onofre aconselhou-a a ir ao seu escritório depois das seis horas.
No horário combinado, a moça compareceu ao escritório e relatou todo o ocorrido.
Mencionou haver registrado uma ocorrência, aconselhada por Lucindo e por seus pais.
Onofre disse-lhe que havia procedido bem.
Orientou-a de que seria convocada a depor, e que ela devia estar preparada para contar exatamente o que havia acontecido.
Cláudia também revelou o encontro com Roberto, às perseguições. Chegou a dizer que desconfiava que Roberto poderia estar por trás daquela armação.
Onofre ouviu o relato com toda a atenção.
Mencionou que o homem era perigoso, e que seria necessário tomar uma medida judicial contra ele.
Cláudia mencionou que também registrou uma ocorrência contra ele.
Depois de alguns dias, finalmente conseguiu localizar Júlia e Marcelo, os quais se comprometeram a esclarecer os fatos.
A moça também conversou com os pais e contou o que havia acontecido.
Ana, ao ouvir o relato da moça, caiu em prantos.
Jacinto precisou acalmá-la.
Cláudia, tentando aparentar tranquilidade, prometeu que provaria que tudo não passou de uma armação. Disse aos pais que Roberto devia estar envolvido em toda a aquela confusão.
Jacinto ficou indignado. Chegou o homem de salafrário, mau caráter, bandido, e vários palavrões, como filho da puta, desgraçado, etc.

Mais tarde, Lucindo foi chamado para ir a sala da reitoria.
Ficou chocado ao saber do ocorrido, e mais ainda, ao tomar conhecimento do afastamento de Cláudia.
O reitor informou que ela continuaria recebendo seu salário, já que nada fora comprovado.
Lucindo por sua vez, confirmou que o rapaz perseguia a moça.
Quando o reitor perguntou do beijo, Lucindo respondeu que não estava presente. Mas afirmou que confiava em Cláudia e que ela nunca assediaria um aluno.
O reitor acrescentou que o aluno tinha dezessete anos, e que isto complicava bastante as coisas.
Lucindo ficou inconformado.
Disse que aquilo era um absurdo, e que a verdade iria aparecer.
Por fim, saiu da sala do reitor.

Mais tarde, Lucindo foi até a casa de Cláudia.
Contou sobre a conversa que tivera com o reitor.
A mulher insistiu em dizer que não fizera nada contra o garoto, e que tudo não passava de uma grande confusão.
Nervosa, chorou.
Nisto, procurando se acalmar, Cláudia revelou que conversou com seu advogado.
Lucindo, tentando acalmá-la, disse que aquilo não iria dar em nada. Argumentou que verdade iria aparecer. Dizia a todo momento para que ficasse calma.
Cláudia abraçou-o.
Ana passava pelo corredor quando viu a cena. Cuidadosamente fechou a porta do quarto.
Quando Lúcio perguntou de Cláudia, Ana pediu para que não fosse até seu quarto.
Jacinto ao saber que Lucindo estava no quarto de Cláudia, não gostou nem um pouco, mas Ana argumentou que a ocasião não se adequava a certos formalismos, e que nenhum dos dois era mais criança.
Lúcio ficou contente ao saber que Lucindo estava com Cláudia.

Por fim, a moça agradeceu o apoio, mas argumentou que ele devia estar querendo voltar para sua casa, já que estava tarde, e no dia seguinte ele teria que ir trabalhar.
Lucindo olhou o relógio.
Já era bem tarde.
Prometeu voltar.

Dias mais tarde, Cláudia recebeu uma intimação para prestar depoimento.
Onofre a havia instruído sobre o que deveria falar. Procurou tranquilizar a moça.
Cláudia foi acompanhada pelos pais.
Respondeu de forma sucinta, as perguntas que lhe fizeram.
Reafirmou que nunca assediou Célio, que mal o conhecia, e que ele a procurou no final das aulas, uma única vez.
Quando o delegado insinuou que ela estava tentando se eximir de responsabilidades, a mulher argumentou que era apenas uma professora, e que não estava ali para segurar ninguém pela mão. Afirmou que nunca usou de seu cargo para assediar ninguém, e que a acusação teria que ser provada.
Por fim, o delegado a liberou.
Os funcionários da delegacia, desconfiaram da versão do garoto. O escrivão rindo, comentou com ironia:
- O que uma mulher dessas iria fazer com um frango daqueles? É claro que ele está mentindo! Esta mulher não precisa assediar ninguém.
As pessoas que estavam por perto, caíram na risada.
O delegado também teve vontade de rir, mas procurou disfarçar.
Lúcio ao saber da acusação que pesava contra a mãe, ficou indignado. Dizia que aquilo era um absurdo.
Ficou nervoso. Chegou a chorar.
Ana e Jacinto tiveram que conversar com ele.
Mais tarde Cláudia conversou com o garoto. Disse que ele não precisava se preocupar que a verdade iria aparecer.
Lúcio estava preocupado com a possibilidade de Cláudia ser presa.
A mulher respondeu-lhe que isto não iria acontecer.
Lúcio por sua vez, tentava se acalmar.

Com efeito, Cláudia foi convocada mais uma vez para comparecer na delegacia.
A mulher foi acompanhada de seu advogado.
Ao chegar no local, verificou que lá estavam Célio, seus pais e o advogado.
A mãe do garoto fuzilou Cláudia com seu olhar.
A moça por sua vez, não se deixou intimidar. Olhou-a com indiferença.
Durante a acareação, o jovem se contradisse algumas vezes.
Onofre aproveitou o fato para argumentar que o depoimento do rapaz perdera o valor por tantas contradições.
Ora Célio dizia que os encontros também ocorreram fora da faculdade. Ora dizia que haviam se encontrado por diversas vezes na instituição. Dizia que nunca haviam sido vistos fora da faculdade. Outras vezes dizia que outras pessoas os viram juntos. Contudo, quando era instado a citar nomes, procurava desconversar.
Onofre tentou desqualificar o depoimento, mas o delegado e o advogado do rapaz, diziam que ele estava nervoso, e desta forma, confundia os fatos.
Ao ouvir as justificativas para tanta confusão, o homem ficou revoltado.
O delegado disse-lhe para se conter. Argumentou que ele estava se excedendo.
Onofre que estava de pé discutindo com o delegado, sentou-se.
Cláudia passou então a questionar a forma como o depoimento estava sendo conduzido.
Dizia para seu advogado que da forma como as coisas estavam sendo colocadas, ela seria condenada. Nervosa chegou a dizer que eles não tinham provas do que estavam dizendo. Mencionou que estava sendo vítima de uma armação, e chegou a perguntar a Célio se Roberto estava lhe pagando uma boa quantia para que mentisse daquela forma.
Onofre pediu a moça para que se sentasse. Pediu para que se acalmasse. Disse em tom baixo que as coisas iriam se resolver.
Cláudia no entanto, estava transtornada. Não conseguia ouvir as palavras do advogado.
Nervosa, chegou a insinuar que o delegado estava envolvido na armação.
Foi o bastante para ser dada voz de prisão por desacato.
Onofre ao ouvir as palavras do delegado, argumentou que ela estava nervosa, e que ninguém diante de tanta pressão e de tamanha injusta, conseguia ficar impassível. Argumentou que sua cliente era uma pessoa correta, e que em nenhum momento teve a intenção de ofendê-lo.
O homem contudo, não quis saber.
Nisto a acareação foi encerrada, e a moça permaneceu na delegacia.

Quando sua família soube do ocorrido, todos ficaram muito nervosos.
Ana queria ir até a delegacia conversar com o delegado.
Onofre argumentou que isto de nada adiantaria, e ela provavelmente também seria presa, se assim o fizesse.
Prometeu que tomaria as medidas legais cabíveis e Cláudia seria solta o mais depressa possível.
Trabalhou o dia inteiro em uma habeas corpus.
Embora não fosse sua especialidade, o homem prometeu auxiliar Cláudia no caso, pois estava convencido de sua inocência.
Cláudia, por sua vez, agradeceu-o por isto.
Durante em que permaneceu na delegacia, a moça ficou em uma saleta, e de vez em quando uma pessoa levava algo para ela comer.
Nervosa a mulher passou praticamente o dia inteiro sem se alimentar. Preocupada, só pensava em quando sairia dali.
Perguntava-se sobre o filho, pensava em como ficariam seus pais, quando soubessem do ocorrido.
Chegou até a chorar.
Sabia porém que Onofre tomaria as providências necessárias para tirá-la dali. Só não sabia quanto tempo isto demoraria para ocorrer.
Cláudia dormiu mal e ficou surpresa ao saber que seria levada para um presídio. Antes de sair da delegacia, argumentou que tinha direito a uma ligação. Relatou que eles não poderiam levá-la de um lugar para outro, sem que seu advogado tomasse conhecimento do fato.
Os policiais argumentaram que estavam cumprindo ordens, e que seria melhor para ela acompanhá-los de espontânea vontade.
Cláudia percebendo que eles fariam uso da força, se ela não saísse por bem, acompanhou-os. Quando um dos homens mencionou que ela precisava ser algemada, Cláudia se assustou.
Um dos policiais argumentou que isto não seria necessário, por que ela não oferecia perigo.
Nisto a mulher foi levada até uma viatura.
Durante o trajeto, a moça mal olhou para os policiais que a conduziam. Só procurava observar o caminho da viatura.
Nos olhos, raiva e tristeza.
Secou uma lágrima que teimou em cair dos olhos.
Ao chegar ao lugar, foi orientada a vestir um uniforme.
Cláudia entregou todos os seus objetos pessoais para uma funcionária do local.
Ao saber que teria que dividir sua cela com outras presas, argumentou que era apenas uma professora, que não havia cometido nenhum crime. Contou que segundo seu advogado, só poderia ser presa caso se comprovassem as acusações que pesavam contra ela, e mesmo assim, poderia recorrer em liberdade.
A carcereira riu.
Disse que estava apenas cumprindo ordens e que depois ela poderia conversar com seu advogado, afim de serem tomadas as devidas providências.
Cláudia foi empurrada para entrar no pátio.
Ficou em pânico ao se ver sozinha com outras presas.
Várias delas ficaram observando-a.
Cláudia sentiu-se incomodada. Pensava estar em pesadelo.
Procurando um lugar para ficar, sentou-se ao lado do muro. Olhava para todo os lados. Sentia-se acuada.
Começou a rezar baixinho.
Estava apavorada.

No dia seguinte ao comparecer na delegacia, o causídico soube que ela havia sido transferida para outro local.
Ao saber disto, o homem ficou indignado.
Argumentou que aquilo era uma arbitrariedade. Exigiu conversar com o delegado.
O homem ao ver o causídico, tentou não relatar onde a mulher estava presa, mas ao ouvir a palavra processo e imprensa, tratou logo de dizer-lhe o endereço do presídio.
Onofre argumentou que desacato é crime de menor gravidade, havendo a possibilidade de transação penal.
O delegado comentou que havia controvérsias quanto a este entendimento.
O causídico, retirou-se.
Dirigiu-se ao presídio onde a moça estava.
Onofre apresentou-se como advogado de Cláudia Antunes, argumentou que ela estava presa no local, e que precisa falar com sua cliente.
A funcionária ressaltou que não havia nenhuma presa com aquele nome no presídio.
Onofre se irritou.
Afirmou que o próprio delegado Agenor Rodrigues havia informado-o que ela estava ali, devido a uma transferência.
O homem relatou superficialmente o ocorrido e argumentou que se sua entrada fosse impedida, ele iria comunicar o fato na corregedoria da polícia, e localizaria o diretor do presídio para relatar o que estava acontecendo. Argumentou que ele deveria ter sido avisado da transferência.
A funcionária, ao perceber que se tratava de um advogado, tratou logo de lhe garantir a entrada. Comentou que precisava porém, localizar a presa.
Foi uma dificuldade, já que Cláudia foi levada para lá sem nenhum documento que comprovasse a prisão.
Onofre se deparou com mais uma ilegalidade. Mais uma para a coleção, pensou.
Depois de mais de uma hora, finalmente encontraram a moça.
Cláudia já estava em uma cela.
Para cada presa que entrava, diziam que havia lugares marcados. E para Cláudia, disseram que teria que dormir no chão, perto da latrina.
A mulher era medida em todos os lugares em que passava.
Cláudia estava apavorada.
Quando a chamaram para conversar com um homem, a mulher se assustou. Apreensiva, foi levada para uma saleta.
Ao ver Onofre, respirou aliviada. Emocionada, chegou a abraçar o advogado. Depois, pediu-lhe desculpas. Começou a chorar.
Onofre dizendo que entendia sua alegria, comentou que o delegado havia ultrapassado todas as medidas, e estava fazendo tábula rasa do código penal, jogando o diploma legal no lixo.
Nisto, disse-lhe iria protocolar um pedido de habeas corpus, pugnando por sua soltura. Disse -lhe que a prisão era ilegal, e que o juiz logo a liberaria.
Percebendo o quanto Cláudia estava assustada, pediu-lhe para que tentasse manter a calma. Comentou que talvez tivesse que ficar mais algum tempo naquele lugar.
Cláudia protestou.
Dizia que não aguentaria passar uma noite ali.
Onofre perguntou-lhe se alguém havia feito alguma coisa contra ela.
Cláudia disse que não. Mencionou que parecia que todas as presas a olhavam com raiva. Comentou que não conseguiria dormir ali.
Onofre ficou penalizado.
Chamou a carcereira. Perguntou-lhe onde era a cela de Cláudia.
A mulher respondeu-lhe que não podia dizer.
Onofre perguntou-lhe se não havia nada que pudesse fazê-la mudar de ideia.
A funcionária do presídio comentou que estava precisando de muita coisa. Disse que gostaria que seu namorado lhe desse sapatos novos. Contudo, o homem era pão duro.
Onofre entendeu o recado. Comentou que se ela não se importasse, poderia lhe dar o dinheiro que queria para o sapato. De forma desinteressada, disse.
Nisto, tirou algumas notas de sua carteira.
A mulher disse ao homem, que ele era muito generoso. Agradeceu. Disse que iria arranjar um colchão e um cobertor para que Cláudia pudesse dormir melhor.
Por fim, comentou que a hora da visita havia acabado.
Onofre despediu-se da moça. Pediu-lhe para que não se desesperasse. Comentou que todos em sua casa estavam preocupados com ela, mas estavam todos bem. Mencionou que não iria deixar que nada de errado acontecesse a ela. Com isto, despediu-se.
Cláudia agradeceu a ajuda.
Foi conduzida pela carcereira até sua cela.
A mulher antes, entregou-lhe um colchão e um cobertor.
Disse que procurasse dormir próxima dos beliches. Falou-lhe que qualquer anormalidade deveria chamá-la. Entregou-lhe uma caneca, e comentou que em caso de necessidade, era só batê-la na grade da cela, que ela entenderia o recado.
Cláudia ouviu a tudo com atenção.
Esperou as presas dormirem e após, procurou ajeitar-se o melhor que pode.

Lúcio soube mais tarde que a mãe fora presa.
Ana e Jacinto tentaram esconder os fatos do garoto, mas Lúcio colocou-os contra a parede. Argumentou que não era mais criança e que não podia mais ser enganado.
Nervoso, dizia que sabia que algo de errado havia acontecido.
Ainda mais quando Lucindo apareceu para visitar Cláudia, e Ana chamou-o para um canto e contou um tanto constrangida, alguma coisa para ele.
Lucindo ao ver o garoto, tratou de disfarçar, mas ao sair da residência, o garoto tratou de cobrar uma satisfação de sua avó.
Ana não teve outra opção, senão contar o que havia acontecido.
Lúcio ficou transtornado.
Chorou.
Jacinto e Ana tiveram que conversar com o garoto. Explicaram que Onofre estava cuidando do caso, e que logo logo ela seria solta.
No dia seguinte o garoto faltou a escola.
Lúcio abatido, comentou que não iria para a escola.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

DELICADO - CAPÍTULO 21

No dia seguinte, ao chegar no colégio, Lúcio cumprimentou os colegas e em seguida foi procurar Patrícia.
Trazia uma flor vermelha nas mãos.
Seus colegas ao verem o garoto segurando a flor, ficaram curiosos.
Ficaram observando onde ele iria com aquele hibisco vermelho.
Lúcio ficou andando pelo pátio.
Patrícia estava do outro lado, conversando com sua melhor amiga Daniela.
A moça comentou que havia tido um encontro com Lúcio, e que haviam combinado de se encontrarem novamente no sábado.
Daniela, ao saber da novidade, ficou empolgada. Cumprimentou a amiga.
Nisto, Lúcio se aproximou.
Fez um sinal para que Daniela não revelasse sua presença.
Finalmente tocou o ombro da moça, e perguntou-lhe se ela conhecia aquela voz.
Patrícia virou-se.
Lúcio sorrindo, entregou-lhe outra flor.
A moça encabulada, agradeceu.
Todos os estavam no pátio ficaram admirados.
Ninguém acreditava que ele teria coragem de se declarar para a moça.
Agora estavam ali, observando Lúcio entregar uma flor para ela.
Nisto o moço estendeu a mão.
Patrícia também estendeu a sua.
Caminharam de mãos dadas pelo pátio.
Algumas pessoas assobiavam, outras aplaudiam. Tinha gente que olhava-o com admiração. Outros riam, achando tudo bem ridículo.
Lúcio observava a tudo, mas não se importava. Sua felicidade era maior do que tudo isto.
Orgulhoso, levou a moça até a sala de aula.

Durante o final de semana, escreveu outro bilhete, o qual entregou antes da moça entrar na sala de aula.
Patrícia entrou e guardou o bilhete. Só iria ler quando chegasse em casa e estivesse longe de olhares curiosos.
Alguns minutos depois, a aula começou.
Lúcio foi cumprimentado por vários colegas.
Brincando, todos diziam que ele era o cara.
Isto por que, na opinião de boa parte deles, Patrícia era a garota mais bonita do colégio.
Com efeito, boa parte das meninas não concordava com isto.
Algumas diziam que sim, ela era bonita, mas não era para tanto.

Durante o intervalo, Lúcio e Patrícia ficaram juntos.
Conversaram o tempo todo.
Depois voltaram para suas respectivas classes.
Quando terminou a aula, Lúcio levou Patrícia até sua casa.
Depois foi para a sua.
Estava tão contente e entrou em sua casa, e foi direto para o quarto, onde deixou sua mochila.
No caminho colheu outra flor.
Uma quaresmeira branca.
Colocou-a dentro de um vaso com água.
Mania dos últimos tempos, e aprovada por Cláudia que inclusive escolheu o vaso para ele.
Ana criticou a filha, mas Jacinto interveio dizendo que ela era a mãe, e que isto não prejudicava a ninguém.
A mulher então calou-se.
Lúcio então colocou a mochila em um canto.
Depois foi ao banheiro. Lavou as mãos.
Em seguida sentou-se a mesa. Serviu da comida. Almoçou junto com Ana.
A mulher como sempre, perguntou como haviam sido as aulas.
Lúcio respondeu que foi o de sempre.
Depois ficou em seu quarto. Disse que tinha dever de casa para fazer.
Estudou, e depois resolveu escrever mais uma poesia.

Patrícia por sua vez, ao chegar em casa, resolveu ler o escrito de Lúcio.
Nele o moço comentava que estava muito feliz, por ver que ela havia aceitado sua corte.
Ao ler a palavra corte, achou curioso. Pensou no cuidado que tivera para escolher a palavra que melhor se encaixava, que melhor exprimia o que queria dizer. Considerava-o sensível e educado.
Nisto, continuou a ler o bilhete.
Trazia ainda nas mãos, a flor que havia recebido.
No escrito, Lúcio dizia que difícil foi à espera, expectativa longa e demorada. Por fim, a dúvida esvaecida, e a certeza confirmada. E o amor, que por longa horas demorava, finalmente o caminho encontrou. Lúcio dizia que agradecido estava, por confirmar o que por longos meses apenas vislumbrara. Por fim, no final do bilhete, Lúcio sugeria que o próximo encontro poderia ser no Parque da Água Branca, e pediu para a moça confirmar a proposta, com uma flor branca nos loiros cabelos.
Patrícia achou curiosa a ideia, e perguntou-se onde iria encontrar a tal flor.
Lembrou-se que no bairro havia uma roseira branca em frente a uma casa.
A moça foi até lá, recolher um flor. Antes, perguntou à moradora se poderia pegar uma rosa.
A mulher disse-lhe que sim.
Patrícia agradeceu e recolheu a flor escolhida.
Ao chegar em casa porém, deu-se conta que com os espinhos, seria impossível por a flor nos cabelos. Resolveu então, tentar retirar os espinhos.
Por fim, com os espinhos retirados, colocou a flor em um copo com água.
No dia seguinte, levou a flor presa aos cabelos.
Muita gente ao vê-la com a flor, achou curioso o fato.
Lúcio ao vê-la com a flor, sorriu-lhe.
Patrícia comentou que ele era impossível.
Modesto, o garoto comentou que ele era o responsável por fazer o impossível, possível.
A garota riu.
Por fim, entregou-lhe uma flor branca.
Patrícia agradeceu. Disse que ele era muito gentil.

Nos dias que se seguiram, Lúcio sempre aparecia com uma surpresa para a moça. Bilhetinhos, cartinhas, flores.
Patrícia aguardava ansiosa pelos mimos, pela atenção.
Daniela também ficou encantada com a boa educação do moço.
Disse que no início não simpatizou muito com ele, mas depois, vendo a forma como ele tratava Patrícia, mudou seu conceito a seu respeito. Certa vez, chegou a perguntar a amiga onde ela havia encontrado um moço tão bonito e tão educado. Argumentou que também queria um namorado assim.
Patrícia riu.
No final de semana, o casal se dirigiu ao Parque da Água Branca, onde fizeram um pequenique.
Comeram, beberam, riram.
Lúcio lhe entregou um buquê de flores.
Patrícia ficou encantada com o presente. Agradeceu. Disse que nunca tinha visto flores tão belas, á exceção das flores que recebia dele.
Beijou seu rosto, e perguntou como alguém poderia ser tão gentil assim?
Lúcio ficou encabulado.
Patrícia achava graça no jeito de Lúcio.
O garoto tinha atitudes ousadas para um garoto de sua idade, mas também tinha um certo pudor, e até um certo recato.
Patrícia achava bonito o jeito do moço. Tanto que chegou a comentar sobre isto com ele. Mencionou que ele era muito especial.
Lúcio então, tentando descontrair, dizia que assim, ela o deixava encabulado.
Patrícia ria.

Cláudia por seu turno, encontrou-se com Lucindo, pelos corredores da faculdade.
O homem, sempre que passava por ela, sorria e cumprimentava-a.
Cláudia retribuía o cumprimento.
Durante a semana, ocorreu um evento desagradável.
Ao término de suas aulas, um aluno, aproveitando que todos os colegas haviam se afastado, resolveu se aproximar da professora, enquanto esta caminhava pelos corredores da universidade.
Dizendo estar com uma dúvida em sua matéria, pediu um pouco de sua atenção.
Cláudia, que estava com um pouco de pressa, perguntou-lhe se não poderia procurá-la no dia seguinte.
O rapaz compreendeu. Pediu desculpas e se afastou.
No dia seguinte, procurou-a novamente ao final da aula.
Aproveitando que estava a sós com a professora, começou a fazer a perguntas sobre a matéria, as quais foram esclarecidas pela mestra.
Nisto, aproveitando-se da distração de Cláudia, o rapaz tentou beijar a mulher, que se levantou e se afastou, empurrando-o com as mãos.
Lucindo, que estava passando pela sala de aula no momento, ao ver a cena, gritou com o aluno. Perguntou-lhe o que estava acontecendo.
Célio, ao ver o professor, saiu correndo da sala, empurrando-o.
Lucindo, ao ver que Cláudia estava nervosa, ajudou-a recolher seu material. Perguntou-lhe se precisava de ajuda. Ofereceu-se para levá-la em seu carro, e ir guiando o seu carro.
A mulher, procurando recompor-se, disse que não seria necessário.
Lucindo acompanhou-a em seu carro. Disse que não poderia correr o risco do garoto voltar.
Antes da mulher entrar no carro, perguntou-lhe se ela estava bem.
Cláudia respondeu-lhe que sim.
Entrou no carro e saiu da universidade.
Guiou o carro até sua residência.
Lucindo por seu turno, resolveu pegar seu carro, e acompanhou-a à distância.
Quando a viu entrar em segurança em sua casa, seguiu seu caminho.

Nos dias que se seguiram, Cláudia continuou ministrando suas aulas.
Quando encontrou-se com a amiga Letícia, comentou sobre o ocorrido.
A mulher ficou chocada. Orientou Cláudia a comparecer em uma delegacia para fazer um boletim de ocorrência para se resguardar.
Cláudia, ao ouvir a palavra boletim de ocorrência, comentou que deste jeito iria se tornar uma frequentadora de delegacia.
Foi então que a mulher comentou que já havia registrado uma ocorrência.
Contou sobre a perseguição de Roberto.
Letícia ficou chocada ao saber sobre o ocorrido no Ibirapuera.
Comentou que não sabia que Roberto poderia ser tão louco.
Letícia abraçou a amiga.
Disse-lhe que se precisasse poderia ligar a qualquer hora.
Cláudia agradeceu a atenção.
Por fim, tentando mudar de assunto, perguntou sobre Leandro.
Letícia falou-lhe que o moço lhe fez uma surpresa, levando-a para jantar em um restaurante famoso da cidade para comemorar o aniversário de casamento.
Cláudia ao ouvir isto, parabenizou a amiga.
De fato, Letícia parecia bastante feliz.
Cláudia comentou que a amiga merecia ser feliz. Chegou a dizer, chega de tanto sofrimento.
Letícia comentou que ela também seria muito feliz.
A moça chegou a duvidar. Disse que as coisas não estavam nada fáceis, e que nunca conseguiu usufruir de um relacionamento tranquilo.
Letícia perguntou de Fabrício, e Cláudia comentou que ele havia rompido com ela. Aborrecida comentou que dificilmente reatariam.
A amiga lamentou.
Conversaram durante mais algum tempo.
Depois se despediram.
Letícia recomendou que amiga não sumisse.
Cláudia prometeu que não iria ficar tanto tempo sem falar-lhe.
A moça voltou para casa.

Durante algum tempo, Cláudia usufruiu de um pouco de paz.
Lucindo passou a acompanhá-la na saída das aulas.
Célio por seu turno, não apareceu mais na faculdade.
Lucindo porém, continuou acompanhando-a na saída do colégio.

Em casa, quando Ana e Jacinto souberam do beijo, ficaram animados pelo fato dos dois finalmente se entenderem.
Ana nunca escondeu a simpatia pelo moço.
Lúcio ao contar aos avós, pediu para que eles não contassem a Cláudia que já sabiam.
Ana e Jacinto prometeram que seriam discretos.

Lucindo por sua vez, de quando em vez, visitava a família.
Sob o pretexto de visitar Lúcio, aproveitava para cumprimentar Cláudia.
Na faculdade passou a trabalhar perto da moça.
Passaram a planejar aulas em parceria.

Contudo, após algum tempo, Roberto, ao tomar conhecimento da ação movida por Cláudia, resolveu revidar.
Primeiramente, ingressou com uma ação de investigação de paternidade.
Lúcio ao tomar conhecimento de que teria que coletar material genético para a ação promovida por Roberto, ficou indignado.
Ana, Jacinto e Cláudia comentaram que não havia outro remédio.
Dias depois Cláudia também precisou fazer o mesmo procedimento, agora no processo que ela própria movera. Lúcio também precisou fazê-lo.
O resultado dos três exames, saiu mais ou menos juntos.

Antes porém do resultado, Roberto tornou a aparecer para Lúcio.
O garoto resistiu a ouvi-lo.
O homem no entanto, era insistente, e comentou que ele poderia ajudá-lo a convencer Cláudia a casar-se com ele.
Para tentar ganhar a simpatia do garoto, prometeu-lhe uma vida de muito conforto. Disse que tinha bens, e que sendo reconhecido por ele, automaticamente se tornaria seu herdeiro. Argumentou que Cláudia não precisaria mais trabalhar, e que teria uma vida de madame.
Prometeu inclusive abandonar a ação, se Cláudia se casasse com ele.
Com o discurso, tentou convencer o garoto de que gostava de sua mãe, e que estava arrependido do que fizera no passado. Comentou que agira com um canalha.
Roberto, era bastante convincente.
Lúcio chegou a sentir pena do homem.
Ainda que desconfiado, prometeu que iria conversar com Cláudia sobre sua proposta, mas não garantiu que iria convencê-la.
Roberto agradeceu.
Comentou que sentia orgulho do garoto.
Elogiou dizendo que Cláudia devia ter alguma participação em sua criação, e que Ana estava de parabéns.
Nisto, despediu-se do garoto. Prometeu que voltaria mais vezes.

Quando Cláudia soube do encontro, ficou furiosa.
Ao ver Lúcio acreditar nas palavras do homem, comentou que ele era um canalha, e que aquela conversa de arrependimento, não passava de encenação.
Cláudia questionou o garoto. Afinal de contas não fora ele mesmo que dissera que adoraria ter um pai como Lucindo? Agora, estava ali defendendo um calhorda? Argumentou que não estava entendendo o que estava acontecendo.
Lúcio ao ouvir as palavras de Cláudia, comentou que aquele fora o pai que ela lhe arranjara.
A moça não gostou das palavras do garoto.
Argumentou que ela fora vítima de um logro, e que embora as coisas tenham ocorrido de uma forma tortuosa, ele não tinha direito de se dirigir a ela daquela forma. Exigiu respeito.
Lúcio então, pediu-lhe desculpas.
Cláudia ao perceber que o garoto havia se arrependido, aceitou as desculpas.
Mas acrescentou:
- Eu entendo que você queira ter uma família. Entendo que você queira ter um pai. Mas o que eu não posso aceitar, é que você fique defendendo um homem não trouxe nada de bom para esta família.
Ao ouvir isto, Lúcio ficou chateado. Argumentou:
- Nada de bom?
Cláudia, ao perceber que havia melindrado o garoto, pediu-lhe desculpas. Ressaltou que ele fora a única boa que resultara de toda aquela confusão. Contudo, tirando Lúcio, nada de bom restara de tudo aquilo.
Lúcio chegou a insistir se não havia a possibilidade deles se entenderem, e Cláudia respondeu-lhe que não.
O garoto enervou-se.
Reclamou. Chamou-a de egoísta por não querer se casar com Roberto. Mencionou que ela também não demonstrava estar interessada em Lucindo. Lúcio argumentou que gostaria de ter um pai. Chegou a dizer-lhe que não queria viver em uma família sem pai, e que assim o fosse, gostaria que as pessoas continuassem a pensar que ele era filho de Ana e Jacinto.
Nisto, bateu a porta e deixou Cláudia sozinha.

Mais tarde a moça comentou a briga com os pais, que estranharam o comportamento do garoto.
Jacinto, depois de muito debater o problema, chegou a conclusão de que o homem havia conversado com o garoto. Argumentou que sempre que Lúcio conversava com Roberto, ficava transtornado.
A mulher nervosa, finalmente encontrou coragem para ir atrás de Roberto.
Cláudia foi até o local onde o homem a havia levado.
Anunciou seu nome na portaria, e após alguns minutos, o porteiro disse para que subisse.
A mulher entrou no prédio.
Roberto a recebeu.
Ofereceu-lhe bebida.
Cláudia recusou.
Argumentou que tinha pressa.
Roberto pediu-lhe então para que dissesse o que queria.
Cláudia comentou que vinha lhe trazer a resposta para sua proposta.
Roberto pediu para que dissesse.
A mulher disse-lhe que parasse de usar Lúcio para alcançar seus objetivos. Nervosa, comentou que nada a faria casar-se com ele, e que não seria com chantagem que ele conseguiria convencê-la.
Roberto ao ouvir isto, retrucou que não usou Lúcio para nada. Acrescentou também, que não iria desistir do processo, e que confirmada sua paternidade, moveria céus e terras para conseguir a guarda de Lúcio. Nervoso, disse que ela não assumiu o filho, e que desta forma, não teria dificuldades em obter a guarda do garoto, já que ele era menor.
Cláudia ao ouvir isto, disse que ele não tentasse.
Roberto respondeu que ela ainda poderia aceitar sua proposta.
A mulher não concordou. Argumentou que não gostava dele. Perguntou-lhe por que insistia tanto no assunto, sabendo disto. Perguntou-lhe por que o interesse em casar-se com ela. Disse que aquele imóvel devia valer mais do que a casa em que morava, seu carro, e qualquer patrimônio que ela tivesse conseguido.
Roberto, argumentou que nem tudo era dinheiro.
Cláudia contudo não se convenceu.
Roberto tentou convencê-la de que gostava dela.
A mulher porém não acreditou.
Roberto argumentou que fora um tolo e que fugira por medo de sofrer as consequências de seu ato. Disse que sabia que os pais de Cláudia ao tomarem conhecimento do ocorrido, iriam atrás dele para tomarem satisfação. Mencionou ainda que na época era casado, e que não poderia assumir o que havia feito.
Retrucou que agora porém, estava divorciado. Desta forma, poderia reparar seu erro.
Com isto, Roberto insistiu para que ela pensasse com carinho em sua proposta.
Irritada Cláudia gritou com o homem.
- Você ainda não entendeu? Por nada deste mundo eu irei me casar com você! Nem que você fosse o último homem da face da terra. Eu nunca irei fazer uma insanidade desta.
Nisto, dirigiu-se a porta, abriu-a, saiu do apartamento.
Cláudia desceu correndo as escadas.
Roberto, ao receber a negativa, ficou perplexo.
Tentou sair correndo atrás de Cláudia, mas quando chegou no saguão do hotel, a mulher já estava na rua, dentro de seu carro.
Roberto tentou ir atrás dela, mas ao dirigir-se a garagem do apartamento, percebeu que não estava com a chave do veículo.
Ficou furioso.
Prometeu porém para si mesmo, que ela iria se arrepender do que dissera.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

DELICADO - CAPÍTULO 20

Ana, Jacinto e Lúcio almoçaram.
Depois o garoto foi para seu quarto jogar.
Ana e Jacinto, pensando sobre a chegada da filha, constataram que provavelmente foi Roberto quem apareceu, e deixou Cláudia naquele estado.
Jacinto comentou que o sumiço da filha, tarde da noite dias atrás, provavelmente fora obra do homem.
Ana respondeu que também desconfiava disto. Contudo, questionava o fato da filha ficar a esconder o que estava se passando. Afinal de contas, não eram uma família? Não deviam resolver juntos os problemas?
Jacinto concordou.
Relatou que quando Cláudia saísse do quarto, Ana deveria preparar algo para ela comer. Depois teriam uma conversa séria.

Mais tarde, depois de jogar bola com os amigos na quadra, Lúcio ao passar por Ana e Jacinto, perguntou da mãe.
Ana respondeu que ela ainda não havia saído do quarto.
Lúcio ao ouvir isto, disse que iria conversar com a mãe.
Ana tentou proibi-lo, mas o garoto a ignorou.
Lúcio foi até a porta do quarto de Cláudia e bateu.
Chamou a mãe, e disse que precisava conversar.
Cláudia, que estava dormindo, acordou com o clamor do filho.
Ao ouvir o filho chamando-a, não pode se recusar a atendê-lo. Levantou-se e procurando se recompor, abriu a porta.
Lúcio então, ao vê-la ao lado da porta, abraçou-a.
Cláudia tentou se conter.
O garoto então a soltou.
Disse-lhe que estava preocupado. Comentou que ela saiu cedo e voltou muito tarde. Relatou que ficou preocupado.
Cláudia tentou disfarçar e relatou que acabou perdendo a hora.
Ao ouvir isto, Lúcio se enervou.
Disse que sabia que ela havia encontrado Roberto.
A mulher não teve outra alternativa, a não ser reconhecer que o homem a estava perseguindo.
Lúcio ao ouvir isto, disse-lhe que ela devia mentir, dizer que concordava com tudo.
Cláudia argumentou que não conseguia fingir. Mencionou que iria até a polícia fazer uma ocorrência. Pediu ao filho para que não se preocupasse.
Nisto, o filho acompanhou a mãe até a sala.
Ana e Jacinto ao vê-la, sugeriram que tomasse um banho e trocasse de roupa.
Cláudia concordou.
Tomou um banho, trocou de roupa.
Almoçou, e mais tarde, conversou com os pais.
Revelou que Roberto a estava perseguindo, e que iria a polícia relatar o que estava acontecendo.
No dia seguinte, Lucindo visitou-a.
Cláudia comentou que iria a polícia registrar um boletim de ocorrência.
Lucindo se ofereceu para ajudá-la.
A mulher agradeceu, mas disse que seus pais a acompanhariam.
O homem comentou que precisando, poderia procurá-lo a qualquer hora do dia.
Cláudia olhando-o com ternura, agradeceu-o.
Mais tarde Cláudia foi à delegacia e registrou uma ocorrência.

Dias mais tarde, Lúcio finalmente entregou a carta, que queimava em suas mãos para sua amada Patrícia.
Esgueirando-se, colocou carta entre os pertences da moça.
A esta altura, alguns alunos desconfiavam que ele era o admirador secreto.
Mas Lúcio desconversava dizendo que não sabia do que estavam falando.
Patrícia, ao perceber que havia um novo bilhete entre seus pertences, tratou de escondê-lo.
Ao chegar em casa, leu a correspondência.
A jovem ficou surpresa.
Afinal de contas, o admirador estava propondo que se vestisse de vermelho e que ao final, lhe entregaria uma flor da mesma cor para ela.
Patrícia chegou a achar graça.
Ficou a pensar no assunto.
Faria o que o admirador pediu?

Lúcio ficava ansioso, mas passavam os dias, e nada de Patrícia se vestir de vermelho.
Já estava começando a desanimar.
Todos os dias voltava aborrecido para casa. Trazia uma flor dentro de sua mochila.
A pobrezinha voltava murcha, murcha.
Lúcio jogava a flor no lixo.
Passava pelos avós, triste, aborrecido, de cabeça baixa.
Jogava sua mochila em um canto do quarto, e ficava se perguntando se ela não havia gostado do que havia escrito. Pensou na possibilidade de mudar alguma coisa.

Ana e Jacinto se entreolhavam preocupados.
Quando Cláudia soube disto, até tentou conversar com Lúcio, que desconversou.
Percebendo o motivo da tristeza, chegou a dizer para ter paciência e saber esperar que as coisas com o tempo iriam se encaminhar.
Lúcio concordou, sem muita convicção.

Por fim, a certa altura, finalmente eis que surge Patrícia usando uma echarpe vermelha.
O garoto ficou feliz ao ver a peça vermelha.
Cuidadoso, esperou seus colegas voltarem para casa.
Ficou no colégio aguardando a saída da moça.
Por fim, ao ver que ela estava sozinha, entregou-lhe uma flor vermelha. Flor de hibisco.
Entregou-lhe e afastou-se.
Timidamente passou a caminhar.
Patrícia ficou admirada ao vê-lo.
Ao receber a flor e vê-lo se afastando, perguntou-lhe:
- Por que a flor?
Lúcio se voltou para ela.
Disse-lhe que era o admirador.
Rindo ela lhe disse que ele não era mais secreto.
Lúcio riu junto e concordou.
Apresentou-se. Disse se chamar Lúcio.
Patrícia também se apresentou.
Lúcio nervoso, perguntou-lhe se ela havia simpatizado com ele.
A moça riu da pergunta.
Lúcio ficou sem graça.
Patrícia percebendo isto, perguntou o que de fato ele gostaria de saber.
O rapaz disse que estava gostando dela. Seu rosto queimava como fogo. Por fim, perguntou-lhe se ela também gostava dele.
Patrícia meio sem graça, comentou que não o conhecia.
Lúcio disse-lhe que agora estavam se conhecendo.
A moça ficou olhando-o.
O rapaz então, perguntou-lhe se não gostaria de tomar um sorvete, comer um lanche.
Patrícia respondeu-lhe que estava indo para casa almoçar.
Lúcio ficou desapontado.
A moça então, respondeu-lhe que poderiam combinar alguma coisa outro dia.
O garoto entendeu o recado.
E assim, combinaram que no sábado iriam lanchar juntos.

No dia combinado, Lúcio disse aos avós que não almoçaria em casa.
O garoto vestiu uma camisa polo nova, perfumou-se, penteou os cabelos com gel.
Quando surgiu na sala, sua mãe comentou que ele estava muito bem arrumado.
Ana disse que ele estava lindo.
Jacinto brincou:
- Onde vamos passear com tanta elegância?
Meio sem jeito, o garoto respondeu que iria sair com os amigos.
Cláudia pareceu desconfiar.
Tanto que chegou a perguntar:
- São os seus amigos, ou uma certa amiga?
Lúcio riu sem graça. Disse que mais tarde contaria.
E assim, saiu de casa.
Foi ao encontro da moça.
Patrícia usava um lindo vestido vermelho.
Lúcio ao vê-la, emudeceu.
A garota então, perguntou-lhe se estava tudo bem.
Lúcio então respondeu que sim. Disse que iriam a lanchonete.
Passeando por uma praça, o garoto observou uma árvore repleta de hibiscos, colheu uma flor e entregou a moça.
Patrícia agradeceu.
Outra flor vermelha.
Lúcio parecia emocionado.
Contudo procurava disfarçar o que estava sentindo.
Patrícia era só sorrisos.
Conversaram.
Lúcio disse-lhe que estava muito bonita com aquele vestido. Nisto, tentando emendar, comentou que ela estava sempre muito linda.
Patrícia sorria.
Lúcio perguntou-lhe então, se estava com fome, se queria comer alguma coisa.
Patrícia respondeu-lhe que gostaria de tomar um sorvete.
O moço perguntou-lhe o sabor.
A moça disse que gostaria de um sorvete sabor pistache.
O garçom respondeu-lhe que o sabor havia acabado.
Patrícia perguntou se tinham sorvete de chocolate branco.
Outra negativa.
A moça riu.
Lúcio começou a ficar sem graça.
Patrícia então, perguntou-lhe se possuíam o sabor abacaxi.
O garçom rindo, disse que este sabor eles ainda tinham.
Lúcio respondeu que gostaria de um sorvete do mesmo sabor e dois copos de água, por enquanto.
O garçom anotou os pedidos e se afastou.
Nervoso Lúcio pediu-lhe desculpas. Disse que não sabia que o estabelecimento era tão fraco.
Patrícia sorrindo, disse que não havia problemas, pois havia se divertido com o jeito do garçom.
Nisto, a moça perguntou-lhe de onde vinha inspiração para escrever coisas tão bonitas.
Lúcio ao ouvir isto, ficou feliz. Perguntou-lhe se havia gostado das cartinhas.
Patrícia respondeu que adorava poesia, e que gostaria de saber escrever coisas tão belas.
Sorrindo, Lúcio disse-lhe que poderia ajudá-la.
A garota agradeceu, disse que ele era muito gentil, mas acrescentou que não era suficiente vontade, mas também talento.
Lúcio respondeu que um pouco de inspiração ajudava bastante.
Patrícia ficou um pouco sem jeito.
Nisto chegaram os sorvetes e a água.
A moça agradeceu.
Tomaram o sorvete.
Lúcio não tirava os olhos dela.
Patrícia de vez em quando olhava para ele.
Beberam a água.
Lúcio perguntou-lhe então, se gostaria de comer mais alguma coisa.
A moça respondeu que por enquanto não.
Nisto, perguntou-lhe se não gostaria de ser escritor, ou poeta.
Lúcio rindo, disse que não chegava a tanto.
Agradeceu a moça por achar bonito o que havia escrito.
Segurou sua mão e a beijou.
Patrícia se encantou com o gesto.
Lúcio então, procurando assunto sobre o que falar, perguntou-lhe se gostava da escola, o que pensava em fazer quando se formasse, etc.
Patrícia respondeu-lhe gostava do colégio, de seus amigos, das aulas. Comentou que gostaria de cursar letras.
Lúcio comentou que Cláudia era formada em letras.
Patrícia respondeu que já havia ouvido falar nela. Perguntou-lhe se era sua irmã.
Constrangido, o moço respondeu-lhe que sim.
Patrícia, percebendo o nervosismo do moço, perguntou-lhe se estava tudo bem.
Lúcio respondeu-lhe que sim. Comentou que estava passando por alguns problemas, mas que estava se encaminhando para uma solução.
Patrícia, ao ouvir estas palavras, disse:
- Certamente estes problemas irão se resolver. Não sei do que se trata, mas tudo o que está te preocupando, irá se resolver.
Lúcio sorriu, e agradeceu pelas palavras.
Mais tarde pediram um lanche.
Lúcio contou sobre as coisas que aprontava no colégio, como pular o muro para correr atrás de uma bola. Das vezes que ficava com os amigos jogando bola. Confessou que já a vinha observando há algum tempo. Disse que a achava muito linda, mas não sabia o que lhe dizer. Por isto, tivera a ideia de escrever alguma coisa.
Patrícia perguntou-lhe como fazia para deixar as cartinhas entre seus pertences sem que ninguém percebesse.
Lúcio sorrindo, dizia que era uma técnica secreta e que não podia sair por aí, contando para todo mundo.
Patrícia rindo, comentou que ele era impossível.
Nisto, o moço perguntou-lhe se poderia interpretar o fato de estar usando o vestido, como um sinal de que aceitava ficar com ele. Tentando ser mais claro, perguntou-lhe se ela gostaria de ser sua namorada.
Patrícia ficou um pouco sem graça.
Lúcio ficou aguardando uma resposta.
A moça, um tanto envergonhada, disse que sim.
O garoto, ao ouvir a palavra sim, mal podia acreditar.
Abraçou a moça.
Patrícia estranhou o gesto.
Lúcio então, tocou seu rosto, olhou em seus olhos verdes.
A jovem tentou desviar o olhar, mas ele segurou novamente seu rosto.
Nisto aproximou seus lábios dos lábios da moça e a beijou timidamente.
Patrícia ficou a olhá-lo.
Lúcio então, resolveu deixar de rodeios e lhe beijou novamente.
Beijou-a e depois voltou para seu lugar.
Patrícia o olhava com carinho.
Lúcio por sua vez, estava um pouco encabulado. Tentando encontrar as palavras, procurava alguma coisa para dizer, mas a verdade era que não sabia o que fazer. Estava confuso e feliz.
Nisto a moça disse que estava ficando tarde, e que precisava voltar para casa.
Lúcio argumentou que ainda era cedo, que poderia fazer um passeio pela cidade. Comentou que poderiam ir para um parque, ou para qualquer lugar onde quisesse ir. Segurando sua mão, disse que tinham muito o que conversar.
Patrícia riu.
Lúcio insistiu.
A moça, concordando, resolveu acompanhá-lo no passeio.
Lúcio ao ver a moça abrindo a carteira para pagar a conta, comentou que ele havia convidado, e que cabia a ele pagar a conta.
Patrícia então, perguntou-lhe se ele tinha certeza de que queria pagar tudo sozinho.
O rapaz ficou surpreso.
- Sim! – disse.
Patrícia então, guardou sua carteira.
O garoto então, pagou a conta.
Saíram da lanchonete.
Caminharam um pouco até encontrarem um ponto de táxi.
Lúcio então, abriu a porta para ela.
Entraram no carro.
Lúcio disse que queria ir até o Parque do Ibirapuera.
Ao lá chegarem, o moço pagou a corrida.
Quando Patrícia fez menção de abrir a porta do veículo, Lúcio pediu para que esperasse.
Saiu do carro, e abriu a porta para a moça, que agradeceu e desceu do carro.
O motorista do táxi, ao ver a cena, achou uma graça.
Gentil, disse que se divertissem. Orientou a Lúcio informando onde ficavam os táxis na região. O garoto agradeceu.
Nisto, o garoto indicou a moça a entrada do parque.
- Vamos? – perguntou.
- Vamos. – respondeu a moça.
Adentraram o parque.
Lá dentro, caminharam.
A certa altura, ao encontrar um banco, convidou a moça para sentar-se.
Perguntou-lhe se estava cansada.
Sorrindo, Patrícia respondeu que não.
Mesmo assim, sentaram-se.
Lúcio comentou que fazia muito tempo que não andava por ali.
Patrícia respondeu que aquele parque era muito bonito, mas ficava um pouco longe.
O garoto concordou com o fato de ser fora de mão, mas argumentou que gostava muito do lugar.
Os dois sentaram-se próximos de algumas árvores.
Patrícia retirou então seu celular da bolsa, e começou a fotografar o lugar.
Solícito, Lúcio perguntou se não gostaria de aparecer em algumas fotos.
Patrícia agradeceu, entregando-lhe o celular.
A moça levantou-se e começou a fazer algumas poses.
O casal começou a andar pelo parque.
Em dado momento, Patrícia um tanto sem graça, pediu uma foto do moço. Sugeriu que ele escolhesse um lugar do parque que gostasse mais, para que pudesse tirar uma foto.
O garoto fez um pouco de charme perguntando se ela queria mesmo uma foto dele. Mas depois, acabou concordando.
Patrícia então, tirou algumas fotos de Lúcio.
Empolgado, em dado momento, o garoto resolveu tirar uma foto com ela.
Contudo, por mais que tentasse, a foto não saía boa.
Um frequentador do parque, percebendo a dificuldade, perguntou se eles não gostariam que ele tirasse algumas fotos deles.
Lúcio agradeceu. Perguntou a Patrícia se ela concordava.
A garota não se opôs.
E assim, começou a sessão de fotos.
Por fim, Lúcio agradeceu, e o frequentador devolveu o aparelho.
Patrícia ficou algum tempo observando as fotos e mostrando o resultado para Lúcio.
Conversaram.
Lúcio fez algumas gracinhas para ela.
Elogiou o vestido, e comentou que aquela cor, seria o sinal que um enviaria para o outro, quando quisessem dizer algo de muito especial.
Patrícia achou graça, mas Lúcio insistiu.
Argumentou que sempre que houvesse uma briga, um desentendimento, quando quisessem se acertar, bastaria ela usar alguma peça vermelha, ou melhor, se vestir toda de vermelho. E quanto a ele, sempre lhe entregaria uma flor vermelha, em sinal de reconciliação.
Patrícia continuou achando curiosa a sugestão, mas não questionou.
Sabia que o garoto era muito criativo. Por fim, acabou gostando da ideia.
Rindo porém, comentou que nunca mais iria poder usar vermelho, pois iria parecer que eles estariam sempre se reconciliando de uma briga.
Lúcio argumentou que quando isto acontecesse, deveria se vestir toda de vermelho. Ressaltou que sempre que pudesse lhe daria flores, mas que as flores da reconciliação, ou mesmo quando quisesse dizer algo de muito especial, seriam vermelhas.
Patrícia compreendeu:
- Ah bom! Não é somente para as brigas! É para qualquer ocasião especial... Hum ... Tô gostando da ideia... Que lindo! – comentou sorrindo e dando um beijo sorrateiramente no rosto de Lúcio.
O garoto ficou envergonhado.
Patrícia sorriu para ele.
Andaram pelo parque de mãos dadas. Correram.
Como crianças, chegaram a brincar de esconde esconde.
Para eles, tudo era motivo de risos.
E assim, passaram boa parte do dia.
Por fim, Lúcio convidou a moça para comer um cachorro quente.
Ao perceber o adiantado da hora, percebeu que a moça devia estar com fome.
Patrícia concordou.
Lúcio comprou os lanches e o casal procurou um lugar para sentar-se.
Estavam famintos, comeram em silêncio.
Patrícia riu quando o moço ficou com o rosto sujo de catchup.
Ajudou a limpar o rosto.
Lúcio ficou encantado com o gesto.
Por fim, ao término da rápida refeição, o moço pediu-lhe desculpas.
Disse que não havia percebido o adiantado da hora. Prometeu um almoço mais caprichado no próximo encontro.
Patrícia respondeu que havia gostado de tudo, até do cachorro quente.
Lúcio sorriu.
E concordou.
Com isto, combinaram de se encontrarem no próximo sábado.
De mãos dadas saíram caminhando do parque e foram até o ponto de táxi.
Voltaram para casa.
Lúcio primeiramente indicou o endereço da moça, deixando-a na porta de casa.
Cavalheirescamente abriu a porta para ela. Apertou a campainha e aguardou a moça entrar. Só depois disto, pediu para o taxista seguir viagem até sua casa.
Antes de entrar em casa, a moça acenou-lhe.
Lúcio acenou de volta.
Por fim, em frente a sua casa, o garoto pagou o táxi.
Ana ficou curiosa.
O garoto entrou em casa e todos perguntaram-lhe como havia sido o encontro.
Sem graça, o moço respondeu que foi bom.
Para decepção de todos, Lúcio não entrou em detalhes, mas pelo sorriso, todos perceberam que tudo havia corrido muito bem.
Cláudia desejou-lhe muitas felicidades.
Brincou com Lúcio dizendo que era a primeira namorada.
Jacinto empolgou-se e comentou que ainda lembrava de sua primeira namorada.
Foi o bastante para receber um olhar torto da esposa, que chamou a mulher de oferecida.
Jacinto caiu na risada.
Lúcio também achou curiosa a reação da avó.
Perguntou-lhe se ainda tinha ciúmes do vô.
Ana ficou indignada.
- Ciúmes! Eu já estou velha demais para isto.
Para encerrar a conversa, Cláudia perguntou se não iria contar nada sobre o encontro.
Lúcio comentou que mais tarde, eles saberiam detalhes.

Na casa de Patrícia, a coisa ocorreu de forma parecida.
Sua mãe ficou encantada ao ver a filha segurando um hibisco vermelho.
Já o pai, olhou com desconfiança.
Patrícia contou alguns detalhes do encontro, e Soraia sua mãe, ficou elogiando a boa educação do rapaz.
Por fim, Patrícia contou que se tratava de Lúcio.
Soraia porém, não conhecia o moço.

No domingo, o moço acordou cedo, ao ver Cláudia se arrumando para correr no parque, perguntou-lhe se não podia lhe dar uma carona.
A mulher ficou admirada.
- Ora, ora eu sempre te convido e você nunca aceita. O que te fez mudar de ideia?
Lúcio encabulado, respondeu que deu vontade de sair do bairro.
Cláudia fingiu acreditar. Concordou em levá-lo para o passeio.
E assim, seguiram juntos.
A moça ao chegar no parque, comentou que gostava muito de correr ali.
Lúcio perguntou-lhe se ela chegou a correr no parque com Fabrício.
Um pouco chateada, a mulher respondeu que sim.
Lúcio perguntou-se se ele era o culpado pela separação.
Cláudia respondeu-lhe que não. Argumentou que a situação era muito complicada e Fabrício não soube lidar com isto e achou por bem dar um tempo.
O garoto perguntou-lhe então, se havia uma chance de se reconciliarem.
Cláudia respondeu-lhe que provavelmente não.
Foi o que bastou para Lúcio dizer:
- Então a culpa foi minha!
Cláudia chamando-lhe a atenção, respondeu que não, ele não tinha nenhuma responsabilidade pelo que estava acontecendo. Argumentou que mesmo tentando preservá-lo, havia omitido uma informação importante, e que ele não tinha nenhuma culpa por toda aquela confusão que havia sido criada.
Nisto abraçou o garoto. Depois, olhando em seus olhos, Cláudia comentou que única coisa boa que sobrara de toda aquela confusão, foi ele. Contou com os olhos cheios de água, que nunca, nem por nenhum momento, pensou em não deixá-lo nascer e que lamentou muito não ter podido criá-lo como seu filho. Disse que procurou compensá-lo de outras formas, mas que agora entendia que isto não foi suficiente. Argumentou ainda, que Ana fizera um bom trabalho, cuidando dele como uma verdadeira mãe o faria.
Lúcio também ficou emocionado. Mas procurando disfarçar, resolveu mudar de assunto. Disse que ele tinha ido ali para correr e não para conversar.
Cláudia riu.
Lúcio começou a correr, e disse que se ela não se apressasse, ficaria para trás.
Cláudia retrucou irônica:
- Ah, é mesmo? Pois me aguarde.
E saiu correndo.
Lúcio diminuiu a marcha e Cláudia o alcançou.
No caminho, a mulher pensou em correr em outro parque da cidade. Cogitou o Parque da Água Branca, mas Lúcio insistiu para irem ao Ibirapuera.
Cláudia perguntou indiscreta se aquele foi lugar do encontro com Patrícia.
Sem jeito, o garoto respondeu que sim, mas também pediu para ela prestar atenção no trânsito.
Cláudia achou graça na timidez de Lúcio.
E a dupla correu no parque.
Cláudia rindo, comentou que eles se esqueceram de se alongar antes da corrida.
Lúcio riu e concordou.
Mencionou que da próxima vez, fariam tudo da forma correta.
A mulher ficou novamente admirada:
- Então vai haver uma próxima vez? Que bom! Fico feliz.
Lúcio comentou que agora precisa proteger sua mãe.
Cláudia ficou feliz ao ouvi-lo chamá-lo de mãe. Deixou claro seu contentamento e também chamou-o de filho.
Ao término da corrida, a dupla se alongou e saiu do parque.
Foi quando encontraram Lucindo.
Lúcio ficou feliz em vê-lo.
Percebeu que o homem olhava bastante para Cláudia.
O garoto, percebendo isto, pediu a chave do carro. Argumentou que precisava guardar seus apetrechos no porta malas. Gentil, sugeriu levar a mochila de Cláudia até o carro.
Cláudia entregou-lhe a chave e mostrou-lhe os botões que teria que apertar.
Lúcio respondeu que não havia necessidade de explicar por que ao lado do botão estava o desenho de aberto e fechado. Rindo disse que conseguia enxergar os desenhos.
Lucindo achou graça.
Cláudia por sua vez, comentou rindo que ele estava muito mal criado.
Lúcio se afastou.
Lucindo comentou que Lúcio era muito esperto.
Cláudia concordou.
Lucindo continuou elogiando o garoto. Comentou que ele era tão inteligente, que percebeu que ele queria ficar a sós com ela e se afastou.
Cláudia ficou surpresa com a ousadia de Lucindo.
O homem prosseguiu.
Disse que estava cansado de rodeios.
Cláudia observava-o com espanto.
Nisto Lucindo disse que aquela seria a última chance que eles teriam para se entender, e que se não fosse daquela vez, não seria nunca mais.
Cláudia comentou que ele estava estranho.
Lucindo aproximou-se da moça. Segurou-a pelo braço.
Cláudia se espantou, e quando tencionou perguntar o que estava acontecendo, ganhou um beijo.
Lúcio que estava do lado de fora aguardando, comemorou.
- Demorou!
Cláudia, ficou perplexa.
Lucindo então soltou-a.
Cláudia não sabia o que dizer.
O homem beijou a mão da moça. Disse que mais tarde conversariam.
Afastou-se.
Cláudia atônita, finalmente percebeu que estava no estacionamento do Parque e que seu filho estava ao lado do carro observando tudo.
Lucindo passou por ele e se despediu.
Quando Cláudia chegou no carro, Lúcio começou a brincar com ela.
- Quem diria hein Dona Cláudia, arrasando corações!
- Garoto, você me respeite!
Lúcio rindo, perguntou:
- Vai me dizer que não gostou?
Cláudia ficou perplexa.
Lúcio insistiu:
- Vai dizer que não sentiu nada?
A mulher estava surpresa. Mas conseguiu responder:
- Meu Deus! As coisas realmente mudaram. Agora são os filhos que ensinam os pais... Criatura, o que você sabe a respeito disto?
Lúcio rindo, comentou que ela era mais atrapalhada do que ele.
Cláudia pediu para que se calasse.
Lúcio ergueu os braços e comentou:
- Não está mais aqui quem falou!
Cláudia abriu a porta do carro e entrou.
Lúcio fez o mesmo.
Colocaram o cinto.
Quando Cláudia estava se ajeitando para ligar o carro, Lúcio falou:
- Mas você gostou, não gostou?
Cláudia se aborreceu. Pediu para ele parar com a brincadeira.
Lúcio prometeu se calar.
Quando chegaram em casa, antes de Cláudia sair do carro, o garoto comentou que ficaria feliz se ela passasse a namorá-lo. Mencionou que gostaria que seu pai fosse uma pessoa legal, assim como Lucindo.
Cláudia saiu do carro.
Nisto o garoto foi ao chuveiro, e tomou um banho.
Em seguida, Cláudia fez o mesmo.
Almoçaram.
Durante o almoço, Lúcio brincou com Cláudia dizendo que Lucindo havia se encontrado casualmente com ela no parque.
Observando a expressão de Lúcio, todos perguntaram o que havia de mais nisto.
Ana comentou que Lucindo também frequentava o parque, e que isto era bem possível de acontecer.
Lúcio comentou que o que havia acontecido era quase impossível de acontecer.
Cláudia então se irritou, levantou-se da mesa e foi para seu quarto.
Ana e Jacinto ficaram sem entender nada.
Lúcio rindo, comentou que havia falado demais.
Nisto pediu licença e foi até a porta do quarto da mãe.
Ao perceber que estava encostada, entrou.
Lúcio aproximou-se de Cláudia e pediu desculpas. Disse que não estava querendo ser chato. Apenas estava feliz por ela.
Cláudia não conseguia entender. Tanto que perguntou:
- Você gosta tanto assim de Lucindo? E Roberto, você não tem vontade de conhecer?
Lúcio perguntou-lhe se gostaria de se casar com Roberto.
Cláudia disse que não.
Lúcio comentou que achava uma pena Roberto ser seu pai, e não Lucindo.

Luciana Celestino dos Santos
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