Ao final de algum tempo, depois de quase três meses sumido, finalmente o rapaz resolveu dar o ar de sua graça em uma festa. Usando seu melhor traje, Lourival freqüentou um baile de carnaval ocorrido num elegante clube da cidade. Sem medo de se encontrar com algum desafeto, e rapaz se divertiu bastante.
Foi nesse elegante baile que o moço conheceu uma elegante senhora. Madalena, uma eminente dama, ilustre, quase que diariamente aparecia nas colunas sociais de Fortaleza. Sofisticada, logo atraiu a atenção de Lourival.
Todavia o rapaz não precisou mover um dedo para que o encontro entre eles acontecesse. Isso por que, a eminente viúva, assim que percebeu o rapaz de porte altivo e elegante, logo se interessou por sua figura. Tanto que pediu para que um funcionário do salão, entregasse um bilhete a ele.
O rapaz, ao receber o bilhete, ao saber quem era a dama que o mandava, agradeceu o garçom. Curioso, o leu. Ao perceber que se tratava de um recado, Lourival foi logo ver o que a mulher queria.
Assim, foi até o jardim. Lá aguardou pacientemente por Madalena.
A dama, fazendo suspense, demorou algum tempo para se dirigir até o jardim. Contudo, ao fazê-lo, percebendo que o rapaz a aguardava, aproveitando-se de um minuto de distração do mesmo, ficou observando-o de costas. Impressionada com o porte de Lourival, Madalena pôde constatar que mesmo assim, se podia perceber que o rapaz era belo.
Lourival por sua vez, depois de muito esperar, finalmente se virou. Ao ver que Madalena o fitava, sorriu para ela.
A mulher por sua vez, procurando iniciar uma conversa, perguntou:
-- Demorei muito?
Lourival, procurando ser gentil, respondeu:
-- Nem um minuto.
Madalena desculpando-se pela demora, comentou que precisou conversar com uma conhecida antes de se dirigir ao jardim.
Lourival ao ouvir as palavras da senhora, respondeu que entendia tudo.
Madalena, sorrindo, percebendo que ainda não havia se apresentado, comentou:
-- Me desculpe. Eu não apresentei. Meu nome é Madalena.
Lourival, ao ouvir a apresentação, respondeu:
-- Eu também não. Muito prazer, me chamo Lourival.
Encantada, Madalena, respondeu:
-- Prazer Lourival. Que belo nome!
-- Obrigado! – respondeu ele. – O seu nome também é lindo!
Madalena sorriu. Percebendo que encontrara a oportunidade que queria, logo o convidou para dançar. E muito embora, muitos olhassem para o casal com o nariz torcido, Madalena e Lourival continuaram a dançar.
Ao final do baile de carnaval, Lourival, despedindo-se de Madalena, respondeu que precisava ir.
A dama ao ouvir estas palavras, perguntou se isso era realmente necessário.
Lourival sorrindo, respondeu que sim.
Madalena então, ao ouvir a resposta, comentou que ainda era muito cedo para alguém dormir.
Lourival, como quem não queria nada, perguntou:
-- E o que a madame sugere?
Madalena sorrindo, respondeu que não era necessário o tratamento formal. Em seguida, dizendo que eles podiam ir até a sua casa, sugeriu a Lourival continuarem dançando até a tarde.
Sorrindo, o rapaz concordou.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
Poesias
quinta-feira, 3 de junho de 2021
OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 26
OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 25
Enquanto isso, Lourival curtia sua tristeza vivendo em um miserável cortiço no periferia da cidade. Tentando fugir de seu algoz, e das lembranças de seu passado, ainda recente, o rapaz não conseguiu ir para muito longe.
E assim, mesmo fugindo, Lourival não conseguiu se esquecer das lembranças de Elis. De seus banhos de mar com ela, de seus beijos nela, de seus cabelos louros salpicados de areia. Das vezes em que os dois dançaram ao som da brisa do mar e dos ventos que murmuravam na areia. Das corridas nas dunas, do jardim de lírios – recanto que prometeram sempre visitar. O dia em que viveram como marido e mulher.
Lembranças. Lembranças de um tempo em que fora feliz. Muito embora trilhando caminhos obscuros, tempos de uma alegria quase ingênua. Agora não mais.
Ainda que conseguisse retomar sua vida, Lourival sabia que nunca mais as coisas voltariam a ser como eram antes.
Estava certo. Vivendo tempos de solidão, o rapaz pôde perceber que dificilmente voltaria a ter uma vida tranqüila e feliz. Isso por que, certamente o dinheiro acabaria e fatalmente ele teria que voltar a contrabandear. Contudo, agora não possuía mais Elis, e nem a esperança de voltar a vê-la. Não bastasse isso, sentia culpa por sua morte. Sim, por que não fosse sua irresponsabilidade, ela poderia ainda estar viva.
Saber de sua culpa, era-lhe extremamente penoso. Saber que sua vida nunca mais voltaria a ser o que era, não era o pior, mas a consciência de ter de certa forma matado Elis, era um martírio.
Sozinho, Lourival quase enlouqueceu se remoendo sua culpa.
Vivendo miseravelmente, o rapaz teve tempo de sobra para pensar em sua vida.
Certa vez, tentando fugir de seus pensamentos tristes, Lourival resolveu dar uma caminhada pelos arredores. Muito embora não devesse se expor, o rapaz, cansado de ficar trancado em seu quarto, resolveu sair. Angustiado com sua solidão, Lourival foi passear um pouco.
Um estranho ao vê-lo caminhar em meio a barracos, comentou que nunca o vira sair do cortiço.
Lourival não respondeu.
O homem continuou falando. Dizendo que ele era um rapaz muito bonito, comentou que era uma pena que ficasse o tempo todo trancado em seu quarto.
Lourival ao ouvir as palavras do estranho, não gostou nem um pouco. Por esta razão, incomodado com o sujeito, resolveu voltar para o cortiço.
O homem, ao perceber que afastara Lourival, segurando seu rosto, comentou:
-- Mas já vai embora? Nós nem nos entendemos ainda.
Lourival ao notar a impertinência do estranho, afastou a mão de seu rosto.
O homem, ao perceber a irritação de Lourival, respondeu:
-- Nervosinho? Não precisa disso. Eu acalmo essa irritação rapidinho.
O rapaz, ao perceber o atrevimento do sujeito, começou a agredi-lo. O estranho, percebendo que se não se afastasse apanharia até Lourival se cansar de lhe bater, pediu para que o rapaz se acalmasse. Lourival no entanto, transtornado, não queria saber de conversas. Assim, continuou a bater no homem.
O sujeitinho ao perceber que precisava correr, assim que conseguiu se livrar de Lourival, saiu correndo.
Percebendo que não poderia mais ficar por ali, Lourival, ao cair da noite, resolveu pegar sua mala e sair do cortiço. Depois de pagar a estadia, foi para outro lugar.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
quinta-feira, 27 de maio de 2021
OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 24
No dia seguinte, Marta e Renato, pesarosos com o triste fim de Elis, providenciaram um bonito enterro para a moça – que segundo os populares era ‘A noiva desfalecida’.
Como o fato era trágico, os principais jornais locais noticiaram o ocorrido.
Foi assim que Bernardo e Claudete descobriram que a filha havia morrido. Desesperados, ao saberem que Elis falecera, caíram em prantos. Mesmo Bernardo que renegara a filha, ao saber que nunca mais haveria reparação para a separação dos dois, lamentou profundamente. Furioso, ao acompanhar o enterro da filha, por diversas vezes chamou Lourival de assassino e de covarde.
Claudete ao perceber a exaltação do marido, ao notar o luto que o rapaz trazia nos olhos, censurou Bernardo. Dizendo que Lourival já estava pagando por todo o mal que fizera a Elis, comentou que não cabia a eles condenarem-no.
Bernardo no entanto, inconformado, revelou que nada o faria aceitar o que se sucedera.
Ao ouvir isso, Claudete calou-se.
Abelardo igualmente inconformado, assim que soube da morte de Elis, foi prestar condolências aos pais da moça. Visivelmente triste, comentou que era tarde demais para ele.
Claudete ao ouvir as desalentadas palavras do rapaz, pediu a ele para que retomasse sua vida. Dizendo que ele ainda era muito jovem para desistir de ser feliz, a mulher comentou que ainda encontraria uma pessoa para amar.
Bernardo ao ouvir isso, sorriu.
Com isso, conforme os dias foram se seguindo, Lourival, percebendo que não podia permanecer na cidade, despedindo-se dos tios, sumiu por algum tempo. Como sua dívida ainda não havia sido quitada, Lourival achou por bem fugir. Precavido, antes que sair da cidade, o rapaz recomendou aos tios que fossem até a polícia, em caso de necessidade.
Marta e Renato prometeram seguir a recomendação.
Assim, Lourival partiu. Partiu por que sabia que cedo ou tarde Aliomar surgiria diante dele para cobrar a dívida. Por isso, percebendo que poderia colocar a família em risco, resolveu partir.
Marta e Renato, mesmo pesarosos, concordaram com a despedida. E mesmo com o dinheiro deixado pelo sobrinho, os dois acharam por bem fechar a casa e voltar para a velha vila de pescadores onde antes viviam.
Estavam certos. Lá, nunca foram importunados por Aliomar e seu bando.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 23
Foi então que Lourival, ao vê-la correndo, desesperado, gritou seu nome.
Elis ao vê-lo, tornou a olhar para trás. Ao perceber que Aliomar se aproximava, tornou a atravessar a rua sem olhar os carros que passavam.
Correndo, ao chegar à metade da rua, foi atropelada por um carro. Sem poder contar com a sorte desta vez, a moça se machucou seriamente.
Lourival ao vê-la caída no chão, mais uma vez gritou seu nome. Desesperado, ao ver o atropelamento, acorreu imediatamente em sua direção.
Aliomar por sua vez, ao ver a moça desacordada, percebendo que aquele acidente poderia lhe trazer complicações, exclamou:
-- Menina! Por que você fez isso?
Em seguida, saiu dali. Penalizado, lamentou que tudo tivesse que se encerrar daquela maneira.
Todavia, o pior estava ainda por vir.
Conforme Lourival chamava o nome de Elis, mais desesperado ficava. Isso por que, desacordada, a moça não respondia. Angustiado, ao perceber que o acidente fora sério, tentou de todas as maneiras possíveis despertá-la.
Com isso, depois de passar intermináveis minutos chamando-a, balançando seu rosto e segurando-a nos braços, Elis finalmente acordou. Lourival ao ver a moça abrindo os olhos, abraçou-a e quase chorando, respondeu:
-- Que bom que você acordou! Pensei que nunca mais abriria os olhos!
Mas a alegria durou pouco.
Elis, seriamente machucada, ao perceber que sua vida chegava ao fim, perguntou tristemente:
-- Por que você fez isso comigo?
Lourival ao ouvir a pergunta, respondeu quase chorando:
-- Eu não pensei que ele fosse ser tão covarde ao ponto de te perseguir por isso. Eu juro Elis. Eu juro, eu tentei pagá-lo. Quando eu amealhei dinheiro suficiente para saldar minha dívida, eu tentei pagá-lo. Mas ele não aceitou. Dizendo que eu já havia feito um acordo, Aliomar se recusou a receber meu dinheiro.
Magoada, Elis perguntou:
-- Foi então que você pensou em oferecer como compensação. Não é mesmo?
Lourival, tentando se explicar, disse:
-- Não Elis. Não é nada disso. Eu não deixaria ele passar uma noite com você. Eu só concordei com isso, para ganhar tempo.
-- Tempo? – perguntou a moça novamente, quase sem voz.
-- Sim, tempo. Eu só queria sair daqui. Fugir e te proteger. Isso por que, com a desculpa do casamento, poderíamos sair da cidade sem levantar suspeitas... Eu só queria te fazer feliz. – respondeu o rapaz, emocionado.
Elis, ao ouvir as explicações do moço, respondeu que acreditava nele. Segundo ela, muito embora seu modo de fazer as coisas fosse um pouco torto, não havia por que não acreditar em suas palavras.
Lourival, ao ouvir isso, respondeu chorando que a amava.
Elis então, se despedindo da vida, disse:
-- Eu acredito que sim. Eu também gosto muito de você. Só lamento que tudo tenha que terminar assim. – respondeu ela entristecida.
Lourival, desesperado, respondeu que nada iria terminar. Dizendo que ela se recuperaria do acidente, respondeu que eles seriam ainda, muito felizes.
A moça ao ouvir estas palavras sorriu.
O rapaz então, alegando que pediria socorro, comentou que sairia dali por alguns minutos.
Elis, aflita, pediu para que ele não a deixasse sozinha.
Aturdido, Lourival concordou em ficar ali lhe fazendo companhia. Abraçando-a novamente, prometeu a ela que tudo acabaria bem.
Elis então, ao perceber que era chegado o momento da despedida, respondeu que o perdoava por tudo o que havia feito.
Lourival aflito, agradeceu o perdão e dizendo que nunca mais a magoaria, respondeu que faria de tudo para que ela continuasse a seu lado.
A moça ao ouvir isso, respondeu que era tarde demais para fazer promessas.
Lourival respondeu então, que não, ainda era tempo de se arrepender.
Nisso Elis, pendendo a cabeça para trás, encerrou sua vida.
O rapaz ao perceber que a moça cerrava os olhos, implorou para que ela não o fizesse. Elis porém, exausta, já não tinha mais forças para resistir. Assim, acabou falecendo.
Lourival, ao notar que Elis não mais respirava, deu um último grito de desespero. Chamando por seu nome, ao perceber que seus sonhos se desfizeram, Lourival chorou sobre o peito de Elis.
Seus tios, que partiram em seu encalço, minutos depois dele haver saído da igreja, ao verem-no sentado no chão, no meio da rua, com Elis nos braços, penalizados com a situação, constataram que o pior havia acontecido.
Abalados, ao saberem da morte da moça, choraram desesperados.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 22
Elis por sua vez, suspendendo a saia do vestido, passou a correr feito uma desesperada. Enquanto corria, os comparsas de Aliomar vinham atrás, no seu encalço.
Em cada momento em que se virava para trás, Elis, percebia os homens mais perto. Desesperada, ao notar isso, a moça aumentou a intensidade da corrida.
Nisso, Lourival, que à esta altura aguardava ansioso pela chegada de sua noiva, ao perceber Marta e Renato aflitos, correndo em sua direção, resolveu ir até eles. Ao descobrir que eles foram obrigados a saírem da casa sem trazerem Elis, Lourival ficou deveras preocupado.
Isso por que, imaginando se tratar de Aliomar, o moço sabia que podia esperar pelo pior. Por esta razão, ao tomar conhecimento dos fatos, Lourival, despedindo-se dos tios, respondeu que iria pessoalmente buscá-la.
Marta ao ouvir isso, pediu para que o sobrinho tivesse cuidado, já que o homem parecia ser perigoso. Acompanhado de um bando de meliantes, Aliomar não deixaria que ele se aproximasse tão facilmente da casa.
Lourival porém, não se importava mais com isso. Dizendo que precisava consertar uma grande bobagem que fizera, respondeu que precisa ir até lá para conversar com Aliomar.
Renato, percebendo que o sobrinho estava certo, concordou com ele.
Com isso, só coube a Marta concordar com a decisão do sobrinho, muito embora ela considerasse melhor chamar a polícia.
Lourival, ao ouvir a sugestão de sua tia, discordou. Dizendo que fazendo isso, poderia pôr em risco a vida de Elis, respondeu que teria que resolver este assunto sozinho.
Foi assim, que aflito, o rapaz seguiu correndo o caminho de volta para casa.
À esta altura, Elis, acossada por Aliomar, foi obrigada a voltar para casa. Arrastada, nem sob os escandalosos protestos que fizera, o homem se apiedou dela.
Com isso, mesmo cansada, a moça se debatia. Dizendo que não seria obrigada a fazer o que não queria, ouviu de Aliomar, que ele era o único dono e senhor da situação.
Elis porém, jamais aceitaria esse tipo de argumento. E assim, continuou resistindo às investidas de Aliomar. Contudo, já quase sem forças, continuou a ser arrastada. Desesperada, começou a gritar por socorro.
Aliomar, ao perceber isso, tentou calar sua boca, mas ao tentar segurá-la, acabou deixando-a mais uma vez escapar.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 21
Surpresa, Elis perguntou:
-- Que dívida?
Pacientemente Aliomar lhe explicou que Lourival possuía uma dívida com ele.
Elis, aturdida, respondeu que era mentira, já que ele não jogava mais.
Aliomar ao notar a incredulidade de Elis, revelou fazia algum tempo que ele não aparecia por lá. Todavia, depois de certo tempo, Lourival voltou ao cassino. Contudo, ao retornar, não estava com a mesma sorte de antes. Foi assim, que contraiu uma dívida, praticamente impagável.
Elis ao ouvir isso, retrucou. Dizendo que se ele tinha dinheiro suficiente para bancar uma festa de casamento daquelas, podia perfeitamente pagar sua dívida, chamou Aliomar de mentiroso.
O homem, ao ouvir a ofensa, comentou que Lourival também não era nenhum santo. Tanto que para tentar pagar a dívida, se envolveu com contrabandistas perigosos.
Ao ouvir estas palavras, Elis retrucou dizendo que era tudo mentira.
Aliomar então, percebendo o estado de nervos da moça, resolveu dizer finalmente:
-- Eu sinto muito senhorita. De verdade! Contudo, eu preciso te dizer mais uma coisa... Não bastasse isso, seu noivo, como forma de me ressarcir do prejuízo, ofereceu-me você como compensação.
Elis ao ouvir isso, ficou revoltada.
Aliomar, ao notar o ódio nos olhos da moça, comentou que Lourival havia prometido convencê-la a passar uma noite com ele.
Elis ao ouvir isso, ficou apavorada. Nervosa, ao perceber que estava em meio a esta confusão, finalmente deu-se conta, de que tudo aquilo era verdade. Desesperada, começou a chorar.
Aliomar, aproveitando-se da situação, fingiu consolá-la.
Elis, por sua vez, só fazia perguntar:
-- O que vou fazer? Eu abandonei minha família para ficar com ele. Agora eu estou sozinha.
Aliomar, percebendo o choro, ofereceu-lhe um lenço. A seguir, dizendo que dívida era dívida, respondeu que esperaria ela se acalmar.
Elis ao ouvir isso, percebeu que estava em uma situação complicada. Tão complicada que assim que se acalmou um pouco, respondeu que não sabia de nada e que não tinha nada a ver com toda aquela confusão.
Aliomar ao ouvir isso, respondeu que a levaria até a igreja para conversar com Lourival.
A moça nervosa, perguntou onde estavam Marta e Renato.
Aliomar, dizendo que eles estavam bem, comentou que os levou para longe dali. Alegando que queria ficar a sós com ela, deixou bem claro que não a deixaria nem por um minuto sozinha.
Elis ao perceber isso, comentou que poderia pegar um táxi para ir até a igreja. Além disso, dizendo que precisava retocar a maquiagem, comentou que precisava voltar ao quarto.
Aliomar ao ouvir isso, respondeu que a acompanharia até lá.
Elis resistiu a idéia.
O homem então, impaciente, respondeu que estava ali para cobrar sua dívida e que iria obter seu pagamento, custasse o que custasse. Empurrando-a contra a parede, Aliomar ameaçou matar Lourival, caso ela não passasse uma noite com ele.
Elis, desesperada, tornou a chorar. Dizendo que não criara toda aquela confusão, respondeu que não tinha culpa de nada.
Aliomar no entanto, não se comoveu com seu desespero. Alegando que negócios são negócios, o homem respondeu que não havia como ela escapar disso. Ansioso, ao sentir a respiração ofegante da moça, sem qualquer cerimônia, segurou sua cabeça e fazendo menção de beijá-la, começou a erguer a saia do vestido.
Elis, ao perceber isso, tentou se desvencilhar de Aliomar, mas este, ameaçando-a, exigiu que ela ficasse quieta.
Desesperada, a moça, ao contrário do que ele havia pedido, começou a gritar. Pedindo que ele a deixasse em paz, Elis implorou para que ele a soltasse.
Aliomar porém, continuava a importuná-la.
Elis então, percebendo que não possuía outra alternativa, ao notar que Aliomar estava distraído, chutou-o. Em seguida, constatando que ele a soltara, saiu pela porta dos fundos e ganhando a rua, começou a correr desesperada.
Furioso com a atitude da moça, assim que recuperou o fôlego, Aliomar gritou para que seus comparsas fossem atrás dela.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 20
Aliomar irritado, ao saber que não fora convidado, ainda assim, colocou seu melhor terno e rumando para a igreja, aguardou a chegada de Lourival. Enquanto isso, seus olheiros continuavam a vigiar o casal.
À certa altura, cansado de esperar pela chegada de Lourival, Aliomar ao ser informado que o moço já havia saído de casa, resolveu ir até a casa do rapaz, para conversar com Elis.
Nisso, Elis, entusiasmada com o casamento, auxiliada por Marta – tia de seu futuro marido –, se preparava para o momento.
Primeiramente tomou um demorado banho, depois, vestiu-se. Marta prestativa, ajudou-a a fechar os botões da veste.
Em seguida a moça se maquiou um pouco e arrumou os cabelos.
Marta ao vê-la tão linda, comentou emocionada que nunca tinha visto antes, uma noiva mais radiosa. Feliz, comentou que nunca em sua vida imaginara ver uma beleza tão delicada diante de si.
Elis ao ouvir as palavras comovidas de Marta, sorriu.
Nisso Marta – que já estava devidamente arrumada – comentou que era hora de saírem de casa, ou o casamento não ocorreria.
Elis concordou.
Marta então, deixou a moça em seu quarto. Dizendo que iria chamar Renato para arrumar o carro, comentou que voltaria em breve.
Elis concordou. Dizendo que esperaria em seu quarto, deixou Marta ir.
Enquanto Marta procurava pelo esposo, Elis ajeitava um pouco mais seu cabelo, colocava os brincos e segurava o buquê de flores.
Entretida que estava em se arrumar, a moça nem sequer notou que um estranho adentrava seu quarto. Distraída que estava, Elis só foi perceber a presença do estranho, quando mirando o espelho, distinguiu um vulto. Assustada, tentou sair do quarto, mas o homem, mais rápido, alcançando-a, segurando um de seus braços, tapou-lhe a boca.
A seguir, Aliomar, puxou-a para dentro do quarto. Fazendo-a se sentar numa poltrona, o homem prometeu que a soltaria, se ela não gritasse, nem tentasse fugir.
Elis, sem alternativa, acabou concordando.
Nisso, Aliomar, soltou-a.
A moça, assustada, sem entender o que estava acontecendo, perguntou o que ele fazia ali.
Aliomar então explicou-lhe que estava ali, por que há muito tempo, a admirava de longe e que por isso mesmo desejava lhe falar.
Elis, ao ouvir estas palavras, acreditando tratar-se de um louco, aproveitando-se de um momento de distração de Aliomar, levantou-se e se dirigindo a porta, alcançou as escadas.
Desesperada a moça, começou a procurar por Marta e Renato. Ao perceber que não havia ninguém na casa, Elis começou a desconfiar que o homem não agia sozinho. Por esta razão, assim, que alcançou a sala, a moça saiu da residência. Porém, quando estava prestes a ganhar a rua, Aliomar, puxando-a pelo braço, obrigou-a a entrar.
Elis então, tentando se livrar da Aliomar, ameaçou gritar.
Aliomar porém, tapando sua boca, arrastou-a para dentro da casa.
Em seguida, chamou seus comparsas. Quando os homens adentraram a sala, Aliomar então começou contar, que estava ali para cobrar uma dívida.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.