Poesias

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 68

Com isso, no dia seguinte, o professor lhe contou o que se sucedeu no jantar.
Alegando que tudo transcorrera às mil maravilhas, Augusto mal cabia em si de contente.
Andressa, fingindo admiração, comentou por meio da linguagem dos sinais, que foi dormir logo depois que Patrícia chegou.
Augusto, não acreditou muito nessa história. 
Todavia, interessado que estava em contar suas impressões sobre o encontro, comentou que ele e Patrícia estavam noivos.
Andressa felicitou o amigo.
Quando Patrícia foi visitar o agora noivo, Andressa também a cumprimentou pela novidade.
Sim, as duas eram amigas.
Muito embora no começo, Patrícia não tivesse gostado nada da idéia de ter uma estranha na casa de Augusto, ao perceber que Andressa não era nenhuma ameaça a ela,
acabou relaxando.
Tanto que aos poucos, acabou se tornando sua amiga também.
Patrícia, que não era professora, adorava ouvir Augusto ensinando, história, literatura e artes a Andressa. 
Por isso sempre que podia, acompanhava as aulas da garota.
Todavia, a despeito desse clima de harmonia, uma coisa a preocupava profundamente.
Ao saber que Andressa era filha de uma ilustre senhora da sociedade, Patrícia preocupou-se.
Aflita, comentou com Augusto que continuar com a menina dentro de casa, era o passaporte mais rápido para futuras encrencas.
Augusto, porém, alegando que a moça precisava de apoio, revelou que não tinha coragem de entregá-la para Paulina. 
Dizendo sabia o quanto Andressa sofria naquela casa, comentou que Jorge e Cristina viviam a infernizá-la.
Patrícia ao ouvir tais palavras, ficou penalizada. 
Tanto que parou de insistir na idéia de que Andressa deveria voltar para sua casa.
Assustada, Andressa ao ouvir os comentários de Patrícia, gesticulou nervosa. 
Por meio da linguagem dos sinais, Andressa pediu encarecidamente para que eles não a levassem de volta para aquela casa. 
Insistindo nisso, gesticulando, Andressa afirmou que preferia viver na rua a ter que voltar para aquela casa.
Patrícia, percebendo o nervosismo de Andressa, olhou para Augusto.
Augusto a censurou com um olhar de reprovação.
Foi então que a mulher pediu desculpas a Andressa. 
Dizendo que não tivera a intenção
de deixá-la nervosa, Patrícia comentou que só estava preocupada com a situação de Augusto.
Augusto, porém, não se importava. 
Tanto que além de escondê-la em sua casa, sempre que podia a levava para cinemas, teatros. 
Certa vez, levou-a até para assistir um show.
Com isso, Andressa, cada vez mais acostumada a conviver com o casal, passou a freqüentar uma escola pública.
Graças à intervenção de Augusto, Andressa voltou a estudar, e agora, convivendo com pessoas que tinham noção do que era viver com dificuldades, conseguiu finalmente se
enturmar.
A certa altura, já adaptada, pode-se dizer que conseguiu até, ter algumas amizades.
Mesmo sem poder pronunciar as palavras, Andressa utilizava-se da mímica e conseguia fazer com todos a entendessem. 

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.  

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 67

Até que numa tarde, depois de uma séria discussão, Andressa fugiu de casa.
Aproveitando um momento de distração de Paulina e dos empregados, finalmente a garota conseguiu ganhar a rua.
Paulina ao dar por falta da menina, ficou desesperada. 
Culpada, sentiu que errou por duas vezes com Andressa. 
Mesmo assim, aflita com o que poderia acontecer com a garota, chamou a polícia.
Nisso, Andressa perambulou durante algum tempo, pelas ruas. 
Decidida a não ser encontrada, a garota dormia cada dia num lugar diferente.
Foi quando, conheceu Marina – assistente social – que, convivendo com a realidade das ruas, e, percebendo que Andressa necessitava de ajuda, a auxiliou muitas vezes.
Preocupada com a garota, a encaminhou a abrigos, ofereceu-lhe comida, roupa limpa.
Prestativa, aconselhou-a.
A primeira vez que a viu, dormindo próxima a um viaduto, Marina perguntou-lhe o que estava fazendo dormindo na rua.
Andressa, tentando desconversar, começou a gesticular.
Marina não entendeu. 
Dizendo que ela parecia ter vindo de uma boa casa, comentou que não parecia uma garota de rua.
Foi quando Andressa gesticulou novamente. 
Tocando em seu rosto, Andressa tentava dizer que ‘quem vê cara, não vê coração’.
Desconfiada, foi difícil à aproximação. 
Temendo que fosse alguém da parte de Paulina, Andressa rechaçava Marina.
Com paciência, porém, Marina conseguiu finalmente, ganhar a confiança da garota.
Foi quando começou a se sentir gratificada por seu trabalho. 
Feliz, Marina não se cansava de dizer aos filhos, o quão estava feliz com seu trabalho.
Com isso, em suas andanças, Andressa foi descoberta pelo professor Augusto. 
Assustada, ao ser descoberta, Andressa fugiu.
Preocupado com a garota, Augusto bem que tentou segurá-la, mas Andressa, ágil, conseguiu fugir. 
Habituada a dormir em bancos de praça, no chão, enfim, em qualquer lugar, Andressa não se apertou.
A certa altura reencontrou Clau e Robson, que se espantaram ao vê-la usando uma roupa tão boa.
Andressa então contou por meio de gestos, o que lhe acontecera desde que fora levada das ruas.
Quando Clau e Robson ouviram a história, não acreditaram. 
Alegando que era tudo muito fantasioso, começaram a dizer que Andressa estava tirando uma com a cara deles.
Ao ouvir isso, Andressa tentou argumentar, mas era sempre interrompida pelos comentários maliciosos dos amigos. 
Desta forma, acabou desistindo. 
Foi então que percebeu que sua vida nunca mais seria a mesma.
Quando perguntou de Mateus, foi informada de que ele fora morto em outra chacina, na mesma época em que ela fora levada dali. 
Ao ouvir tais palavras, Andressa ficou chocada.
Nisso, o professor Augusto continuou a procurá-la. 
Interessado em trabalhos sociais, acabou por encontrar Andressa novamente, em uma das inúmeras noites em que foi servir como voluntário num projeto social.
Foi assim que se solidificou uma grande amizade.
Vencendo a resistência de Andressa, Augusto conseguiu fazer com que a garota ficasse em sua casa.
Mesmo desconfiada, a garota acabou concordando em seguir com ele.
Assim, Augusto mostrou sua casa a ela.
Vivendo com este novo amigo, Andressa descobriu um novo mundo. 
Mundo este fascinante. 
Foi neste lar, que passou a ter novamente o sentimento do que era fazer parte de uma família. 
Coisa que nem mesmo na casa de Paulina conseguiu sentir.
Convivendo com Augusto e sua noiva Patrícia, que Andressa aprendeu a enxergar o mundo com novos olhos.
Aliás, foi convivendo com o casal que pôde acompanhar a evolução da relação de ambos. 
Já íntima dos dois, foi Andressa quem ajudou o professor a preparar o jantar onde ele pediria Patrícia em casamento.
Feliz pelo professor, Andressa observou escondida o casal cear.
Quando finalmente Augusto tomou coragem e revelou sua intenção, Patrícia, que não esperava ser pedida em casamento, obviamente, espantou-se.
O professor, porém, não se deixou intimidar pela reação da moça.
Com isso, acostumando-se melhor com a idéia, Patrícia acabou concordando com o pedido.
Isso por que, ao mostrar-lhe a aliança de noivado, Augusto usou de toda sua argumentação para convencê-la a aceitar o pedido.
Patrícia, que já namorava Augusto, há quase quatro anos, percebeu então, que já era chegada à hora de dar o próximo passo. 
Assim, após algumas delongas, acabou aceitando o pedido.
Andressa, que observava o casal, escondida, por pouco não atrapalhou o jantar. 
Isso por que, distraidamente, acabou por derrubar uma caneca. 
Quando Patrícia ouviu o barulho, perguntou imediatamente, o que estava acontecendo.
Augusto, desconfiado que fosse obra de Andressa, comentou que não era nada demais. 
Provavelmente, alguma coisa que caiu na cozinha.
Patrícia, todavia, não acreditou totalmente na história. 
Tanto que a certa altura, perguntou de Andressa.
Foi quando Augusto comentou que ela fora dormir mais cedo.
-- Estranho! Até onde sei, Andressa não está acostumada a dormir cedo. – comentou Patrícia.
-- Mas sempre tem uma primeira vez. – insistiu o professor.
Andressa então, temerosa de atrapalhar o romance dos dois, resolveu se deitar e fingir que estava dormindo.
Nisso, depois do jantar, os dois se dirigiram ao quarto onde Andressa estava.
Percebendo que a garota dormia, resolveram não incomodá-la.
Augusto, porém, mal podia esperar para contar-lhe a novidade.

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 66

Com o passar do tempo, Andressa, começou a não se importar mais com nada disso.
Mesmo assim, avessa a qualquer aproximação com Paulina, à garota fazia questão de deixar bem claro, mesmo sem conseguir pronunciar uma palavra sequer, que não queria viver
naquele lugar.
Quando via o quão difícil era sua vida entre aqueles muros, Andressa sentia verdadeiramente necessidade de voltar para as ruas.
Paulina ficava mortificada quando via Andressa olhando a rua pela janela, saudosa dos tempos em que tinha o céu por abrigo.
Por conta disso, a certa altura, Paulina, passou de mãe extremada, para severa. 
E assim, sempre que podia, e a todo o momento dizia a filha sobre a grande oportunidade que ela vinha tendo.
Andressa, no entanto, parecia não ouvir sua mãe.
Certa vez, cansada de ser ignorada, Paulina pegou a filha pelo braço e ameaçou bater-lhe. 
Porém, ao ver Andressa se protegendo com as mãos, se arrependeu do gesto que tencionara fazer e lhe pediu desculpas.
Chorando, Paulina trancou-se no quarto. 
Não sabia o que fazer. 
Já fazia quase um ano que Andressa estava em sua casa, e nada da garota demonstrar carinho e agradecimento pelo que estava fazendo. 
Isso a magoava profundamente.
Durante uma certa tarde, Paulina, andando pelas ruas da cidade, encontrou Cleide – amiga dos tempos em que trabalhava num Banco – a qual não via há quase dezesseis anos.
Paulina, ao vê-la, fez logo questão de chamar-lhe.
Cleide ao vê-la bem vestida, impressionou-se. 
Por um momento chegou a não acreditar no que estava vendo.
Até que Paulina começou a dizer:
-- Cleide! Não está me reconhecendo? Sou eu, Paulina.
Cleide comentou então, espantada:
-- Paulina, como você está elegante!
Nisso as duas se abraçaram.
Cleide revelou então, que se casou com Claudionor – colega de Ricardo, seu irmão – e que tivera dois filhos com ele, Luana e Rodrigo – com treze e catorze anos, respectivamente.
Paulina ao saber disso, a felicitou. 
Dizendo que também se casou, comentou que teve Jorge e Cristina, com seu falecido marido Antenor.
Curiosa, Cleide, um pouco sem jeito, perguntou sobre seu filho com Clóvis.
Foi quando Paulina revelou que era uma menina. 
Sim, tratava-se de uma menina.
Mas, por falta de condições financeiras, Paulina resolveu deixá-la em um orfanato. 
Crédula de que a menina teria um futuro melhor numa instituição, do que passando fome a seu lado, Paulina abandonou a filha.
Contudo – revelou Paulina –, a vida da garota, foi uma sucessão de tropeços. 
Isso por que, adotada por uma família, acabou depois da morte do pai adotivo, deixada em um orfanato. 
Nesse lugar viveu por cerca de dois anos, até que, cansada de ser maltratada, fugiu.
Nisso, viveu durante alguns anos nas ruas, foi pega furtando objetos de valor, e ficou algum tempo na FEBEM. 
Durante uma confusão ocorrida na instituição, fugiu de lá. 
Voltou a viver na rua. 
Ameaçada por um rapaz, tornou a viver com a mãe adotiva. 
Acidentou-se, e ficou algum tempo, ficou internada. 
Ao ser liberada, voltou a viver com a mãe adotiva, mas depois de algum tempo, percebendo que não teria paz no cortiço em que vivia, tornou a viver na rua.
Agora – contou Paulina –, a menina estava vivendo em sua casa, junto de seus filhos legítimos, fruto de seu casamento.
Cleide ao ouvir o relato da amiga, ficou impressionada. 
Perguntando sobre como estava sendo lidar com essa situação, descobriu que Paulina estava aturdida. 
Mesmo tentando por meses conquistar a filha, Andressa se mostrava cada dia mais relutante em aceitá-la.
Foi quando Cleide revelou que sua situação também não estava fácil. 
Isso por que, abandonada por seu marido, Cleide se viu na delicada situação de ter de voltar a trabalhar.
Sim, por que só assim conseguiria sustentar seus filhos ainda pequenos, e sem condições de manterem.
Emocionada, Paulina, finalmente tomou coragem e perguntou de Ricardo.
Cleide, mencionando que ele se casara por duas vezes, relatou em seu primeiro casamento, a mulher, desejosa de filhos, não conseguiu convencê-lo a tê-los. 
Em razão disso, depois de algum tempo, a relação se deteriorou. 
No segundo casamento, ao conhecer Isadora, Ricardo estava convencido de que havia encontrado a mulher de sua vida, mas ela depois de algum tempo, passou a também desejar filhos. 
Como Ricardo estava decidido a não tê-los, o casamento também acabou.
Por fim, dizendo que acreditava que ele nunca superara a traição de Paulina, Cleide revelou que a considerava leviana pelo que fizera a seu irmão.
Paulina, percebendo um certo rancor por parte de Cleide, comentou que ela fora infantil demais para perceber o quanto poderia magoar os sentimentos de alguém. 
Dizendo que quando engravidara de Clóvis teve que viver num lar de mães solteiras, revelou que depois que abandonou a filha, viveu durante meses em uma pensão imunda. 
Chegou até, a passar fome. 
Até que conseguiu arrumar trabalho, e nesse trabalho, conheceu Antenor.
Depois disso, sua vida mudou radicalmente.
Desconfiada de que Cleide não acreditava que ela tivesse realmente gostado do marido, Paulina revelou que enquanto esteve casada, nunca o traiu. 
Pesarosa pelo que havia feito anteriormente, não se atreveu a trair Antenor com ninguém.
Cleide ironicamente disse:
-- Entendo!
Paulina, que não estava nem um pouco interessada em brigar, fingiu não ouvir a palavra irônica. 
Tanto que perguntou sobre Marina.
Cleide então lhe contou, que a amiga havia enviuvado fazia alguns meses.
Paulina ficou chocada. 
Cleide então revelou que Marina, durante o curto tempo em que viveu com Antônio, foi muito feliz. 
Com ele teve os gêmeos Marta e Marcos. 
Agora, em razão das dificuldades encontradas, voltou a trabalhar. 
Dedicada, estudava para passar em um concurso público.
Paulina ficou atarantada. 
Ao saber de tantas novidades, ficou sem saber o que pensar.
Foi quando perguntou sobre Tiago e soube que ele havia se mudado há muitos anos para o interior.
Com isso, ao final de horas, as duas amigas se despediram. 
Prometendo se encontrar, trocaram telefones e endereços.
Após, Paulina retornou para sua casa.
Novamente enfrentaria uma rotina de distanciamento com sua filha.
Arisca, Andressa fazia de tudo para não se aproximar de Paulina.
Paulina por sua vez, sem paciência para aturar os melindres da garota, tornou a entrar em atrito com ela. 
Cobrando atenção e agradecimento, só conseguiu afastar mais ainda Andressa.

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.  

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 65

Com isso, Andressa voltou a manifestar sua insatisfação de viver naquela casa.
Paulina, porém, não se deixou intimidar.
Dizendo que ali era seu lugar, com o passar do tempo, percebendo que Andressa estava mais preparada, Paulina, começou a cogitar a idéia de matriculá-la em uma escola.
Dito e feito. 
Assim que pode, matriculou Andressa no mesmo colégio em que Jorge e Cristina estudavam.
Foi o bastante para os dois tornarem a vida da garota ainda mais difícil.
Isso por que, não bastasse a convivência forçada dentro de casa, Andressa ainda tinha aturá-los na escola.
Quando Cristina e Jorge souberam da novidade, ficaram revoltados. 
Dizendo que não aceitariam se misturar com ‘aquela garota’, disseram que se ela passasse a estudar na mesma escola que eles, preferiam mudar de ambiente.
Paulina ao ouvir isso, gritou com os filhos. 
Dizendo que eles estavam abusando do direito de serem mimados, comentou que Andressa precisava de ajuda e não de agressão.
Jorge e Cristina, no entanto, não se importavam com o sofrimento da garota. 
Dizendo que isso não era problema deles, continuaram a argumentar que ela estava ocupando o lugar deles.
Paulina ao ouvir tais palavras, respondeu que não era nada disso.
Cristina e Jorge, todavia, pareciam não acreditar em suas palavras.
Por essa razão, mimados, Jorge e Cristina faziam de tudo para infernizar a vida da moça. 
Inconformados com a atenção que Paulina dispensava a Andressa, os dois irmãos não perdiam a oportunidade de tentar humilhá-la.
Como sabiam que Andressa estava atrasada com seus estudos, viviam dizendo que ela era burra demais para acompanhá-los, e que quem nasceu para lagartixa, nunca chegaria
a jacaré.
Paulina ao saber da tirania dos filhos, tratou de tomar providências.
Assim, novamente, chamou-lhes a atenção.
No que tange o fato de Andressa estar atrasada em seus estudos, Paulina já havia providenciado um professor particular, que a auxiliou a superar a defasagem decorrente dos
anos em que ficou longe da escola. 
Com isso, Andressa agora podia ingressar em uma turma em todos os alunos tivessem a mesma idade que ela.
Sim, Andressa, acabou por conseguir adiantar seus estudos e ir para a primeiro colegial.
Todavia, não foi fácil se adaptar a escola. 
Embora tivesse facilidade em aprender o que era ensinado, Andressa não conseguia se enturmar.
Isso por que os alunos, frutos de uma elite, ao saberem de sua origem pobre, passaram a discriminá-la.
Nesse aspecto, cabe ressaltar, que os comentários maldosos de Jorge e Cristina foram de grande valia. 
Muito embora omitissem o fato de que Andressa era irmã deles, os dois conseguiram complicar a vida da garota. 
Por conta disso, Andressa, acabou por não se enturmar direito com o pessoal da escola. 
Sempre sozinha, a garota aproveitava para caminhar, ler, etc. 
Muito embora fosse discriminada no colégio, nunca reclamou.
Para complicar ainda mais sua situação, Jorge e Cristina, ao saberem das dificuldades de Andressa em arrumar amigos, começaram a ridicularizá-la.
Paulina ficava inconformada com a crueldade de Jorge e Cristina. 
Tanto que vivia a repreendê-los. 
Em vão.
Isso por que, embora ficassem bravos e parassem um pouco com as provocações, era apenas Paulina virar às costas, para que os dois voltassem a atormentar Andressa. 

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.  

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 64

Com isso, no dia seguinte, interessado em conhecer a moça, Augusto resolveu comparecer à casa de Paulina.
A mulher, ao vê-lo, o cumprimentou. 
Após oferecer-lhe um café, comentou que Andressa era uma garota muito especial, que necessitava de uma dedicação especial. 
Um pouco constrangida, Paulina comentou que estava disposta a tudo para ajudar sua filha.
Dizendo que Andressa estava há muitos anos longe da escola, Paulina pediu a ele que lhe ensinasse tudo o que pudesse. 
Comentando que Andressa gostava muito de ler, ressaltou que ela não conseguia falar.
Ao ouvir isso, Augusto ficou espantado.
Paulina percebendo isso, comentou que ela sabia ler e escrever. 
Portanto não haveria empecilho para que ela pudesse estudar. 
Além disso, um dia ela falou. 
Mas por uma infelicidade, perdera a fala em decorrência de um trauma.
Augusto, percebendo que Paulina não queria entrar em detalhes, preferiu perguntar:
-- E quando eu começo?
-- Agora mesmo se o senhor quiser. – respondeu Paulina, satisfeita com a iniciativa do professor.
Curioso, Augusto indagou:
-- Pois então, onde está minha aluna?
Foi então que Paulina respondeu que iria chamá-la.
Assim, foi questão de minutos para que Paulina fosse buscar Andressa e apresentá-la a Augusto.
Quando Andressa se viu diante do professor, a simpatia foi imediata. 
Tanto que Augusto imediatamente começou a lecionar.
Atenta Andressa procurou reter tudo que lhe era dito.
Paulina de longe acompanhava a aula e ficava encantada com o interesse da filha.
Percebendo o interesse de Andressa, Augusto começou a falar de história, da Idade Média, as cantigas de trovador, etc.
Paulina, que nunca se interessara em estudar, admirou-se ao notar a atenção com que Andressa ouvia tudo o que o professor falava. 
Sinceramente, isso ela não tinha herdado dela.
A aula durou um longo tempo.
A certa altura, percebendo que já era hora de interromper os estudos, Paulina foi até a cozinha e pediu a Jurema que providenciasse um café-da-manhã para ambos.
Em questão de minutos, Juraci apareceu na sala com uma bandeja repleta de comes e bebes.
Sem graça, Augusto recusou o café. 
Dizendo que já tinha tomado um café quando saiu de casa, ouviu Paulina dizer:
-- Mas eu exijo que o senhor coma alguma coisa! Afinal de contas, já faz quase três horas que está falando praticamente sem parar! ... Vamos! Coma alguma coisa, ou eu ficarei
ofendida!
Sem jeito o professor pegou um pãozinho e começou a comer.
Andressa, já sem nenhuma cerimônia, também começou a se servir. 
Foi quando derrubou a xícara de chá no chão.
Paulina, ao ver a xícara se espatifar, pediu a Andressa que tivesse um pouco mais de cuidado.
Andressa desculpou-se.
Paulina então, percebendo a falta de jeito de Andressa em manusear copos, pratos e talheres, resolveu ajudá-la. 
Primeiramente, pediu a Juraci que providenciasse uma outra xícara.
Foi o que a mulher fez.
Com isso, Paulina ensinou sua filha a segurar a xícara. 
Depois, ensinou-lhe como segurar o bule. 
Aos poucos lhe ensinou a comer croissantes, entre outras iguarias.
Foi assim. 
Pouco a pouco as coisas começaram a entrar nos eixos.
Com as aulas particulares, Andressa começou a se mostrar menos arredia e um pouco mais disposta a aceitar a ajuda de Paulina.
Para Paulina, isso era uma ótima notícia.
Com isso, após algumas aulas, percebendo que não havia combinado como pagaria o salário do professor, Paulina resolveu fazer um cheque num valor simbólico.
Augusto, ao ver a soma registrada no cheque, ficou espantado. 
Dizendo que era muito dinheiro, fez menção de que recusaria a oferta.
Paulina, porém, dizendo que era o justo, fez questão de que Augusto aceitasse o dinheiro. 
Afirmando que um bom trabalho merecia ser bem recompensado, Paulina comentou que no Brasil, os professores são muito mal pagos. 
O que para ela era um absurdo, já que são os professores os maiores responsáveis pela formação intelectual de um ser humano.
Augusto ao ouvir tais palavras, agradeceu a deferência.
E assim, as aulas prosseguiram.
Cada vez mais animada com as aulas, era cada vez mais raro ver Andressa se indispondo com Paulina.
Ocupada com seus afazeres, Andressa freqüentava as aulas para aprender a linguagem dos sinais, tinha aulas particulares, lia muito. 
Então agora, com pouco tempo ocioso, o que lhe restava era ouvir os conselhos de boas maneiras dados por sua mãe.
Mesmo assim, a garota continua intrigada com o súbito interesse daquela mulher por ela. 
Afinal de contas, como ela poderia ser filha daquela madame, se sua mãe era Andréia?
Andressa não conseguia entender. 
Contudo como tudo estava correndo bem, Andressa desistiu temporariamente, de lutar contra isso.
Desta forma, tudo ia bem, até que Cristina e Jorge resolveram voltar para casa.
Quando os dois irmãos viram aquela garota estranha, em sua casa, pensaram logo que se tratava de uma visita. 
Contudo, depois de pensarem um pouco, se lembraram da história que sua mãe havia contado sobre uma suposta filha que havia abandonado.
Irritadíssimos, Cristina e Jorge foram logo conversar com Paulina, que lhes contou que finalmente encontrara sua filha. 
Porém, evitando entrar em detalhes, Paulina comentou conseguiu localizá-la, graças a ajuda de um detetive particular.
Revoltada, Cristina respondeu:
-- Eu não acredito nisso!
Jorge também parecia estar inconformado.
Irritados e enciumados, os dois insistiram para que Paulina colocasse aquela garota na rua. 
Dizendo que não dividiriam sua casa com uma estranha, começaram a conjecturar de onde ela teria vindo.
Paulina querendo encerrar aquele assunto, comentou que Andressa tivera uma vida muito sofrida. 
Contudo aquele não era o momento para falar sobre isso. 
Dizendo queAndressa precisava de atenção, Paulina pediu aos filhos que fossem compreensivos com ela.
Cristina e Jorge, porém, disseram que não estavam nem um pouco preocupados com ela. 
Dizendo que Andressa que se lixasse, comentaram que no que dependesse deles, a vida daquela garota iria se transformar num inferno.
Nisso, Jorge e Cristina deixaram a mulher sozinha.
Paulina ao ouvir tais palavras, ficou extremamente preocupada.
Jorge e Cristina então, interessados em azucrinar Andressa, passaram a procurá-la.
Ao verem-na diante da piscina, tencionaram jogá-la na água.
Não fosse a aparição de Paulina e eles teriam posto em prática a idéia.
Mas a mulher, conhecendo os filhos como conhecia, tratou logo de ficar de olho nos dois. 
Ao vê-los de longe, rondando Andressa, Paulina percebeu imediatamente qual era a intenção de ambos.
Furiosa, assim que pôde, Paulina chamou-os para uma conversa. 
Decepcionada com o comportamento dos filhos, disse-lhes poucas e boas.
Jorge e Cristina por sua vez, inconformados, tentavam a todo momento retrucar.
Paulina, por sua vez, não estava a fim de desculpas. 
Dizendo que eles não tinham o direito de fazer maldades com a garota, comentou que Andressa não pedira para nascer. 
Além disso, não tinha culpa nenhuma pelo que estava acontecendo.
-- Não tem culpa! E eu tenho! – retrucou Jorge.
-- É claro que não! O erro foi meu. – respondeu Paulina.
-- E por causa de seu erro, nós é que vamos ser punidos? – perguntou Cristina.
Paulina tentou explicar, mas Jorge e Cristina, não queriam mais saber de conversa.
Irritados, deixaram-na falando sozinha.
Paulina gritou, exigiu que eles não a deixassem falando com as paredes, mas eles não a obedeceram.
Em razão disso, Paulina, se viu obrigada a chamar a atenção de ambos por várias vezes. 
Irritados, ao verem que Andressa não tinha a mesma desenvoltura que eles à mesa, começaram a ridicularizar a garota.
Paulina ao notar o ar de desdém dos filhos, chamou-lhes a atenção. 
Em seguida, cuidando para que Andressa não ficasse constrangida à mesa, ensinou-lhe pacientemente, a manusear os talhares.
Jorge e Cristina, só ficavam a olhar a moça. 
Furiosos, se pudessem, a matariam com o olhar.
Andressa, porém, entretida em aprender a como se comportar a mesa, não percebeu o ar de irritação dos irmãos.
Com isso, sua estada na casa se tornou mais difícil.
Isso por que, não bastassem as dificuldades para se adaptar a nova vida, Andressa tinha que lidar agora, com duas feras.
Sim por que, raivosos com sua presença, Jorge e Cristina faziam de tudo para irritar Andressa.
Com isso, procurando evitá-los, Andressa passou a ficar cada vez mais tempo em seu quarto.
Paulina, percebendo isso, começou a levar Andressa para fazer passeios pela cidade.
Sequiosa de tornar sua filha preparada para enfrentar o mundo, Paulina começou a levá-la a cinemas, teatros, museus, parques, etc.
Isso só serviu para deixar Cristina e Jorge mais enciumados.
Porém o que fazer? 
Sempre que os chamava para acompanharem Andressa, os dois se recusavam firmemente.
Sim, a convivência estava difícil.
Por esta razão, Paulina ficava cada vez mais tempo longe de casa. 
Preocupada com Andressa, sempre a levava para sair.
Quando precisava ir até a loja, deixava Andressa sob os cuidados dos empregados, que a essa altura, já se tornaram amigos da moça. 
Para desespero de Paulina que achava que devia haver uma distância entre patrões e empregados.
Andressa, no entanto, acostumada a viver na pobreza, não via diferença entre as pessoas.
Mas para Paulina, havia sim, uma diferença fundamental. 
Disposta a ensinar sua filha este ponto, acabou por criar atritos com Andressa.
Irritada, toda a vez que Paulina dizia que os empregados não deveriam ser tratados com tanta atenção, Andressa se revoltava.
Já um pouco mais familiarizada com a linguagem dos sinais, Andressa argumentou que naquela casa, os empregados foram os únicos que a aceitaram de verdade. 
Com o auxílio da linguagem dos sinais, Andressa disse que até mesmo ela não a aceitava como era de verdade.
Paulina tentou retrucar, mas Andressa insistiu na idéia de que eles eram seus verdadeiros amigos.
Desta forma, a mulher não teve como argumentar.
Até por que, estando em companhia deles, Jorge e Cristina evitavam se aproximar da garota.
Porém, quando Andressa estava sozinha em algum canto da casa, lá estavam eles contando piadinhas, ridicularizando sua maneira de ser. 
Andressa irritada, tratava de se dirigir a cozinha. 

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 63

Um dia desses, em mais uma tentativa de fuga, Andressa aproveitou-se novamente da distração dos empregados. 
Pretendendo fugir, correu pelo quintal. 
Ao notar que o portão estava semi-aberto, Andressa tentou abri-lo com cuidado. 
Desta forma, vagarosamente, empurrou-o. 
Não queria que os empregados, pelo barulho, dessem por sua falta. 
Contudo, o portão era pesado, e para abri-lo, Andressa precisava fazer força.
Por conta disso, demorou para conseguir abrir o portão.
Nesse momento, Cristóvão – o motorista – preparando o carro para sair, percebeu que havia alguém tentando empurrar o portão. 
Discretamente, aproximou-se.  
Quando viu que era Andressa quem estava tentando abri-lo, começou a gritar para que ela parasse.
Andressa assustada, continuou a tentar abrir o portão.
Entretanto, já era tarde.
Quando o empregado notou sua presença, já não dava mais tempo de ganhar a rua.
Com isso, Andressa teve que se conformar e voltar para casa.
Quando Paulina soube da nova tentativa de fuga de Andressa, passou-lhe um tremendo sermão. 
Dizendo que ela tinha uma vida boa, que não precisava se preocupar com mais nada, Paulina censurou a atitude de Andressa. 
Decepcionada, não conseguia entender como uma pessoa poderia querer viver uma vida de miséria, sem nenhuma perspectiva.
Andressa, que não tinha outra escolha, ouvia a tudo calada. 
Com a cabeça baixa, a garota parecia não se importar com suas palavras.
Nesse momento, Paulina perguntou-lhe o que estava faltando.
Andressa continuava indiferente.
Aflita, Paulina falou:
-- Eu sei que não fui uma boa mãe para você! Mas eu estou tentando. O que eu posso fazer para ao menor minorar as conseqüências do meu erro? ... Vamos me diga. Me diga o
que você... Eu prometo que dentro do possível eu vou te atender ... Vamos... Por favor, peça alguma coisa!
Andressa continuava de cabeça baixa.
Paulina, percebendo que não seria fácil penetrar naquele mundo, respondeu:
-- Tudo bem! Eu não vou te prender mais. Pode voltar para seu quarto.
Andressa não precisou ouvir duas vezes. 
Assim que pôde, subiu para o quarto.
Paulina então, pensando nos últimos dias, começou a analisar sua convivência com Andressa. 
Disposta a se aproximar de uma vez por todas da garota, Paulina começou a pensar em aprender a linguagem dos sinais.
Com isso, passou a procurar lugares onde pudesse aprender a linguagem e até ajudar a filha a se comunicar melhor.
Quando finalmente conseguiu entrar em contato com uma instituição, Paulina resolveu conversar com Andressa. 
Dizendo-lhe que ela precisava melhorar sua comunicação, sugeriu-lhe freqüentar as aulas.
Inicialmente, Andressa não demonstrou o menor interesse.
Paulina, porém, era paciente. 
Tanto que conversando com a garota, depois de muito insistir, acabou convencendo-a de que era a melhor solução.
Andressa visando se ver livre de Paulina, acabou concordando.
Com isso, passou a freqüentar as aulas.
Paulina, que desejava ajudar a filha, a acompanha nas aulas.
Para Andressa era um suplício ter aquela mulher o tempo inteiro do seu lado.
Contudo, não tinha outra alternativa. 
Teve que aceitar a convivência forçada.
Vigilante, Paulina evitava deixá-la sozinha. 
Com isso, uma das barreiras fora derrubada.
Para ela, só faltava agora, encontrar um jeito de fazer Andressa voltar a falar. 
Ciente de que a garota sofrera um trauma, Paulina sabia que a garota podia perfeitamente falar.
Ademais, preocupada com o futuro da filha, Paulina começou a se mobilizar para que ela voltasse a estudar. 
Como fazia anos que Andressa não freqüentava uma sala de aula, e que a garota nunca tivera uma vida normal de estudante, Paulina pensou em contratar
professores particulares para ensinarem a garota.
Isso por que, muito embora Andressa não falasse, ouvia perfeitamente, bem como sabia ler e escrever. 
Assim, mesmo não sendo tão simples a comunicação, não era impossível.
Assim, imbuída no firme propósito de ajudar Andressa, Paulina contratou o melhor professor que conhecia para ensinar a garota.  

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.  

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 62

Com o tempo, porém, as coisas foram se revelando mais difíceis.
Andressa desacostumada a viver em meio a tanto luxo e tantas facilidades, não conseguia compreender por que alguém estaria disposto a abrir a porta de sua casa para uma
estranha. 
Mesmo com toda aquela história de que ela era a filha da dona da casa, Andressa não conseguia acreditar: 
‘Como ela poderia ser filha daquela mulher? O que Andréia pensava disso?’
Angustiada, só passava uma idéia na cabeça de Andressa. 
Fugir. 
Sim, por que Paulina só poderia estar mentindo. 
Insegura só pensava em como fazer para fugir dali.
Obcecada com essa idéia, por diversas vezes, Andressa tentou sair da mansão. 
Atenta, sempre que percebia uma pequena distração dos empregados, lá se ia ela tentar ganhar a rua.
Contudo, toda vez que sumia das vistas de algum deles, um outro percebia sua ausência e lá se iam todos procurá-la.
Muitas vezes, quando já estava quase conseguindo alcançar a rua, era apanhada.
Paulina, sempre que tomava conhecimento dessas tentativas de fuga, ficava decepcionada.
Andressa, porém, por não ter nenhum afeto por ela, não se importava com sua tristeza.
Como nunca ninguém se importara com ela, Andressa se achava no direito de fazer o que bem entendesse. 
Por essa razão se comportava com extrema rebeldia.
Mesmo muda, Andressa fazia questão de deixar bem claro que não estava gostando nada de viver naquele lugar. 
Numa tentativa desesperada de se livrar daquela mulher, Andressa, relutava em aceitar tudo o que Paulina lhe oferecia. 
Rebelde, não gostava das roupas que Paulina lhe oferecia. 
Tanto que certa vez, chegou a rasgar algumas peças.
Irritada, Paulina pela primeira vez, quase perdeu as estribeiras. 
Por muito pouco não bateu em Andressa. 
Contudo, pensando melhor, conseguiu evitar a agressão.
Assustada com seu gesto extremo, Paulina pediu desculpas para Andressa.
Todavia, nem por isso as coisas ficaram mais calmas.
Embora a garota gostasse de ler e ficasse boa parte do tempo fazendo isso, Paulina estava preocupada com ela.
Sim por que Andressa evitava qualquer aproximação.
Muito embora, Paulina trocasse breves palavras com a moça, para ela não era suficiente. 
Atenciosa com a garota, Paulina queria tentar estabelecer uma forma de contato entre as duas.
Certo dia, ao passar por uma papelaria, pensou em comprar uma agenda para Andressa. 
Foi o que fez.
Ao voltar para casa, presenteou a garota com o objeto.
Andressa por sua vez, não ficou nem um pouco entusiasmada com o presente. 
Tanto que o deixou de lado.
Paulina ficou desapontadíssima.
Por conta de sua dificuldade de relacionamento com Andressa, por diversas vezes, Paulina chorou. 
Preocupada, perguntava-se a todo o momento sobre o que deveria fazer. 
Para piorar, por mais que tentasse, não conseguia encontrar uma resposta. 
Muito pelo contrário, quanto mais tentava entender, mais as coisas pareciam confusas.  

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.