Poesias

quinta-feira, 29 de abril de 2021

O BEM E O MAL - CAPÍTULO 36

Seguindo a moça, percebeu que por um momento, Lúcia parou em frente a casa de Solange.
Intrigada Diá, passou a se perguntar se aquela moça, tão parecida com ela, era a tão famosa Lúcia, que Diogo, insistentemente, pedia para que fosse destruída.
Lúcia, pressentindo que conhecidos iriam passar em frente a casa naquele momento, resolveu ir embora. Temendo ser reconhecida, resolveu sair o quanto antes do lugar.
Diá, por sua vez, interessada em descobrir a verdade, continuou no encalço de Lúcia. Sem ter certeza se essa era a moça que deveria destruir, Diá, passou a segui-la.
Estava disposta a descobrir tudo sobre aquela moça que muito se assemelhava a ela.
Lúcia, absorta em seus pensamentos, nem percebeu que estava sendo seguida pela inconveniente Diá.
Seguindo a moça, Diá constatou que a mesma se hospedara em uma pensão.
Isso por que, Lúcia entrou na casa e de lá não mais saiu.
Diá, então, percebendo que a moça não tornaria a sair, resolveu voltar para a casa onde estava morando.
Ansiosa, Diá, estava decidida a acompanhar a estranha em todos os seus passos.
No dia seguinte, acordando cedo, Diá, se arrumou rápido e apressadamente saiu de casa.
Foi logo em direção a pensão onde a moça estava hospedada. Aguardando ansiosa a moça sair da pensão, Diá esperou impaciente Lúcia aparecer.
A espera demorou algumas horas.
Isso por que Lúcia só saiu da pensão, quase dez horas da manhã.
Mas logo que saiu, a moça foi diretamente para a igreja.
Diá, ao perceber a direção que a moça estava tomando, não gostou nem um pouco de saber que ela freqüentava a igreja. Irritada, ao perceber isso, tratou logo de ir embora.
Nisso Lúcia entrou na igreja, e fez a genuflexão. Depois, ajoelhando-se, pegou seu terço e começou a rezar. A moça, rezou um terço inteiro.
Quando a moça terminou de rezar, Alexandre – o coroinha da igreja – aproximou-se para conversar com ela.
Intrigado com a religiosidade da moça, elogiou seu comportamento discreto e o hábito de sempre rezar.
Alexandre então, comentou que era muito raro uma pessoa tão jovem ser tão religiosa quanto ela.
Isso por que, a maioria dos jovens, estava mais interessada em festas e diversão, do que em ter um verdadeiro contato com Deus.
Lúcia, que se apresentara a ele como Luíza, comentou que ele também era bastante jovem.
Alexandre, ao ouvir as palavras de Lúcia, comentou que não era tão jovem quanto ela imaginava. Como já havia algum tempo que estudava para ser padre, já era de se supor, que não era tão jovem.
Lúcia, curiosa, perguntou-lhe então a idade.
Alexandre respondeu:
-- Tenho dezenove anos.
Lúcia riu.
Intrigado, o seminarista perguntou-lhe, qual era o motivo do riso.
A moça respondeu:
-- Nada demais. É que eu achei engraçado você se considerar tão velho, sendo tão moço.
Nisso, Alexandre concordou:
-- Sim. Você tem razão. É que você é tão nova, que eu pensei que fosse me considerar um velho.
-- Um velho. Que bobagem! – respondeu ela, amável.
-- Sim, um velho. É assim que a maioria das adolescentes pensam, Luíza.
-- Que injusto! Eu nunca pensei que você fosse um velho. Nem um senhor de quarenta anos chega a tanto, que dirá você.
-- É verdade. Você é muito gentil. Tão gentil que as vezes até me esqueço que é tão menina ainda. – respondeu Alexandre.
-- Eu sei. Sei também que apesar de estar a pouco tempo nesta igreja, auxiliando o padre, conhece quase todos os moradores da cidade. – comentou ela.
-- Sim, quase todos. Não conheço a todos, por que nem todos, como a senhorita, vem a missa aos domingos. Alguns nem se aproximam da igreja.
-- Eu sei. Me perdoe. Sei que não entende, mas eu tenho minhas razões para não participar da missa. Muito embora eu não as possa explicar, eu tenho os meus motivos.
-- E por que não pode? – perguntou Alexandre, intrigado.
-- Por que eu tenho um segredo que não posso revelar. – respondeu Lúcia, visivelmente angustiada.
-- Um segredo?
-- Sim. Mas não me peça para revelar. Você não compreenderia. Mas ... deixando este assunto de lado, posso te pedir um favor?
-- Se estiver ao meu alcance atendê-la. – respondeu ele solícito.
-- Eu acho que sim. Por acaso, o senhor pode me contar, como está Dona Solange?
-- E por que você quer saber sobre ela? – perguntou Alexandre, um pouco curioso.
-- Por que ... por que. Por que, eu a conheço, e soube por algumas pessoas, que ela não estava nada bem. Gostaria de saber se ela já se recuperou, ou se ainda precisa de ajuda.
-- Se precisa de ajuda?... Não estou entendendo. Se você está tão preocupada, por que não a visita?
-- Não! – respondeu ela, decidida.
Alexandre ficou surpreso com a reação da moça.
Lúcia, percebendo isso, respondeu:
-- Desculpe-me. Não quis ser grosseira. Mas é que eu já tentei ir até lá e falar com ela. Mas toda vez que eu tento falar com ela, a mesma não me atende. Por favor, me ajude! Esta senhora está precisando e muito, de ajuda. Por favor! Diga ao padre que se ele puder, reze por ela.
-- Sim, Luíza. Nós rezaremos por ela.
-- Obrigada. Mas isso só, não basta. Eu gostaria que vocês fossem visitá-la. Digam que Lúcia está bem.
-- Que Lúcia? A filha dela?
Lúcia, percebendo que já era hora de ir, saiu abruptamente da igreja, e descendo as escadarias, partiu em desabalada carreira rua afora.
Alexandre, bem que tentou alcançá-la, mas sem sucesso.
Isso por que, ao vê-la sair da igreja, partiu em seu encalço. Quando chegou num determinado ponto, acreditando que havia cercado Lúcia, ao se aproximar, percebeu que a moça não estava mais lá.
Intrigado, o seminarista relatou o ocorrido ao padre, que impressionado com a história, prometeu a ele, que assim que pudesse, visitaria Solange.
O sacerdote, sabendo do grave estado de saúde da mulher, já havia pensado em visitá-la. E assim diante do ocorrido, esta visita, precisava ocorrer o quanto antes.
Impressionado com o relato de Alexandre, logo que pôde, foi visitar a mulher.
Porém, ao baterem na porta e se fazerem anunciar, notaram que ninguém na casa, se prontificava a atendê-los. Diante disso, o padre insistiu mais um pouco, mas, percebendo que sua insistência de nada valia, resolveu, depois de quase uma hora tentando, voltar para a igreja.
Enquanto isso, o estado de saúde de Solange, se tornava cada vez mais delicado.
Como não se cuidava, a doença se agravou.
Solange, mal conseguia ficar de pé.
Sem forças para nada, se não fosse tomada uma atitude em breve, ela acabaria morrendo, vitimada pela enfermidade.
Lúcia, percebendo isso, apareceu-lhe em sonhos.
Chorando, disse que ainda não era chegada sua hora de partir.
Solange, ao sonhar com a filha, pediu para ela, que ficasse a seu lado.
Mas, a visão, a despeito de sua vontade, insistia em desaparecer.
Isso a deixava arrasada.

Enquanto isso, Diá, continuava seguindo Lúcia.
A certa altura, percebendo que alguém a seguia, a moça resolveu tomar uma atitude.
Fingindo que não havia notado, Lúcia levou Diá até uma rua sem saída.
A garota, sem perceber que Lúcia havia percebido sua presença, continuou em seu encalço, até se deparar com a rua sem saída.
Lúcia então, percebendo que a moça caíra no engodo, resolveu se esconder atrás de umas caixas abandonadas, para depois aparecer atrás de Diá.
Diá, intrigada com o sumiço de Lúcia, resolveu procurá-la atrás das aludidas caixas.
Lúcia, ao ver a moça procurando-a, deixou ela olhar cada um das caixas que havia na rua.
Quando percebeu que Diá estava cansada de procurá-la, Lúcia finalmente apareceu atrás dela e lhe perguntou se era ela que procurava.
Diá, ao ver Lúcia diante de si, ficou assustadíssima. Percebendo o logro, Diá notou que a moça era mais astuta do que imaginava.
Ao se dar conta de que Lúcia não era a tola que imaginara que fosse, Diá ficou profundamente irritada. Isso por que, não seria nada fácil, destruí-la como Diogo queria.
Além disso, a luminosidade que emanava de Lúcia, incomodava-a sobremaneira.
Sentindo-se sem forças Diá, logo sumiu, sem deixar pistas para Lúcia.
A moça preocupada, passou a se perguntar, onde a moça viveria.
Pensando nisso Lúcia percebeu que não seria nada fácil encontrá-la. Sim por que a moça, se a estava seguindo, não era boa coisa. Diante disso, a Lúcia constatou, que teria problemas com aquela estranha moça.

Sim, Diá, era perigosa e atrevida.
Certa vez, vendo Alexandre caminhando pelas ruas da cidade, resolveu provocá-lo. Sabendo que ele era amigo de Lúcia, ao vê-lo foi logo lhe dirigindo comentários desairosos a respeito da amizade dos dois.
O seminarista irritado, segurando sua raiva, resolveu deixar de lado as provocações.
Diá, percebendo isso, começou então, a irritá-lo cada vez mais.
A moça irritou-o tanto, que a certa altura, perdendo a paciência, o seminarista, ao adentrar a pensão onde morava, vendo-se seguido pela moça, aproveitou para se sentar no sofá da sala e aguardando a entrada da mesma, puxou-a pelo braço e desferindo umas palmadas nas suas nádegas, disse agressivamente:
-- Eu nunca bati em ninguém dessa maneira, mas você, com seu atrevimento, mostrou que merece cada uma dessas palmadas. Então vai.
E continuou batendo.
Nisso Diá, pedia para ele parar. Mas ele não parava.
Mesmo quando alguns hóspedes pediram para ele parar, Alexandre continuou batendo.
Finalmente parou de bater quando se cansou.
Diá, humilhada, prometeu que daria o troco.
Alexandre, então, desafiando-a disse que se ela quisesse eles poderiam conversar muito sobre Deus e religião. Insinuando que a moça precisava da presença do Altíssimo, o jovem fez com a moça fugisse como um raio da pensão.
Até mesmo os hóspedes se espantaram com a reação da moça.
No dia seguinte, pressentindo que aquela moça não era boa coisa, Alexandre pediu para que o padre o benzesse. Pediu também para que benzesse seu quarto e a pensão onde morava.
O padre mesmo sem entender bem a razão do pedido, atendeu o pleito.
Assim, Alexandre acreditava que estava se protegendo.
Foi por isso mesmo que o rapaz nunca mais foi importunado por Diá.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

O BEM E O MAL - CAPÍTULO 35

Mas, ao contrário de Lúcia, que não se revelara num primeiro momento, a moça, fez questão de se apresentar em sua forma humana.
Por conta disso, não bastou três dias e alguns conhecidos de Solange, a viram.
Impressionados com a semelhança de Diá com Lúcia, os vizinhos de Solange, foram logo contar a Raquel e a Cínthia, sobre o que viram. Todavia, uma diferença era gritante.
Enquanto Lúcia sempre fora gentil com as pessoas, a moça, ao ser abordada pelos vizinhos da pobre senhora, tratou-os da forma mais ríspida que se possa imaginar.
Diá, aborrecida com a interpelação, tratou logo de os dispersar. Dizendo que nunca estivera antes na cidade, respondeu que nunca ouvira falar em Lúcia.
Não bastasse isso, a moça terminou dizendo que não gostava de ser importunada por gente desocupada. Se eles não tinham o que fazer, ela tinha. E saiu andando, deixando-os para trás.
Cínthia e Raquel, então, ao ouvirem os comentários sobre a moça, preocupadas que estavam com o estado de saúde de Solange, prometeram a si mesmas que nada comentariam a respeito, com a amiga.
De tão preocupadas com a tal história, fizeram questão que os vizinhos e conhecidos que viram a moça circulando pela cidade, não comentassem com Solange o que viram.
Os homens prometeram que não comentariam sobre o assunto.
Nisso a história morreu por ali.

Enquanto isso, Diá, fazia questão de que todos na cidade a conhecessem.
Maltratando alguns velhinhos e assustando as crianças, logo, todos na cidade puderam constatar o quanto ela era ruim.
Por isso, depois de um certo tempo na terra, as pessoas, incomodadas com sua presença, passaram a insultá-la, dizendo que ela era um peste ruim e que por isso, deveria sair o quanto antes da cidade.
Diá porém, sempre que ouvia os insultos, respondia na mesma moeda. Respondendo que eles é que eram uns molóides que não serviam pra nada, nem pra fazer maldade, tratou logo de deixar bem claro, que não se assustava com admoestações. Pelo contrário. Fazendo-se notar, seria mais fácil encontrar a famigerada Lúcia.
Assim, ficou aguardando o momento do encontro.
Contudo, conforme o tempo passava e ela não via nenhum resultado em sua estratégia, Diá começou a ficar impaciente.
Caminhando pelas ruas da cidade, ao ver a igreja, foi tomada de um profundo arrepio. Horrorizada com a idéia do templo, tencionou logo sair dali.
Foi então que Diá, viu uma moça muito parecida com ela, saindo da igreja.
Surpresa, a moça, tomada de curiosidade, passou a seguir Lúcia de longe.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

O BEM E O MAL - CAPÍTULO 34

Nisso, Diogo, percebendo os passos de Lúcia pela terra, tratou logo de tomar uma atitude.
Afinal de contas, por ser uma criatura das sombras, jamais poderia admitir que uma boa ação pudesse ser praticada. Dessa forma, ao perceber a intenção da jovem, tratou logo de chamar Diá.
Diá então, que não era nem um pouco tola, mais do que depressa foi em seu encontro.
Ao se encontrar com o senhor dos lugares baixos, Diá fez questão de se reportar a ele com toda a cerimônia.
Foi então que ele, sem paciência para delongas, foi logo comentando:
-- Chega de cerimônias! Eu te chamei aqui por que quero que faça uma coisa para mim.
Diá, então, tomada de curiosidade, perguntou:
-- E o que meu senhor quer que eu faça? Diga logo que eu te atenderei prontamente.
-- Deixe de conversa! O que eu quero que tu faças, é o possível e o impossível para atrapalhar os planos de meu inimigo.
Ao ouvir isso, Diá ficou intrigada. Afinal de contas, o que Diogo queria dizer com tudo aquilo?
Diogo, ao perceber a expressão perplexa de Diá, foi logo explicando:
-- Sei o que está pensando. Pois bem. Eu vou lhe explicar mais claramente qual é o meu desiderato. Pode ficar tranqüila... Quero que você destrua Lúcia.
-- E quem é Lúcia? Por acaso ela faz parte dos seu inimigos? – perguntou Diá, profundamente interessada.
-- Sim. Esta moça, com a ajuda de alguns seres celestes, pretende ajudar uma pessoa que está profundamente deprimida.
-- Entendo. Se essa pessoa se levantar, será mais uma alma perdida para o senhor. Não é mesmo? Que lástima!
-- Cale-se! – respondeu Diogo irritado. – Não te chamei aqui para lhe dar explicações sobre os meus propósitos. Aliás, eu só te expliquei este detalhe, para que possas desempenhar sua tarefa da melhor maneira possível. Ouça bem! Eu não admitirei falhas.
Diá então respondeu:
-- Sim, meu mestre. Não falharei. Além disso, se é como o senhor mesmo disse... Se essa mulher está no fundo do poço, será ainda mais fácil para mim.
Diogo então, notando a arrogância de Diá, tratou imediatamente de adverti-la.
Alertando-a sobre o fato de Lúcia ter um trunfo que ela não tinha, Diogo, fez questão de avisa-la que sua pretensa vítima, daria muito crédito a presença de Lúcia.
Diá, curiosa, ao receber esses avisos, quis logo saber o por quê de tanta apreensão. Isso por que, se Lúcia era tão poderosa, por que ele não lhe revelava o tal trunfo?
Foi então que Diogo explicou:
-- Eu não te conto ainda, por que és ainda muito infantil. Mas a partir do momento que esta revelação lhe for útil, eu lhe contarei.
Logicamente, Diá não ficou nem um pouco satisfeita com a resposta dada por Diogo. Porém, como era a ele que ela estava subordinada, não cabia a ela questionar seu modo de proceder.
Mas que estava curiosa, estava.
Não obstante sua ansiedade, a moça surpreendentemente, acatou, ao menos desta vez, as ordens de seu soberano.
Assim, não desceu novamente a terra, sem que lhe fosse dada permissão. Obediente, por mais que estivesse impaciente, fez de tudo para aguardar o momento oportuno para agir. Não queria desagradar seu mestre.
E assim aguardou.
Nisso, ao final de algumas semanas, depois de ser devidamente preparada para sua missão, a moça desceu à terra.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

O BEM E O MAL - CAPÍTULO 33

Lúcia, surpresa, ao ouvir um chamado, virou-se para trás, e ao ver novamente o coroinha, foi logo perguntando:
-- Me chamou?
-- Sim. – respondeu Alexandre, um pouco constrangido.
-- Então, o que deseja? – respondeu Lúcia, solícita.
-- Nada de mais. Só gostaria de saber seu nome.
Lúcia, percebendo o descuido, fez questão de se desculpar dizendo:
-- Mil perdões. Eu já estava tão desacostumada a falar com estranhos que até me esqueci dos meus modos. Deixe então que eu me apresente, me chamo Lu...
-- Lu o quê?
-- Luíza. – respondeu Lúcia depois de pensar um pouco.
-- Prazer Luíza. Eu me chamo Alexandre, e ao contrário do que poderia imaginar, eu sou apenas um coroinha.
O prazer é todo meu. – respondeu ela, já pensando em uma forma de sair dali, sem ser indelicada com o rapaz.
Depois de algum tempo pensando, finalmente teve uma idéia.
Ao perceber que estava usando uma blusa de mangas, fez então com que surgisse um relógio em seu pulso. Com isso, ao olhar para as horas, comentou:
-- Nossa! Três horas! Estou super atrasada!... Desculpe Alexandre, eu preciso me apressar, ou não conseguirei falar com uma pessoa. Desculpe, mas eu preciso ir. Até logo. – disse já se dirigindo as escadarias que levavam a calçada.
Nisso Alexandre respondeu:
-- Até logo!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

O BEM E O MAL - CAPÍTULO 32

Sim, estava de volta às emoções e lembranças do passado.
Por isso mesmo, ao percorrer as ruas e lugares por onde vivera, ficou deveras emocionada.
Porém, como não estava em sua forma encarnada, nenhum dos transeuntes dos passeios que percorria, a viam.
Cautelosa, a moça não queria assustar nem alarmar ninguém. Assim, procurou antes, perscrutar a cidade para depois, surgir em sua forma humana.
Com isso, com o passar do tempo, finalmente assumiu sua forma humana. E foi desta forma que, sentindo-se solitária, passou em frente a igreja, fez uma parada, e adentrando o templo, pôs-se a rezar.
Lúcia, até então sozinha na cidade, diversas vezes rezou na igreja.
Foi exatamente por isso que ela conheceu o coroinha.
Alexandre, como coroinha, ficava todas as tardes na igreja.
Auxiliando o padre, o moço não abandonava seu posto por nada.
Porém, ao ver Lúcia, uma menina, tantas vezes na igreja, ficou deveras intrigado.
Afinal de contas, se ela era tão religiosa assim, por nunca estava presente nas missas?
Por esta razão, curioso que estava, assim que a viu adentrar a igreja, fez questão de cumprimentá-la, e perguntar-lhe se não estaria precisando de alguma ajuda.
Lúcia, agradeceu o préstimo, mas disse educadamente que não estava precisando de nada.
Para ela, a única coisa importante no momento eram suas orações, e por isso mesmo, disse que precisava rezar.
Alexandre, comentou então, que se ela gostava tanto de rezar, que ela poderia perfeitamente participar da missa.
Lúcia agradeceu o oferecimento, mas comentou que infelizmente não poderia participar da missa. Já tinha um compromisso marcado no mesmo horário.
Alexandre, então, percebendo que a moça precisava rezar, afastou-se.
E assim, Lúcia começou suas orações. Em suas conversas com Deus, pediu paciência e serenidade para que pudesse cumprir sua missão.
Por fim, ao terminar de rezar, levantou-se e saiu.
Porém, quando estava quase saindo da igreja, foi imediatamente chamada pelo coroinha. Alexandre, tomado de uma profunda curiosidade sobre o comportamento da moça, queria saber um pouco mais sobre ela.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

O BEM E O MAL - CAPÍTULO 31

Diante disso, alguém lá no céu, notou que era necessário agir.
Lúcia, preocupada com a situação de sua mãe, já havia pedido mais de uma vez para acompanhar a situação dela. A moça acreditando que poderia ajudá-la, insistia em se aproximar dela.
As entidades celestiais, então percebendo a gravidade da situação, autorizaram a ida de Lúcia à terra.
Foi então que Lúcia foi advertida sobre a existência de Diá.
Ao saber que se tratava de uma criatura diabólica e perversa, Lúcia ficou horrorizada. Ao tomar conhecimento de suas maldades, a moça foi ficando cada vez mais espantada.
Um dos anjos, criticando a atitude de um arcanjo, comentou que este não deveria assustá-la comentando as maldades de Diá.
O arcanjo, então, comentando que precisava prevenir Lúcia de possíveis perigos, alegou que não estava dizendo tudo aquilo para assustá-la, e sim para que ela tomasse cuidado.
Lúcia, percebendo a intenção do arcanjo, agradeceu o aviso, e prometeu que tomaria cuidado.
Quando o ser celeste percebeu que Lúcia ouvira seus avisos, ficou mais tranqüilo. Afinal, não queria expor a moça a nenhum risco desnecessário.
E assim, muito embora, a moça estivesse a pouco tempo no plano espiritual, Lúcia era perfeitamente capaz de contornar essa dificuldade e desempenhar sua missão.
Por isso mesmo, incumbida de ajudar a mãe, tratou logo de descer à terra.
Porém, antes disso, passou por uma pequena preparação. Isso por que, não era costumeira essa atitude. Mas, tendo em vista a situação de Solange, Lúcia precisava agir.
E assim, embora muito tempo já tivesse se passado, Lúcia, ao voltar novamente ao plano físico, sentiu-se tomada de uma profunda emoção. Tanto que, ao colocar seus pés na terra, automaticamente, lembrou-se de tudo o que sucedera em sua vida.
Lembrou-se de quando nascera, dos seus primeiros contatos com a mãe, do quanto eram unidas, e por fim, recordou-se de sua morte. De sua dolorosa morte.
Porém, a despeito da preparação que tivera para se deparar novamente com todas essas emoções, Lúcia não conseguiu controlar sua tristeza ao lembrar-se de como morrera.
Contudo, apesar de sua dor, insistiu com os anjos, e demais criaturas celestes, que não queria ser poupada de nada. Ao contrário, se precisava voltar para ajudar sua mãe, precisava saber com o que iria se deparar.
Porém, ver o estado penoso em sua mãe se encontrava, foi extremamente complicado para ela. Isso por que, apesar de já fazer alguns meses que desencarnara, ainda não conseguira se desvencilhar da idéia de que aquela era sua mãe.
Por esta razão, a moça, ao ver que sua mãe sofria, caiu em prantos. Compungida, comentava:
-- Coitada da minha mãe!
Assim, imbuída do sentimento de solidariedade, a moça sentiu que mais do que depressa, precisava ajudar sua mãe.
Sim, ao saber da situação, foi a primeira a insistir na idéia de que sua mãe precisava de ajuda.
Não obstante isso, não fosse a colaboração dos demais seres celestes, não teria sido possível seu retorno a terra.
Mas enfim, estava de volta.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

O BEM E O MAL - CAPÍTULO 30

Cada vez mais febril, Solange começou a sonhar com a filha.
Lúcia, envolta em muita luz, era sempre uma imagem recorrente em seus sonhos. A moça, envolta em um manto diáfano, parecia um anjo. Tranqüila, sempre lhe dizia que estava bem, que não precisava se preocupar.
Todavia, não foi sempre que Solange teve sonhos assim.
Nos primeiros tempos após a perda da filha, sempre sonhava coisas terríveis com Lúcia. A moça, em seus sonhos freqüentes, estava sempre chorando. Algumas vezes, sonhava com a filha levando um tiro e envolta em uma poça de sangue.
Mas, independente disso, ao final do sonho, Lúcia estava sempre envolta em uma aura de luz.
Em um desses sonhos, Solange pôde ver a filha sendo conduzida para o céu em meio a uma forte luz.
No entanto, a despeito de todos esses sonhos, Solange não conseguia se conformar com a perda da filha.
E assim, mesmo quando Lúcia lhe aparecia em sonho dizendo que estava bem, a mulher não se aquietava.
Diante disso, seu estado de saúde se ficava cada vez pior.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.