Mais tarde, a moça resolveu caminhar pelas ruas do Cairo.
Usava calças, fato este que chamou a atenção dos habitantes da cidade.
Calçava mocassins, e vestira uma blusa de manga curta.
Também usava um chapéu, para tentar se proteger do calor, ou então, do sol.
Alguns homens dirigiam-lhe gracejos que a moça não compreendia.
Expressões como “mabçuta” – que exprime contentamento ao se dirigir a uma mulher; “va habibiti” – meu amor.
Josie observava os olhares de encantamento com certa apreensão.
Com isto, um homem idoso aproximou-se, dizendo-lhe em inglês que todos a olhavam por que usava calças compridas.
Josie, ao voltar-se para trás, percebeu o homem.
O mesmo apresentou-se.
Disse se chamar Fabrício.
A moça, ao ouvir o nome português, perguntou-lhe em vernáculo, se sabia falar português.
Como o homem demorasse para responder, fez a mesma pergunta em inglês.
Fabrício então, respondeu que sim, falava português, e que assim como ela, era brasileiro.
Josie abriu um sorriso. Apresentou-se.
Nisto o homem pediu licença. Perguntou-lhe se estava há muito tempo na cidade.
Josie respondeu que havia acabado de chegar.
Fabrício disse que deveria ter cuidado em sair sozinha. Divertido, perguntou-lhe se já havia sido abordada por um egípcio.
A moça respondeu que fora as expressões ouvidas há poucos minutos, que não.
No que homem respondeu:
- Pois se prepare, pois isto cedo ou tarde acontecerá! Os egípcios são muito galanteadores, principalmente quanto souberem que você é brasileira.
Josie riu.
Fabrício conversando com a moça, disse que estava no país há alguns anos.
Comentou que há décadas não tinha notícias de seus familiares, e que viajar para um país distante, fazia com que a dor e a saudade parecessem menores.
Ao ouvir isto, Josie sentiu-se entristecer. Seus olhos ficaram cheios d’água.
Fabrício, percebendo isto, desculpou-se.
Disse que não tinha direito de trazer a tona, fantasmas que eram apenas seus.
Josie por sua vez, retrucou dizendo que aquilo lhe parecia muito familiar.
O homem ao ouvir tais palavras, disse:
- Vejo que você carrega uma grande dor.
Josie então, tentando desconversar, enxugou as lágrimas e disse que o país parecia muito interessante.
Fabrício, ao notar que a moça não queria tocar em um assunto que parecia doloroso para ela, resolveu mudar o rumo da conversa. Comentou que sim, era um país fascinante.
Nisto o homem convidou-a para tomar um café.
Josie, faminta que estava, pediu um lanche.
A moça depois de alguns minutos, foi servida de um pão achatado e redondo, tendo como recheio carne de cordeiro cortada em tiras bem finas, acompanhado de salada e tahina – pasta feita de gergelim. O recheio é enrolado no pão sírio. E o prato é conhecido como Schawarma.
Sugestão de Fabrício, ao notar que a moça estava com fome.
Josie adorou o lanche.
Comentou que a carne era macia e saborosa.
Fabrício por sua vez, respondeu que sempre que queria comer uma comida rápida e saborosa, se servia do lanche.
Gentil, perguntou a moça se ela fazia idéia do que gostaria de conhecer primeiro.
Josie respondeu que havia visto mapas, guias, pesquisado em sites. Argumentou que gostaria em primeiro lugar, de conhecer a cidade do Cairo, o Nilo, sua arquitetura, seus prédios.
Comentou chegou a ver o Nilo quando se dirigia do aeroporto para o hotel onde estava hospedada.
Fabrício comentou que deveria fazer um passeio às margens do rio.
Atencioso, prontificou-se a acompanhá-la em seu primeiro passeio. Disse que estava de folga, e que não haveria nenhum problema nisto. Acrescentou que ela também poderia contratar um guia, se achasse necessário.
Josie agradeceu.
A moça estava hospedada em um hotel em estilo moderno. Lugar próximo as construções mais tradicionais da cidade.
Acompanhada de Fabrício, a moça observou de longe algumas mesquitas.
O homem explicou-lhe que a religião era algo muito presente em boa parte das culturas, e que com os islâmicos não era diferente. Comentou que havia necessidade de uma mesquita sempre próxima de onde as pessoas moravam.
Josie comentou que eram lindas construções, com arcos compostos de inúmeras curvas, cheios de detalhes, com impressionantes torres – conhecidas como minaretes.
Enquanto caminhavam, passaram por algumas tendas e se depararam com vendedores extremamente galanteadores e insistentes.
Irritado, o homem respondia a todo o momento:
- No thank’s!
Aconselhou Josie a caminhar apressadamente pelo corredor.
Os vendedores insistiam em vender suas mercadorias aos turistas.
Josie, desacostumada com aquele ambiente, achava graça.
Rindo, comentou com Fabrício que não compreendia nada do que diziam.
O homem, retrucou dizendo que também não. Contudo, ao ver os homens exibindo suas mercadorias, percebeu logo que estavam tentando vender os objetos. Argumentou que se tratava de uma prática comum. Ressaltou que os egípcios são useiros e vezeiros em empurrar objetos inúteis aos incautos turistas.
Tanto que aconselhou a moça a ter cuidado em suas compras, já que os egípcios sempre empurravam o preço de seus produtos para as alturas. Argumentou que sempre que ela fosse comprar algo, deveria pechinchar.
Josie ouvia o homem com toda a atenção.
Enquanto caminhavam juntos, a moça deparou-se com uma profusão de aromas. Alguns agradáveis, outros nem tanto.
Nisto, a jovem parou em frente uma loja onde eram vendidos temperos.
Josie respondeu que só podia ser de lá que vinham os agradáveis aromas que estava sentindo.
Fabrício, ao perceber uma vendedora se aproximando, sugeriu que ela apertasse o passo.
Por fim, levando-a para um lugar um tanto distante dali, o homem comentou que lojas e tendas vendiam os temperos que enchiam o ar de aromas agradáveis.
E assim, apontou para a moça outros comércios onde eram vendidos temperos.
Josie comentou então, que o cheiro agradável dos temperos contrastava com o ar de abandono das ruas, que tinham um aspecto sujo, de abandono.
Fabrício concordou.
Caminhando um pouco mais, Josie e Fabrício se depararam com um outro aspecto da cidade. O seu lado moderno, com prédios em estilo ocidental.
A moça respondeu que em alguns aspectos, a cidade lhe parecia familiar, pois lembrava São Paulo. Admirada, a jovem comentou que o trânsito da cidade parecia ser mais caótico que o da grande metrópole latino americana.
Fabrício riu.
- O Tejo é o mais belo rio que corre pela minha aldeia. Mas o Tejo não é o mais belo rio que corre pela minha aldeia.
Josie olhou-o com curiosidade.
O homem explicou-se.
- Do particular se chega ao universal, e do universal se chega ao particular. Este cenário te pareceu familiar por que lembrou-te do lugar de onde veio, mas da mesma forma que te é familiar, não é a sua casa, não é familiar, é apenas algo muito parecido. É o Tejo, mas não é o Tejo. Te lembra São Paulo, mas não é São Paulo. É parecido, mas não é igual.
Josie concordou. Comentou que os versos ditos por Fabrício, demonstravam a profunda sabedoria de Fernando Pessoa.
Fabrício emendou dizendo que se tratava de um poeta.
Por fim, despediram-se.
Nisto, combinaram um passeio para o dia seguinte.
A noite, Josie foi procurar um restaurante para jantar.
Admirou-se com as luzes da cidade.
Andou por entre construções modernas, prédios. Lugares que lembravam uma cidade do ocidente.
Caminhando pelas ruas do lugar, sentiu-se observada.
Em que pese a grande quantidade de pessoas que circulavam pelo local, Josie sentiu-se insegura.
Enquanto andava, teve a impressão de estar sendo seguida.
Por isto, a todo o momento, olhava para trás.
Nervosa, Josie entrou no primeiro restaurante que encontrou.
Era um lugar onde se servia comida italiana, e a moça procurou servir-se de uma boa macarronada.
Para acompanhar, pediu um refrigerante.
Com isto, ao terminar a refeição, receosa de voltar a rua, solicitou usar o telefone do restaurante para chamar um táxi.
Nisto o garçom respondeu que ele mesmo chamaria o táxi para ela.
Quando o veículo chegou, o funcionário a informou.
Com isto, Josie saiu do restaurante acompanhada pelo garçom, que ao vê-la caminhando em direção ao veículo, encaminhou-se novamente para dentro do restaurante.
A moça então encaminhou-se para o táxi.
Um homem aproximou-se e abriu a porta do veículo para ela.
Josie recuou, se afastando.
O homem gentil, insistiu para que ela se aproximasse. Disse que não faria nada de mal.
Josie então aproximou-se e entrou no táxi.
O motorista então, usando de um inglês rebuscado, tentou dizer a moça, que se tratava de um homem de muitas posses na região.
Contudo a moça não conseguiu compreender o inglês do motorista.
Nervosa, Josie pediu ao homem, para que dirigisse até o hotel onde estava hospedada.
Insistiu para que saíssem logo dali.
Com isto, o taxista contornou o passeio, mostrou-lhe por alguns instantes as belezas de um Nilo enfeitado pela iluminação dos prédios que circundavam as margens.
O rio divide a cidade.
A moça, apesar do nervosismo, admirou-se com a paisagem.
Chegou a pedir para o homem diminuir a velocidade. De longe avistou palmeiras, árvores diversas, barcos e transatlânticos cruzando o rio.
O famoso rio. O Egito, dádiva do Nilo. Comentou em voz alta.
Durante o passeio, o motorista foi fechado algumas vezes, precisando frear o carro.
Quando o homem freava o táxi de forma brusca, Josie pedia para chegar viva em seu hotel.
Dizia a todo o momento para o homem ter cuidado.
Nisto, o homem a deixou em frente ao hotel onde estava hospedada.
Josie pagou o taxista, a quantia solicitada.
Por um instante se esqueceu do evento ocorrido na porta do restaurante.
Estava feliz.
Ao chegar no quarto do hotel, a moça sentou-se em sua casa e acompanhou o noticiário local.
Tentou pelo menos, haja vista que não falava árabe.
Mudando de canal, viu um filme com mulheres e homens vestidos com túnicas e lenços cobrindo os cabelos. Percebeu que se tratava de um filme sobre a cultura árabe.
Cansada que estava da viagem, dormiu no meio do filme.
Quando acordou, a emissora estava fora do ar.
Josie desligou o aparelho e colocou uma camisola.
Voltou a dormir.
No dia seguinte, ao despertar, tratou de tomar um banho.
Como fazia calor, a colocou uma calça leve, e uma blusa de manga curta. Calçava um sapato confortável.
Desceu, e no salão do hotel, tomou um café da manhã, com comidas típicas do lugar.
Josie se encantou com as tâmaras.
Também comeu pão sírio – um pão de formato achatado e redondo, com saladas e diversos acompanhamentos. No café havia damasco, leite, café, e iogurte.
Josie experimentou colocar damascos no iogurte. Achou a mistura deliciosa.
Por fim, foi ao encontro de Fabrício.
O homem, ao vê-la se aproximando, perguntou-se se estava preparada para uma longa caminhada.
Josie respondeu que sim.
Fabrício então, estendeu o braço para a moça, que o segurou.
Nisto a dupla caminhou pelas ruas do Cairo.
Enquanto caminhava com o amigo, Josie observava que muita gente a olhava com curiosidade.
No que o homem insistiu em dizer que deveria providenciar roupas parecidas com as que os egípcios usavam. Falou-lhe, que se ela continuasse a se vestir ao modo ocidental, causaria muito furor.
Ao ouvir o comentário, Josie argumentou que ele estava exagerando.
No que ele respondeu que não.
Josie protegia o rosto com um chapéu.
Fabrício prometeu-lhe um lenço, como os que as egípcias e alguns egípcios usavam.
Nisto, a dupla deu início ao passeio.
Caminharam pela parte moderna da cidade, com seus edifícios modernos. O Rio Nilo ao fundo, a emoldurar a paisagem.
Josie observou novamente a beleza dos jardins às margens do rio. Gramado bem cuidado, árvores, palmeiras. Barcos ao fundo, de todas as envergaduras e calados.
Fabrício pontuou ela deveria observar as diversas pontes que cortavam o rio e faziam o elo entre as duas partes da cidade separada pelo rio.
Nisto, o homem comentou que havia um passeio de barco feito pelo rio.
Ressaltou que a paisagem era muito bonita de dia, mas que a noite era melhor ainda.
Josie concordou.
Respondeu que quando fora jantar, pode comprovar que o rio ficava ainda mais bonito a noite.
Em sua fala, disse que se afigura um espetáculo muito bonito, as luzes da cidade enfeitando o rio.
Com isto, a dupla continuou a caminhada.
A certa altura, Fabrício lhe mostrou a Torre da TV, informando-a que na mesma, havia um restaurante, e uma vista espetacular da cidade.
Durante o trajeto a moça fotografou alguns lugares. Fez perguntas.
Fabrício ao observar o equipamento fotográfico da moça, perguntou-lhe se era jornalista.
Josie respondeu que sim. Comentou que estava ali para documentar a cultura da região. Iria fazer uma matéria turística.
O homem respondeu que então havia muito o que ser mostrado a ela.
Comentou sobre as pirâmides, os hieróglifos, os antigos deuses egípcios, o Nilo, as praias.
Josie comentou com o homem, que havia experimentado as tâmaras.
Fabrício comentou que era um fruto delicioso.
Almoçaram.
Degustaram pratos típicos, com muita salada e molhos de acompanhamento.
Havia grãos com fava, grão de bico e lentilha. Além do molho Baba Ghanoug (mistura de tahina – pasta de gergelin, com alho e berinjela).
Sendo servido também, o Kebabs, que é um prato muito popular feito de carne de carneiro ou frango, cortada em pedaços, marinada e grelhada. A carne, foi servida acompanhada de arroz, e salada.
Josie adorou a comida.
Enquanto almoçava, comentou que a culinária do país era muito saborosa, e que se continuasse a comer daquela forma, acabaria engordando.
Fabrício riu do comentário.
Ressaltou que ela não corria o risco de ficar obesa.
Mais tarde, caminharam em direção a parte onde haviam construções tipicamente árabes. Caminharam por entre tendas, lojas, casas.
No comércio, mercadorias em profusão, espelhos, objetos dourados, lenços, tecidos, esculturas, objetos sofisticados e imitações baratas.
O homem, comentou que ela deveria ter cuidado com os comerciantes. Nunca aceitar o primeiro preço, e sempre ter cuidado com ótimos negócios, pois egípcios adoravam dizer que seus produtos eram originais, quando não passam de cópias muitas vezes grosseiras de originais.
Nisto, a dupla adentrou uma loja de tecidos, onde Fabrício lhe mostrou um bonito estampado de seda.
O vendedor, ao perceber o interesse da dupla na mercadoria, disse em um inglês sofrível, que custava cem dólares.
Fabrício questionou o preço.
Logo deu-se início ao costume de pechinchar.
Fabrício ofereceu vinte dólares.
O vendedor irritado, argumentou que era muito pouco. Ressaltou a qualidade do tecido, feito de matéria-prima nobre e cara.
Negociando de um lado e de outro, Fabrício adquiriu a mercadoria pelo valor de trinta dólares.
Ao olhar para a moça, o homem procurou se afastar da loja e comentou com a moça que ele não tivera prejuízo. Argumentou que eles jogavam o preço para cima, com vistas a forçar uma negociação e aumentar a margem de lucro. Disse que se tratava de um costume local.
Josie por sua vez pontuou:
- Deve ser daí que alguns brasileiros adotam o costume de pechinchar.
No que Fabrício concordou:
- A julgar pelo fato de que há muitos brasileiros descendentes de portugueses e espanhóis, e que estes países sofreram influência da cultura moura, provavelmente foi daí que adveio o costume, já um tanto quanto abandonado.
Josie concordou.
A certa altura do passeio, um homem se aproximou da moça, observando-a atentamente.
Em seguida, dirigiu-se a Fabrício, perguntando em inglês:
- How much?
O homem achou graça.
Como o estranho insistisse na pergunta, Fabrício respondeu também em inglês, que a moça não estava a venda. Argumentou que ela não era sua propriedade e que não poderia vendê-la.
O estranho porém, argumentou que não estava preocupado com valores. Disse que ele poderia cobrar o que quisesse por tão fina mercadoria.
Josie ao perceber isto, ficou furiosa. Ameaçando dizer poucas e boas ao homem, Fabrício a reteve, sinalizando para que não discutisse.
Fabrício então, agradeceu a oferta, mas disse que a moça era apenas uma amiga e que não poderia vendê-la.
Nisto, o homem agradeceu e retirou-se.
Josie e Fabrício ficaram observando o homem se afastar.
A certa altura, a moça observou camelos. Havia alguns próximos a uma praça da cidade.
Com isto, Josie e Fabrício continuaram a caminhar pelas ruas estreitas, com seus cheiros, suas lojas, seus vendedores. Enfim, pelo comércio da cidade.
Enquanto caminhavam, se deparam com alguns homens de túnica e cáfia (pano quadrado preso por uma tira). Um deles, ao ver que Josie segurava uma câmera, perguntou-lhe em inglês, se ela não estava interessada em um fotografia com um típico homem do Egito.
A moça, achando uma boa idéia, perguntou-lhe quanto cobraria pela foto.
No que o homem respondeu que gostaria de receber vinte dólares.
Josie ficou perplexa. Argumentou que não trazia consigo dólares, e tampouco tal montante.
O homem não gostou do que ouviu.
Fabrício, intervindo, sugeriu ao homem a importância de dez dólares, ressaltando que ainda assim, o valor era alto.
O egípcio concordou.
Josie tirou uma foto de um homem todo empertigado em seu traje típico.
Caminhando pela parte antiga da cidade, a moça percebeu que boa parte da população, não priva do conforto oferecido aos estrangeiros que vão para lá.
Fabrício disse que boa parte da população vive pobremente, mas que há homens ricos no Egito.
Nisto, enquanto caminhavam pelas ruas estreitas, observavam mesquitas e casas típicas árabes, e um homem, que dirigia um dos muitos carros em estado de má conservação que circulavam pelas ruas da cidade, o qual começou a soltar pedaços de sua lataria, sendo os mesmos, devidamente segurados a base de remendos.
Josie ficou perplexa.
- Mas parece o Brasil!
Fabrício riu.
Completando as palavras da moça, o homem respondeu que os egípcios tinham algo em comum com os brasileiros. Rindo, argumentou que era por isto que havia escolhido o lugar para morar.
Curiosa, Josie perguntou no que homem trabalhava.
Fabrício respondeu então, que fora para o Egito para trabalhar como engenheiro civil, e que mesmo depois de sua aposentadoria, havia decidido permanecer no país. Argumentou que estabelecera laços com a tão rica cultura.
Mais tarde, quando Josie resolveu comprar um tecido, Fabrício aconselhou a pechinchar bastante.
Nisto a moça, que havia estudado um pouco do vocabulário do lugar, resolveu tentar conversar com os homens em árabe.
Contudo, os mesmos, ao perceberem que se tratava de uma estrangeira, fizeram de tudo para conversar em um inglês de difícil compreensão para ela. Muitas vezes, a moça precisava gesticular.
Fabrício, percebendo a dificuldade, auxiliou-a.
Isto por que o comerciante preferia negociar com um homem.
Por fim, Josie conseguiu comprar um bonito tecido.
Brincando, Fabrício respondeu-lhe que ela estava aprendendo.
Após, moça continuou a observar as casas, as construções.
Em alguns monumentos históricos, percebia traçados e detalhes de arquitetura conhecidos através das histórias das “Mil e Uma Noites”.
Fabrício respondeu-lhe então, que o encantamento seria maior, quando conhecesse o deserto e se deparasse com os beduínos. Comentou que era um povo milenar que preservava as tradições.
Ocorre porém, que após a Primeira Grande Guerra, o estilo de vida deste povo, passou a entrar em franca decadência. Isto por que, a esta altura, não podia mais se movimentar pelos territórios com a mesma liberdade de antes. Razão pela qual passaram a adotar estilo de vida cada vez mais sedentário.
Fabrício comentou então, que era um povo que se dividia em várias tribos, as quais possuíam um líder tribal denominado sheik.
Por fim, o homem disse, que era cada vez menor o número de beduínos, e com isto, cada vez menor, a probabilidade de encontrá-los em andanças pelo deserto.
Mudando o tema, disse também, que as pirâmides poderiam ser avistadas dentro do perímetro da cidade, fato este que causou espanto em Josie, que custou a acreditar na informação.
A moça argumentou que para ela, as pirâmides ficavam no deserto.
Fabrício respondeu que sim, mas que a cidade, expandindo-se, começou a alcançar as pirâmides. Disse que nas proximidades do lugar haviam hotéis luxuosos, e que durante a noite, era apresentado um bonito espetáculo de luzes, mostrando as nuances dos monumentos.
Encantada, a jovem comentou que devia ser um belo espetáculo.
O homem concordou, mas acrescentou que os monumentos símbolo do país, estavam se deteriorando. Argumentou que se o país vivia basicamente do turismo, deveria haver um cuidado maior com os símbolos nacionais. Uma preocupação de fato, em preservá-los em suas características originais.
Josie ouvia o homem atentamente.
Durante o almoço, a moça fez alguns apontamentos em um caderno.
Fabrício curioso, perguntou do que se tratava.
A moça respondeu que precisava anotar de forma resumida, tudo o que vira, o que achara interessante, para depois colocar tudo no papel em um bela matéria.
Comentou que esta era uma forma de organizar suas idéias.
Fabrício falou que era um processo interessante.
Mais tarde, no jantar, o homem sugeriu que comessem algum prato típico do lugar.
Como Josie conhecia pouco da culinária do país, pediu ao homem que se sugerisse algo.
Fabrício solícito, sugeriu um frango assado, pombo recheado ou uma carne grelhada.
Josie perguntou o gosto da carne do pombo.
Fabrício respondeu que era saborosa, e que ela poderia experimentar.
A moça concordou.
Mais tarde, o pombo foi servido acompanhado de arroz e massa, além de um prato quente de verdura.
Fabrício respondeu que a verdura, a salada, poderia ser uma alternativa aos pratos com carnes.
Mais tarde, a dupla foi servida.
Ao provar a comida, moça elogiou novamente a escolha do amigo.
Comentou que a iguaria não era nada má.
Ao término da refeição, o garçom, trajado à moda árabe, perguntou-lhe se gostariam de saborear uma sobremesa, nisto, ofereceu: Mohallabeyya (creme à base de farinha de arroz, perfumado com água de rosas e com pistache); Om´ali (finas folhas de massa cozida banhadas em leite muito açucarado e misturadas com coco e pistache) e Konafa (uma espécie de massa de pistache, avelãs e nozes, envolta em aletria e mel).
Enquanto fazia as sugestões, explicava a composição dos ingredientes das sobremesas.
Josie, em dúvida, resolveu escolher a Mohallabeyya.
Palavra a qual teve muita dificuldade em pronunciar.
Ao experimentar a sobremesa, a moça comentou com Fabrício que assim, como o pombo, tinha um sabor diferente.
Argumentou que o nome da sobremesa era difícil, mas a iguaria era gostosa.
Fabrício disse que tinha um sabor suave.
A seguir, o homem pediu um karkadeh, feito de pétalas secas da flor do hibisco.
Ofereceu a bebida a moça.
Nisto, o garçom perguntou a Josie, se gostaria de servir-se da bebida fria ou quente.
Josie respondeu que preferia a bebida fria.
Fabrício por sua vez, pediu um suco de frutas.
Durante a refeição, enquanto comiam, Fabrício disse que achou graça na proposta de compra, do jovem egípcio.
Josie, ao relembrar-se do fato, argumentou que não via a menor graça em tudo aquilo.
Fabrício respondeu-lhe que se tratava de um povo machista.
A jovem concordou. Argumentou que somente uma pessoa com uma mentalidade muito atrasada, pensaria em comprar um ser humano como se fosse uma mercadoria, um objeto.
No que Fabrício argumentou que os brasileiros já fizeram isto, com os índios e com os negros.
Josie retrucou dizendo que isto fora há mais de um século, e que hoje não existia mais escravidão no Brasil.
O homem por sua vez, respondeu que escravidão de fato não existia, mas que em muitos rincões do país, havia gente reduzida à condição análoga a de escravo.
Josie concordou. Mas disse também, que lá nenhum homem tentaria comprar uma mulher.
Fabrício respondeu que de forma tão direta não. Porém, havia outras formas de fazê-lo, até mais indelicadas, comentou.
Josie respondeu-lhe que ele era impossível.
Fabrício disse-lhe então, que era apenas alguém mais vivido do que ela. Alguém que poderia lhe conceder bons conselhos.
- Então o senhor concorda com o que aquele homem fez! – retrucou a jovem, inconformada.
- Absolutamente! Só acho que a senhorita não deveria se aborrecer com isto. – respondeu calmamente o homem.
Por fim, ao término da refeição, o homem pagou a conta.
Josie por sua vez, insistiu em pagar sua parte.
No que Fabrício comentou:
- Quando eu pago sua conta, só estou querendo fazer uma gentileza. Está bem?
Josie retrucou dizendo que ele já havia pago sua compra, oferecido-lhe presente, além de haver pago outras refeições suas, e que já estava demais pagar também seu jantar.
Fabrício argumentou que gostaria de pagar. Que não havia problema algum nisto, e que não estava tentando comprá-la. Argumentou que as mulheres estavam tão acostumadas a serem independentes que se desacostumaram com um gesto de gentileza.
Ao ouvir isto, Josie respondeu que não era bem assim.
Fabrício respondeu que iria pagar a conta.
Josie respondeu:
- Está certo!
Ao saírem do restaurante, a moça observou as palmeiras e comentou que tudo aquilo criava uma atmosfera magnífica, que a encantava. Comentou perplexa, ter tido a impressão de já haver visto algo parecido em outro lugar.
Fabrício perguntou-lhe se já havia conhecido algum país muçulmano antes.
Josie respondeu que não.
O homem argumentou que talvez conhecesse um cenário parecido, pelo cinema.
Nisto continuaram a caminhar pelas ruas da cidade.
Fabrício comentou que no Egito havia muita burocracia. Maior até que no Brasil.
Josie ficou surpresa com o fato.
A certa altura do passeio, um homem passou diante da dupla.
Era o mesmo que havia aberto a porta do táxi para Josie, na noite anterior.
Ao reconhecer a jovem, perguntou-lhe em inglês, se precisava de algo.
- No thank’s. – respondeu a moça.
Nisto o homem respondeu que na cidade havia um bom comércio, e muitos belos lugares para se conhecer. Em seguida, convidou-os para entrarem em uma loja.
Fabrício reconheceu o jovem.
Percebendo a resistência da moça, o homem insistiu para que entrassem na loja. Disse que poderiam olhar as mercadorias sem compromisso.
Josie adentrou o estabelecimento acompanhada de Fabrício e do jovem.
Nisto, o jovem se apresentou. Chamava-se Mohamed. Em seguida, perguntou a moça, como se chamava.
A jovem respondeu que se chamava Josie.
Ao ouvir a palavra Josie, Mohamed perguntou-lhe a origem do nome.
A moça respondeu em inglês que não era um nome próprio e sim, um apelido.
Mohamed insistiu para saber mais detalhes.
Josie respondeu-lhe que seu nome era Maria Josefa.
- Maria Josefa! Portuguese name!
- Brazilian name! – insistiu a moça.
Curioso, o moço perguntou qual era o nome de sua família.
Josie não compreendeu.
Nisto, o moço perguntou-lhe o sobrenome.
- Andrade Camargo. – respondeu.
Mohamed, ao ouvir a palavra brasileiro, ficou encantado. Comentou que sabia falar português.
Fabrício, que estava a certa distância, ao ouvir o jovem dizer que sabia falar português, admirou-se. Respondeu que agora a conversa ficava mais fácil.
Nisto o homem apresentou-se.
Quando Mohamed ia dizer-lhe quem era, Fabrício respondeu-lhe que o conhecia de vista, e sabia sobre sua influência na cidade.
Mohamed respondeu modestamente, que a fama era maior do que a influência que de fato exercia.
Nisto o homem fez um gesto de cumprimento para a moça, e pediu licença para se afastar por alguns minutos. Disse que tinha um assunto para resolver.
O jovem afastou-se.
Fabrício então, segredou-lhe que se tratava de um homem influente do local. Comentou que era rico e que possuía muitos negócios na cidade, inclusive algumas lojas de tecidos.
Josie contou a Fabrício, que já tinha o visto antes.
Curioso, o homem perguntou onde.
Ao ver o jovem retornando, a moça mudou de assunto. Começou a observar um tecido.
Mohamed, ao perceber o interesse da jovem, comentou que se tratava de uma seda finíssima, ótima para uma túnica arábe.
Gentil, pediu a moça que sentisse o toque do tecido.
Josie respondeu que de fato era muito macio.
Com isto, o moço respondeu:
- É seu!
A moça tentou recusar.
Mohamed por sua vez, mandou embrulhar o tecido. Disse que era cortesia da loja.
Josie ao ouvir isto, insistiu em pagar.
Como o jovem dissesse não estar interessado em seu dinheiro, a moça tentou argumentar.
No que Fabrício respondeu:
- Ora, aceite! É apenas um presente.
Com isto, Josie aceitou o tecido. Respondeu que era uma bonita peça.
Mohamed disse-lhe então, que se quisesse, poderia deixar os embrulhos em sua loja, que mais tarde entregaria em seu hotel.
Josie agradeceu, mas recusou a oferta.
Fabrício, sugeriu a jovem, que aceitasse o oferecimento. Comentou que pretendia caminhar mais um pouco e que ficar cidade afora carregando embrulhos seria incomodo.
Nisto a moça concordou em deixar os pacotes na loja.
Mohamed anotou o endereço e prometeu que ao final da tarde os tecidos estariam em suas mãos.
Josie agradeceu.
- De nada. – respondeu o moço, olhando-a nos olhos.
Josie e Fabrício saíram da loja.
Mohamed acompanhou-os com o olhar, até sumirem de vista.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Poesias
sexta-feira, 19 de março de 2021
A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 33
A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 32
Enquanto Roberta finalmente conseguiu contatar Leonardo, foi informada que ele havia se ferido ao realizar uma matéria, em pleno campo de batalha; Josie por sua vez, ficou por quase uma semana sem receber qualquer ligação de Olavo.
Aborrecida, nos primeiros três dias, pensou que em razão da correria, o moço se esquecera de ligar.
Contudo, como os dias iam passando, Josie começou a se preocupar.
Lucineide aconselhou a amiga a ligar para o moço.
Foi o que Josie fez.
Olavo contudo, não atendia as ligações.
Por fim, a moça recebeu uma ligação dos pais de Olavo.
Josie, ao ouvir a voz de Otaviano, perguntou aflita, se estava tudo bem.
Silêncio do outro lado da linha.
A moça, nervosa, insistiu:
- Alô! Está tudo bem?
Otaviano, percebendo que precisava dizer alguma coisa, comentou que os planos para o fim de ano estavam cancelados. Não haveria festa, e o convite para ir até o Sul não poderia se realizar.
Josie ficou perplexa.
Nisto o homem, enchendo-se de coragem, respondeu que Olavo sofrera um acidente de carro, enquanto dirigia para a vinícola, numa das estradas que davam acesso a região. Contou que durante a noite, enquanto dirigia pela estrada sem iluminação, foi fechado por um carro, vindo a bater em outro e a capotar.
Como não conseguisse dizer mais nada, Josie concluiu que Olavo não sobrevivera ao acidente.
Nisto Vilma, ao ver o marido chorando pegou o telefone e confirmou que Olavo falecera.
Em choque, Josie despediu-se da mulher e desligou o telefone.
Lucineide precisou consolar a amiga, que estava em prantos.
Roberta por sua vez, tentou consolar Josie, mas ela também precisava de ajuda, já que não sabia da gravidade do estado de Leonardo.
Lucineide estava atordoada. Ora precisava acalmar Roberta, dizendo que provavelmente não acontecera nada demais com Leonardo; ora passava ora consolando Josie, que perdera o noivo inesperadamente.
Roberta ao perceber que Josie precisava de ajuda, ofereceu-se para acompanhá-la no funeral de Olavo.
Lucineide espantou-se com a gentileza.
Comentou emocionada que não esperava um gesto tão nobre de sua parte, ainda mais em um momento complicado de sua vida.
No que a moça respondeu:
- Talvez por isto mesmo eu estou me oferecendo, já que minha vida está tão tumultuada. Eu acho que oferecendo apoio para alguém que está precisando mais de ajuda do que eu, vou conseguir por minhas idéias no lugar.
O olhar de Roberta estava cheio de angústia.
Lucineide por sua vez, conversou com Medeiros.
Comentando que ambas precisavam se afastar por alguns dias, perguntou se ele poderia autorizar uma licença para as duas.
O homem, ao tomar conhecimento dos fatos, disse que estavam liberadas para ficar o tempo necessário no Sul e acompanhar o funeral do jovem.
Chocado, Medeiros desejou condolências a Josie. A Roberta, recomendou juízo e tranqüilidade, pois acreditava que o ferimento de Leonardo não devia ser grave.
Quanto a Lucineide, disse-lhe que era uma boa amiga e que se Josie e Roberta não estavam bem, não poderiam ficar sozinhas.
Medeiros recomendou que ela acompanhasse as moças.
Lucineide ficou surpresa.
O homem respondeu que ela havia dado mostras suficientes de profissionalismo, e que nunca abusara de sua confiança. Razão pela qual estava ganhando alguns dias para viajar.
A jovem agradeceu.
Nisto o trio, tratou de arrumar as malas para viajar para o Sul.
No aeroporto de Porto Alegre, pegaram um táxi para a rodoviária. De lá, seguiram para a cidade onde Olavo morava.
Quando chegaram a rodoviária da cidade, foram recebidos por amigos da família que conduziram o trio até a propriedade.
Josie, ao adentrar o galpão onde o corpo estava sendo velado, percebeu que o caixão estava lacrado.
Vilma, desolada, abraçou a moça chorando e dizendo que não pudera ver o filho pela última vez.
Depois Otaviano veio falar-lhe. Estava arrasado.
Josie se fazia de forte, mas ao lado das amigas, caía em prantos.
Desesperada, dizia que pela terceira vez na vida, havia perdido o chão.
Triste, comentou que desde que perdera seus pais, nunca sentira uma dor tão grande.
Roberta abraçou a amiga e disse que a dor iria passar.
Comentou que ela jamais se esqueceria de Olavo, mas que aquele sofrimento não era eterno.
Lucineide também consolava a amiga dizendo que Olavo estava bem, em um bom lugar.
Longe das maldades do mundo.
Atenciosa, Lucineide, consolou Vilma e Otaviano dizendo que alguém que fizera tanta gente feliz, só poderia estar em um bom lugar.
Emocionada, Vilma abraçou a moça.
Chorou.
Roberta por sua vez, sempre que se via a sós, procurava ligar o celular e verificar se havia alguma mensagem.
Mas nada.
Lucineide, ao dar um calmante a Josie, procurou ver como Roberta estava.
Perguntou-se havia conseguido algum contato com Leonardo, no que a moça respondeu que não.
Lucineide tentando tranqüilizá-la disse-lhe que se houvesse uma piora no estado do moço, ela seria informada.
Nisto, abraçou Roberta, que se desmanchou em lágrimas.
Com isto a moça respondeu que sentia muito mal de estar preocupada consigo, quando via Josie se acabar de tanto chorar pela perda de alguém tão caro. Comentou que se não fosse tão leviana, Leonardo não teria brigado com ela e poderia estar bem na Europa.
Lucineide respondeu-lhe que sua culpa era infundada, já que Leonardo sempre fez o que quis. Comentou que ela própria dissera que mesmo antes das brigas e do desentendimento que tiveram, o moço trabalhara como correspondente de guerra. Argumentou que ele tinha gosto por aventura.
Nisto, insistiu para que Roberta se acalmasse, pois tudo ficaria bem.
Roberta abraçou-a e agradeceu a amizade.
- Não por isto. – respondeu Lucineide. – Você sabe que independente de nossas brigas, eu gosto de você de graça.
No dia seguinte, Josie acompanhou o funeral de Olavo.
O moço foi enterrado no cemitério da cidade.
Josie e Vilma levaram camélias para serem jogadas no caixão do moço.
Otávio estava inconsolável.
Ao ver Josie, tratou de ir ao seu encontro, e chorando, comentou que deveria estar mais presente.
Josie respondeu que ele não poderia adivinhar o que aconteceria, posto que ninguém esperava por isto.
A moça começou então a chorar.
Otávio, dizendo que muito embora pudesse parecer, ela não estava sozinha.
Comentou que muito embora Olavo tivesse partido, dizia que não gostaria de perder o contato com ela. Argumentou que vê-la, fazia lembrá-lo de bons momentos ao lado do irmão.
Ao ouvir as palavras do moço, Josie começou a chorar.
Visando consolá-la, Otávio a abraçou.
Nisto a família seguiu até o cemitério, onde acompanhou a colocação do caixão no jazigo da família.
Antes do lançamento das pás de terra sobre o caixão, Josie e Vilma jogaram flores.
A despedida foi triste para todos.
De volta para casa, Vilma estava impassível.
Otaviano por sua vez, estava com os olhos cheios de lágrimas.
Otávio tentava consolar os pais, em vão.
Como estava de férias da faculdade, o moço resolveu tomar a frente dos negócios da família.
Negociou a produção da vinícola, tratou das vendas pela internet. Tudo para que os negócios não ficassem parados.
Nos dias que se seguiram a partida do irmão, Otávio manteve contato com Josie, dizendo que estava preocupado com os pais. Insistia para que a moça assim que pudesse, fosse visitá-los. Falava que sentia falta do irmão.
Em um de seus contatos com a moça via skype, disse que iria enviar-lhe um email com as fotos e as gravações que Olavo havia feito com ela.
Josie agradeceu o cuidado.
Quando abriu o email e viu as fotos, caiu em prantos.
Assistir o vídeo era ainda mais triste. Olhar as imagens do moço, era como tê-lo vivo ainda.
Lucineide, ao ver a amiga entregue ao desânimo, disse que ela não deveria tornar a ver aquelas imagens. Não enquanto estivesse abalada com a despedida do moço.
Josie chorando, dizia sentir muita saudade do rapaz.
Argumentava que não estava agüentando mais sentir tanta dor.
Roberta por sua vez, nos dias que se seguiram, finalmente descobriu a gravidade dos ferimentos do marido.
Leonardo, havia ferido uma das pernas.
Segundo foi informada, havia o risco de amputação.
Ao ouvir isto, Roberta ficou chocada. Ficou a se perguntar como ele devia estar.
Aconselhada por Lucineide, a moça viajou para a Europa para se encontrar com o moço.
Ao chegar na Europa, a moça enviou um email para Lucineide, dizendo que a situação do moço era pior do que pensava.
Leonardo estava abatido, todo machucado e com o problema na perna.
Como havia ferido os olhos, passava o tempo com uma proteção no rosto.
Ao ser visitado por Roberta, o moço esperneou dizendo que preferia ficar sozinho.
Ao vê-la se aproximar, disse que ela o havia abandonado.
Roberta perguntou-lhe como estava.
Irônico, Leonardo disse que estava bem.
Agressivo, disse que ela devia estar brincando para fazer uma pergunta tão cretina. Em tom de choro, argumentou que ela deveria estar se divertindo ao vê-lo tão destruído.
Roberta por sua vez, respondeu que ele não era o único que deveria se sentir castigado pela vida.
Nisto, comentou que Josie havia perdido o noivo em um acidente de carro. Disse que a amiga não pode nem se despedir do moço. Nem a um último abraço tivera direito. Ressaltou que para a morte não havia jeito, mas que a situação dele poderia ser revertida.
Triste, Leonardo comentou que não gostaria de viver pela metade, e que não queria que ninguém tivesse pena dele.
Gritando, pediu para Roberta se afastar.
A moça, desconsolada, partiu.
Chorou em um canto do hospital.
Mas não desistiu do moço.
Nos dias que se seguiram, Roberta visitou-o, sem se identificar.
Quando o jovem perguntou-lhe o nome, procurou disfarçar a voz, dizendo que estava ali para ver um paciente, mas que ao vê-lo sozinho, resolveu ir até seu quarto fazer-lhe companhia.
Leonardo agradeceu o gesto dizendo que estava sozinho na Europa.
Comentou amuado, que nem a ingrata da esposa, se importara de verdade com ele.
Enquanto isto, aos poucos Josie retomou seu trabalho na redação.
Insistiu com Medeiros para que a designasse para um trabalho importante. Comentou que sentia necessidade de se ocupar.
Medeiros, ao notar os olhos tristes de Josie insistiu para que descansasse por mais alguns dias.
No que Josie retrucou dizendo que estava cansada de pensar em Olavo, e que não agüentava mais se dar conta do vazio que ele havia deixado.
Argumentou que Roberta precisara se afastar para resolver problemas pessoais e que a redação estava desfalcada.
Pediu, insistiu para que o chefe a deixasse trabalhar. Disse que o trabalho faria com que ocupasse o tempo e se esquecesse de seus problemas.
Ao constatar que Josie estava determinada, Medeiros perguntou-lhe se estava disposta a viajar para outro país e fazer uma ampla matéria sobre sua cultura, história, lugares turísticos.
Os olhos da moça brilharam.
Josie respondeu que sim.
Nisto Medeiros comentou que há tempos estava pensando em realizar uma matéria sobre o Egito, mas nunca encontrava a oportunidade para fazê-la. Ora o orçamento, que não permitia uma viagem internacional, ora não havia gente apta a tal trabalho.
Comentou então que o orçamento para a viagem era curto, e que precisava de alguém criativo para driblar as dificuldades da viagem.
Confessou que havia pensado inicialmente em seu nome para o trabalho, mas diante dos últimos acontecimentos, resolvera poupá-la.
Josie retorquiu dizendo que não queria ser poupada.
Argumentou que precisava se esquecer dos seus problemas.
Medeiros disse-lhe que este era o tipo de coisa que não se esqueceria facilmente.
Josie fingiu não ouvir.
O homem então, percebendo que a moça estava resolvida, concordou.
Sim, Josie iria para o Egito, realizar uma matéria para a revista.
Medeiros então, providenciou passagens e hospedagem para a moça.
Comentou que ela ficaria em um bom hotel, mas que estivesse preparada para conhecer o lugar. Disse que o país, assim como o Brasil, tinha muitos contrastes, pobreza e riqueza, entre outras coisas que ela iria descobrir com a viagem.
Josie argumentou que estava preparada para tudo.
Nisto, o homem desejou-lhe boa viagem.
Josie agradeceu.
Nos dias que se seguiram, Josie fez pequenas matérias para a revista.
Tratou também, de preparar suas malas para a longa viagem que faria para o Egito.
Lucineide, ao tomar conhecimento de que Josie faria uma longa viagem para o exterior, perguntou se ela estava realmente certa do que estava fazendo. Comentou que ela havia acabado de sofrer uma perda e que talvez devesse se poupar um pouco.
Josie por sua vez, argumentou que estava cansada de chorar. Disse que gostaria de voltar a viver.
Lucineide percebendo que a amiga se agarrava àquela oportunidade como a uma tábua de salvação, abraçou-a. Desejou-lhe uma boa viagem e recomendou que fizesse um bom trabalho.
Curiosa, Lucineide perguntou-lhe quem a acompanharia no trabalho.
Josie respondeu que por ser fotografa, viajaria só.
A moça ficou chocada.
Percebendo isto Josie recomendou-lhe que não ficasse preocupada.
Argumentou que falava bem o inglês, e que por lá havia muitos receptivos e guias, que a conduziriam em segurança pelas ruas da capital e paisagens do país. Asseverou que Medeiros lhe passou alguns telefones, entre eles, seu celular, e que em caso de emergência, poderia ligar para ele.
Ao ouvir isto, Lucineide tranqüilizou-se.
Por fim, disse que também poderia ligar para ela, e que se sentisse não estar em condições de concluir a viagem, deveria ligar para ela, que trataria de conversar com Medeiros.
Josie sorrindo, respondeu que não havia este risco.
Estava determinada.
Com isto, na data ajustada, dirigiu-se ao Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, onde pegou um vôo para a África.
Lucineide e Medeiros acompanharam a moça até a fila de embarque.
Antes de partir, a moça conferiu seus pertences, seus equipamentos profissionais: como câmera e filmadora.
Os equipamentos eletrônicos levava juntamente com sua bagagem de mão.
Durante a viagem, contemplou as nuvens, a geografia, as imagens como se fora fotografias de satélite.
Com efeito, ao chegar no continente, precisou fazer uma escala.
E assim, pegou um outro avião para o Egito, numa companhia aérea do próprio país.
Procedimento este, que foi um pouco demorado.
Razão pela qual Josie resolveu tomar um café em uma das lanchonetes que havia no aeroporto.
Aproveitou para abrir seu guia sobre o Egito, e ler algumas matérias sobre o país.
Nisto, finalmente foi possível adentrar em um novo avião.
Josie prosseguiu em sua viagem.
Ao descer do avião, dirigiu-se ao salão de desembarque onde retirou suas malas e saiu do aeroporto.
Ao chegar na capital do Egito, a moça pegou um táxi.
Dirigindo-se ao motorista em inglês, pediu para que ele a deixasse no hotel onde havia uma reserva para ela.
Durante o percurso deparou-se com construções luxuosas, mas também muita pobreza e miséria.
“Como Medeiros me dissera”. Pensou.
Também sentiu uma certa adrenalina com o modo de dirigir do taxista. Ora o homem avançava bruscamente os sinais; ora percorria velozmente ruas e avenidas, além de realizar conversões perigosas.
Josie sentiu o coração aproximar-se da boca.
Por várias vezes dirigiu ao motorista:
- Be carefull!
- Maalêsh! – retrucou o motorista.
Josie, que havia lido no guia, que a expressão significava “Deixa pra lá, ou Dane-se”, pensou que somente Deus realmente poderia protegê-la.
Com isto, ao fim de cerca de meia hora de adrelina, o homem a deixou em frente ao hotel em que ficaria hospedada.
Ao chegar no hotel, pagou o taxista com o dinheiro local.
Ao perguntar o valor da corrida, a moça se assustou com o preço.
Contrariada, pagou o valor que considerou exorbitante.
Antes de viajar, Josie dirigiu-se a uma casa de câmbio. Comprou um pouco de libra egípcia, para arcar com suas despesas de viagem.
Com efeito, o homem a auxiliou com as malas, levando sua bagagem até a recepção do hotel.
- Shukran! – agradeceu a moça.
O homem, com um gesto cerimonioso, afastou-se.
Com isto, ao chegar na recepção, Josie preencheu uma ficha em inglês.
A seguir, foi conduzida a seu quarto.
Um funcionário carregou sua bagagem, depositando-a em um carrinho, e levando-a até seu quarto.
Ao deixar as malas no quarto, o rapaz estendeu a mão como se esperasse uma gorjeta.
Josie, ao perceber isto, respondeu em inglês que lhe daria cinqüenta piastres.
O jovem fez-lhe um gesto de mesura e retirou-se.
Josie ficou observando o quarto. A cama, o guarda-roupa.
A moça, ao se dirigir ao banheiro, percebeu louças antigas.
Procurou então, abrir as torneiras. Lavou o rosto.
Resolveu tomar um banho.
Água quente.
Com o calor que fazia, resolveu molhar os cabelos.
Ensaboou o corpo.
Por fim, desligou o chuveiro.
Enrolada em uma toalha, a moça pode constatar que estava bem instalada.
Trocou de roupa.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 31
Olavo emendou então, dizendo que se ela quisesse, poderia retornar com o carro para a casa, devendo buscá-lo no horário do almoço, caso tivesse interesse em voltar antes para casa.
O moço comentou então, que Josie já sabia o caminho de volta.
Vilma perguntou então a jovem, se ela sabia dirigir.
Josie respondeu que sim, muito embora não segurasse um volante há algum tempo. Comentou que como morava perto do trabalho, abriu mão do carro.
Olavo retrucou dizendo que dirigir por aquelas paragens não tinha mistério.
Nisto a moça foi servida de um pouco de graspa.
Ao beber o líquido, a jovem começou a tossir.
Vilma recomendou-lhe que comesse algo.
Josie pegou um pedaço de pão e começou a mastigar.
Olavo, ao observar o tempo pela varanda da casa, recomendou a moça que tomasse um pouco mais da bebida, pois o tempo não estava nem um pouco amigável.
Vilma recomendou que a moça bebesse um pouco mais da bebida, vagarosamente.
Enquanto isto, preparou um lanche para ela comer.
Depois, devidamente alimentados, Josie, Olavo e Otaviano seguiram para o parreiral.
Enquanto os homens se ocupavam das uvas, verificando a qualidade das mesmas, e recolhendo algumas espécies para verificar mais atentamente o fruto, Josie estendeu uma toalha na relva e sentada, começou a ler um livro emprestado por Olavo.
Tratava-se da obra “O Tempo e o Vento” de Érico Veríssimo.
O moço respondeu-lhe antes de sair, que tinha a coleção completa da saga.
Brincando, o moço disse que agora ela teria que passar três meses por ali somente para ler a obra.
Mais tarde, os homens dirigiram-se para o local onde Josie estava.
Notaram que a moça estava entretida com a leitura.
Ao vê-la tão absorta, Otaviano chamou-a para comer.
Enquanto se alimentavam, perguntou a moça, se ela estava gostando da leitura.
Josie respondeu que sim.
Otaviano emendou que Érico Veríssimo, materializou em sua obra, o sentimento do que é ser gaúcho. Empolgado, comentou que era verdadeiramente um épico.
Josie respondeu que a obra era conhecida até por quem não era gaúcho. Relatou que sempre tivera vontade de ler a obra.
Otaviano argumentou que era sim, uma grande história.
Nisto, voltou-se para o filho dizendo-lhe que Otávio viria passar alguns dias na vinícola.
Olavo perguntou-lhe como estava o irmão.
Otaviano respondeu que parecia estar bem.
Serviram-se de um pouco de café.
A bebida estava acondicionada em uma garrafa térmica.
Enquanto sorviam a bebida, comiam um lanche.
Em seguida, voltaram ao trabalho.
Josie voltou ao livro.
No horário do almoço, voltaram para a casa.
A tarde, Josie permaneceu na residência.
Ajudou Vilma nos afazeres domésticos.
Ao término da jornada, Olavo resolveu tomar um banho.
Depois jantou.
Ao ver Josie sentada no sofá, ocupando-se de seu livro, perguntou-lhe como havia passado o dia.
Josie respondeu que estivera muito bem acompanhada de Vilma, e de todos as personagens do livro.
Quando Olavo percebeu que a moça já havia lido mais de duzentas páginas do livro, espantou-se.
Comentou então, risonho, que daquele jeito, a moça acabaria lendo o livro todo de uma sentada.
Josie contou que estava adorando ler o livro.
Olavo então, desculpando-se com a moça, respondeu-lhe que nos próximos dias, Otávio voltaria para casa e que poderia fazer-lhe um pouco de companhia.
Ao ouvir isto, Josie argumentou que o moço poderia estar mais interessado em se divertir do que fazer companhia para a ela.
Ao ouvir isto, Olavo respondeu-lhe então, que os dois poderiam se divertir juntos.
E assim, seguiram os dias.
Josie ficou entretida com a saga dos Terra e dos Cambará.
Olavo se ocupava na análise das uvas, e ficava a discutir com Otaviano, quais os produtos que poderiam extrair do produto.
Realizaram a colheita das uvas, com a participação de Josie.
A moça, munida de uma tesoura, ajudou a colher as frutas depositando-as num cesto.
Vilma cantava enquanto colhia as uvas.
Josie, ao perceber que se tratava de um ritual, ficou encantada.
Em um dos dias da semana, o moço acompanhou turistas, explicando-lhes o modo de fabricação das uvas, a produção dos vinhos e demais produtos vínicos.
Josie acompanhou-o no passeio.
Quando Otávio chegou de viagem, foi logo intimado a fazer companhia a Josie.
O jovem concordou, mas disse que gostaria muito de visitar o centro da cidade, e dançar.
Josie concordou.
Como a moça estava dormindo em seu quarto, Otávio teve que dormir na sala.
Josie constrangida, respondeu que não havia problema algum em dormir na sala.
Comentou que não estava interessada em desalojar ninguém.
Olavo disse brincando que a moça poderia dormir em seu quarto.
No que Vilma respondeu com um sonoro:
- Não senhor! Deixe de ser saliente!
O moço ficou desapontado.
Otaviano disse que Josie precisava ficar em companhia de pessoas de sua idade.
Olavo respondeu então, que nos últimos dias, não foi possível fazer nenhum passeio com a moça.
Josie argumentou que estava gostando do dia-a-dia na vinícola e que não estava se queixando de nada.
Olavo prometeu-lhe então, que no fim-de-semana sairiam juntos.
Comentou que iria levá-la para um passeio em Gramado e em Canela.
A moça comentou que não via a hora de rever as cidades.
Otávio, curioso, perguntou-lhe de onde ela era.
Josie respondeu que vivia em São Paulo, sua terra natal.
Simpático, Otávio respondeu que alguns de seus colegas de turma, eram de lá.
A moça respondeu que eles havia andado bastante para chegar a Curitiba.
Otávio concordou.
Nisto contou que estava no penúltimo ano de seu curso, e que dentro em breve, voltaria para casa. Para aplicar os conhecimentos adquiridos.
Desta feita, Otávio aproveitou a ocasião para auxiliar o pai e o irmão, na escolha das uvas.
Olavo e Otávio mais tarde explicaram a moça, que o grau de acidez das uvas, determinaria o tipo de produto a ser produzido. Se vinho tinto, seco, suco de uva, etc.
No dia seguinte, os moços mostraram a Josie a adega, os tonéis, o lugar onde as bebidas eram conservadas.
Olavo comentou que os turistas tinham acesso ao lugar.
Mais tarde, o trio foi até Gramado, onde Josie e Olavo relembraram dos lugares onde passaram.
Atencioso, ao perceber que Josie gostara de um poncho, resolveu comprar o mimo para sua prenda.
Josie agradeceu o presente.
Otávio, brincando com o irmão, respondeu que ele estava caprichando. Estava querendo impressionar.
Olavo respondeu que estava em falta com a guria, e que precisava se redimir.
Brincando, perguntou a moça se estava perdoado.
Josie respondeu que sim.
Olavo, aproveitando a presença do irmão, pediu para Otávio, tirar fotografia deles juntos, filmá-los caminhando pela cidade.
Mais tarde, o trio almoçou.
Comeram medalhão com molho de mostarda, batatas cozidas no vapor, e tomaram um vinho.
Olavo, conversando com o irmão, comentou que contrataram um profissional para avaliar a qualidade das uvas que eram produzidas na vinícola.
Otávio, comentou eles deveriam criar vinhos mais sofisticados para vender. Ressaltou que deveria abrir a possibilidade de vender os vinhos para outros mercados.
Olavo comentou então, que Josie criara um site para divulgar a vinícola da família, e com isto, foi criado mais um canal para venda dos produtos.
Otávio parabenizou a moça.
Brincando, disse que a cunhadinha já estava se inteirando dos negócios da família.
Depois do almoço, o trio continuou o passeio pelas ruas da cidade.
A noite foram aproveitar a noite da cidade onde moravam.
Otávio se acabou, dançando música eletrônica.
Josie e Olavo, que não curtiam muito o ambiente e a música, despediram-se de Otávio.
O casal resolveu ficar a sós.
Malicioso, Otávio recomendou juízo ao casal.
De madrugada, o jovem voltou para casa.
Josie e Olavo por sua vez, não voltaram para a vinícola.
Josie, ao perceber que dormiram no quarto do estabelecimento, espantou-se.
Levantou-se sobressaltada.
Ao olhar a janela, percebeu que já era dia claro.
Tratou logo de acordar Olavo, que dormia.
Olavo, ao perceber que a moça havia despertado, puxou-a de volta para a cama.
Josie insistiu para que ele a soltasse. No que o moço respondeu:
- Agora já devem ter percebido nossa ausência. – disse Olavo sossegado.
De fato, o casal só retornou a casa no meio da tarde.
Quando o casal retornou a casa, Otávio tratou logo de brincar com o irmão dizendo:
- A noite foi boa!
- Mas o dia foi melhor ainda! – respondeu o moço.
Josie não ouviu.
Aproveitando que Josie não estava por perto, Olavo comentou que estava pensando em se casar com ela.
Otaviano, percebendo que o casal estava junto a pouco tempo, indagou se não era cedo ainda para se pensar em casamento.
Olavo comentou então, que já estava apresentando a moça como sua noiva.
Otávio perguntou se ela estava ciente de seu interesse.
O moço respondeu que em breve ela tomaria ciência disto.
Nos dias que se seguiram, Olavo acompanhou a moça em uma viagem que planejara pelo interior do estado.
Comentou animado com os familiares, que havia combinado com Josie de lhe mostrar as Missões.
Otávio respondeu que era um ótimo passeio. Lamentou apenas não poder fazer a mesma viagem em suas férias.
Percebendo o ar de curiosidade de seus familiares, o moço comentou que faria um curso de férias em Curitiba, razão pela qual não voltaria para casa.
Foi o bastante para Vilma ficar desolada.
Otávio, tentando se justificar, respondeu que aproveitara os dias em que a faculdade estava de recesso para ficar um pouco ao lado da família.
Com isto, aproveitou para acompanhar Josie em alguns passeios no centro da cidade.
Otávio apresentou-lhe uma padaria onde segundo ele, era servido o melhor lanche da região.
Josie aproveitou então, para almoçar um lanche com salada, maioneze, catchup, mostard, calabreza, ovo.
Curioso, o moço perguntou-lhe se conhecia seu irmão há muito tempo.
Josie respondeu que não.
Otávio por sua vez, comentou que eles pareciam se conhecer há bastante tempo.
Ressaltou que eles tinham muita afinidade. Segredou que fazia tempo que não via o irmão tão entusiasmado com uma garota.
Contou que Olavo não era santo, mas que agora ele estava calmo, sossegado.
Josie se espantou com o comentário.
Otávio, percebendo que havia falado demais, desculpou-se com a moça. Argumentou que devia ter mais cuidado com o que dizia, já que ela era uma moça de fino trato.
Josie achou graça da expressão.
Otávio então, começou a contar que para os paulistas, o jeito de falar dos gaúchos era engraçado.
Josie respondeu que não era propriamente engraçado, mas os gaúchos tinham uma preocupação maior em pronunciar as vogais, de falar corretamente. Isto causa um certo estranhamento nos paulistas, que não tem esta preocupação. Mencionou que os paulistas tem um jeito mais informal de falar.
Rebateu porém, a brincadeira manjada que faziam de que o paulista pediu um chop’s e dois pastel. Argumentou que ela como paulista que era, nunca falou um absurdo deste, e que não conhecia nenhum paulista que falava desta forma.
Otávio respondeu brincando:
- É mina! Você é da hora!
Josie respondeu que ele poderia passar uma temporada em São Paulo, que não passaria apuros. Passaria por um legítimo paulista.
Otávio respondeu que fazia o que podia. Contou que a despeito das brincadeiras, gostava muito dos paulistas. Argumentou que não gostava da mania besta que havia entre algumas pessoas, de hostilizar quem não é do Sul. Disse que o Sul tinha seus encantos, e que São Paulo tinha a pujança.
Ao ouvir isto, Josie, respondeu que São Paulo não era uma cidade de belezas naturais, de natureza exuberante, mas que a mão do homem fizera prodígios pelo lugar. Comentou que a cidade tem muitos encantos e atrativos.
O moço confidenciou que tinha curiosidade em conhecer a cidade e saber se era realmente o colosso que falavam.
Josie disse que nascera na cidade, vivera e se criara por lá, e não conhecia tudo o que ela tinha para oferecer.
Otávio ficou espantado.
Josie respondeu que a cidade era maior do que muito países, e que havia bairros da cidade que ela desconhecia completamente, não apenas os mais longínquos, mas também alguns bairros menos famosos.
Nisto, a dupla ficou conversando longamente.
Enquanto conversavam e comiam, bebiam milk shake.
Depois do bate papo, a dupla caminhou pelas ruas da cidade.
Otávio comentou que estava interessado em uma moça na faculdade, mas que enquanto o namoro não engrenava, aproveitava para paquerar um pouco.
Dizia que a vida era muito curta e que tinha aproveitar para ser feliz. Afinal de contas, vai que o namoro não dá certo?
Josie achou graça no jeito prático do moço. Perguntou-lhe se estava ou não namorando a moça.
- Infelizmente não! Mas eu bem que gostaria.
Josie desejou-lhe toda a sorte do mundo. Comentou que torcia para que ele se acertasse com a jovem, e que ele fosse muito feliz com ela.
- Amém! – respondeu o rapaz.
Nisto, beijou a mão de Josie, que ficou um pouco sem graça com o gesto.
Mais tarde, a dupla voltou para a vinícola.
Riam as gargalhadas.
Olavo, ao vê-los tão cúmplices, ficou um tanto enciumado.
Durante o jantar, ficou o tempo todo perto da moça.
Otaviano percebendo isto, recomendou ao filho que não tivesse ciúmes do irmão.
Disse-lhe que Otávio jamais se prestaria a um papel tão deplorável quanto este.
Mas não adiantava, Olavo ficara enciumado.
Com isto, o moço decidiu antecipar o passeio pelas Missões.
Mas não pode evitar a convivência de Otávio e Josie, que passavam longas tardes conversando.
Olavo por sua vez, pedira para a mãe ficar sempre por perto.
Vilma respondeu que não havia motivos para tanto zelo, mas percebendo a impaciência de Olavo, prometeu que ficaria de olho na dupla.
Quando Otávio voltou para Curitiba, Josie deu um abraço de despedida no moço.
Olavo também se despediu do irmão.
O moço voltou para Curitiba dirigindo seu veículo.
Nisto, quando se viu a sós com Josie, Olavo argumentou que ela não precisava abraçar seu irmão daquela forma.
Josie respondeu que não fizera nada de mais. Apenas fora gentil com alguém que ocupou seu tempo em ser atencioso com ela. Argumentou que ele não tinha obrigação de ficar pajeando-a.
Vilma, tentando chamar o filho a razão, comentou que o gesto não fora malicioso.
Josie ficou incomodada com a reação do moço.
Olavo por sua vez, não conversou com a moça e tampouco com a mãe naquele dia.
No dia seguinte, aborrecida, Josie comentou com Vilma e Otaviano que estava preparando as malas para partir.
Não fosse a intervenção do casal, insistindo para que ficasse, e a moça teria partido.
Quando Olavo tomou conhecimento deste fato, foi correndo ao quarto onde a moça estava.
Josie distraída, não percebeu que o moço a observava da porta, arrumando suas coisas.
Quando notou a presença do rapaz, Olavo já havia entrado no quarto e encostado a porta.
Ao perceber que a jovem estava disposta a partir, pediu para que ela não fosse. Comentou que precisava conhecer melhor o estado, as Missões. Afinal, como ficaria a viagem que estavam planejando fazer já há algum tempo?
Josie argumentou que não poderia permanecer na casa de uma pessoa que não confiava nela.
Confessou que a desconfiança dele a ofendia.
Olavo, percebendo que se excedera, pediu-lhe desculpas.
Disse que sentira ciúmes da atenção que ela dispensara a Otávio, por que estava se sentindo negligenciado por ela. Comentou que ela nunca reclamava sua presença, e que sentia falta de um pouco de ciúmes.
Tentando provocá-la, Olavo respondeu que a maioria das namoradas que tivera, era ciumenta.
Josie, percebendo a provocação, respondeu que não era ciumenta, e que já tivera namorados ciumentos, com os quais tivera muito problema.
Olavo, ciente do recado que Josie lhe dava, respondeu que estava descobrindo agora, que poderia ser bem ciumento. Confessou que nunca tivera ciúme de suas namoradas, e que se sentira ameaçado com a presença de Otávio.
Josie sorriu.
Ao perceber Olavo vulnerável, sem pose, Josie segurou em seu rosto.
Comentou que naquele momento, ele fizera ela se lembrar do porquê ela o havia escolhido.
Olavo olhou-a com curiosidade.
Josie respondeu-lhe que quando ele queria, poderia ser verdadeiramente encantador.
Nisto a moça beijou-lhe os lábios.
Olavo correspondeu.
Quando Vilma adentrou o quarto em que a moça estava, notou que o casal dormia.
Constrangida, viu Josie e o filho enrolados nos lençóis.
Quando avistou-os, tratou logo de sair do quarto, sem fazer barulho. Encostou a porta.
Otaviano por sua vez, procurou o filho no quarto. Ao notar que o filho não estava em nenhum lugar da casa, pensou com seus botões: “Onde se meteu este moço?”
Vilma contou-lhe então, que Olavo dormia no quarto de Josie, com a moça nos braços.
Otaviano comentou que não adiantou fazer com que dormissem em quarto separados.
Vilma respondeu que não.
Argumentou que Olavo não tinha jeito. De uma forma ou de outra, acabava conseguindo o que queria.
Curioso, Otaviano foi bisbilhotar o quarto.
Ele e Vilma ficaram alguns minutos observando o casal.
Vilma comentou enternecida:
- Eles parecem se gostar bastante! Acho que se entenderam.
Otaviano começou a rir.
Preocupada com o riso do marido, mandou ele sair do quarto e saiu em seguida.
Como Otaviano continuava a rir, ela perguntou:
- Do que você está rindo?
- Nada. Só estou graça do seu acho que se entenderam. Você tem alguma dúvida de que eles já se acertaram?
Vilma então começou a rir.
- Ah! Essas crianças!
Otaviano respondeu:
- Crianças que já são capazes de fazerem outras crianças.
Vilma se enervou:
- Não diga bobagens! Eles não são casados.
Otaviano respondeu que da forma como as coisas estavam se encaminhando, seria apenas uma questão de tempo.
Quando o casal despertou, Olavo comentou sobressaltado que Vilma iria puxar suas orelhas.
Nisto levantou-se e começou a se vestir.
Josie começou a rir.
Enquanto se vestia, o moço perguntou-lhe do que estava rindo.
Josie respondeu:
- De nada. Só estou achando graça um homem do seu tamanho ter tanto medo assim de uma mulher.
No que Olavo retrucou dizendo:
- A questão não é esta, pois a mulher mencionada não é uma mulher qualquer. É minha mãe. E vou te dizer, é brava como o quê!
Quando terminou de se vestir, Josie também começou a se recompor.
Ao vê-la novamente vestida, o moço abraçou-a e brincando, disse que era uma pena não poder ficar mais um pouco.
Comentou que não via a hora de poder ficar o tempo todo ao lado dela.
Discretamente o moço abriu a porta, saiu do quarto e delicadamente conduziu-a fora do ambiente.
Sorrateiros, caminharam até a cozinha.
Quando ainda estavam no corredor, Vilma chamou-os.
O casal ficou visivelmente constrangido.
Olavo, sem saber o que dizer, perguntou se ela estava há muito tempo ali.
No que Vilma respondeu que o suficiente para saber que ele havia entrado no quarto da moça.
Disse que Otaviano procurou-o pela casa inteira.
O sangue de Olavo e Josie gelaram.
Nervoso, o homem perguntou se eles haviam entrado no quarto.
Josie ficou vermelha. Começou a olhar para o chão.
Otaviano tentando amenizar a situação, disse que o amor deles era visível, e que eles deveriam se casar o quanto antes, ou Vilma não os deixaria mais, ficarem sozinhos.
Ao ouvir isto, a moça começou a chorar.
Olavo abraçou-a.
Vilma ao notar que a moça estava constrangida, pediu para Olavo conduzi-la até a cozinha.
Lá a mulher deu um copo de água com açúcar para a moça.
Tentando amenizar o constrangimento, disse que ela não tinha do que se envergonhar pois até então, fora muito discreta.
Vilma comentou que Olavo era terrível, e não deixava por menos.
Por fim, concordou com o marido dizendo que eles deveriam se casarem logo.
Dias depois, o casal partiu de viagem para as Missões.
Não sem mil recomendações de Vilma. A mulher chegou a comentar que tivessem cuidado.
Josie, nos últimos dias, estava sem jeito de ficar a sós com Vilma.
Olavo e Otaviano percebendo isto, tratavam de levá-la junto deles quando iam trabalhar.
Enquanto trabalhavam, Josie lia os volumes da obra “O Tempo e o Vento”.
Por fim, Olavo e Josie, viajaram de carro pelo interior do estado.
Josie se deslumbrou com os pampas, sofreu com o frio extremo.
Olavo, percebendo que as roupas que a moça trouxera não era suficientes para o frio, tratou de levá-la até o comércio das cidades, para que comprasse roupas adequadas.
O moço providenciou chapéu, luvas. De pele.
Animado, comprou-lhe roupas típicas como ponchos, calças.
Ao vê-la trajada com as peças, dizia-lhe que estava linda.
Juntos, conheceram as ruínas de São Miguel das Missões. Passaram por outras cidades onde havia remanescentes das missões guaraníticas tanto do sul do Brasil, quanto do lado argentino.
Dançaram tango, acompanharam apresentações da dança típica da Argentina.
Josie arranhou um pouco de espanhol no país. Foram muito bem recebidos.
Na região, viram alguns homens de bombacha e bebendo chimarrão.
Josie brincou com Olavo dizendo que já havia visto aquela cena antes.
Em certa tarde de frio, a moça se deliciou com uma caneca com chocolate quente. Enquanto isto, Olavo, sorvia chimarrão, preparado em sua cuia.
O casal viu as missões guaraníticas argentinas.
Olavo contou-lhe ainda, no Sul, sobre a lenda do índio Sepé Tiaraju, e do padre Balda, que resistiram até o fim, contra as investidas espanholas. Mas as missões guaraníticas pereceram. A luta era mais por território, e por poder.
Josie brincou com Olavo, dizendo-lhe que estava saindo um ótimo guia de turismo, muito melhor que a encomenda.
O casal caminhou por construções e ruínas de pedras, áreas verdes.
Comeram muito churrasco gaúcho e argentino.
Ao retornarem a serra gaúcha, o casal foi recebido com festa por Vilma e Otaviano.
Olavo, disse aos pais, que pretendia se casar com Josie.
Foi o suficiente para que a moça começasse um acesso de tosse.
Preocupada, Vilma ofereceu-lhe um pouco de água.
Olavo então, aguardando a recuperação da moça, ao vê-la mais tranqüila, ressalvou que pretendia se casar com ela em no máximo três meses.
Nisto, fitou o rosto da moça, e ao perceber o espanto da mesma, comentou:
- Não adianta ficar com esta expressão de pasmo pois nós já tínhamos conversado sobre isto!
Otaviano perguntou ao moço, se Josie concordava com a decisão.
Josie sem jeito, respondeu que eles poderiam esperar um pouco.
Olavo por sua vez, respondeu que não gostaria de esperar mais do que três meses.
Josie respondeu-lhe que tinha um trabalho, e que não estava disposta a abandoná-lo.
Foi o suficiente para deixar o moço irritado.
Nervoso, disse que a mulher devia acompanhar o homem onde quer que ele fosse.
Ao ouvir as referidas palavras, Josie se exaltou.
Disse que sempre fora independente, que fora criada para ser dona do próprio nariz e que não estava disposta a mudar isto de maneira alguma.
Olavo, percebendo a irritação da moça, tentou alterar o discurso dizendo que não havia necessidade dela continuar trabalhando, haja vista que ele ganhava o suficiente para sustentar uma família. Argumentou que logo viriam os filhos e que ela se veria muito atarefada cuidando da educação deles.
Josie respondeu que mesmo que se mudasse para o Sul, procuraria emprego nas redações da região.
Olavo argumentou que na cidade em que viviam, não havia muito trabalho para uma jornalista.
A moça respondeu então, que poderia trabalhar em Porto Alegre.
Ao ouvir isto, o moço se indignou.
Disse que o casamento para trazê-la para perto de si e não para afastá-la.
Vilma, percebendo o clima tenso, comentou que eles poderiam pensar nisto depois.
Argumentou que ainda era cedo para se pensar em tantos detalhes.
Com isto, perguntou como fora a viagem.
Josie contou-lhe detalhes do passeio, de como Olavo fora atencioso com ela. Que dançaram tango.
Vilma admirou-se:
- Tango? Não sabia que meu filho sabia dançar a famosa dança portenha!
Olavo ao ouvir isto, disse-lhe que Josie estava se saindo uma exímia dançarina.
Ao falar sobre a viagem, o semblante do rapaz transformou-se. De carrancudo, passou a trazer um sorriso nos lábios.
Mais tarde, sua mãe conversou com ele.
Vilma aconselhou-o a não querer impor sua vontade a moça.
Disse que Josie tivera uma criação diferente da dela, mais consentânea com os tempos atuais. Argumentou que a moça não fora criada para o casamento, e sim para ser livre, independente, e que ela jamais se casaria por conveniência e sim por amor.
Olavo comentou que não queria forçá-la a se casar com ele.
No que Vilma respondeu:
- Eu sei! Você só quer que as coisas saiam do seu jeito. Quer que a moça se submeta a todas às suas vontades! ... Meu amor, não é assim que se faz um casamento! Numa relação a dois não é a vontade de um que deve prevalecer. Dever haver um consenso entre as partes. Não havendo consenso, é melhor adiar o compromisso até que as partes estejam mais amadurecidas.
Olavo tentou retrucar, mas Vilma respondeu-lhe que ele não estava respeitando a vontade da moça. Pediu-lhe para pensar no que estava fazendo.
Percebendo o aborrecimento do jovem, disse que tinha certeza do amor de Josie por ele, mas perguntou-lhe se tinha o direito de exigir tamanho sacrifício da moça. Impor que ela deixasse para trás, tudo o que havia construído com tanta dificuldade, casa, trabalho e amigos, para segui-lo numa relação que somente o tempo diria se seria feliz e duradoura.
Insistiu para que o filho pensasse nisto, pois Josie tinha muito mais a perder com o fracasso do casamento do que ele.
Olavo insistiu em dizer que o casamento daria certo.
Vilma argumentou dizendo que ele deveria conversar com a moça, tentar entender a situação dela. Ser mais compreensivo. Argumentou que a despeito da criação machista que tivera, não havia criado seus filhos para serem machistas com as mulheres.
Com isto, Olavo se acalmou.
Prometeu que conversaria com a moça. Agradeceu as palavras de sua mãe.
Mais calmo, o moço bateu na porta do quarto onde a jovem estava instalada.
Josie estava sentada na cama, olhando para as malas que ainda não tinham sido desfeitas.
Olavo, aproximando-se, sentou-se na cama.
Josie voltou-se para ele.
O moço então, pediu-lhe desculpas. Aproximou-se da moça e a abraçou.
Disse-lhe que sim, tinha muita vontade de se casar com ela, o quanto antes, mas que a despeito disto, deixaria que ela escolhesse o momento certo.
Josie respondeu que tinha compromissos na redação, e que precisava honrá-los. Comentou que não poderia se casar de uma hora para outra.
Olavo ficou desapontado.
- Então você não quer se casar comigo? – argumentou.
Josie respondeu que não era isto, o que estava querendo dizer e sim, que não estava pronta para se casar em três meses. Argumentou que precisaria arrumar um outro emprego na localidade, para que tivesse condições de se sustentar, sem depender dele.
Olavo retrucou dizendo que ela poderia trabalhar na vinícola da família.
Josie recusou a oferta.
Insistiu que ela própria deveria arrumar um emprego, e não trabalhar de favor para ele.
Nervoso, Olavo chamou-a de teimosa.
Josie retorquir dizendo que só queria ser dona do próprio nariz.
Contrariado, o moço teve que concordar com a moça.
Quando Olavo contou a mãe sobre a condição da jovem para se casar, Vilma comentou que Josie não se parecia com nenhuma das namoradas que tivera. Todas ávidas por um bom casamento, no qual pudessem abandonar seus empregos e viverem às custas do marido.
A mulher argumentou que Josie crescera em seu conceito.
Olavo por sua vez, estava inconformado.
Josie por sua vez, enquanto pensava na conversa que tivera com Olavo, decidiu tomar um banho.
Trocou de roupa, usando um vestuário mais leve.
Olavo ao vê-la usando calça jean’s e uma blusa mais leve, comentou que ela estava linda.
Para o jantar, Vilma havia preparado arroz a carreteiro.
Ao ver o prato sendo servido com carne e vinho, Josie comentou que adorava a iguaria.
Vilma respondeu que aos poucos ela iria se acostumar com os hábitos da terra.
Ao término do jantar, Josie pegou um livro para ler, mas Olavo, encostando-a em seu peito, começou a lhe dizer que estava sentindo saudades dela.
Vilma e Otaviano se afastaram.
Josie por sua vez, respondeu que só voltaria para São Paulo, dali a uma semana.
- Eu sei, e já estou sentindo saudades por antecipação!
Durante a última semana de Josie na vinícola, Olavo procurou convencer a moça a marcar para logo o casamento.
Diante disto, pediu para mãe preparar um jantar caprichado para a moça.
Empenhado em impressionar a jovem, encomendou muitos buquês de flores para enfeitar a sala e o quarto da moça.
Vilma e Otaviano haviam deixado a casa para eles, indo passear em Gramado.
Olavo levou a moça para passear pela cidade durante a tarde, e enquanto isto, Vilma preparava o jantar e enfeitava a casa com as flores encomendadas pelo rapaz.
Quando o casal voltou para casa, Olavo comentou:
- Enfim sós!
Josie ao ver a sala da residência toda enfeitada de flores, percebeu que Olavo estava preparando algo.
O moço contou-lhe que havia preparado uma surpresa para ela, e argumentou que estando ela casada com ele, sempre teria surpresas daquele tipo.
Com isto, perguntou se a moça estava com fome.
Josie respondeu que sim.
Ao perceber que a mesa da sala de jantar estava toda arrumada, a moça elogiou o capricho na decoração.
Olavo puxou uma das cadeiras.
Josie sentou-se.
Nisto, o moço pediu licença, dirigindo-se a cozinha.
Lá estava um recado de sua mãe, dizendo que ela e o marido haviam saído a cerca de quinze minutos. Que a refeição estava pronta, e votos de sorte e felicidades para ele.
Nisto, o jovem serviu a moça de arroz e carne.
Ofereceu-lhe um bom vinho.
Enquanto degustavam a comida, conversaram.
Olavo ofereceu uma sobremesa a Josie.
Dançaram.
Ao término da dança, o moço entregou-lhe uma caixinha.
- Abra! – pediu o rapaz.
Josie se deparou com um anel de prata com um brilhante no centro.
Olavo pediu licença e colocou a jóia no dedo de Josie.
Disse-lhe que aquele anel simbolizava o compromisso de ambos.
Ao receber o presente, Josie tentou argumentar dizendo que não havia necessidade de lhe dar algo tão caro.
No que Olavo rebateu dizendo que ela merecia receber presentes muito mais caros do que aquele, mas que o maior presente que ela poderia receber, era ele próprio.
Josie riu.
Olavo brincou dizendo que ele era um presente caro sim.
A moça retrucou falando que ele era um presente caro e modesto.
Olavo riu.
Respondeu que modéstia não era o seu forte, mas que também não era seu maior defeito, já que graças a sua falta de modéstia, havia conhecido a melhor mulher do mundo, para a qual poderia proporcionar as melhores coisas da vida.
Enquanto Josie sorria, Olavo pegou a moça pelo braço e convidou-a para dançar novamente.
Ensaiaram alguns passos de tango.
Olavo pegou um cravo e entregou nas mão de Josie.
A moça por sua vez, tocou o rosto do rapaz com a flor.
Nisto segurou as mãos da moça, estendendo os braços e caminhando lentamente de um lado e de outro.
- El dia en que mi quieras, la rosa que engalanas. – cantou Olavo.
Como em uma dança dramática, o casal ficou se olhando, se observando.
Dançaram, e a certa altura, beijaram-se.
Por fim, conversaram um pouco.
Olavo fazia planos. Fazia questão de que a moça se mudasse para o Sul.
Josie, por sua vez, dizendo que estava cedo para isto, comentou que precisava terminar seu trabalho na redação para depois, pensar no que faria de sua vida.
Olavo sorriu.
Disse-lhe que esperaria o tempo que fosse para isto.
Brincando respondeu-lhe que ela não se livraria tão facilmente dele.
Em seguida, convidou a moça para ir a seu quarto.
Josie lembrando-se do incidente envolvendo os pais do moço, se esquivou.
Olavo por sua vez, insistiu.
Apertando-a contra si, beijando-lhe, disse-lhe que sentia sua falta, e acabou conduzindo-a a seu quarto.
Dormiram juntos.
Contudo, seguindo as recomendações da moça, Olavo trancou a porta do quarto.
Risonho disse que agora estavam sós, e que teriam todo o tempo do mundo para eles.
Abraçado a Josie, Olavo sorria.
Após, ficou algum tempo velando o sono da moça.
Em seguida, dormiu.
Quando Otaviano e Vilma retornaram a casa, perceberam logo que o casal não havia acordado ainda.
O homem ficou espantado.
No que Vilma argumentou:
- Você se esquece que já teve a mesma idade que ele?
Otaviano riu.
Concordou com a esposa.
Quando o moço despertou novamente, chamou Josie, que permanecia deitada.
Carinhosamente sussurrou em seu ouvido para que acordasse.
Ao despertar, a jovem perguntou as horas.
Olavo olhou o relógio que ao lado da cama, e disse:
- Dez horas.
Josie ficou espantada.
- Dez horas?
Nisto começou a procurar suas roupas, que estavam espalhadas pelo quarto.
Olavo, percebendo o afobamento da moça, disse que poderia se vestir com calma, e se quisesse, até tomar um banho.
Nisto o moço abraçou-a.
Josie por sua vez, argumentou que já era hora de levantar.
No que foi questionada por Olavo que argumentou que pretendia ficar mais um pouco no quarto.
Josie então, segurando o lençol no corpo, pediu licença ao moço e dirigiu-se ao banheiro. Respondeu que iria tomar um banho.
Olavo recomendou que ela não fechasse a porta, pois iria tomar banho também.
Mais tarde, a moça saiu do quarto.
Rapidamente entrou no quarto onde estavam suas coisas e trocou de roupa.
Quando dirigiu-se a sala, já era quase meio-dia.
Otaviano, ao ver o filho, perguntou-lhe se tinha sido boa a noitada.
Vilma criticou o marido dizendo que aquele não era modo de se falar, pois além de invadir a intimidade do filho, estava também tirando a privacidade da moça.
Sorrindo, Olavo respondeu que não poderia entrar em detalhes, mas que estava muito bem e que a noite tinha sido muito boa.
Quando Josie apareceu na sala, o trio mudou de assunto.
Olavo comentou que agora estavam comprometidos oficialmente, e que em breve conversariam sobre a data do casamento.
Otaviano e Vilma, parabenizaram o casal.
Nos dias que se seguiram, Olavo se desdobrou para ficar ao lado da moça.
Mesmo cansado, a convidava para passear.
Nisto, quando o dia da partida chegou, o moço estava todo jururu.
Vilma ficou preocupada ao ver o filho tão desanimado.
Quando a moça retornou a São Paulo, Olavo conversava todos os dias com Josie pelo skype.
Dizia-lhe que estava morrendo de saudades, e que assim pudesse, iria ao encontro dela.
Por semanas mergulhou no trabalho.
Não tinha vontade de sair, nem quando seu pai o convidava.
Josie também sentia saudades do moço.
Contou as amigas sobre suas férias e mostrou-lhes seu anel de noivado.
Roberta por sua vez, disse que não estava mais conseguindo contatar Leonardo. Comentou ter ouvido da secretária do moço, que ele estava trabalhando como repórter em um país em conflito, e que não tinha previsão de quando ele retornaria a redação do jornal onde estava trabalhando.
Aborrecida, contou que isto faria com que o divórcio demorasse mais para ocorrer.
A moça ansiosa, disse que André retornaria ao Brasil dentro de poucos dias.
Lucineide comentou que ela estava mais interessada no retorno do amante do que na volta do marido.
Roberta irritada, respondeu que André não era seu amante, e que ela e Leonardo não mais juntos há meses.
Razão pela qual não traíra ninguém.
Josie por sua vez, percebendo que Lucineide iria retrucar, disse que estava sentindo muita falta de Olavo, mas que não estava segura em deixar tudo para trás, e começar tudo do zero no Sul.
Lucineide incentivava a amiga.
Dizia que emprego existia em todos os lugares, e que ela poderia se estabelecer noutro lugar.
Roberta por sua vez, dizia que ela deveria tentar ser feliz.
Nisto as amigas continuaram o trabalho na revista.
Medeiros não se cansava de elogiar as fotos que Josie fazia para suas matérias.
A última matéria na qual trabalhara, era sobre restaurantes que não dedicavam apenas a gastronomia.
Lucineide e Roberta também trabalharam na matéria, cobrindo diferentes regiões da cidade.
Enquanto isto, Roberta continuava a tentar contato com Leonardo; e Josie conversava com Olavo via skype, ou mesmo, em seu celular.
O moço comentava animado que as vendas dos produtos da vinícola haviam aumentado em relação ao ano anterior. Disse que tudo era resultado de melhorias que estavam sendo implementadas.
Josie o felicitava pelas novidades.
Vez ou outra o moço dizia que estava interessado em casar-se no ano que se seguiria.
Josie dizia-lhe que poderiam pensar no assunto.
Quando o fim do ano começou a se aproximar, Olavo convidou-a para passar o Natal com sua família.
Animado, disse-lhe que se quisesse, poderia chamar suas amigas que seriam muito bem recebidas.
Prometeu que uns dias antes, tentaria visitá-la em São Paulo, mas que não poderia garantir nada, já tinha muito trabalho na vinícola.
Josie respondeu que adoraria se ele pudesse ir a cidade, mas que se não fosse possível, ela iria até o Sul.
Roberta e Lucineide, ao tomarem conhecimento do convite, ficaram animadas.
Depois disto, silêncio.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 30
Tempos depois, finalmente Josie entrou de férias.
Quando Roberta soube que a amiga estava namorando firme, com um rapaz bonito, de nome Olavo, ficou fazendo gracinhas com ela.
Lucineide se juntava nas gozações, e Josie pedia para que se calassem.
Olavo mantinha contato com a moça.
Sempre que podia, ligava para a moça, comentava sobre seu trabalho, o aumento nas vendas dos produtos feitos na vinícola, etc.
Nisto, a moça dirigiu-se ao Sul.
Preparou suas malas.
Não sem ouvir os palpites de Lucineide e Roberta.
As amigas acompanharam Josie até o aeroporto.
Nisto, ao se despedir de Roberta, aconselhou-a a se entender com Leonardo.
Disse-lhe que não precisava permanecer brigada com o moço.
No que Roberta lhe disse que não fora ela quem brigara com ele, e que não tinha raiva do moço.
Contudo, não poderia aceitá-lo.
Josie continuou, dizendo que ela deveria se acertar com o moço, para conseguir viver bem com André.
Roberta respondeu-lhe que iria tentar conversar com Leonardo, mas que não poderia garantir que ele a ouviria.
Por fim, as amigas se despediram.
Josie rumou de avião para o Sul.
Com isto, ao chegar no aeroporto de Porto Alegre, a moça foi recepcionada por Olavo, que a aguardava.
Acenou-lhe enquanto a jovem aguardava sua bagagem.
Quando Josie foi ao encontro de Olavo, o moço a recebeu com um caloroso sorriso.
Perguntou-lhe como estava.
Josie respondeu que estava bem, e que não via a hora de rever os lugares por onde passara tempos atrás.
Animado, Olavo comentou que seria um mês muito especial o que ela passaria a seu lado.
Com isto, o moço carregou as malas de Josie até seu carro.
Levou-a até sua casa.
Ao chegar na propriedade da família, a moça cumprimentou Vilma e Otaviano.
Vilma mais uma vez, instalou a moça no quarto do irmão de Olavo.
Cansada, a moça pediu para tomar um banho.
Como fazia calor, Josie vestiu um vestido estampado de alças.
Olavo ao vê-la, disse-lhe que estava linda.
Vilma e Otaviano perguntaram sobre seu trabalho em São Paulo.
Josie respondeu que estava a correria de sempre. Muitas matérias, muito trabalho na redação.
Vilma comentou que leu a matéria que a moça fizera para o Sul.
Simpática, a mulher disse que mostrou a reportagem para suas amigas. Relatou que todas gostaram da matéria.
Animada, Vilma respondeu que ela havia captado um pouco do que era o viver daquela região.
Josie agradeceu os elogios.
Olavo por sua vez, convidou-a para um passeio.
Vilma por sua vez, argumentou que Josie poderia estar com fome. Razão pela qual sugeriu-lhe comer algo.
O moço porém, dizendo que estava apressado, pediu a mãe para providenciar uma cesta de pequenique.
Vilma argumentou que eles poderiam ficar ali, comer alguma coisa e depois sair para caminhar. Percebendo no entanto que o moço não mudaria de idéia, arrumou um pequeno café da manhã.
Na cesta havia bolo, pão, frios, um frasco com suco de uva, uma garrafa térmica com café, pratos, copos, toalha.
Com isto, ao receber a cesta das mãos da mãe, Olavo perguntou-lhe se havia colocado as ervas, água quente e a cuia de chimarrão, no recipiente.
Como Vilma não tivesse providenciado tais acessórios, Olavo dirigiu-se a cozinha, lá encontrando em um dos armários a cuia de chimarrão, e em outro a erva.
A mulher então, esquentou um pouco de água, e colocou em outra garrafa térmica.
Ajeitou os itens dentro da cesta.
- Meu filho! Você é impossível! Com você não há quem possa.
Josie por sua vez, despediu-se da mulher.
Comentou que mais tarde conversariam.
Quando o casal estava saindo da casa, Vilma recomendou a Olavo que ele não demorasse em seu passeio, pois dentro de duas horas estaria com o almoço pronto.
Olavo respondeu que na hora certa, estaria de volta.
Nisto, o moço conduziu a moça até um carro antigo, mas ainda em bom estado de funcionamento.
Ajudou Josie a sentar-se no veículo.
Colocou a cesta, ao lado da moça.
Olavo conduziu o carro pelo caminho das uvas.
Josie pode então, rever os parreirais.
Não se cansava de olhar.
Olavo, ao parar o veículo, percebendo o deslumbramento da moça com a beleza dos parreirais, comentou:
- Lindo, não? E pensar que já estamos na época da colheita das uvas. Logo, logo, todo este verde irá desaparecer.
Nisto, o jovem ajudou Josie a descer do carro.
O casal caminhou durante algum tempo pelo parreiral.
Mais tarde, quando o moço abriu a cesta de pequenique, pegou uma toalha e estendeu-a em um canto, ao lado do parreiral.
Auxiliado por Josie, o moço tirou bolo, pão, frios, suco, café da cesta.
Por último, retirou a garrafa térmica com água quente, a erva e a cuia.
Animado, comentou que Josie iria experimentar uma bebida muito especial, que não havia outra igual no mundo.
Olavo então, começou a preparar o chimarrão.
Bebeu um pouco, e ao oferecer a moça, percebeu uma hesitação.
Razão pela qual, insistiu.
Argumentou que se ela nem experimentasse, estaria fazendo uma desfeita para ele.
Sem jeito, a moça acabou aceitando a oferta.
Ao sorver a bebida, achou seu gosto amargo.
Motivo pelo qual, quando o moço perguntou-lhe se havia gostado, respondeu:
- É amargo!
Olavo riu.
- Aos poucos você se acostuma!
- Como assim? – perguntou a moça.
O moço então, passou a beber o chimarrão.
Ao oferecer a bebida novamente a moça, Josie recusou-se a sorver um segundo gole.
- Nem mais um pouquinho, prenda? – insistiu o moço.
Olavo disse-lhe para ficar à vontade e se servir dos comes e bebes.
Brincando, disse que as iguarias a fariam esquecer o gosto do chimarrão.
Josie comeu uns pedaços do bolo, e bebeu um pouco do suco de uva.
Enquanto comia, Olavo comentou que a bebida ajudava a suportar o frio da terra, esquentava o peito. Por esta razão, era servida quente.
Depois, o moço mostrou-lhe a erva com que fizera a bebida.
Josie comentou que o cheiro era forte.
Olavo respondeu que era planta nova.
A moça voltou a contemplar a paisagem, a admirar a grande quantidade de uvas, os parreirais a se perderem de vista.
Construções de pedra.
Enquanto caminharam, Josie viu algumas árvores, com buracos na parte inferior.
Lembrou-se da história dos imigrantes italianos dormindo dentro dos ocos das árvores, enquanto não tinham casas para se abrigarem.
Intrigada, perguntou a Olavo, como eles faziam para suportarem o frio que fazia durante a madrugada.
O moço respondeu que provavelmente faziam fogueiras para se aquecerem, e deviam cobrir a entrada com algum pano resistente as intempéries, como faziam os tropeiros, que dormiam com suas capas impermeáveis.
Depois, ao ver que Josie não se servira de outras iguarias, perguntou-lhe se estava cansada.
Como a moça respondera que não, Olavo insistiu para que ela se deitasse um pouco.
Sentado a seu lado, Olavo abraçou a jovem.
Argumentou que ela devia estar cansada, pois viajara de São Paulo a Porto Alegre, e depois seguira viagem com ele até a vinícola, que fica em outra cidade.
Josie respondeu que ele devia estar cansado, pois fora ele quem seguira dirigindo da vinícola até Porto Alegre, e depois de lá, até a vinícola.
Olavo retrucou dizendo que não, não estava cansado.
Começou a fazer uma massagem nos ombros da moça.
Também começou a se afastar.
Josie foi se inclinando, até ficar recostada.
Ficou contemplando a paisagem.
- Lindo, lindo, lindo! Eu também não me canso de olhar! – respondeu Olavo.
Josie continuava a olhar os parreirais verdejantes, as estradinhas de terras cortando as plantações.
Olavo percebendo que a moça estava entretida, começou a entoar canções de sua terra.
Josie riu.
Por fim, o casal levantou-se, guardou os comes e bebes, utensílios e toalha, dentro da cesta.
Voltaram para casa.
Quando adentraram a sala do imóvel, Vilma disse que eles estavam atrasados para o almoço.
Nisto a mulher serviu Josie com carne, batata recheada, arroz. Perguntou-lhe se gostaria de comer um pouco de salada.
Josie deixou Vilma colocar a salada.
Durante o almoço, Olavo comentou que Josie provou um pouco de chimarrão, mas que não gostara da bebida, por considerá-la amarga.
Vilma ao ouvir o comentário do filho, respondeu que com o tempo, ela acabaria se acostumando com a bebida.
Otaviano por sua vez, falou que geralmente quando a pessoa bebia o chimarrão pela primeira vez, estranhava o gosto, mas depois acabava se acostumando com a bebida. Disse que a bebida era uma marca registrada do povo gaúcho. Apaixonado, comentou que no Brasil aquela era uma terra onde seu povo costumava preservar suas tradições.
Josie argumentou que em São Paulo o problema era que em razão da absorção de tantas culturas, o povo da região acabou perdendo sua identidade. A moça comentou que não havia problema algum em aceitar a cultura de outros povos, de outras regiões, e até, de outros países. Contudo, não se devia perder a própria tradição.
Nisto, Otaviano perguntou se havia uma tradição paulista.
Josie respondeu que conhecia alguns aspectos culturais típicos de São Paulo, como o caipira, vindo da roça, que tinha um jeito todo particular de se vestir e de falar. Comentou que haviam dois representantes do caipira paulista, que eram o Mazzaropi – interpretado pelo ator Amácio Mazzaropi; e o Jeca Tatu – personagem de Monteiro Lobato.
Josie, contou ainda, sobre as festas juninas, os santos católicos, a Folia de Reis. E os tapetes de serragem a enfeitar as ruas de algumas cidades no feriado de Corpus Christi.
O homem ao ouvir a enumeração de Josie, comentou que festas juninas, tapetes com serragens e Folias de Reis não existiam somente em São Paulo.
Josie concordou, mas respondeu que em cada região, estas manifestações tinha seu colorido próprio.
Otaviano concordou. Respondeu que São Paulo poderia não ter uma cultura tradicional, antiga, mas que possuía uma cultura cosmopolita.
Josie comentou que em São Paulo, assim como naquela região do Sul, havia muitos descendentes de italianos. Disse que havia festas italianas muito famosas na cidade de São Paulo.
Vilma perguntou então, se havia uma música tipicamente paulista, como havia música típica gaúcha.
Josie respondeu que haviam músicas que falavam das belezas da cidade, da cultura caipira, mas que como estas músicas são tocadas em todo o país, acabam tendo uma característica mais universal.
Otaviano comentou que gostava muito do trecho da música de Caetano Veloso que falava que alguma coisa acontecia em seu coração, quando fazia o cruzamento da Ipiranga com a São João.
Simpático, respondeu que antes mesmo de pisar na cidade, já sabia que existiam na cidade logradouros com os referidos nomes. Curioso, contou que não sossegou até passar pelos lugares.
Campeou, campeou, até encontrar a famosa esquina.
Josie riu.
Enquanto almoçavam, a moça perguntou-lhe se ele conhecia o Brás.
Otaviano respondeu-lhe que não.
Josie bebeu então um pouco de vinho tinto.
Depois respondeu que um famoso compositor, cantor e sambista paulista, chamado Adoniram Barbosa, havia criado o “Samba do Arnesto”, no qual na letra da música, fazia menção ao Brás.
Otaviano admirado, respondeu que já havia ouvido falar no cantor. Curioso, perguntou como era a letra da música.
Sem jeito, Josie respondeu que não era muito afinada.
Curioso, Olavo pediu-lhe para cantar, nem que fosse desafinada.
Otaviano disse então, que conhecia algumas músicas de Adoniram, mas não se recordava desta canção.
Josie, timidamente, começou então a cantar:
- “O Arnesto nos convidou, prum samba ele mora no Brás. Nóis fumo não encontremos ninguém. Nóis vortemo cuma baita de uma reiva. Da outra vez, nóis num vai mais. Nóis num semos tatu. Noutro dia encontremo com Arnesto, que pediu desculpa, mas nóis num aceitemo. Isso não se faz Arnesto, nóis num se importa. Mais você devia tê ponhado um recado na porta...”
Otaviano por sua vez, comentou que conhecia a música.
Olavo perguntou a moça, se ele não era criticado por cantar errado.
Josie respondeu que provavelmente em sua época, ele deveria ter sido alvo de muitas críticas, mas que atualmente ele era um ícone da cultura paulistana e muito reverenciado. Disse que os erros de português de suas letras, eram uma forma de retratar o povo de sua terra, simples, que falava errado, e que sofria as vicissitudes da vida, suas dificuldades, era pobre.
Olavo entendeu a intenção do cantor.
Enquanto conversavam, saboreavam a deliciosa carne, acompanhada do arroz branco, e batata recheada.
Bebiam o vinho.
A certa altura, Olavo sugeriu um brinde as férias de Josie.
Sorrindo, prometeu que iria lhe proporcionar férias memoráveis.
Os quatro brindaram.
Ao término do almoço, Vilma recolheu a louça.
Josie se ofereceu para lavá-la.
Vilma porém, dizendo-lhe que era hóspede, recusou a oferta.
Josie não insistiu, mas dizendo que estava a disposição, argumentou que estava acostumada a cuidar de uma casa.
Vilma curiosa, perguntou-lhe se não morava com seus pais.
Josie respondeu que seus pais haviam falecido há cerca de três anos. Razão pela qual tivera que aprender a se virar sozinha.
Vilma ficou sem palavras.
A moça, percebendo isto, comentou que isto não lhe causava mais tristeza, pois havia aprendido a lidar com a ausência de ambos.
Argumentou que fazia mais de cinco anos que morava sozinha. Brincando, comentou que só não se arriscava a fazer pratos complicados. A cozinha poderia se incendiar. Mas que se virava fazendo o trivial.
E assim, enquanto lavava a louça, a moça conversava um pouco mais com Vilma.
Desta forma, a mulher contou sobre as traquinagens dos filhos, das brigas de Olavo com Otávio.
Contou que os irmãos eram muito companheiros, que brincavam juntos. Jogavam bola o dia inteiro se deixassem. Mas também, quando brigavam, podiam passar um bom tempo sem se falarem.
Vilma contou que se protegiam muito.
Relatou que houve um dia em que Olavo tentou fazer uma experiência com um gato, fato este que resultou em louças quebradas e muita confusão pela casa. Como ninguém confessasse quem havia feito a bagunça, ambos ficaram de castigo.
Como Olavo negou a autoria da traquinagem e Otávio também, os dois ficaram trancados em seus respectivos quartos.
Mesmo assim, Otávio não dedurou o irmão.
Curiosa, Josie perguntou qual fora a travessura, no que Vilma respondeu que Olavo tentou dar um banho no gato. Queria comprovar se de fato, gato não gosta de água.
A moça, perguntou então, se Olavo havia conseguido molhar o gato.
Vilma respondeu que ele conseguiu foi bagunçar a casa toda e levar um arranhão do bicho.
Olavo, depois de alguns minutos, foi até a cozinha.
Ao ver a moça conversando com sua mãe, perguntou-lhe se gostaria de fazer um passeio pela cidade.
Ao ouvir a palavra passeio, Vilma recomendou que a moça visitasse a igreja, a praça, e conhecesse o centro da cidade, e o comércio local.
Com isto, Josie e Olavo foram passear.
Vilma, percebendo que a moça usava um vestido leve, recomendou-lhe que levasse um casaco pois no final da tarde, a temperatura costumava cair um pouco.
Josie dirigiu-se ao quarto onde estava instalada e procurou um casaco que combinasse com o vestido. Decidiu levar um sobretudo.
Por fim, despediram-se de Olavo e Vilma.
No carro, o moço ligou o rádio, ficou a ouvir músicas da região.
Animado, começou a cantar.
Josie sorriu.
Curioso, Olavo perguntou do que ela estava rindo.
A moça respondeu:
- Eu não estou rindo. Estou sorrindo! Você canta muito bem.
O jovem ficou lisonjeado.
Enquanto dirigia, cantava. A certa altura, perguntou se não estava incomodando.
Josie respondeu que não.
Nisto o moço dirigiu até o centro da cidade.
Lá, passearam por uma praça, pela igreja matriz, caminharam por ruas, visitaram o comércio da cidade.
Avistaram construções em estilo contemporâneo, germânico.
O moço também levou-a para conhecer construções de pedra.
Josie ficou encantada com a cidade.
Tudo muito limpo, organizado, cidade arborizada, jardins bem cuidados.
Havia um pouco de pressa na cidade, mas nada que se comparasse a São Paulo.
Olavo percebendo o encantamento de Josie pela cidade, comentou que o lugar não era frenético e cosmopolita como São Paulo, mas tinha seu encanto.
Josie concordou respondendo que o município era muito charmoso.
Olavo, munido de uma câmera digital e uma filmadora, aproveitou para registrar todos os instantes do passeio.
Com o cair da tarde, o casal aproveitou para jantar no centro da cidade.
Como esfriara, Olavo auxiliou Josie a vestir seu casaco.
Enquanto degustavam um típico churrasco gaúcho, Olavo recebeu uma ligação em seu celular.
Era sua mãe, ligando para saber eles voltariam a tempo de jantar, ou jantariam em algum restaurante da cidade.
Olavo respondeu que já estava jantando. Argumentou que estava tudo bem, que Josie estava devidamente protegida do frio, e que não os esperassem, pois voltariam tarde do passeio.
Ao ouvir as frases finais da conversa, Josie criticou o namorado. Argumentou que ele estava sendo indiscreto.
Olavo, olhou-a nos olhos e disse que depois do jantar, ele iria mostrar a cidade iluminada, o comércio todo enfeitado de luz. Disse ainda, sussurrando em seu ouvido, que a noite estava só começando.
Nisto o garçom chegou e ofereceu lingüiça. A seguir, outro garçom ofereceu batata recheada.
Enquanto comia, Olavo insistia para que Josie se servisse de mais comida. A todo o momento Argumentava que ela estava comendo muito pouco.
Josie porém, dizia que estava satisfeita.
Insistente, Olavo chegou a pegar pedaços de carne de seu prato e oferecer para a moça.
Josie aceitava o alimento.
Ao término do jantar, Olavo perguntou se ela não gostaria de comer uma sobremesa.
Josie respondeu que gostaria de comer um doce.
Olavo sugeriu um sorvete.
A moça concordou.
Nisto, o rapaz pediu uma suculenta sobremesa.
Quando a sobremesa foi servida, Josie argumentou que não conseguiria tomar tanto sorvete.
Olavo, sem se fazer de rogado, respondeu que a ajudaria a comer a sobremesa.
E assim, o casal devorou juntos o sorvete.
Olavo aproveitou a ocasião para dar colheradas de sorvete para a moça.
Josie achou graça da situação.
Ao perceber que algumas pessoas olhavam para eles, chegou a ficar constrangida.
Olavo por sua vez, dizia para ela não se importar com olhares.
Dizia que as pessoas não estavam acostumadas a presenciar gestos de carinho, e isto fazia com que as pessoas que eram atenciosas umas com as outras, acabassem por chamar a atenção.
Josie olhou-o com ternura.
Em dado momento disse que ele era adorável.
Olavo recomendou-lhe que ela não lhe dissesse isto o tempo inteiro, ou ele ficaria mal acostumado.
Ao término da refeição, o moço pagou a conta.
A seguir, o casal caminhou por algumas das ruas por onde passaram durante o dia.
Josie ficou encantada com a beleza das luzes da cidade.
Olavo respondeu que durante a noite, a cidade tinha um charme todo especial.
A moça concordou.
Com isto, o casal ficou passeando durante algum tempo pela cidade.
Ao passarem por um centro de tradições, o casal entrou e ficou durante algum tempo acompanhando as danças.
Quando os membros do centro de tradições perceberam a presença do moço, trataram logo de convidá-lo para dançar.
Como estava acompanhado, Olavo pediu para dançar com sua noiva.
Ao ouvir a palavra noiva, Josie ficou espantada.
Todos os que estavam próximos, parabenizaram o casal.
Quando finalmente ficaram a sós, Josie perguntou de onde ele tirara a idéia de noivado.
Olavo respondeu que tivera vontade de dizer que tinha uma noiva e acabou falando.
A moça argumentou que ele não podia dizer o que quisesse sem pensar.
Olavo respondeu que não fora tão impensado assim, seu proceder.
Josie tentou argumentar, mas o moço, dizendo que iriam dançar um fandango, tratou de ensinar alguns passos da dança para a moça.
A jovem tentou se desvencilhar do compromisso, mas Olavo disse-lhe que ela fora intimada.
Com isto, só restou a jovem tentar aprender alguns passos da dança.
E assim, o casal dançou então para os freqüentadores do lugar.
Nervosa, Josie errou alguns passos, mas nada do que pudesse comprometer a dança.
Por fim, o casal agradeceu e Olavo se despediu dos amigos.
Ao saírem do CTG (Centro de Tradições Gaúchas), Josie argumentou que estava cansada.
Olavo, brincando com ela, disse para ela agüentar mais um pouco, pois dentro de algumas horas, estariam de volta a vinícola.
Nisto, o casal caminhou de mãos dadas até um estabelecimento da cidade.
Lá, Olavo reservou uma suíte.
Mais tarde, o casal rumou para a vinícola.
Durante a viagem, Josie aproveitou para colocar o sono em dia.
Olavo dirigiu pela estrada, ao som de músicas tradicionais do Sul.
Pela estrada escura, dirigiu, até chegar na vinícola.
Ao lá chegar, desceu do carro.
Do lado de Josie, abriu cuidadosamente a porta, tirou seu cinto, e carregou-a para dentro da casa.
Deitou-a no sofá da sala.
Depois, voltou para trancar o carro.
Quando voltou para dentro da casa, percebeu que sua mãe se encontrava na sala.
Olavo se assustou.
- Mãe! O que você está fazendo ai? – perguntou.
- Eu estava esperando vocês voltarem. – respondeu.
Josie permanecia deitada no sofá.
Olavo então, pedindo licença, disse que iria levar a moça até o quarto.
Vilma concordou.
Olavo então pegou a moça, e carregando-a, levou a moça para o quarto onde estava instalada.
Preocupada, Vilma lhe perguntou se não seria melhor acordar a moça para que trocasse de roupa e continuasse a dormir.
Olavo comentou então, que do jeito que Josie estava cansada, dificilmente ela acordaria para se vestir. Disse que dormira durante toda a viagem.
O moço, olhando a jovem dormir, respondeu que vendo a dormir tão tranqüila, ficou com pena de acordá-la.
Comentou preocupado que ela poderia perder o sono.
Com isto, retirou seu casaco, e ajudado por sua mãe, cobriu-a com o edredon estendido na cama.
Para isto, segurou-a nos braços novamente.
Vilma, estendeu o edredon.
Em seguida, Olavo beijou o rosto da moça.
Estendeu seu corpo na cama.
Vilma ficou enternecida com o gesto.
Por fim, o moço desejou-lhe boa noite.
Acompanhado por Vilma, fechou a porta do quarto.
Josie dormiu por horas.
Quando despertou, já era de madrugada.
Espantada, Josie percebeu que estava de volta a vinícola, e que havia sido levada do carro até lá.
Compreendeu que Olavo a carregara.
Por fim, vendo que ainda estava de vestido, e que seu casaco estava em uma cadeira, Josie resolveu vestir sua camisola.
Em seguida, deitou na cama e voltou a dormir.
Quando o dia amanheceu, a moça escutou um galo.
Continuou a dormir por mais algum tempo.
Por fim, levantou-se.
Resolveu tomar um banho.
Vestiu roupas limpas e confortáveis.
Ao abrir a janela do quarto, percebeu que estava um pouco frio.
Razão pela qual vestiu uma calça, botas sem salto, blusa de lã e casaco.
Devidamente composta, saiu do quarto, dirigiu-se a cozinha, onde Vilma já preparava um café da manhã.
Olavo ainda não havia se levantado, mas foi questão de tempo para que o fizesse.
Quando chegou a cozinha para tomar o café da manhã, Olavo disse que nos próximos dias ocorreria a colheita das uvas.
Convidou a moça para participar da colheita.
Vilma, ao ouvir o convite, censurou o filho.
Argumentou que a moça estava ali para descansar, e não para trabalhar mais.
Olavo retrucou dizendo que a colheita era trabalhosa mas tinha seu lado divertido.
Josie comentou que não se importava em participar.
Otaviano, brincando, respondeu que não costumava se enganar com as pessoas e que havia percebido que ela era uma mulher que não fugia do trabalho.
Josie riu.
O moço colocou um pouco de graspa, em seu café.
Comentou que durante o dia olharia os parreirais. Enquanto comia, pediu a Josie para acompanhá-lo.
Vilma, insistindo no fato de que a moça estava de férias, recomendou-lhe que não ficasse por toda a manhã nos parreirais ou a deixaria entediada.
Olavo respondeu que ela poderia preparar uma cesta com um lauto café da manhã, e que Josie poderia ler um livro enquanto ele trabalhava.
A moça concordou.
Luciana Celestino dos Santos
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