Poesias

sexta-feira, 2 de abril de 2021

CARINHOSO - PARTE II - CAPÍTULO 16

 

Aborrecida por ser contrariada, a moça acabou concordando em se encontrar com o rapaz.
Max, ao receber um telefonema da jovem, agendando um encontro, ficou surpreso.
Sem saber direito o que pensar, acabou concordando.
Iria se encontrar com a moça na mansão em que ela morava.
Surpreso, o moço descobriu que Laura havia se mudado de residência.
Preocupado em fazer uma boa figura, o moço dirigiu-se a uma loja.
Auxiliado pelo vendedor, o rapaz comprou um bom terno.
Gastou quase um quarto do salário com a roupa.
O vendedor, ao ouvir o comentário, começou a rir.
Satisfeito, o moço saiu sorrindo da loja.
Isaura recomendou-lhe que usasse um vestido bonito.
Laura, cansada de ser cobrada pela mulher, que criticou tanta displicência da moça, insistiu para que ela usasse um vestido verde.
Isaura ajudou a moça a se arrumar para o encontro.
Sugeriu que ficasse com os cabelos meio presos, meio soltos. Aparentando desalinho.
Animada, Isaura deu palpite até nas jóias que a moça deveria usar.
Laura estava impaciente com toda a intromissão.
Isaura argumentou que ela tinha o direito de dar palpites, já que ela não estava se empenhando em ficar apresentável.
Laura retrucava dizendo que seria uma simples conversa, não cabia tantos cuidados.
Isaura insistia em dizer que naquela noite, sua vida iria mudar.
Mais tarde, Maximiliano pegou seu carro e se dirigiu ao imóvel.
Ao se aproximar do portão, disse ao segurança que havia sido convidado pela dona do imóvel para um jantar.
O segurança então, abriu o portão.
Disse ao rapaz que dirigisse até chegar a garagem que ficava visível, ao lado da casa.
Maximiliano agradeceu e dirigiu o carro até o local indicado.
Foi conduzido a sala por Leonilde, que o recebeu na porta.
Surpreso, o moço ficou feliz ao saber que a mulher ainda trabalhava para Laura.
Leonilde comentou que a moça era um tanto esquentada, mas era uma boa patroa.
Relatou que todas as pessoas com quem convivera nos tempos em que trabalhou como motorista na antiga mansão, continuavam trabalhando para ela.
Maximiliano relatou que era muito bom ouvir isto.
Minutos depois, Isaura se apresentou.
Disse que Laura iria descer dali a pouco.
E assim foi.
Laura desceu as escadas da mansão.
Maximiliano, ao vê-la, ficou encantando.
Isaura e Leonilde, decidiram se afastar.
Quando Laura se aproximou da sala, o moço se aproximou. Estendeu sua mão.
A moça o cumprimentou.
Perguntou-lhe se estava bem.
Maximiliano respondeu que sim.
Laura então, convidou-o a se dirigir a sala.
Perguntou-lhe se gostaria de beber alguma coisa.
Maxiliano respondeu que gostaria de tomar um vinho.
A moça ofereceu-lhe um cálice de vinho do porto.
Maximiliano agradeceu o oferecimento.
Laura, ao perceber que o moço se sofisticara, comentou que ele estava muito elegante. Relatou que ele não parecia a mesma pessoa que havia conhecido doze anos atrás.
O moço corrigiu-a dizendo que eles se conheciam há quase catorze anos.
- Tanto tempo assim? – perguntou Laura espantada.
- Pois, é, o tempo passa! – respondeu.
Laura ficou constrangida ao ouvir o comentário.
O moço ao perceber isto, argumentou que não estava cobrando nada. Falou que estava apenas respondendo uma pergunta.
Aproximando-se, segurou o rosto de Laura, que assustada, tentou se afastar.
Maximiliano contudo, segurou-a pelo braço.
Nisto, a moça pediu para se afastar.
Max respondeu que não o faria.
Laura enervada, disse-lhe que ele não poderia fazer isto.
Maximiliano retrucou dizendo que só queria conversar e que não aceitaria ordens suas.
A moça ficou espantada com a atitude do rapaz.
Max então soltou-a.
Em seguida, pediu-lhe desculpas.
Nervoso, argumentou que não devia estar ali.
Comentou que já devia saber que aquilo era um erro. Chateado, comentou que estava cansado de esperar uma explicação, de tentar entender o que havia acontecido. Relatou que tinha direito a uma explicação, mas estava ciente de que isto nunca iria acontecer.
Quase chorando, pediu desculpas por havê-la convencido a se casar, sabendo que não poderia oferecer-lhe o que tanto queria. Disse que se sentia um enganador. Argumentou que talvez tivesse sido punido por tê-la enganado.
Argumentou que estava cansado de sofrer e de ver tanta gente a sua volta, sofrendo.
Relatou com os olhos perdidos, que não sabia mais o que fazer da própria vida.
Laura ao perceber a tristeza do moço, disse-lhe que não precisava pedir desculpas.
Argumentou que ela também errara ao partir sem dar explicações.
Como justificativa, relatou que se tentasse explicar seu intento, seria impedida de fazê-lo. Pediu desculpas por ter agido de forma intempestiva, mas mencionou que não teve outra alternativa.
Max ouviu as palavras da moça.
Relatou que não devia estar ali.
Nisto, fez menção de sair da casa.
Neste momento, Laura pediu para que ficasse.
Disse que ainda tinham muito o que conversar.
Maximiliano por sua vez, tentou argumentar dizendo que não devia continuar insistindo no assunto.
Laura então, tentando mudar de tema, comentou que todos no escritório, estavam gostando de seu trabalho.
A moça comentou que Angelo estava satisfeito com seu desempenho.
Nisto, o rapaz perguntou-lhe por que não o demitira.
Laura explicou que não tinha motivos para fazê-lo já que trabalhava tão bem.
Ao notar o ar de surpresa do moço, a mulher respondeu que não tinha nada contra ele.
Maximiliano falou que não a entendia.
Laura respondeu que não era a megera que ele estava pensando.
Nesta ocasião, Leonilde informou que o jantar seria servido.
Laura agradeceu e convidou o moço para jantar.
O casal caminhou em direção a sala de jantar.
Jantaram.
Isaura, em conversas com Laura, perguntou o que o moço gostava de comer.
A moça retrucou dizendo que não sabia.
Argumentou que fazia anos que não convivia com Maximiliano, e não sabia mais do que ele gostava.
Isaura então, ciente da origem humilde do rapaz, resolveu fazer uma macarronada.
Com isto, o casal jantou.
Laura comentou que não sabia do que ele gostava e que Isaura resolveu com Erotildes, que iriam fazer macarrão.
Maximiliano rindo, comentou que sempre gostou de uma boa feijoada.
Nisto, completou dizendo que ela sabia disto.
Laura perguntou se ele ainda gostava de feijoada.
Max respondeu que sim.
A empresária argumentou que estava tarde, e que não seria uma boa idéia uma feijoada aquela hora da noite.
Enquanto jantavam, Max ficou a se recordar das refeições preparadas por ela.
Comentou que ela cozinhava muito bem.
Em dado momento, chegou a perguntar se ela ainda cozinhava.
Laura respondeu que quando esteve a frente de seus restaurantes, fez alguns cursos de culinária. Falou que chegou a cozinhar também. Mas relatando que seu forte não era a cozinha e sim administrar seus projetos, comentou que estava mais feliz agora, sendo dona de seu próprio nariz.
A esta altura, o moço perguntou se ela era feliz.
Laura achou curiosa a pergunta. Comentou que sim, era muito feliz.
Maximiliano perguntou-lhe se não se sentia só.
A empresária respondeu-lhe que não.
O rapaz argumentou que às vezes se sentia só, vivendo naquela cidade imensa.
Laura perguntou-lhe dos amigos, se não possuía uma namorada.
Maximiliano respondeu que não tinha namorada.
Nisto, Laura comentou que não queria ter nenhum tipo de inimizade com ele.
Mencionou que estava namorando um rapaz, e que não queria deixar histórias inconclusas para trás.
O rapaz, ao perceber o tom da moça, ficou deveras incomodado.
Tanto que indagou Laura do porquê daquelas palavras.
O moço perguntou então, se ela pretendia se casar novamente.
Constrangida, a mulher respondeu que isto não vinha ao caso.
Maximiliano insistiu em falar-lhe que vinha sim ao caso.
O clima tenso se instalou.
Antes porém, o casal conversou sobre amenidades.
Laura mencionou que para se tornar dona de restaurante precisou se aperfeiçoar e aprendeu a fazer pratos sofisticados.
Max por sua vez, falou que aprendeu a apreciar outros pratos mais elaborados, mas que ainda assim, preferia o trivial caseiro. Comentou que sentia falta do tempero da comida de sua mãe, e que sentia saudade dos tempos em que vivia no campo.
Relatou que nem mesmo doze anos longe do campo, o convenceram de que a vida na cidade era melhor.
Nisto, o moço perguntou se ela não sentia nem um pouco de saudades dos tempos em que vivera no campo.
Laura respondeu que sua origem era esta, mas nunca se identificou com aquele modo de vida.
Ao ouvir isto, o jovem ficou desapontado.
Laura então, recordando-se de uma tarde em que passou com o pai e os irmãos de criação, fez um aparte. Contou sentia muito carinho por algumas lembranças ternas que guardava daqueles tempos. Salientou contudo, que não gostaria de voltar a viver no campo, talvez e apenas, fazer um passeio pelo lugar.
Maximiliano sorriu.
O clima estava ameno.
E continuaria assim, se a moça não tivesse comentado que estava namorando um rapaz, e que tinha interesse em formalizar o divórcio.
Max, ao ouvir as palavras da jovem, ficou furioso.
Indagou se fora por esta razão que o convidara para o jantar.
Laura sem jeito, contou que estavam separados há muito tempo, e que não era justo mantê-lo preso a um compromisso que só existia no papel. Tentando amenizar a situação, relatou que ele tinha direito a ser feliz com outra pessoa, da mesma forma que ela.
Nervoso, o moço comentou que ela deveria ter pensado nisto antes, e que ele não estava disposto a conceder o divórcio assim tão fácil.
Laura ao ouvir isto, perguntou-lhe se ele tinha interesse no patrimônio dela.
Nervosa, comentou que ela poderia provar que ele não contribuiu em nada para a aquisição dos bens, e que haviam se casado no regime da comunhão parcial de bens.
Maximiliano, ao ouvir as palavras da empresária, respondeu gritando, que não estava interessado em seu rico patrimônio, em seus bens tão mesquinhamente ganhos.
Nisto, comentou que não aceitaria tamanha desfaçatez e que não ela não tinha o direito de brincar com o sentimento das pessoas.
Laura argumentou que não estava brincando com os sentimentos de ninguém. Disse que não mandava em seu sentimento, e estava gostando de Humberto.
Curioso, Maximiliano perguntou se este Humberto também era empresário.
- Não é de seu interesse! – retrucou Laura.
Nervoso, Maximiliano, ao perceber a mulher se afastando, aproximou-se dela e a segurou pelo braço.
Laura, ao perceber que o moço estava furioso, assustou-se.
Exigiu que ele soltasse seus braço.
Max contudo, a segurava com mais força.
A certa altura, Laura disse-lhe que ele a estava machucando.
Insistiu para que ele a soltasse.
Maximiliano contudo, gritou dizendo que não a soltaria.
Ao ouvir o berro, Leonilde e Isaura acorreram a sala de jantar.
Quando a governanta fez menção de intervir, Isaura a impediu.
Disse que eles se entenderiam.
Leonilde ao ver o modo como Max segurava o braço de Laura, argumentou que ele poderia machucá-la.
Isaura por sua vez, falou que ele jamais a machucaria.
No entanto, caso houvesse necessidade, interviria. Contudo, o momento não era chegado.
Alegou.
A mulher insistiu que eles precisavam se entender, e que este entendimento só chegaria quando um deles tomasse uma atitude.
No caso, Max.
Leonilde concordou. Mas disse que se ele não parasse de apertar o braço da patroa, seria obrigado a chamar um dos seguranças.
Isaura concordou.
Só recomendou que esperasse um pouco.
Nisto, as mulheres se afastaram.
Furioso, Max acusou Laura de oportunista e interesseira. Argumentou que ela só estava namorando este tal Humberto, por que ele devia ser bem mais rico do que ela.
Laura ao ouvir as palavras do moço, gritou dizendo que ele não entendia nada.
Logo ele dizendo isto.
Maximiliano, percebendo que a moça se referia ao patrimônio que amealhara, e o temor que tinha de que ele exigisse parte dos bens, gritou dizendo que não estava interessado em seu dinheiro.
Mencionou que se tivesse interessado em dinheiro, já teria promovido o divórcio a seis anos atrás. Argumentou que possuía um apartamento próprio e um carro quitado, e que não dependia de ninguém para nada.
Laura neste momento, pediu chorando para que ele a soltasse.
Maximiliano então, ao olhar para o braço de Laura, soltou-a.
Ao notar que a pressão que usara para segurar a moça deixou seu braço vermelho, pediu desculpas. Perguntou se a havia machucado.
Laura não respondeu.
Maximiliano aproximando-se, segurou novamente o braço da moça.
Laura pediu então, para que ele não se aproximasse novamente.
O moço ao perceber que a moça pretendia resistir, pediu para que ela não se opusesse, pois não tinha a intenção de machucá-la.
Só queria ver como o braço estava.
E assim, segurando delicadamente o braço da moça, perguntou se doía, quando ele pressionava.
Laura respondeu deu um pulo.
Maximiliano pediu-lhe novamente desculpas.
Disse que isto não iria se repetir.
Laura sentou-se novamente a mesa.
Disse que seu advogado iria contatá-lo para providenciar o divórcio.
Maximiliano respondeu-lhe que não lhe daria o divórcio.
Comentou novamente que não estava interessado em seus bens, mas que ainda assim, não facilitaria as coisas para ela.
Laura aborrecida, levantou-se. Passou por Max.
Quando se aproximou da escadaria, o moço puxou-a novamente pelo braço e lhe disse que ele não iria se separar dela.
Laura aborrecida, se desvencilhou do moço, que insistente, perguntou se ela gostava de Humberto.
Procurando provocá-la, o jovem falou-lhe que ela não parecia muito entusiasmada quando falava nele.
Laura retrucou dizendo que ele cuidasse de sua própria vida.
Nisto, voltou-se novamente para a escada.
Disse que estava muito cansada e que iria se recolher. Por fim, falou que ele poderia ficar, se quisesse, mas que não tardasse muito para sair.
Nisto pediu licença e começou a subir as escadas.
Maximiliano, ao perceber que a moça se afastando, vendo Laura no meio da escada, sem pensar no que estava fazendo, subiu as escadarias.
Segurou novamente a moça pelo braço.
Laura tentou repeli-lo, mas Max, dizendo que era perigoso ficar se debatendo na escada, exigiu que ela subisse.
A moça teimou dizendo que dali não sairia enquanto ele não descesse as escadas.
Como Maximiliano não estava interessado em retroceder, o jovem decidiu segurar a moça no colo.
Laura, esperneou.
Insistiu para que ele a colocasse no chão, mas Maximiliano não atendeu, exigindo que ela parasse de pular, sob o argumento de que agindo daquela forma, os dois acabariam caindo das escadas.
Max disse-lhe que só queria conversar e que se depois daquela conversa, ainda assim ela estivesse disposta a levar o divórcio adiante, poderia fazê-lo, pois não iria mais se opor.
A empresária, ao ouvir as palavras do moço, concordou em atendê-lo.
Nisto, disse que poderiam conversar no escritório.
Maximiliano contudo, insistiu para que subissem, e que se assim não fosse, o trato estaria desfeito.
Sem alternativa, a moça concordou.
Com isto, ao final da escada, o moço soltou-a.
Maximiliano perguntou-lhe onde ficava seu quarto.
Laura indicou-lhe o caminho, e Maximiliano levou-a até lá.
A certa altura, sem ouvir sons da sala de jantar, as mulheres se encaminharam para o local.
Espantaram-se quando não viram o casal.
Aproximaram-se do escritório, mas perceberam que o mesmo estava vazio.
Isaura animada, comentou que as coisas transcorriam melhor do que imaginara.
Leonilde não compreendeu o comentário, mas Isaura, disse que iria se aproximar do quarto de Laura.
Assim o fez.
Percebeu que havia gente no quarto, mas a porta estava encostada.
Discretamente se afastou.
Com isto, Laura e Maximiliano conversaram.
O moço contou-lhe sobre toda a mágoa que sentia por ter sido abandonado, e que tal fato fizera com que abandonasse a fazenda.
Cansou de ser apontado como o coitado, e de ter de arrumar outra mulher só para dizer que havia superado tudo. Disse ter ficado cansado de enfrentar o olhar de pena de todos.
Afastou-se de tudo. Não queria nenhum contato com nada que lhe lembrasse dela.
Laura por sua vez, tentou se explicar.
Disse que não gostou de ser enrolada, que queria muito viver na cidade.
Comentou sobre os anos que vivera ali, de sua luta, dos anos de estudos. Argumentou que não tinha nada contra ele, que não lhe desgostava, só achava que não combinavam, já que tinham interesses diversos.
Maximiliano comentou então, que ainda trazia guardado consigo, o livro de poesias que ela lhe dera de presente.
Nisto, o moço perguntou-lhe se ainda gostava de poesia.
Laura respondeu que sim, muito embora não encontrasse tempo ultimamente para ler.
Maximiliano lamentou.
Comentou que ela tivera tanto trabalho para se ilustrar, se instruir e se esquecera do mais importante, que era aproveitar a vida.
Laura por sua vez, diante das palavras do moço, argumentou que sabia sim, aproveitar a vida.
Comentou sobre as viagens que fizera, dos lugares que conhecera.
Max argumentou que todavia, ela estava sempre sozinha.
Laura retrucou dizendo que não.
Por diversas vezes estivera acompanhada.
Ao ouvir tais palavras, o moço se impacientou novamente.
Laura por sua vez, indagou:
- O que você esperava? Que eu ficasse eternamente sozinha? Pois eu duvido que você tenha ficado sozinho todo este tempo.
Maximiliano então, tentando provocar a moça, disse que sim, tivera muitas namoradas, e que todas elas eram muito melhores que ela.
Laura ao ouvir isto, perguntou:
- E por que você não escolheu nenhuma delas para se casar?
Maximiliano argumentou que já estava casado, e que não pretendia se desfazer de seu compromisso. Comentou que casamento era para a vida inteira, e que não havia esquecido de sua promessa.
Laura indagou a respeito da promessa:
- Que promessa?
Mais do que depressa o moço respondeu que ao se casar com ela, fizera uma promessa de que a vida de ambos seria repleta de felicidade e de bons momentos. Argumentou que não pudera cumprir com a promessa tempos atrás, mas que agora estava disposto a fazê-lo, se ela lhe desse a oportunidade.
Ao ouvir isto, Laura perguntou-lhe o que estava querendo dizer com aquelas palavras.
Maximiliano mais do que depressa respondeu que não pretendia se separar, que ainda gostava muito dela e que estava disposto a retomar o casamento.
Laura espantou-se.
Procurando entender o que estava acontecendo, começou a rir.
Para decepção de Max, relatou que a proposta não tinha fundamento, no que o moço retrucou dizendo que tinha todo o fundamento sim.
Procurando deixar a moça sem saída, perguntou-lhe por que não havia providenciado o divórcio quando chegou na cidade. Procurando deixá-la confusa Max relatou que ela também não havia se esquecido dele e que tinha sim, saudades daquela vida simples.
Irritada, Laura argumentou que ele estava imaginando coisas.
Maximiliano retrucou dizendo que não.
Nisto, fez outra proposta. Disse que se o relacionamento deles não era importante, poderia fazer o que quisesse que ela não se importaria.
Laura assentiu afirmativamente.
Maximiliano então, num gesto brusco, beijou a moça.
Percebendo que ela tentou se afastar, o homem segurou-a com mais força.
Ao notar que a estar altura a mulher não oferecia resistência, Max decidiu se afastar.
Laura não sabia o que pensar.
Com isto, Maximiliano aproximou-se novamente.
Beijou-a novamente.
A certa altura, a moça alisava os cabelos do moço.
De manhã, o rapaz se recompôs.
Abriu a porta do quarto.
Olhou para o corredor para se certificar de que não havia ninguém por perto.
Desceu pé ante pé as escadarias.
Ao chegar na sala de jantar, assustou-se com a presença de Isaura, a qual sorrindo, desejou-lhe bom dia.
Constrangido, o moço respondeu.
Perguntou-lhe se fazia muito tempo que estava ali.
Isaura respondeu que sabia que ele havia passado a noite na casa.
Sorrindo, perguntou se eles haviam se entendido.
Confuso Maximiliano respondeu que não estava certo disto.
Isaura então indagou:
- Como assim? Mas é claro que sim. Laura nunca trouxe nenhum de seus namorados para dormir em casa.
Incomodado, Maximiliano respondeu que não era namorado da moça e sim marido.
Isaura respondeu que este era um motivo a mais para chegar a conclusão de que as coisas estavam chegando a um bom termo.
Nisto a mulher convidou-o para o café.
Conversaram.
Isaura recomendou-lhe que aguardasse a moça, mas Maximiliano respondeu-lhe que tinha hora para trabalhar.
Isaura sugeriu então, que retornasse na hora do jantar.
Maximiliano argumentou que precisaria trabalhar até tarde, mas assim que se desincumbisse de suas funções, iria até a mansão.
Assim, despediu-se da mulher, prometendo voltar.
Quando Laura acordou, resolveu tomar um banho, vestiu-se, arrumou-se e desceu as escadas.
Tomou um café da manhã apressadamente, mal tendo tempo para conversar com Isaura.
Em seu escritório, a moça analisou documentos, atendeu telefonemas, participou de uma reunião.
Maximiliano analisou documentos contábeis.
Não se encontraram durante o expediente.
Ao término do trabalho, o moço se encaminhou para a mansão.
Combinado com Isaura, o rapaz teve sua entrada liberada.
Ao adentrar a mansão, o moço foi informado que Laura havia acabado de chegar, e que iria jantar em seu quarto.
Ao ouvir isto, o rapaz sugeriu ele mesmo levar o jantar para a moça.
Perguntou se não havia inconveniente quanto a isto.
Isaura respondeu que não.
Com isto, o moço levou o jantar para o quarto da moça.
Bateu na porta.
Laura pediu para entrar.
A esta altura, já estava de banho tomado, roupão e lendo um livro deitada em sua cama.
Ao ver Maximiliano se aproximando, espantou-se.
Perguntou o que fazia ali.
O moço respondeu que iria servir seu jantar.
Laura riu.
Perguntou se ele não devia estar em sua casa, descansando.
Maximiliano respondeu que poderia fazê-lo ali, caso ela autorizasse.
A moça riu.
Ele por sua vez, pediu licença e sentou-se a seu lado na cama.
Jantaram juntos.
Maximiliano brincava de colocar comida em sua boca.
Os dois riam animados.
Isaura, ao circular pelo corredor, podia ouvir os risos.
Feliz, comentou com Leonilde que eles estavam se acertando.
Com o tempo, as visitas passaram a ser cada vez mais freqüentes.
Certo dia, a moça recebeu uma ligação de Humberto.
Estranhando a ausência da jovem, o rapaz perguntava quando tornariam a se encontrar.
Constrangida, a moça atendeu a ligação perto de Maximiliano, que ao perceber que ela conversava com o rapaz, perguntou se ela não havia terminado o namoro.
Laura nervosa, respondeu que este tipo de conversa não poderia ocorrer por telefone.
Maximiliano exigiu que ela marcasse um encontro com o rapaz e terminasse o namoro.
Ao ouvir isto, a empresária argumentou que não agiria pressionada.
Relatou que quando a oportunidade se apresentasse, conversaria com o rapaz.
Maximiliano se aborreceu.
Com isto, dias mais tarde, Humberto resolveu fazer uma visita a moça.
Sem avisar, dirigiu-se a sua casa, sendo recepcionado por Leonilde.
Qual não foi a surpresa do moço, ao ver Laura sendo abraçada por Maximiliano. Rapaz que não conhecia.
Imediatamente exigiu explicações.
Como Laura permanecesse muda, Maximiliano instou-a para que falasse.
Argumentou que ou ela conversava com o rapaz, ou ele mesmo contaria.
Pressionada, a jovem chamou o moço para conversar no escritório.
Apreensiva, explicou-lhe que o rapaz que vira em sua sala, era um antigo conhecido seu, com quem tivera um relacionamento, há muitos anos atrás.
Humberto, aborrecido, respondeu que ela deveria ter mais respeito por ele e não ficar se esfregando com qualquer um.
Ofendida, a moça respondeu que não estava se esfregando em ninguém, e que Maximiliano não era qualquer um.
Humberto irônico, argumentou que ela o havia traído, e que portanto, não era digna de respeito ou de confiança. Furioso, chamou-a de ordinária.
Maximiliano, ao ouvir da sala, as ofensas do moço, irrompeu no escritório e desferiu-lhe um soco no rosto.
Disse para que tivesse respeito com a moça.
Argumentou que pelo que ouvira dos empregados, o relacionamento dos dois não era bem um namoro, posto que raramente se encontravam ou se falavam, ainda que por telefone. Então, não havia motivos para tanta celeuma.
Humberto argumentou que estavam saindo juntos já há algum tempo, e que ele pretendia tornar o relacionamento mais sério. Mencionou que pretendia se casar com a moça, mas ela com sua estupidez, havia estragado tudo.
Maximiliano, ao ouvir as palavras do moço, disse-lhe que ela já era casada e que jamais poderia se casar com ele.
O empresário, que procurava se recuperar do choque, e se recompor do soco que levara, ficou ainda mais transtornado.
- Casada? Como assim, casada? – indagou.
Maximiliano respondeu-lhe que estavam casados há quase quinze anos, muito embora, só tenham vivido juntos por um ano.
Humberto não compreendia.
Por fim, chamou a todos de loucos, e disse que não queria vê-los em sua frente nunca mais.
A Laura, disse que não a queria ver mais nem pintada e ouro e recoberta de diamantes.
Laura por sua vez, respondeu que ele ficasse descansado, pois não iria nunca mais procurá-lo.
Argumentou que não pretendia fazer tão bela figura diante dele, e que tentaria retomar sua vida. Por fim, lamentou que ele soubesse dos fatos daquela forma, mas argumentou que não imaginou que voltaria a viver com seu marido.
Humberto argumentou que nunca fora tão ofendido em sua vida.
Laura pediu-lhe desculpas.
O empresário por sua vez, redargüiu dizendo que nada diminuiria a raiva que estava sentindo.
Desejou que passasse muito mal.
Nisto, retirou-se do escritório, e ao pegar o carro, arrancou e cantou pneu.
Humberto saiu a toda, rua afora.
Laura e Maximiliano, se entreolharam.
O rapaz então, perguntou a moça se estava tudo bem, no que ela respondeu que sim.
Ao contar o ocorrido a Isaura, a jovem escutou a mulher lhe dizer que não devia ter tardado tanto para contar a Humberto o que estava acontecendo.
Laura argumentou que precisava esperar o momento oportuno para fazê-lo, mas que este momento nunca chegou.
Isaura redargüiu dizendo que daquela forma, as coisas ficaram ainda piores.
Laura respondeu que agora o mal já estava feito, e que não havia jeito de modificar as coisas.
Isaura concordou.
Melhor deixar as coisas como estão, o tempo de encarregaria de tornar o golpe mais leve.
Diante disto, depois de inúmeras cobranças do rapaz, Laura tornou a conviver com o marido.
Feliz, certa vez Maximiliano comentou que ela estava mudada, e que o relacionamento estava melhor. Nisto, o moço disse-lhe que estava mais leve e mais solta.
Laura respondeu que teve tempo suficiente para aprender o que precisava saber para viver um bom relacionamento.
Por fim, completou dizendo que nenhum dos homens com quem se relacionou reclamou.
Maximiliano não gostou de ouvir estas palavras.
A moça, percebendo isto, comentou brincando, que tudo fora uma preparação para voltar a viver com ele, viver de forma inteira, mais à vontade. Como não havia feito antes.
Percebendo que o moço ficara amuado, a jovem aproximou-se dele e começou a beijá-lo.
Acariciou seu rosto e alisou seus cabelos.
Por fim, o moço comentou que estava gostando da atenção dispensada.
Laura começou então a fitá-lo.
Por fim, colocou seu corpo em cima dele e o jogou na cama.
Maximiliano começou a rir.
Intrigada, a moça perguntou do que ele estava rindo.
O rapaz respondeu:
- Engraçado! Eu me casei com uma moça séria, tímida, reservada. Mas agora, ao reencontrá-la, vejo uma mulher segura, ainda séria e reservada, mas muito mais desinibida.
Curiosa, Laura perguntou-lhe se estava achando a mudança ruim.
Maximiliano respondeu que não.
Por fim, exigiu que ela não saísse com mais ninguém. Disse que agora seriam só os dois.
Laura rindo, comentou que não pretendia mais arrumar namorados.
Maximiliano era só alegria.
Isaura também ficava encantada de ver o casal junto.
Maximiliano vez ou outra, recitava poemas para Laura, que ficava encantada.
A moça ficava impressionada com a capacidade do moço em memorizar poesias.
Dizia que para se lembrar de todos os detalhes, de todos os versos, precisava ler no livro.
Já Maximiliano memorizava algumas poesias.
Sorrindo, o moço dizia que não havia se esquecido do quanto ela gostava de coisas belas.
Isaura, ao ouvir uma das poesias, bateu palmas e exclamou:
- Bravo!
Ao perceberem que eram observados, Laura e Maximiliano começaram a rir.
Os dois estavam no escritório nesta ocasião.
Com isto, a pedido de Max, Laura providenciou uma festa de comemoração dos quinze anos de casamento. Para isto, convidou alguns amigos.
Maximiliano apresentou seus amigos a moça.
Todos ficaram espantados de sabê-los casados, e há tanto tempo.
Contar a todos a história, foi um caso a parte.
Quando então, ficavam sabendo do tempo em que se casaram e depois se separaram, comentaram que eles deviam se gostar muito para insistirem na união.
Alguns diziam que parecia novela.
Laura e Maximiliano riam com os comentários.
Para surpreender o marido, Laura providenciou um bonito vestido branco.
Maximiliano usou um fraque.
O homem ao ver a esposa em um vestido vaporoso, ficou emocionado.
Nesta época, o moço insistiu para que ela chamasse seus pais de criação para a festa.
O rapaz disse que chamaria seus pais.
Laura, sem ter como recusar, e diante da insistência do moço, embora tenha discutido com ele num primeiro momento, acabou concordando. Com isto, chamou a todos.
Quanto o moço sugeriu tentar localizar Ludmila, Laura encheu-se de fúria e argumentou que ela não seria convidada.
Argumentou que ela nunca fizera parte dos grandes acontecimentos de sua vida, e não seria agora que ela iria invadir sua vida.
Maximiliano tentou argumentar, mas Isaura, já sabedora desta circunstância, tentou conversar com a moça.
Laura porém, estava inflexível.
Não admitia que ninguém se intrometesse em sua vida.
E assim, Ludmila não foi convidada para a festa.
No dia da festa, Zélia e Olavo, abraçaram emocionados, a filha que não viam há tantos anos.
Vicente e Antonio também foram convidados, assim como sua família e seus filhos.
Laura descobriu então, que tinha sobrinhos.
Rosália e Antunes, abraçaram o filho.
Advertiram Laura que se desta vez não fizesse o filho feliz, ela haveria de se entender com eles.
Antunes, ao perceber que Rosália pretendia passar uma descompostura em Laura, interrompeu a mulher. Disse que aquela não era ocasião mais apropriada para se fazer cobranças e sermões. Que aquele era um momento de alegria do casal, e que eles não estavam ali para atrapalhar.
Contrariada, a mulher se calou.
Com isto, deu-se lugar a uma bonita cerimônia celebrada no imenso jardim da mansão em que um coreto montado para a ocasião.
O casal foi aplaudido, fotografado.
Valsaram juntos, cortaram um bolo.
Os convidados cumprimentaram os casados. Desejaram de fato, a felicidade que ainda não tiveram.
E de fato o foram.
Tiveram duas filhas.
No primeiro ano após reatarem o relacionamento, Laura teve uma menina a quem deu o nome de Dandara.
Maximiliano estranhou o nome, mas a pedido da esposa, registrou a criança com o referido nome.
Laura justificou dizendo que havia uma música muito bonita, cuja personagem tinha este nome. Argumentou que era um nome sonoro e diferente.
Dois anos depois nasceu Júlia.
Nome este, escolhido por Maximiliano.
Laura contratou babás para cuidar das crianças.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

CARINHOSO - PARTE II - CAPÍTULO 15

A mulher examinou a documentação. Elogiou a presteza do rapaz em tirar xérox de todos os documentos necessários a contratação. Até mesmo do que não fora pedido.
Com isto, a mulher ofereceu-lhe um café.
Conversou mais um pouco com o moço.
Explicou-lhe as condições de trabalho. Comentou que ele passaria por um período de experiência, e que transcorrendo tudo bem, como acreditava que aconteceria, seria efetivado.
Leonilde comentou que duas mulheres moravam na casa, e que a mais nova era a dona do imóvel e a mais exigente. Exigia pontualidade e presteza.
Contudo, quem não a desapontava era regiamente recompensado.
Neste ponto, a mulher comentou que o salário informado no jornal, não englobava vale transporte e convênio médico. Falou que não seria oferecido vale-refeição, pois ele faria suas refeições na cozinha com os demais empregados.
Por fim, relatou que em algumas ocasiões seria necessário pernoitar na residência.
Maximiliano respondeu que não haveria problemas.
E assim, o moço foi contratado.
Leonilde parabenizou-o pela contratação.
Apertaram as mãos.
Erotildes, ficou felicíssima pela contratação.
Efusiva, chegou a comentou que seria mais um homem bonito circulando pela casa.
A governanta, ao ouvir o comentário da cozinheira, censurou-a.
Pediu para que tivesse compostura, pois o rapaz poderia não gostar da brincadeira.
Maximiliano respondeu então, que não se importara.
Ao ouvir isto, Erotildes emendou:
- Já está acostumado, não é mesmo? Esses homens bonitos, sempre tem alguém mais esperta que lança o olho neles antes da gente! Ah se eu tivesse alguns anos a menos!
Nisto, todos os empregados da casa caíram na gargalhada.
Maximiliano achou graça.
Brincando, disse para que ela parasse de lhe dizer aquelas coisas ou ficaria convencido.
Leonilde desculpou-se pelos modos de Erotildes.
Disse que todos estavam felizes com a contratação, e que ele se acostumaria com o jeitão dela.
Chamando o rapaz em um canto, comentou que a cozinheira era muito brincalhona, mas tinha um ótimo coração.
Maximiliano comentou que não se ofendera com a brincadeira. Argumentou que era melhor ser recebido com festa do que com hostilidade.
Leonilde concordou.
Com isto, o moço começou a trabalhar na casa.
Isaura, sempre que podia utilizava os préstimos do moço.
Maximiliano a levava e buscava nos restaurantes.
A mulher passava por todos os restaurantes. Verificava a preparação dos cardápios, o trabalho dos funcionários.
O moço também levava a cozinheira da casa, as compras, a feira.
Erotildes se sentia uma madame indo para lá e para cá no carro da patroa.
Leonilde também utilizava os serviços do motorista.
A proprietária da casa, contudo preferia ela própria dirigir até o escritório onde trabalhava.
A moça só ficou conhecendo o empregado, quando precisou do motorista para levá-la a todas as lojas e a confecção instalada no centro da cidade.
Qual não foi sua surpresa ao perceber que se tratava de Max.
O rapaz também ficou surpreso ao se ver diante de Laura.
Impressionado, perguntou-lhe o que fazia naquela casa.
Indagou se também era funcionária.
Laura, um tanto chocada com a novidade, respondeu que não, era apenas a dona do imóvel.
O espanto de Max foi ainda maior.
Nisto, a jovem chamou Leonilde.
A governanta, ao ser inquirida pela patroa, argumentou que ela não impusera empecilhos a contratação e que Max era um ótimo funcionário. Nunca lhe criara problemas. Contudo, ela era a patroa e ela definia quem ficava e quem saía dali.
Desculpou-se pelo mal estar criado, mas dizendo que não via problemas na permanência do moço na residência, relatou que não compreendia sua reação.
Nisto, percebendo o ar de desaprovação da moça, Leonilde disse:
- Os senhores se conhecem!
Diante disto, pediu desculpas e retirou-se.
Ao se afastar, Leonilde pode perceber um silêncio.
Somente quando Laura notou que a mulher estava longe da sala, perguntou-lhe o que estava fazendo ali.
Max respondeu que havia sido contratado para ser motorista. Argumentou que nunca poderia imaginar que ela morava naquela casa, e que era a dona do imóvel.
Nisto o moço perguntou-lhe por que ela havia ido embora sem ao menos lhe dar uma explicação.
Laura engoliu em seco.
Disse que não lhe devia explicações.
Maximiliano respondeu-lhe que ela lhe devia uma explicação sim.
Comentou que sofrera anos a fio, que a esperara por muito tempo, e que ao ver que ela não voltaria mais, decidiu rumar para a capital.
Confessou que durante os primeiros anos em que viveu na cidade, procurou-a em todos os lugares por onde passou, mas que com o tempo, deixou de lado sua busca.
Nisto, começou a rir.
Com os olhos cheios de água, falou quase aos prantos, que havia perdido as esperanças de encontrá-la.
Desta feita, perguntou-lhe novamente por que o havia abandonado.
Laura emudeceu.
Não sabia o que dizer.
Maximiliano insistia para que lhe desse uma explicação.
Até que a certa altura, a moça disparou:
- Eu é que tenho que dar uma explicação? Fui enganada por uma mulher que se dizia ser minha amiga, mas que na verdade não quisera me reconhecer como filha... Fui enganada por você, que prometeu que me ajudaria a prosseguir em meus estudos e não moveu uma palha para me ajudar. Muito pelo contrário, fez tudo o que pode para me deixar presa naquela fazenda... O que você queria, que eu ficasse ali eternamente sendo enganada por todos?
Ao ouvir as palavras duras de Laura, o moço ficou profundamente magoado.
Em dado momento, chegou a perguntar-lhe se não sentia falta de seus pais, de Zélia e Olavo, de seus irmãos, dele.
Quando o moço se referiu aos seus pais e irmãos, Laura perguntou-lhe se estava se referindo aos seus pais adotivos, ou aos ingratos que a abandonaram.
Maximiliano, tentando recuperar-se do choque, respondeu que estava se referindo a sua família de criação.
Neste momento, comentou que conversara com Ludmila e que a mulher lhe dissera que não a abandonara, que fizera o que fizera, visando protegê-la.
Ao ouvir isto, a moça irritou-se. Argumentou que a mulher não precisava de advogados.
Maximiliano calou-se.
Laura nutria profunda mágoa de Ludmila e Zélia.
Em todos aqueles anos, não se preocupara em manter contato com quaisquer pessoas que lembrassem sua vida na fazenda.
Em dado momento, Maximiliano lembrou-lhe que possuía família, e que eles se ressentiam da falta de notícias.
Comentou que Antonio e Vicente haviam se casado, e que Olavo estava cada dia mais triste com sua ausência.
A moça, ao recordar-se de Olavo, ficou com os olhos cheios d’água.
O rapaz, percebendo isto, perguntou-lhe se não gostaria de falar com sua família.
Laura respondeu que não queria falar sobre isto.
Com isto, tentando se explicar, Max disse que viera para a cidade em razão da necessidade de ganhar dinheiro, e de proporcionar uma vida melhor a sua família.
Laura, ao ouvir isto, perguntou o que fizera finalmente passar a viver na cidade.
O moço argumentou que a vida na fazenda estava muito ruim. Mencionou que não agüentava mais ser apontado como coitado, como o marido que fora abandonado.
Sentia-se muito desconfortável nesta situação.
Laura ficou constrangida ao ouvir a explicação.
Maximiliano por sua vez, comentou que quase pensou em se casar novamente.
Laura então deu-se conta de que continuava legalmente casada com o rapaz.
Diante disto, perguntou-lhe se gostaria de receber um bom dinheiro para sair da casa.
Espantado, o homem respondeu que gostaria de ganhar dinheiro com o seu trabalho.
Argumentou que não estava ali para se aproveitar da situação, e que se ela não estava satisfeita com seu trabalho, que o mandasse embora.
Isaura, que a esta altura voltava a residência, ao perceber o clima tenso entre os dois, perguntou a Laura se havia algum problema.
Maximiliano respondeu que estava apenas acertando suas contas.
A mulher, ao ouvir isto, perguntou a Laura o motivo da demissão.
Laura retrucou dizendo que não estava demitindo ninguém.
Isaura não compreendeu.
Razão pela qual insistiu por uma explicação.
A jovem tentou argumentar dizendo que se tratava de um assunto particular.
Isaura ao ouvir isto, relatou que independente de qualquer coisa, o moço não poderia ser demitido. Mencionou que foi muito difícil encontrar alguém de confiança e tão responsável para executar o trabalho.
Com isto, pediu licença e se afastou.
Laura chamou então o rapaz para adentrar seu escritório.
Ao entrarem, Laura encostou a porta do ambiente.
A mulher respondeu-lhe então, que teria um prazo para deixar a casa, e arrumar um novo trabalho. Comentou que todas as verbas rescisórias seriam pagas, que não precisava se preocupar.
Ressalvou contudo, que não tinha interesse em mantê-lo como seu empregado. Argumentou que não havia possibilidade de convivência.
Maximiliano, magoado, retrucou dizendo:
- É sempre assim! As pessoas são descartadas quando não mais interessam! E depois, questiona o fato de ter sido abandonada! Você fez o mesmo com sua família de criação!
Laura, ao ouvir as palavras do moço, exigiu que ele se calasse.
Argumentou que ele não era ninguém para se dirigir a ela daquela maneira.
Maximiliano irritado, gritou dizendo que era marido dela.
Diante de um possível escândalo, a mulher pediu para que ele se calasse.
Furioso, o moço respondeu que não se calaria, que não se sujeitaria a seus desmandos, e que ela lhe devia algumas explicações.
Laura nervosa, elevou a voz e começou dizendo que não lhe devia nenhuma explicação.
Maximiliano, segurando seu braço, insistia em dizer que ela lhe devia satisfação.
Isaura, ao perceber a altercação, resolveu intervir.
Bateu na porta do escritório, e do lado de fora, perguntou se estava tudo bem.
Laura respondeu irritada que sim.
Isaura retrucou então, dizendo que todos haviam percebido que eles estavam discutindo.
A moça ao ser advertida do fato, resolveu abrir a porta para a mulher.
Isaura adentrou o recinto.
Preocupada, a mulher perguntou:
- O que está acontecendo? Vocês se conhecem?
Laura precisou então explicar que fora casada com o moço.
Maximiliano, argumentou que ela o abandonara, assim como toda sua família.
Isaura olhou nos olhos da moça e indagou se o que o moço dissera era verdade.
Laura então respirou fundo.
Contou que fora criada em uma família de criação.
Estudou em colégio interno. Vindo a se casar, com a promessa de que assim que reunisse condições, o moço e ela viveriam na capital e fariam faculdade. Comentou que somente depois de uma discussão dos pais de criação, descobriu que era filha adotiva.
Relatou que em dado momento, teve curiosidade em conhecer sua mãe biológica, mas que ao conhecê-la, percebeu que não era digna de confiança.
Isaura indagou-lhe o porquê de tal afirmativa.
Laura respondeu que a mulher se fizera passar por uma estranha, e que não fosse a intervenção de Zélia – sua mãe adotiva – nunca teria descoberto a verdade.
Aborrecida, argumentou que não agüentava mais ser enrolada por Max, ser enganada por sua família de criação, e pela mulher que dizia ser sua mãe biológica.
Com isto, arrumou suas coisas e partiu da fazenda. Argumentou que estava cansada de viver uma vida sem perspectivas.
Isaura ouvia a tudo com atenção.
Em alguns momentos Max tentou argumentar.
Dizia que nunca a enganara, apenas não tinha dinheiro suficiente para partir.
Nestes momentos, Laura exigia que ele se calasse, e Isaura pedia para que ambos ficassem calmos.
E assim, a conversa prosseguia.
Em dados momentos, os olhos de Laura enchiam-se de água.
A moça então, parava de falar.
Maximiliano também estava comovido.
Ao terminar de falar, Maximiliano pediu para conversar com Isaura.
Inflexível, Laura respondeu que ele tinha um prazo para permanecer na casa, e que deveria se preocupar em arrumar um emprego.
Isaura ao perceber que a moça tinha a intenção de demitir o moço, argumentou que ela não podia agir de forma tão precipitada.
Comentou que o rapaz não era um estranho, que eles precisavam se entender.
Laura nervosa, comentou que precisava ficar sozinha.
Pediu que para ambos a deixassem sozinha.
Como Maximiliano insistisse na conversa com Isaura, e a própria mulher tivesse interesse em seu relato, Laura decidiu retirar-se.
Max por sua vez, argumentou que a conversa não terminara, e que eles retomariam o assunto, nem que para isto, precisasse fazer plantão em frente a residência.
Isaura, tentando amenizar a situação, argumentou que isto não seria necessário, e que Laura seria razoável. Isto após uma noite de descanso, e ao colocar a cabeça no lugar.
Mais tarde, após se despedir de Maximiliano, orientando-o a se acalmar, a mulher abraçou a moça. Isaura comentou que ela nunca lhe contara que fora casada, que não fora criada em sua família biológica.
Laura mencionou então, que estava cansada.
Isaura desejou-lhe boa noite.
Perguntou-lhe se não gostaria que servissem o jantar em seu quarto.
Laura comentou que não sentia fome. Insistiu em dizer que pretendia ficar sozinha.
Nisto, a moça dirigiu-se ao toilett.
Cansada, decidiu tomar um banho.
Trocou de roupa, e aborrecida, deitou-se.
Contudo, não conseguiu dormir.
A todo o momento se virava de um lado para o outro.
Maximiliano e Isaura por sua vez, conversaram.
Dias depois, o moço explicou que procurou ganhar tempo.
Argumentou que não tinha vontade de sair da fazenda, afinal de contas, gostava daquela vida. Revelou que acreditava que com o tempo, acabaria por convencer a moça de que continuar ali, era a melhor opção.
Desalentado porém, contou que a moça não desistia da idéia de voltar a capital. E que após descobrir quem era a mãe biológica, e sentindo-se enganada por todos, resolveu deixar tudo para trás.
Isaura, conversando com o moço, retrucou dizendo que ela não estava de todo errada em sentir-se enganada por todos, afinal de contas ninguém lhe dissera de fato suas verdadeiras intenções.
A mulher, tentando entender as razões da moça, argumentou que Laura se sentia em um mundo de mentiras, e que ainda nutria profunda mágoa de todos.
Chocada, relatou que Laura nunca lhe dissera que era casada, e que não costumava falar sobre sua família. Relatou que a moça sempre ficava incomodada quando tentava trazer o assunto à baila.
Comentou que agora entendia as razões da moça.
Isaura, simpatizando com o moço, pediu para que ele tivesse um pouco de paciência.
Recomendou-lhe que não ficasse cobrando respostas, que nem mesmo ela, estava preparada para oferecer.
Maximiliano retrucou dizendo que tinha sim, direito a explicações.
Isaura redargüiu que as explicações seriam dadas no momento oportuno.
A mulher aconselhou-o a se afastar um pouco.
Falou-lhe que não aceitasse o pedido de demissão da jovem. Comentou que eles não poderiam se afastar novamente.
Maximiliano concordou.
Relatou que faria o possível para que Laura se esquecesse pelo menos por enquanto que ele estava ali.
Nos dias que se seguiram, o moço evitou se apresentar a Laura.
Quanto Isaura solicitou seus préstimos, fê-lo discretamente.
A moça porém, sabia que Max continuava na residência, mas atarefada, preferiu dedicar-se ao seu trabalho.
Passava doze, quatorze horas no escritório.
Com o tempo, passou a jantar fora, em restaurantes.
Evitava ficar em sua residência.
Isaura, percebendo isto, insistiu diversas vezes para que a moça jantasse em casa.
Argumentava que não gostava de jantar sozinha.
Mas Laura, dizendo que tinha muito trabalho a fazer, dizia que assim era mais prático.
A moça evitava tocar num certo assunto.
Isaura certa vez, tentando trazer o tema à baila, só conseguiu irritá-la.
Aborrecida, Laura perguntou se Max estava procurando outro trabalho.
Isaura respondeu-lhe que era contra a demissão do rapaz. Argumentou que Max era muito prestativo e responsável.
Laura retrucou dizendo que não podia ter um estranho em sua casa.
Ao ouvir isto, a mulher aborreceu-se com Laura.
Dizendo-lhe que ela não tinha o direito de desfeitear o moço, relatou que ele era seu marido, querendo ela ou não.
Neste momento, a mulher perguntou-lhe por que não havia cuidado da separação, já que não tinha a menor intenção de reatar o relacionamento.
Laura respondeu que deixou a questão de lado por que não achou importante.
Argumentou que por vezes até se esquecera que ainda era casada.
Disse que sempre utilizava seus documentos de solteira e acreditou que Maximiliano se encarregaria de providenciar a separação de ambos.
Isaura reprovou a conduta da moça.
Laura, ao notar que Isaura a censurava, criticou-a.
Disse-lhe que ela estava do lado de Max.
Questionou a atitude do moço, e argumentou que Isaura achava correta sua inação.
A moça mencionou que ele havia feito uma promessa e que não cumprira.
Nisto, retirou-se do recinto.
Neste dia, recolheu-se a seu aposento. Permaneceu em seu quarto. Não jantou.
Irritada, depois de tomar um banho e vestir uma camisola, sentou-se em frente ao espelho de sua penteadeira e pensando em voz alta, disse para si mesma que no dia seguinte daria um ultimato para Max. Ou ele arrumava um novo emprego ao término de um mês, ou seria demitido.
Com isto no dia seguinte, antes de sair para o escritório, a moça mandou chamar Max.
O moço apreensivo, acompanhou-a até o escritório.
Isaura ao ver o jovem ao lado de Laura, pediu-lhe para que não agisse precipitadamente.
No que a moça respondeu que sabia o que estava fazendo, e que ele não seria prejudicado.
Isaura por sua vez argumentou dizendo que não estava certo o que estava fazendo.
Mencionou que Max era um bom rapaz, e que eles precisavam se entender.
Laura por sua vez, tentando manter a calma, mencionou que não iria discutir com ela. Disse que eram amigas de longa data, e que não seria isto que estragaria o relacionamento de ambas.
Ao ouvir isto, Isaura calou-se, mas lançou um olhar de desaprovação para a moça.
Laura então se fechou no escritório com o rapaz.
Perguntou-lhe se estava procurando trabalho.
Maximiliano, tentando ganhar tempo, respondeu que sim, estava procurando, mas que não estava sendo fácil encontrar um emprego.
Ao ouvir isto, Laura indagou sobre sua qualificação, no que Max respondeu que tinha formação em um curso técnico de contabilidade.
A mulher ao ouvir isto, comentou que possuía amigos contadores, e que poderia indicá-lo para algum deles.
Maximiliano por sua vez, ao perceber o interesse de Laura em ajudá-lo, espantou-se.
Tanto que chegou a comentar que acreditava que ela iria demiti-lo.
Laura respondeu que precisava de uma carta de recomendação de seu antigo emprego.
Max respondeu-lhe que havia entregue este documento a Leonilde.
Laura prometeu que iria verificar com sua governanta.
Disse que ela também redigiria uma carta de próprio punho, recomendando seu trabalho.
Maximiliano agradeceu-lhe.
Minutos depois, saiu da sala, passando por Isaura, que surpreendeu-se ao perceber seu semblante sereno.
O moço esboçava até um sorriso.
Curiosa, Isaura perguntou-lhe o que havia acontecido.
Max respondeu-lhe que assim que fosse possível, conversariam.
A seguir, Laura saiu do escritório.
Isaura, ao perceber que a moça não iria tomar seu café da manhã, insistiu para que ficasse.
Chegou a dizer-lhe que saco vazia não parava em pé.
Mas Laura estava com pressa.
Com isto, desejou um bom dia a mulher e encaminhou-se a garagem.
Seguiu de carro até seu escritório.
Isaura lamentou sua teimosia.
Mencionou que ela ficaria doente se continuasse correndo daquele jeito.
Laura contudo, não lhe dava ouvidos.
Mais tarde a mulher seguiu com Maximiliano até os restaurantes.
Como o trânsito já estivesse pesado, com engarrafamento, Isaura e Max puderam conversar longamente sobre a conversa que tivera com Laura.
Isaura, ao perceber que Laura não queria o mal do moço, e que se importava com sua sorte, fez um comentário indiscreto.
Disse a Max que talvez existisse algum sentimento de Laura por ele. Animada, chegou a dizer que se nem ela, e ele tampouco, se mobilizaram para realizarem o divórcio, era por que havia afeto entre eles.
Max ao ouvir isto, retrucou dizendo que não tivera oportunidade de correr atrás dos papéis necessários para isto.
Isaura por sua vez, diante das palavras do moço, comentou em tom brincalhão, que acreditava muito nele. Nisto, começou a rir.
Maximiliano ficou sem graça.
Isaura, ao perceber isto, comentou:
- Não precisa ficar assim não. Eu vou te ajudar a reconquistar a moça... Isto é, se ainda for de seu interesse reatar este relacionamento, o que me parece ser o caso. Ou eu estou enganada? – perguntou, finalizando com um sorriso maroto.
Maximiliano, ao ouvir as palavras e a proposta da senhora, sorriu.
Disse que sim, ela estava certa. Confessou que gostaria de novamente privar da convivência com Laura.
A certa altura porém, comentou que Laura, estando rica e sofisticada, não iria se interessar por ex-morador da roça.
Isaura sugeriu que ele se qualificasse mais.
Aconselhou-o a aceitar a proposta de Laura. Falou-lhe que a moça era muito bem relacionada, e que conseguiria um bom emprego para ele. Assim, com este emprego, poderia investir em estudos e melhorar aos poucos, sua qualificação.
Maximiliano agradeceu o empenho de Isaura em auxiliá-lo.
Nisto, chegaram em seu destino.
Com efeito, sempre que conduzia a mulher para o trabalho, a dupla aproveitava para falar sobre amenidades.
Em dado momento, o moço perguntou como ela e Laura se conheceram.
Isaura comentou que era dona de uma pensão e que Laura se hospedou no local.
Lá, procurou trabalho, e aos poucos foi estudando e melhorando profissionalmente.
A mulher comentou que a moça fora recepcionista, secretária, até resolver investir em um restaurante. Elogiando a jovem, Isaura falou que ela tem tino comercial, e que aos poucos, passou a ter vários restaurantes. Estudou culinária, aperfeiçoou-se.
Depois, passou a investir em uma confecção, e agora tinha um grande escritório, de onde administrava seus bens.
Max, ao ouvir estas palavras, comentou desanimado, que ela jamais voltaria para ele.
Isaura indagou-lhe o porquê de tanto pessimismo.
Maximiliano respondeu-lhe que ela pensaria que ele estava tentando aplicar um golpe nela.
Ao ouvir isto, Isaura aconselhou-o a deixar as coisas acontecerem.
Max respondeu-lhe que precisava se tornar ainda mais rico do que ela.
Somente assim, ela poderia acreditar que ele não está interessado em seu dinheiro.
Isaura por sua vez, respondeu-lhe que com o tempo, ele poderia demonstrar isto, de um modo mais fácil.
O rapaz não compreendeu as palavras da mulher.
Nisto, em certa tarde, Laura chamou-o novamente para conversar em seu escritório.
Disse-lhe que havia conversado com alguns amigos, e que um deles estava precisando de um contador experiente, para auxiliá-lo em suas tarefas.
Maximiliano respondeu novamente, que trabalhou por alguns anos na atividade e que tinha curso técnico na área.
Laura recomendou-lhe que fizesse um curso superior.
Max concordou.
Disse que sabia que ela não havia deixado de ser a boa pessoa que sempre fora.
O moço tentou se aproximar, mas Laura se afastou.
Nisto, disse ao moço o horário da entrevista, e orientou-o, para que levasse seus documentos pessoais.
E assim, na data agendada, o rapaz passou por uma entrevista, realizou exame psicotécnico.
O homem gostou do desempenho do moço, mas recomendou-lhe prosseguir nos estudos.
Max comentou que em reunindo condições financeiras, pensava em cursar uma faculdade.
Dias depois, o moço recebeu um telefonema em sua residência informando que havia sido contratado.
Razão pela qual dirigiu-se a casa de Laura.
Insistiu para conversar com a moça, disse que precisava acertar sua demissão.
A empresária o atendeu.
Acertaram o pagamento das verbas rescisórias.
Laura comentou que Maximiliano receberia tudo o que a lei determinava.
Quanto a isto, Max disse que estava pedindo demissão e que não cabia o recebimento de todas a verbas.
Laura argumentou que fazia questão de pagar todas elas.
Mais tarde, despediu-se de Leonilde, a qual lamentou sua partida, e de Erotildes que comentou que havia perdido seu colega de trabalho mais bonito.
Maximiliano riu do comentário.
Leonilde por sua vez, comentou que Erotildes não tinha jeito.
Isaura então, ao saber que Laura estava pagando todas as verbas rescisórias, e que havia se empenhado pessoalmente na contratação, comentou que ela ainda se importava com ele.
Brincando, disse que ela não tinha tanta mágoa dele quanto imaginava.
Laura por sua vez, procurou desconversar.
Pediu licença e se dirigiu ao seu trabalho.
Max por sua vez, tratou de se despedir de Isaura.
Enquanto conversavam, o moço perguntou se Laura tinha alguém.
Curiosa Isaura respondeu com outra pergunta.
- Por que tanta curiosidade a respeito?
Sem jeito, o moço procurou desconversar.
Disse que perguntou por perguntar.
A mulher, percebendo o interesse do rapaz, recordou-se de alguns relacionamentos amorosos da moça.
Lembrou-se que por duas vezes, a jovem fora pedida em casamento.
Contudo, sempre o assunto era trazido à baila, Laura desconversava.
Dizia que estava muito cedo para se casar.
Argumentava que o namoro era a parte mais interessante de um relacionamento, para espanto de Isaura, que percebeu o desapontamento estampado no rosto de dos dois moços que a pediram em casamento.
Isaura, comentando sobre o assunto com o moço, alegou que eram rapazes de boas famílias.
Contou que durante os anos em que amealhou seu patrimônio, a moça procurou fazer boas amizades. Freqüentava os círculos sociais, participava de eventos. Conhecia a boa sociedade do lugar.
Maximiliano, ao ouvir as palavras da mulher, ficou enciumado.
A mulher, ao perceber o desconforto do moço, perguntou-lhe se ele havia ficado sozinho todo este tempo, a esperar por Laura.
Constrangido, o rapaz respondeu que não.
Mas enciumado que estava, argumentou que ele era homem, e que não havia problema nenhum nisto.
Isaura, ao ouvir as palavras do moço, comentou rindo:
- Então aos homens é dado fazer tudo, e as mulheres nada? Olhe rapaz, parece que Laura não reza muito por sua cartilha não. Pois não é que a moça quase se casou duas vezes?
Maximiliano ficou deveras aborrecido com as palavras da mulher.
Nisto, dizendo que precisava partir, comentou que estava tarde.
Isaura então, percebendo que o moço estava chateado, comentou que Isaura tivera namoros sim, alguns relacionamentos, e que em alguns deles chegou a acreditar que a moça iria finalmente casar-se.
Cada palavra de Isaura parecia uma flecha indo na direção do moço.
Isaura, ao notar a tristeza do rapaz, comentou que agora entendia por que a moça não havia se casado.
Irônico, o moço respondeu que ela não poderia fazê-lo, sendo ainda casada.
Neste ponto, a mulher discordou.
Disse que não era apenas isto, comentando que se Laura realmente quisesse, já poderia ter se separado dele, e que se não o fizera, era por que não queria de fato.
Maximiliano ficou confuso com os dizeres de Isaura.
A mulher por sua vez, ao perceber isto, comentou que Laura não havia percebido ainda, mas gostava dele.
Max, ao ouvir isto, passou a tecer comentários irônicos, do tipo: “Se ela realmente gostasse de mim, não teria partido sem nem ao menos se despedir.” Entre outras frases.
Isaura, ao ver o rapaz se depreciando, ralhou com ele.
Disse que ele tinha que se valorizar mais, pois somente assim a moça voltaria a olhá-lo com atenção.
Max disse que quando eram amigos na fazenda, a jovem lhe dera um livro de poesias, que trazia guardado com seus pertences.
Isaura recomendou-lhe que mostrasse interesse nos estudos, que investisse nisto, que procurasse se instruir.
Abraçando o rapaz, disse-lhe acreditar que eles ainda ficariam juntos novamente, e que desta vez, não mais se separariam.
Diante destas palavras, os olhos de Max se encheram d’água, mas procurando disfarçar, o moço lhe disse que seguiria seus conselhos.
Por fim, confessou que também teve outros relacionamentos naqueles anos todos.
Voltou para casa.
Dias depois, começou a trabalhar no escritório de Adenor.
Com tempo, passou no vestibular.
Decidir cursar administração de empresas.
O moço trabalhou no escritório do homem por quatro anos e meio.
Neste tempo, analisou muitos documentos, fez muitos cálculos, freqüentou a faculdade a noite.
Aos finais de semana, aproveitava para estudar bastante.
Com dificuldade, concluiu os estudos.
Pouco tempo depois, o moço conseguiu um emprego na área em que se formou.
Nesta época, namorou uma moça, mas o relacionamento não prosperou.
Laura também continuava investindo em sua atividade como empresária.
A esta altura, já possuía um prédio próprio.
Investira em outros ramos de atividade.
Ludmila, Emerson e seus filhos: Carlos, Henrique e André, se viam esporadicamente.
Henrique havia se formado em agronomia e trabalhava na fazenda.
Havia se casado.
A esta altura, a fazendeira já possuía um neto.
O menino se chamava Cláudio.
Carlos e André, ao concluírem os estudos - cursaram engenharia -, passaram a trabalhar na cidade.
Com o tempo, Ludmila foi se desincumbindo das atividades na fazenda.
Emerson passou a auxiliá-la nos trabalhos, assim como o filho, Henrique.
Aflita, a mulher ainda aguardava por notícias de Laura, assim como Zélia e Olavo; além de seus irmãos de criação, Vicente e Antonio.
Todos se preocupavam com a sorte da moça.
Zélia porém, era quem mais sofria com a ausência da moça.
Sentia-se responsável por seu sumiço.
Com efeito, ao perceber que a jovem não voltaria mais, acusou Ludmila dizendo-lhe impropérios.
Acusou-a do sumiço da garota. Disse-lhe que não tivesse aparecido, nada daquilo teria acontecido.
Ludmila resolveu então, contratar um detetive.
Entristecida, dizia que pela quinta vez, perdera alguém que lhe era caro.
Primeiro foram seus pais, quase ao mesmo tempo, depois, seu primeiro marido Antenor, Lúcio, e Odara. Esta, ela dizia que havia perdido por duas vezes.
A primeira quando decidiu entregar a filha para Zélia e Olavo cuidarem, e a segunda, logo após vê-la crescida.
Com os olhos lacrimejando, disse a Emerson que não conseguia suportar conviver com tantas perdas.
Neste momento, observando seu leal companheiro de anos, a mulher pediu para que ele também não a deixasse sozinha.
Comentou lamentosa, que seus companheiros anteriores lhe fizeram a falseta de deixá-la sozinha.
Emerson, ao ouvir as palavras da mulher, comentou rindo que ele não podia prometer nada. Mas que faria o possível para permanecer ao seu lado, ainda por muitos anos.
Ao notar a preocupação da mulher, prometeu ajudá-la a encontrar a filha.
Paralelamente as investigações da esposa, o homem contratou um detetive particular para cuidar deste assunto.

Nisto, Max se encaminhou para o escritório onde realizaria sua entrevista de emprego.
Conversou com o gerente da empresa.
O moço falou sobre sua experiência profissional.
Nisto o gerente falou-lhe que se tratava de uma empresa grande a qual investia em vários ramos de atividade. Comentou que dali administravam uma rede de lojas, confecções, restaurantes, e uma fábrica de louças.
O gerente comentou que a dona dos empreendimentos era uma mulher, jovem e arrojada, que começou do nada.
Ao ouvir as palavras do gerente, o moço respondeu que com seu trabalho, as finanças da empresa ficariam em ordem.
Maximiliano mostrou ao gerente seus documentos, e uma carta de recomendação do escritório de contabilidade onde trabalhou.
O contratador, ao ver que se tratava de um grande escritório, ficou impressionado.
Com isto, ao longo de uma semana, o moço recebeu um telefonema, informando que estava contratado.
Animado, passou a trabalhar no escritório.
Com o tempo, passou a usar terno e gravata.
Seus amigos, ao verem-no tão elegantemente trajado, elogiaram o garbo do moço.
Brincando, lhe disseram que agora estava com cara de gente.
Todos riram.
Com o tempo, o moço finalmente reuniu dinheiro para quitar seu imóvel.
Em seguida, comprou um carro.
Tempos depois, o rapaz encontrou Laura nos corredores da empresa.
Surpresa com a presença do moço, ela perguntou-lhe o que estava fazendo ali.
Laura usava um elegante tailleur, os longos cabelos estavam arrumados, maquiagem leve, batom vermelho.
Maximiliano ficou impressionado com a elegância da mulher.
Mesmo quando a vira quase seis anos atrás, dona de vários negócios, Laura não se vestia com tanto luxo. Usava calças jeans, saltos mais baixos.
Agora Laura estava até mais alta.
Maximiliano por sua vez, estava com um elegante terno.
Nisto, o moço respondeu-lhe que trabalhava ali.
Laura ficou surpresa com a resposta.
Max falou-lhe que havia se formado em administração de empresas e que estava trabalhando no escritório há um ano e meio.
Laura comentou:
- Que bom! Você então fez uma faculdade. Que bacana!
O empregado sorriu. Ficou feliz com as palavras.
Nisto, a moça se despediu.
Com o tempo, Laura e Max passaram a se encontrar com bastante freqüência pelos corredores da empresa.
Em dado momento, ao ouvir alguns executivos comentando que ela era a dona da empresa, Maximiliano percebeu que trabalhava no escritório de Laura.
Surpreso e perplexo, não sabia o que fazer, o que pensar.
Nervoso, pensou em pedir demissão.
Nisto, telefonou para a casa de Laura, sendo atendido por Isaura, que reconheceu sua voz.
Preocupada, ao notar o tom de nervosismo do moço, perguntou-lhe se estava bem.
Maximiliano procurando se acalmar, disse que precisava conversar, mas que esta conversa não poderia ser por telefone.
Desta forma, dias depois, o moço se encontrou com a mulher.
Comentou que estava trabalhando na empresa de Laura e que só descobrira isto agora. Relatou que Laura sabia que ele trabalhava por lá, mas não fizera nada para obstaculizar sua presença no lugar.
Isaura ouviu a tudo com muita atenção.
Depois, quando o moço se acalmou, a mulher comentou que isto só poderia significar uma coisa.
Curioso, Max perguntou-lhe o que ela estava querendo dizer.
Isaura respondeu com uma pergunta:
- Você não entendeu?
Maximiliano continuava sem entender.
Isaura respondeu-lhe então que Laura havia mudado.
Comentou que a moça estava namorando firme um rapaz.
Ao ouvir isto, Maximiliano ficou deveras aborrecido.
Isaura respondeu-lhe que ela ainda não havia se ocupado do divórcio.
Nisto a mulher comentou que a moça cogitou entrar com uma ação, mas que desistira.
Isaura completou dizendo que Laura ainda tinha sentimento por ele.
Maximiliano comentou decepcionado, que estava cansado de investir em algo que tinha tudo para dar errado. Chateado, comentou que se a relação não vingara quando se casaram há anos atrás, por que agora daria certo?
Triste, o moço comentou que Laura não gostava dele, ou então teria ido procurá-lo.
Ao revê-lo, não o trataria com tanta indiferença. Argumentou.
Isaura então, comentou que não poderia exigir que ele acreditasse em suas palavras. Relatou que ele tinha o direito de recomeçar sua vida. Nisto, alegou não entender por que ele não tomava a iniciativa de ingressar com a ação para se divorciar de Laura.
Maximiliano não respondeu.
Isaura redargüiu dizendo, que ele também não queria desvincular de Laura.
Max argumentou que isto só poderia ser uma doença. Comentou que sempre que se aproximava de alguém, o relacionamento não ia para frente.
Isaura, ao perceber isto, perguntou-lhe o por quê.
O moço respondeu-lhe que talvez não quisesse ter um relacionamento sério com alguém.
A mulher, ao perceber a angústia do rapaz, prometeu ajudar-lhe.
Asseverou-lhe promoveria um encontro entre os dois.
Disse a ele que contasse a moça tudo o que havia lhe dito, que procurasse se entender com ela. Relatou que talvez fosse preciso dar um ultimato a moça, e que o fizesse, caso fosse necessário.
Desta forma, a mulher conversou com Laura.
Dizendo que ela precisava resolver sua história com Max, insistiu para que ela marcasse um encontro com o moço.
Laura tentou desconversar mas a mulher insistiu.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.


CARINHOSO - PARTE II - CAPÍTULO 14

Emerson comentou que era uma bela moça.
Gentil comentou que tendo Ludmila como sua genitora, só poderia ser mesma uma jovem muito bonita.
Ludmila por sua vez, ficou encantada com os modos da moça.
Emerson acrescentou que a jovem, lembrava-lhe muito ela, quando mais jovem.
Nisto o homem perguntou se ela não iria se aproximar.
Comentou que ela poderia cumprimentá-la, puxar conversa.
Ludmila rindo, respondeu que aquele era um momento do casal, e que não cabia a ela interrompê-los.
Emerson achando graça, comentou que de fato, tem momentos em que os casais tem direito de ficarem a sós.
E assim o fez.
Ludmila mais tarde, aproveitou para se dirigir novamente a fazenda.
Em conversas com Emerson, relatou que precisava criar coragem para conversar com a moça.
Com efeito, depois de algumas semanas, a fazendeira aproveitou para conversar com a jovem.
Maximiliano, conversando com Laura, comentou que estava pensando em ter um filho.
Laura, ao ouvir a palavra filho, argumentou que era muito cedo para pensar no assunto.
Relatou que pretendia retomar os estudos.
O moço ao ouvir as palavras da mulher, redargüiu que um filho não a impediria de estudar.
Laura retrucava dizendo que uma criança a faria adiar seus planos.
Irritada, falou-lhe que estava cansada de esperar uma decisão sua e que se ele não se decidisse logo, ela arrumaria suas coisas e iria embora sozinha.
Maximiliano argumentou que ela não poderia fazer isto.
Brigaram.
A noite, o moço pediu desculpas a jovem.
Dizendo que havia exagerado, prometeu que não iria insistir no assunto.
Disse que com o tempo ela sentiria necessidade de ter filhos.
Laura tentou argumentar, mas o moço pediu a ela que não lhe dissesse nada.
Maximiliano beijou a esposa.
Laura fez menção de recusar o carinho do rapaz, mas Max falou-lhe que não iria mais insistir no assunto. Tentando convencer a esposa a fazer as pazes, prometeu-lhe uma viagem.
Assim iriam pesquisar uma casa para morar.
Ao isto, o rosto de Laura se iluminou.
Pela primeira vez em muito tempo, a moça começou a acreditar que Maximiliano estava disposto a atender seu pedido.
Grata, Laura aceitou o pedido de desculpas do moço.
A garota abraçou o marido.
Beijaram-se.
Em dado momento, Maximiliano carregou a moça no colo.
Mais tarde, o moço levantou-se, tomou café da manhã ainda de madrugada. Saiu.
Laura providenciou-lhe uma marmita.
Max, lavava os cavalos, escova-lhes os pelos, cuidava das ferraduras, vacinava os animais. Entre outros serviços.
Feliz, o moço comentava que sua relação com a esposa estava boa.
Em dado momento, quando os colegas perguntaram quando chegariam os filhos, o moço respondeu que esperava tê-los em breve.
Zélia chegou a perguntar-lhe sobre isto.
O peão respondeu-lhe que os filhos chegariam no momento certo.
Olavo ao ver a mulher questionando o rapaz a este respeito, censurou-a.
Falou-lhe que filhos era uma questão de escolha, e não uma obrigação do casal.
Foi o suficiente para Zélia enervar-se.
Mas de fato, Max tinha a intenção de ter filhos.
Chegou a conversar sobre o tema por diversas vezes com os pais. Pedia conselhos para ambos. Queria convencer Laura a engravidar.
A moça porém, continuava reticente.
Cobrou-lhe a viagem.
Aborrecida com a indecisão do moço, certa vez foi abordada por Ludmila.
A fazendeira retornou por diversas vezes para a localidade.
Sem manter contato com Zélia, que acreditava que a mulher havia desistido de se encontrar a filha.
Para não chamar a atenção, procurava usar roupas simples, e um chapéu para cobrir o rosto.
Foi então que viu a jovem cuidando das roseiras que havia plantado na frente da residência.
Em dado momento, a moça chegou a se ferir.
Ludmila, ao vê-la tentando estancar o sangue, chamou-a.
Laura, ao ouvir alguém chamando seu nome, voltou-se para a frente da residência.
Curiosa, procurava saber de quem se tratava.
Olhando em todas as direções, finalmente percebeu uma mulher alta, com roupas de camponesa, aproximar-se.
Curiosa, Laura perguntou-lhe como sabia seu nome.
Ludmila falou-lhe que a conhecia há tempos, e que somente agora tivera a oportunidade de reencontrá-la.
Intrigada, a jovem perguntou de onde a conhecia.
A fazendeira respondeu-lhe que conhecera Zélia há muitos anos atrás, e que ao conviver com a mulher, tivera a oportunidade de conhecê-la.
Mencionou que de passagem pela região, descobrira o paradeiro da amiga, e resolveu procurá-la.
Rindo, comentou que não fora bem recebida pela mulher.
Mas argumentou que ficou muito feliz ao saber que a moça, filha de Zélia, estava muito bem casada.
Laura ao ouvir o relato da mulher, perguntou-lhe por que sua mãe não a receberia bem. Indagou se havia feito algo que a aborrecera no passado.
Constrangida, Ludmila respondeu que ambas haviam se desentendido, e que as arestas não foram devidamente aparadas. Triste, comentou que havia muita mágoa na relação de ambas.
Laura, não conseguia imaginar o que poderia ter ocorrido para que tal fato sucedesse.
Ludmila por sua vez, apresentou-se como Luzia.
Percebendo que a moça havia se ferido e que o sangue corria, comentou que o ferimento precisava ser limpado e depois, feito um curativo.
Aconselhou a jovem a lavar as mãos.
Após a providência, a mulher colocou um curativo no ferimento da moça.
Nisto, comentou que possuía uma filha na mesma faixa etária que a dela.
Argumentou que era uma moça tão linda quanto ela, mas que estava muito distante.
Ao perceber o olhar curioso da moça, perguntou-lhe se gostava de cuidar das flores.
Laura respondeu que gostava de flores, que se agradava com a idéia de ter um lar, mas que também gostaria de estudar. Comentou que concluíra os estudos normais e que sonhava com o dia em que poderia cursar uma faculdade.
Ludmila ficou perplexa ao ouvir as palavras da moça.
Curiosa, indagou o que a impedia de estudar.
Laura respondeu:
- Bom, aqui não é um lugar que se possa dizer de fácil acesso a uma faculdade. Para completar, meu marido não se decide a sair daqui. Eu estou aguardando uma posição dele. Max, gosta muito daqui, eu entendo que seja difícil abandonar tudo isto. Mas eu não nasci para ser uma simples camponesa. Eu quero aprender coisas novas, conhecer o mundo.
Rindo, indagou que ela não devia estar nem um pouco interessada em ouvir sua história.
Ludmila respondeu-lhe que poderia falar sobre o que quisesse.
Laura ofereceu então um café a mulher, que agradecida, recusou.
Esta por sua vez, mencionou que estava ficando tarde e precisava retornar ao lugar de onde viera. Comentou que conhecia o lugar e que ela não precisava acompanhá-la. Agradeceu a hospitalidade e afastou-se.
Nos dias que se seguiram, Ludmila resolveu fazer visitas a moça.
Com o tempo, descobriu que Laura havia se casado com Max, na tentativa de sair da fazenda.
Ludmila, ao ouvir as palavras da moça, ficou perplexa.
Percebeu tristeza no olhar da jovem.
Razão pela qual perguntou-lhe se amava o marido.
Laura desconversou dizendo que procurava viver bem ao lado de Max.
Zélia, ao descobrir que a filha estava a conversar com uma estranha, criticou-a.
A moça, impaciente, respondeu que há cerca de um ano, a única coisa com que se ocupava era em ser uma dona de casa.
Desde que voltara do colégio interno tivera que aprender a lavar, passar, cozinhar, engomar, costurar. Com os olhos cheios d’água, respondeu que se era pra viver daquela maneira, era melhor que não estudasse. Assim não teria a possibilidade de conhecer um mundo de possibilidades e agora não estaria frustrada por não poder usar o que aprendera, nem tampouco aprender coisas novas.
Chorando comentou que nos últimos tempos, só aprendera a viver uma vida sem sonhos, horizontes, ou esperança.
Contou que se casara acreditando que viveria uma vida com mais perspectivas com Max, mas que fora enganada por ele.
Nervosa, comentou que ele só pensava em ter filhos.
Ao ouvir isto, Zélia, criticou-a novamente.
Dizendo que em sendo casada, deveria atender o pedido do marido. Comentou que ela lhe devia obediência.
- Ah, não. Isto nunca! Ele que não espere isto de mim. – retrucou.
Nisto, a moça saiu correndo, em que pesem os gritos de Zélia chamando-a para entrar em casa.
Andando a pé, a moça caminhou em direção a um riacho.
Ao lá chegar, molhou o rosto e o pescoço.
Sentando-se a sua margem, começou a chorar.
Laura ficou um longo tempo a pensar em sua vida.
Recordou-se dos tempos em que viveu na cidade, onde estudou em um colégio interno.
Insatisfeita, ficava a pensar no porque de sua vida haver tomado aquele rumo.
Por que não podia fazer o que gostava? Por que teve que sua vida radicalmente modificada?
Angustiada, a jovem só pensava em sair dali.
Enquanto chorava, observava o movimento das águas.
Recordou-se das tardes em que passou pelo lugar, acompanhada de Max.
Enquanto pensava em sua vida, ficava com o olhar perdido.
Quando se acalmou, deu-se conta do adiantado da hora.
Percebeu que teria um longo estirão para caminhar.
Com isto, levantou-se.
Voltou os olhos para a paisagem ao redor.
Ludmila, ao tomar conhecimento pelos vizinhos do ocorrido, foi censurada.
Todos diziam que ela não devia atrapalhar o relacionamento entre mãe e filha.
A mulher porém, preocupada com o sumiço da moça, resolveu sair a sua procura.
Com um cavalo emprestado, a fazendeira foi encontrar Laura a beira do rio, preparando-se para voltar para casa.
Ludmila ao vê-la, perguntou-lhe se estava tudo bem.
A moça respondeu, meneando a cabeça afirmativamente.
Em dado momento, Laura começou a chorar.
Ludmila, diante de tal cena aproximou-se da jovem e a abraçou.
Conversou com ela.
Procurou dizer-lhe palavras de conforto.
Laura contou-lhe sobre o relacionamento com Maximiliano. Falou-lhe que não era feliz.
A fazendeira, ao ouvir as palavras tristes da moça, perguntou-lhe se sua insatisfação com o fato de não conseguir estudar, não estava interferindo na relação.
Nervosa, Laura respondeu que não.
Argumentou que não amava Max, e que pensava em desistir do casamento. Confessou que tinha a intenção de arrumar suas coisas e sair dali.
Ludmila por seu turno, comentou que ela não podia desfazer seu casamento de forma leviana.
Relatou que se ela não estava feliz com os rumos que a relação estava tomando, deveria conversar com ele.
Ao saber que o moço havia prometido a ela que iria arrumar dinheiro para que estudassem, a mulher pediu para que ela tivesse um pouco de paciência.
Laura impaciente, comentou que estava cansada de esperar.
Ludmila não sabia mais o que dizer.
Mencionando que precisava levá-la para casa, relatou que a levaria de volta a cavalo.
Com efeito, quando a moça apareceu em casa, acompanhada de Ludmila, Zélia - que estava aflita esperando -, ficou furiosa.
Nervosa, começou a gritar com Laura, dizendo-lhe que estava proibida de falar com estranhos.
A moça, ao ouvir isto, desconversou.
Falou que Luzia não era uma estranha.
Zélia por sua vez, retrucou dizendo que não queria saber.
A mulher não era da família, e portanto, não tinha o direito de privar da convivência deles.
Laura diante destas palavras, falou que Luzia era muito importante para ela, e que fora a única pessoa que se dispusera a ouvi-la.
Nervosa, disse que ninguém naquela família estava realmente preocupado com ela. Irritada, mencionou o fato de que não lhe fora dada a oportunidade de conhecer sua mãe biológica.
Aborrecida, relatou que se ela soubesse o que estava acontecendo, talvez se dispusesse a ajudá-la.
Ludmila, ao ouvir a conversa, percebeu que Laura sabia que não era filha biológica de Zélia.
Zélia desesperada, insistiu para que a filha não insistisse no assunto.
Laura contudo, insistia em falar no tema.
Zélia nervosa, em dado momento, deixou escapar que a mulher que ela tanto queria conhecer, já havia se apresentado, mas não fora digna o suficiente para dizer que era sua mãe.
A moça, ao ouvir estas palavras, questionou a mulher.
Zélia insistiu em dizer que Ludmila já havia aparecido.
Laura então, observando Luzia, perguntou a Zélia, se ela estava se referindo a mulher ali presente.
Zélia irritada, respondeu que seu nome era Ludmila.
A jovem, ao ouvir isto, ficou transtornada.
Ao perceber que fora enganada, lívida, resolveu se afastar de todos.
Zélia tentou segurar a moça, mas Laura pediu-lhe para que a soltasse.
Max e Olavo, ao notarem a confusão que se formara, tentaram em vão, acalmar os ânimos.
Atônito, Max descobriu que Laura não fora criada por sua família biológica.
Refletindo sobre o assunto, o moço percebeu que quem fornecera dinheiro para que a moça pudesse estudar em um colégio interno, boas roupas e uma condição melhor de vida, fora a mãe biológica.
Em conversa com o sogro, o moço percebeu que Ludmila nunca desamparara a filha materialmente.
Zélia sim, interrompera o contato com a mulher.
Olavo e Max por seu turno, tentaram conversar com a moça, que chorando, tentou sair de casa.
Max, segurando-a pelo braço, comentou que era muito tarde e que ela não sairia de casa naquele momento.
Laura tentou argumentar, mas ao perceber que todos impediam seu acesso a porta da sala, resolveu se recolher.
Trancou-se em seu quarto.
Ludmila tentou se explicar, mas Laura não estava em condições de ouvi-la.
Zélia, ao perceber isto, começou a discutir com a mulher, dizendo que ela estava tentando confundir sua filha.
Não fosse a intervenção de Olavo, e as mulheres teriam continuado a discussão.
Zélia culpava Ludmila pelo abandono de Laura.
Irritada, a mulher dizia que a moça tinha outro nome e que não a havia abandonado.
Argumentou que circunstâncias a obrigaram a agir daquela forma. Mencionou que seu marido fora perseguido pela ditadura e que temia represálias com a criança.
Zélia fez pouco caso da história.
Olavo, percebendo isto, criticou a conduta das mulheres. Disse que Laura estava sofrendo, confusa, e que elas não tinham o direito de confundir ainda mais a cabeça da garota, criando mais confusão.
Ludmila, percebendo isto, pediu desculpas.
Disse que não insistiria mais em tentar conversar com a moça. Não naquele momento.
Com isto, pediu desculpas pelo transtorno, prometendo voltar para conversar com a moça.
Nisto, voltou para o hotel onde estava hospedada.
Chorando, ligou para o marido, avisando que estava bem, e que Laura já estava sabendo de tudo.

Cumpre destacar que, quando a mulher entregou a filha para outra família criar, Emerson foi contra isto.
Ludmila porém, dizendo que precisava garantir a segurança de Odara, relatou que sentia que a criança corria perigo. Argumentava que ela poderia ser seqüestrada, ou coisa pior.
Emerson ao ouvir estas palavras, percebendo o terror da fazendeira, tinha ganas de investir contra o delegado.
Rosa e Jurema por sua vez, aconselhavam o homem a ter calma. Argumentavam que Ludmila não precisava suportar outra perda. Disseram que ela precisava de apoio, que estava fragilizada e que desta forma, era alvo fácil para as artimanhas do delegado.
Emerson, ciente de que o desaparecimento de Lúcio causara profundas marcas em Ludmila, continuava a procurar explicações para que o havia acontecido.
Periodicamente, visitava o escritório de um detetive particular.
Anos e anos, e as investigações pouco avançaram.
Em segredo, tentava descobrir o paradeiro do corpo e ter acesso aos arquivos da ditadura.
Sério leitor de jornal, acompanhou a abertura política.
Contudo, aconselhado por advogados, o homem aguardou o momento certo para oficiar ao governo.
Determinado, solicitou ter acesso a todos os documentos relacionados a prisão de Lúcio.
Solicitação, que ficou longo tempo sem resposta.

Com isto, a mulher deitou-se na cama do hotel, colocando o rosto no travesseiro.
Após o casamento com Emerson, Ludmila engravidou do primeiro filho, e os demais, vieram em sequência.
No momento do desespero, a mulher lembrou-se que Laura era quase quatro anos mais velha que seu filho mais moço.
Nisto, a mulher dirigiu-se novamente até a fazenda para conversar com Zélia.
Enfrentando-a, Ludmila ameaçou fazer um escândalo se ela não a recebesse.
Comentou que Odara saberia detalhes de sua origem, os quais ela não havia contado para a moça.
Nervosa e irritada, Zélia insistiu para que a fazendeira se afastasse.
Argumentou que sua presença só trazia transtornos, e que Laura estava atordoada demais com toda aquela história.
Zélia comentou ainda, que Laura não poderia vê-la ali rondando a vida de todos, ou as coisas poderiam ficar piores do que já estavam.
Nisto, a fazendeira perguntou como a moça estava.
Zélia mencionou que Laura ainda estava trancada em seu quarto, chorando, e que não queria falar com ninguém.
De fato, a moça estava confusa.
O próprio Max insistiu para que ela abrisse a porta, sem sucesso.
Com isto, o pobre moço teve que se ajeitar no sofá da sala.
Laura por sua vez, a todo o momento se recordava das palavras das mulheres, e de tudo o que havia acontecido.
Recordou-se de tudo o que Zélia dissera a respeito da fazendeira. Lembrou-se de que ela dissera que a mulher não estava interessada em conhecê-la.
Revoltada, percebeu que a história não era totalmente verdadeira.
Afinal de contas, se a referida mulher, se dera ao trabalho de conhecê-la, mesmo usando uma falsa identidade, as afirmações de sua mãe adotiva não eram verídicas. Ao constatar isto, ficou revoltada. Percebeu que não conhecia nem um pouco de sua história.
Diante disto, planejou sair da fazenda sem que ninguém percebesse.
Razão pela qual pegou uma mala, arrumou seus pertences e escondeu-os.
Com isto, quando Max pediu a moça para abrir a porta para ele entrar, Laura já havia pego uma muda de roupas para ele.
Maximiliano tentava entrar no quarto, com a desculpa de que precisava se arrumar para trabalhar.
Bateu insistentemente na porta. Desistiu.
Laura por sua vez, ao perceber que o moço parara de bater na porta, aguardou um pouco, e silenciosamente abriu a porta e colocou as roupas no chão.
Em seguida, trancou novamente a porta.
Mais tarde, ao perceber que o moço havia partido para o trabalho, abriu a porta do quarto, saiu e trancou-a novamente.
Atenta, ao dirigir-se a cozinha, percebeu que o moço havia preparado a própria marmita.
Com efeito, antes de ir para o trabalho, Maximiliano, passou na casa dos pais da moça e comentou que Laura permanecia trancada no quarto.
Insistiu para que Zélia tentasse falar com a filha.
A camponesa prometeu que assim o faria.
Laura por sua vez, ao perceber que a casa estava vazia, aproveitou a escuridão da madrugada para pegar sua mala e cair no mundo.
Com isto, caminhou a pé pela fazenda, segurando a pesada mala.
Por fim, pegou um cavalo e realizou o restante do trajeto até a cidade, cavalgando.
Ao lá chegar, dirigiu-se ao único hotel da cidade.
Na recepção, a moça pediu para conversar com Ludmila. Anunciou-se como Laura, filha de Zélia.
A fazendeira, ao ouvir o nome Laura, autorizou sua subida.
Com isto, a recepcionista do hotel informou-lhe o número do quarto e o andar em que Ludmila estava. Indicou-lhe o elevador e a direção do quarto.
Quando a campainha do quarto tocou, a fazendeira tratou logo de atender.
Laura estava diante dela, segurando uma mala.
Ludmila ao vê-la, não percebeu que a moça trazia uma mala, e sorriu.
Seca, Laura exigiu-lhe explicações para o fato de havê-la abandonado, e por que somente agora a havia procurado. Enfim, o porquê do interesse em conhecê-la.
Ludmila, explicou-lhe que deixara Zélia e Olavo criá-la, em virtude da necessidade de tê-la em segurança.
Laura então, exigiu-lhe que explicasse a alegação.
A mulher por sua vez, disse que precisariam de mais tempo para conversarem.
Laura insistiu para que ela não se detivesse em delongas.
Argumentou que estava com pressa.
A fazendeira então, percebendo a impaciência da moça, relatou que era uma história que precisava ser contada com calma.
Ao ouvir estas palavras, a moça pensou que a mulher estivesse tentando ganhar tempo.
Ludmila explicou-lhe que fora ameaçada por um delegado, e que temia por sua segurança. Mencionou que o homem a vinha assediando, e que Lúcio, seu pai, fora morto por ele.
A fazendeira contou-lhe que o moço fora preso por engano.
Laura considerou a história fantasiosa.
Irritada, comentou que não estava atrás de desculpas e sim de esclarecimentos. Relatou que sua história não explicava muita coisa.
Ludmila por sua vez, tentou explicar novamente as razões por havê-la afastado de seu convívio. Mencionou que sofreu muito com a separação, mas acreditou estar fazendo o melhor para ela, garantindo sua segurança.
Com os olhos cheios d’água, argumentou que não suportaria outra perda.
Laura contudo, não se comoveu nem um pouco. Aborrecida, mencionou que havia perdido seu tempo.
Com isto, levantou-se e, segurando sua pesada mala, pediu licença.
Ludmila então, ao ver a moça segurando uma mala, perguntou-lhe o que pretendia fazer.
Laura, respondeu que iria fazer uma pequena viagem, e que assim que pudesse, voltaria.
A fazendeira pode perceber nos olhos da moça que sua vontade era sumir dali e não mais voltar.
Razão pela qual tentou retê-la.
Sem sucesso.
Irritada, Laura saiu do hotel.
Fez montaria no cavalo, amarrou a mala e saiu a galopar.
Ao chegar na rodoviária, comprou uma passagem para a capital e dirigiu-se a plataforma de embarque.
Quando o ônibus chegou, a moça entrou no veículo.
Ganhou o mundo.
Ludmila atônita, ao perguntar aos funcionários do hotel se a moça viera acompanhada, ouviu o relato de que ela estava a cavalo, que trazia uma mala consigo, e que estava desacompanhada.
Nervosa e surpresa com o rumo que a situação havia tomado, Ludmila constatou que a moça pretendia sair da cidade, mas iria para onde?
Aflita, a mulher se encaminhou para a rodoviária da cidade, mas ao lá chegar, Laura não estava mais lá. O ônibus em que seguiria viagem, já havia partido.
Ludmila, receosa de que a moça tivesse obtido êxito em seu intento, perguntou em todos os guichês, se haviam visto uma moça jovem, de cabelos compridos, segurando uma mala pesada, elegantemente vestida, partir.
Em um dos guichês, ao dizer o nome da moça, descobriu que Laura havia comprado uma passagem para a capital e que havia viajado para lá.
Ao ouvir estas palavras seu coração gelou.
Aflita, a mulher dirigiu-se novamente a fazenda.
Ao lá chegar, encontrou uma Zélia desesperada que a acusou de acobertar o sumiço de Laura.
A esta altura, todos já haviam dado pela falta da moça.
Maximiliano, ao perceber que a porta do quarto estava trancada, chamou pela esposa.
Como não obteve resposta, ameaçou arrombar a porta.
Nervoso, encaminhou-se para a sala. Ao sentar-se no sofá, percebeu a chave jogada.
Diante disto, o moço foi correndo abrir a porta do quarto.
Ao entrar no ambiente, vasculhou o pequeno armário que havia no quarto, e percebeu que Laura havia levado todos os seus pertences consigo.
Aflito, vasculhou a casa, perguntou pela vizinhança onde a moça estava, sem resposta.
Zélia por sua vez, havia feito o mesmo ritual horas antes.
A tempos, estava desesperada procurando a filha.
Olavo também procurava pela filha, assim como Antonio e Vicente.
Mas nada de encontrarem a moça.
Desta forma, quando Ludmila informou que Laura havia conversado com ela horas antes e que havia partido de ônibus para a capital, foi acusada de cumplicidade.
A fazendeira comentou que Laura havia partido, magoada com ela.
Maximiliano, ao ouvir a palavra capital, ficou arrasado.
Comentou que se tivesse atendido o desejo da mulher de se mudar para a capital, isto não estaria acontecendo. Nervoso, contou que a capital do estado era imensa, e que encontrar alguém ali, era encontrar uma agulha no palheiro.
Zélia por sua vez, insistiu em viajar até a capital, acionar a polícia e tentar localizá-la.
Ludmila ao perceber que o desespero era comum a todos, prometeu se encarregar disto.
Laura por sua vez, ao chegar na cidade, se dirigiu ao ponto de táxi.
Lá, perguntou onde havia uma pensão a preço razoável.
A moça foi informada então, de alguns endereços.
Cautelosa, perguntou se não se tratavam de locais de prostituição.
O homem respondeu-lhe que não.
Laura insistiu em dizer-lhe que pretendia ficar em um local seguro.
O taxista perguntou-lhe então, se gostaria de ir de táxi até o local.
Laura respondeu-lhe que não.
Caminhou mais um pouco, e ao chegar em um ponto de ônibus, perguntou como fazia para chegar em um dos endereços que o taxista havia lhe informado.
As pessoas então lhe explicaram qual o ônibus que deveria tomar.
A moça agradeceu.
E assim, de ônibus, a moça chegou até a rua onde estavam algumas das pensões que o homem lhe havia indicado.
Auxiliada por um passageiro que lhe indicou a parada, a moça desceu do ônibus.
Encaminhou-se até a rua.
No ônibus, um passageiro explicou-lhe como fazer para chegar ao endereço.
Ao chegar na pensão, a moça preencheu uma ficha.
A dona do estabelecimento, indicou-lhe um quarto.
Laura então acomodou-se.
Colocou sua mala no chão.
Estava exausta.
Tirou os sapatos e deitou-se na cama.
Dormiu com a roupa que trazia no corpo.
No dia seguinte, faminta, tomou o café da manhã da pensão, e perguntou onde havia uma banca de jornal.
Com isto, comprou um jornal e lendo a seção de classificados, passou a procurar ofertas de trabalho.
Precisava arrumar um emprego, se tinha pretensão de ficar na cidade.
Desta forma, ao verificar os classificados, percebeu algumas vagas para as quais poderia se inscrever.
Animada, perguntou aqui e ali onde ficavam alguns dos endereços informados e preparou-se para algumas entrevistas de emprego.
Ao chegar em alguns dos lugares, preencheu fichas, sendo entrevistada em dois locais.
Cansada, retornou a pensão no fim do dia.
Havia comido um pão, tomado café com leite, e comprado algumas frutas.
Estava faminta.
No jantar, devorou a comida oferecida.
Nesta ocasião, foi apresentada a alguns hóspedes da pensão.
Em conversa, perguntou a eles se sabiam de ofertas de trabalho para alguém que havia completado o colegial. Comentou que tinha a pretensão de se especializar, mas que para tanto, precisava encontrar um emprego.
Auxiliada pelos demais hóspedes, a moça não tardou a arrumar trabalho.
Seu primeiro emprego foi de recepcionista em uma clínica odontológica.
Lá, aprendeu a ter paciência com clientes apressados e nervosos, a agendar consultas.
Com este dinheiro, pagou sua estada na pensão.
Aconselhada por um hóspede, a moça conseguiu realizar um curso técnico de secretariado, gratuitamente.
Laura precisava se qualificar, e não tinha condições financeiras de arcar com os custos de um curso pago.
Razão pela qual, a moça agradeceu a dica.
Tempos iniciais de grandes dificuldades.
Laura, para economizar dinheiro, chegava a deixar de almoçar, para comprar frutas e pão.
Esta era sua refeição.
Chegava na pensão, sempre com muita fome.
Isaura, a dona da pensão, percebeu isto.
Laura então contou-lhe que havia se mudado para a cidade para melhorar sua vida.
Comentou de sua vida no campo, dos tempos em que estudou em um colégio interno.
Surpresa, a mulher perguntou se isto ainda existia.
Rindo, Laura comentou que havia ainda uns poucos remanescentes por aí.
Isaura não compreendeu as palavras da moça.
Com isto, Laura explicou-lhe que existiam alguns colégios internos ainda.
Isaura, já uma senhora de meia idade, simpatizou com a moça.
Percebeu que se tratava de uma jovem determinada e esforçada.
Desta forma, sempre que ouvia falar de uma boa oferta de trabalho, indicava o nome da moça e lhe informava o endereço.
Com o tempo, a jovem passou a trabalhar como secretária.
Atendia telefonemas, agendava reuniões, recepcionava visitas.
Cuidava da agendava de um micro empresário.
Neste período, se inscreveu em um curso de inglês.
Continuava a morar na pensão.
Ludmila por sua vez, procurou a jovem na cidade.
Mas com o tempo, sem conseguir localizá-la, a buscas diminuíram.
Os policiais lhe diziam que ela era maior de idade, e que se ela não quisesse ser localizada, não haveria possibilidade de encontrá-la.
A cada ano que a fazendeira e a família da moça ficavam sem notícias, mais o desespero tomava conta do coração de todos.
A esta altura, Antonio e Vicente já haviam se casado.
Henrique, Carlos e André estavam cursando faculdade.
Maximiliano por sua vez, chegou a namorar uma moça, mas a jovem, percebendo que ele não estava disposto a se separar de Laura, decidiu se casar com outro rapaz.
Rosália e Antunes por seu turno, ficaram desapontados com a atitude de Laura.
Criticavam a moça. Diziam que ela havia abandonado seu filho.
Zélia por sua vez, ao tomar conhecimento dos comentários, ficou inconformada.
Dizia que Laura não havia abandonado ninguém, e que se ele tivesse atendido seus apelos, poderiam estar juntos até hoje. Crédula, nutria a esperança de que a moça voltaria.
Max também tinha esperança de que Laura voltaria.
A esta altura, Laura trabalhava em uma multinacional.
Havia se tornado secretária bilíngüe.
Já havia cursado uma faculdade.
Enfim, realizava um sonho por tantas vezes adiado.
Isaura – a dona da pensão –, acompanhou de perto a luta da moça.
Compete esclarecer que, Laura a esta altura já havia economizado uma boa quantia.
Sempre atenta a uma boa oportunidade de investimento, aplicava uma pequena parcela do dinheiro economizado na bolsa de valores.
Nesta época, estava financiando um imóvel próprio.
Em pouco tempo teria uma casa para morar.
Isaura, ao perceber isto, comentou pesarosa que estava perdendo sua filha mais querida.
Por diversas vezes, a mulher chegou a comentar que seus filhos a haviam abandonado, e que ela era mais presente em sua vida, do que sua prole.
Laura, agradecida por anos de convivência e ajuda, comentou que jamais a abandonaria.
Prometeu a ela que assim que reunisse condições, a chamaria para morar com ela.
Com isto, a moça comentou com ar de surpresa, que tinha outros projetos em mente.
Isaura por sua vez disse, que ela a cabeça dela era muito boa e que sabia ganhar dinheiro.
Em consultas técnicas a um órgão de assessoria, a moça descobriu que poderia investir parte do dinheiro ganho com aplicações e economia.
Diligente, já havia quitado o imóvel que financiara. Era um apartamento simples.
Com isto, investigou boa parte do dinheiro guardado, em um negócio.
Laura iria abrir um restaurante.
Com isto, cerca de dois anos após sair da pensão, convidou Isaura para ser sua sócia.
Argumentando que a mulher era uma ótima cozinheira, relatou que ela poderia auxiliar os cozinheiros que iria contratar.
Trabalhando com secretária, havia aprendido a organizar agendas e até a organizar pequenos eventos.
Isaura, ao receber a proposta, argumentou que não poderia abandonar a pensão.
Ao ouvir isto, Laura disse-lhe que poderia deixar Ivete cuidando de tudo. Argumentou que se tratava de pessoa de confiança.
Isaura concordou.
Com isto, passou a ser o braço direito de Laura em seu restaurante.
Para tanto, a moça realizou cursos para administrar o negócio, para montá-lo, para incrementá-lo.
Fez até um curso de gastronomia juntamente com Isaura e outros funcionários do restaurante.
E o negócio prosperou.
De restaurante de comida caseira, a moça se especializou na elaboração de pratos sofisticados.
Mas a comida caseira nunca foi abandonada.
Com o tempo, foram abertas novas unidades.
Mais tarde, a moça investiu também no ramo de confecções.
Sempre respaldada por uma assessoria.
Laura se tornou uma importante empresária da região.
Maximiliano a certa altura, cansado de ser apontado como o marido abandonado, e de ser instado a todo o momento a desfazer seu casamento com Laura, resolveu se mudar da fazenda.
Com isto, arrumou suas coisas e partiu.
Rumou para a capital.
Para desespero de Rosália e de Antunes, não voltou mais a fazenda.
Ao lá chegar, se hospedou em uma pensãozinha.
Arrumou trabalho como continuo, ou office-boy.
Mais tarde, trabalhou em um escritório de contabilidade.
Fez curso técnico na área, e com o tempo passou a trabalhar em um escritório maior.
Conforme o tempo foi passando, o moço foi perdendo as esperanças de encontrar novamente Laura.
Mais tarde, o jovem comprou um imóvel.
Mas um revés complicou sua vida.
Isto porque, ao ser dispensado do escritório, o moço permaneceu um longo tempo sem trabalho.
Razão pela qual aceitou trabalhar como motorista em uma residência.
Aflito, foi criticado pelos amigos ao tomar tal decisão.
Para rebater as críticas, o moço respondeu que precisava pagar suas contas e que tinha um imóvel financiado. Argumentou que o salário era bom, e que não via demérito na função.
Maximiliano não conseguia compreender o por quê dos questionamentos.
Ora, não estava precisando de trabalho? O salário não era bom? Então por que não aceitar a oferta?
Afinal, dizia que seria apenas por algum tempo, e que assim que conseguisse uma oportunidade melhor, pediria demissão.
Desta forma, ao ver o anúncio, se encaminhou até o endereço indicado.
Lá, passou por uma entrevista com a governanta da mansão, que lhe indagou sobre sua experiência.
Honesto, o rapaz respondeu que se formara em um curso técnico de contabilidade, profissão que exerceu durante quase todo o tempo em que viveu na cidade. Nisto, comentou que também já trabalhara como contínuo, que já dirigira carro e jipe quando trabalhara em uma fazenda, e que dirigir, sabia sim.
A governanta ao ouvir isto, pediu ao moço, que providenciasse: atestado de bons antecedentes e carta de referência do escritório em que trabalhara.
Maximiliano prometeu providenciar.
Em seguida Leonilde, perguntou-lhe se não gostaria de fazer um teste.
O tal teste consistiria em dirigir o carro da família, pelas principais avenidas da cidade.
Maximiliano concordou. Perguntou apenas, se não seria inconveniente ele dirigir o carro da família, já que não era empregado.
Leonilde lhe respondera que não.
Com isto, conduziu o moço até a garagem.
Maximiliano, de posse das chaves do veículo, abriu a porta para a mulher, e em seguida, entrou no carro.
Ligou o veículo e orientado pela governanta, saiu da garagem.
Leonilde, conversou com o rapaz.
Maximiliano, ao ouvir as indicações da mulher, perguntou-lhe se não gostaria de chegar na avenida, por um caminho melhor.
A governanta perguntou-lhe se conhecia outros caminhos.
O jovem respondeu-lhe que quando fora contínuo, precisou descobrir caminhos alternativos, ou não conseguiria dar conta de tanto trabalho.
Ao perceber o ar de curiosidade da mulher, Max comentou que também andou muito de ônibus e caminhou muito a pé, pelas ruas da cidade.
Simpático, comentou que de ônibus, procurava observar os caminhos que o coletivo fazia, as avenidas por onde passava.
Rindo, comentou que no começo, passou muito sufoco, pois não conhecia a cidade. Relatou que chegou a quase se perder algumas vezes.
Leonilde comentou então, que agora ele estava craque em driblar caminhos complicados.
Isto por que o moço saiu de uma via congestionada, vindo a cair em ruas de pouco movimento, até chegar na avenida. Lá o movimento era intenso.
Maximiliano ao perceber o trânsito, comentou que sua tentativa de fazer um trajeto rápido, fora vã.
Leonilde discordou.
Comentou que ele encurtara assim, alguns minutos do trajeto, mas que o trânsito da capital era caótico, não havia o que se fazer quanto a isto.
Neste ponto, Maximiliano discordou. Argumentou que precisavam ser feitas mais vias, e que o trânsito de uma cidade daquele porte não deveria se concentrar em poucas avenidas. Deveria haver outras rotas para quem vinha de outros pontos da cidade. Não deviam todos passarem pelo mesmo lugar. Ressaltou.
A governanta concordou. Confidenciou que ele era um sério candidato a ficar com a vaga. Acrescentou apenas, que ele providenciasse a documentação necessária, pois era quase certo que seria contratado.
Nisto, o moço continuou o trajeto determinado pela mulher.
Quando retornavam a residência, a mulher solicitou que parasse em frente um supermercado.
Argumentou que precisava comprar algumas coisas para a casa.
Maximilianto então, estacionou o veículo.
A seguir, desceu do carro e abriu a porta para a mulher, que agradeceu a gentileza.
Leonilde então, comprou alguns legumes, cereais e bebidas.
Antes porém, de adentrar o estabelecimento, o moço perguntou-lhe se não gostaria que a acompanhasse para auxiliar nas compras.
Sorrindo, a mulher agradeceu.
Comentou que caso fosse contratado, teria muito tempo para fazê-lo.
Não obstante este fato, ao chegar no caixa, a mulher percebeu que o moço a aguardava.
Ajudou-a a empacotar as compras e auxiliou-a a levar as sacolas para o carro.
As mesmas foram acondicionadas no porta-malas do veículo.
A mulher por sua vez, agradeceu o rapaz.
Elogiou-lhe a iniciativa.
Depois, a mulher parou em uma padaria, onde comprou pães de variadas qualidades.
Maximiliano, ao adentrar as dependências do estabelecimento, ficou impressionado com o requinte do lugar.
Mesinhas e prateleiras charmosas, compunham o ambiente.
Leonilde, ao notar o deslumbramento do moço, perguntou-lhe o que achara do ambiente.
Maximiliano comentou que parecia haver entrado em outro mundo.
A governanta achou graça no comentário.
Disse que com o tempo ele iria se acostumar.
Após, retornaram para casa.
Ao adentrarem a residência, Leonilde agendou um prazo para o moço providenciar a documentação.
Maximiliano respondeu-lhe que ao sair dali, já verificaria em quanto tempo o atestado de antecedentes ficaria pronto.
Leonilde ofereceu-lhe um café.
Maximiliano agradeceu o oferecimento.
Em seguida, comentou que gostou do ambiente da casa.
A esta altura, já havia sido apresentado aos demais empregados da casa, entre eles, Erotildes, a cozinheira.
Erotildes animada, puxou papo com o moço.
Ao final de meia-hora, já estavam quase íntimos.
Por fim, o moço se despediu.
No caminho, parou em frente a uma delegacia, onde perguntou quais os documentos necessários para solicitar um atestado de antecedentes.
O escrivão, mal humorado indagou-lhe o por quê da necessidade de tal documento.
Maximiliano explicou-lhe que precisava apresentá-lo em seu novo emprego.
Diante da explicação, o homem disse-lhe que precisaria apresentar os documentos pessoais, assinar um documento, e que dentro de alguns dias, o atestado sairia.
Ao ouvir a palavra dias, o moço perguntou se poderia buscar o atestado nas primeiras horas de funcionamento da delegacia.
O funcionário respondeu que sim.
Irônico, comentou que ele estava com pressa de trabalhar.
Maximiliano comentou que tinham muitas contas para pagar.
Com efeito, no dia agendado, o moço compareceu logo cedo na delegacia para buscar o documento.
Já havia providenciado xérox autenticada de seus documentos pessoais, e a recomendação do escritório de contabilidade onde trabalhara.
Tirou xérox de sua carteira de trabalho.
Com efeito, ao se apresentar novamente na residência, o moço foi recepcionado pelo segurança da casa.
O homem o encaminhou até a entrada de serviço.
Lá, foi recebido por Leonilde.

Luciana Celestino dos Santos
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