Mais tarde, conforme o combinado, o rapaz dirigiu-se a casa de Zélia e Olavo onde formalizou o pedido.
Os pais dos jovens ficaram muito contentes.
Rosália e Antunes, estavam felizes.
Indiscretos, comentaram que não agüentavam mais ver o moço amuado, tristonho pelos cantos.
Maximiliano, constrangido, comentou que eles não precisavam exagerar.
Antonio e Vicente caíram na risada.
Com isto, cerca de dois meses após o pedido, o casal, após freqüentar o curso de noivos na igreja da cidadezinha, casou-se.
Era setembro.
Laura usava um vestido branco, confeccionado por sua mãe.
Zélia, feliz com o enlace, fez questão de confeccionar o vestido com suas próprias mãos.
Passou noites inteiras a costurar em sua máquina de costura de metal, herança de sua mãe.
Olavo ficava comovido com a dedicação da mulher a filha.
Conforme o vestido ia tomando forma, Laura fazia as provas da peça.
Cada vez que a moça colocava o traje, Zélia dizia que o vestido estava mais lindo.
Laura também gostava do que via.
Elogiava o trabalho da mãe.
Zélia por sua vez, dizia que ela seria a noiva mais bonita que já havia entrado naquela igreja.
Laura se observava em um espelho.
Quando o vestido ficou pronto, a moça começou a pensar em que penteado para faria.
Zélia sugeriu que ela prendesse os cabelos e os cobrisse com um véu.
Feliz, comentou que nos contos de fadas, era assim que as princesas se casavam. Com um longo véu cobrindo todo o rosto.
Laura por sua vez, retrucou dizendo que não era uma princesa e que não pretendia usar véu.
Zélia, ao ouvir as palavras da filha, ficou decepcionada.
Triste, comentou que só gostaria de ajudar.
Olavo, que passava pelo corredor, ao ouvir o lamento da esposa, pediu a filha que não contrariasse a mãe. Argumentou que as mães estavam sempre certas e um véu cairia muito bem em um vestido bonito como aquele.
Laura retrucou dizendo que pretendia usar uma coroa com flores para enfeitar os cabelos.
Zélia, ao ouvir isto, disse que o véu poderia ficar a enfeitar os seus cabelos.
Poderia usar um véu cobrindo suas costas e arrastando no chão. Tentando convencer a filha, mencionou que ela poderia ficar com o rosto livre, mas que não havia necessidade de abandonar o véu.
Olavo, tentando ajudar a esposa, argumentou que se tratava de uma proposta razoável.
Laura prometeu pensar.
Zélia por sua vez, resolveu mostrar a filha fotos de mulheres que se casaram com véu.
Queria por que queria, convencer a moça.
Com o tempo, acabou vencendo a jovem pelo cansaço.
Laura por sua vez, chegou a comentar que a mãe era terrível. Que não se dava por vencida, e que quando cismava com alguma coisa, não fazia por menos. Insistia com aquilo, até convencer a pessoa a fazer o que ela queria.
Desta forma, Laura casou-se usando um bonito véu de rendas, que cobria o dorso e se arrastava pelo chão.
Olavo, ao ver a filha com o véu, o vestido que deixava parte dos ombros a mostra, o rosto delicadamente maquiado, a coroa de flores, o véu, e o buquê de flores artificiais - comprado na cidade -, ficou encantado.
Disse a Laura que ela estava muito bela.
A moça sorriu para ele.
Vicente e Antonio, usavam ternos e Olavo estava impecavelmente trajado.
Zélia usava um bonito vestido de festa, consertado para a ocasião.
Olavo elogiou a elegância da mulher.
Para a ocasião, a família enfeitou a charrete.
Zélia pediu ao marido e aos filhos que a cobrisse com muitas flores.
Fazendo surpresa com a moça, só lhe mostraram a charrete, no dia do casamento.
A moça ao ver a condução toda enfeitada, ficou encantada.
Feliz, chegou a dizer que parecia uma carruagem.
Zélia completou dizendo que aquilo parecia uma condução digna de uma princesa. Princesa como sua filha o era.
Laura disse que estava tudo muito lindo, que parecia de fato estar vivendo um conto de fadas.
Nisto, Vicente e Olavo ajudaram a moça a subir na charrete.
Antonio também elogiou-a.
Brincalhão, chegou a dizer que o talhe, o garbo e a elegância da moça, suplantava a beleza de todas as noivas que já passaram por ali.
Ao ouvir estas palavras, Laura caiu na risada.
Perguntou de onde ele havia tirado aquelas palavras.
Antonio respondeu dizendo que ela não era a única pessoa letrada que havia naquela casa.
Com isto, todos riram.
Olavo então, conduziu o cavalo.
Encaminharam-se para a igreja.
Maximiliano chegou a cavalo.
Rosália e Antunes chegaram antes, de charrete.
Também usavam trajes sociais.
Quase todos os trabalhadores da fazenda compareceram ao casamento.
Durante a troca de alianças, Maximiliano prometeu ser-lhe fiel na alegria, na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separasse. Prometeu também, que faria de cada dia de sua existência, o momento mais especial de suas vidas.
Laura por sua vez, repetiu as palavras sacramentais.
Casaram-se.
Na saída da igreja, o casal de noivos foi cumprimentado por todos.
Todos elogiavam a beleza do vestido da jovem.
Seguindo para o salão paroquial, todos dançaram, comemoraram a união.
A festa teve bolo, comes e bebes.
O casal dançou juntos.
Ao final da festa, a moça atirou o buquê para as convidadas.
Por dias, todos ficaram a comentar sobre a festa de casamento.
Laura e Maximiliano dirigiram-se a uma casa simples.
A residência onde passariam a morar.
Dias antes, Rosália e Zélia se esmeraram em uma bela faxina para deixar a casa habitável.
Tratava-se de uma velha casa de colonos, há muito abandonada e agora cedida pelo dono da fazenda, para o casal.
Laura, ao ver o lugar, comentou que ele precisaria de uma boa arrumação.
Animada Zélia comentou que aos poucos, poderiam arrumar a casa, fazer uma plantação nos fundos, e na frente da casa, plantar algumas plantas.
Foi nesta casa, que o casal se abrigou após o casamento.
Exaustos, após a festa, trocaram de roupa e dormiram.
No dia seguinte, seguiriam para a capital.
Ansiosa, Laura já estava de malas prontas há várias semanas.
Maximiliano também pensava na viagem.
Com efeito, quando Ludmila finalmente se decidiu a encontrar a filha, viajou até a região onde estavam a viver Zélia e Olavo.
Perguntando para um e outro morador, a mulher descobriu para que lados ficava a fazenda onde o casal vivia com a moça.
Descobriu que o casal tivera dois filhos, e que Laura havia se casado.
Ludmila, ao saber da novidade, ficou surpresa.
Nisto olhou para o marido.
Emerson comentou que Laura devia ser uma moça.
Ludmila argumentou que imaginou que a jovem ainda fosse solteira.
Com isto, ao chegarem na fazenda, ao descobrirem onde o casal morava, perceberam que se tratava de uma casa simples.
Zélia ao ver a fazendeira se aproximando, ficou lívida.
Ao notar que o encontro seria inevitável, tentou dificultar-lhe o acesso.
Emerson contudo, mais forte, segurou a porta da sala.
Disse-lhe, que tinham muito o que conversar.
Zélia argumentou que não tinham nada a dizer, ainda tentando inutilmente dificultar a entrada.
Olavo, ao perceber isto, falou a mulher para que parasse de segurar a porta.
Zélia atendeu.
Ludmila e Emerson adentraram a residência.
Zélia nervosa, perguntou o que eles faziam ali. Comentou que a moça poderia desconfiar.
Ludmila retrucou perguntando sobre o porquê de não haverem mais mantido contato.
Zélia respondeu que Laura havia se casado, não residindo mais na fazenda.
Ludmila, ao ouvir estas palavras, levou um choque.
Procurando se recompor, perguntou onde vivia a moça atualmente.
Zélia respondeu-lhe que a moça e seu marido, estavam vivendo em outras terras. Viviam em outra fazenda.
Nisto a fazendeira repetiu a pergunta.
Zélia retrucou dizendo que não estava autorizada a dizer.
A fazendeira insistiu. Falou-lhe que se ela não dissesse onde estavam, sairia perguntando aos moradores do lugar, até descobrir uma pista de onde estavam.
Zélia, ao ouvir a ameaça, respondeu que eles estavam viajando, e demorariam para voltar.
Ludmila respondeu que esperaria.
De fato, o casal partira para uma pequena viagem.
Rosália e Antunes presentearam o casal com uma pequena quantia.
Disseram para que usassem o dinheiro para uma viagem.
Laura resolveu então, mostrar um pouco da cidade onde vivera alguns anos, para o moço.
Maximiliano aprovou a escolha da moça, mas argumentou que ele precisava primeiramente resolver algumas questões, para depois poderem viver na cidade.
Laura respondia-lhe que gostaria de mostrar a cidade. Argumentava que ele iria gostar do lugar.
Com efeito, Max se impressionou com a pujança da capital. Assustou-se com a multidão a circular pelo lugar.
Laura dizia-lhe que com o tempo iria se acostumar.
Com isto, passearam pelo centro da cidade.
Maximiliano impressionou-se com o tamanho dos prédios, sua altura.
Juntos iam ao cinema, jantavam.
Conversavam animados.
Nestas conversas, a moça comentou que quando podia, aproveitava para passear pela cidade.
Acompanhada de amigas e pessoas de confiança, conhecera muitos pontos famosos do lugar.
Durante a noite, o casal aproveitava para caminhar pela cidade.
Max aproveitou o ambiente para oferecer-lhe uma flor.
De mãos dadas caminharam até o hotel.
A sós, o moço carregou a esposa no colo até o quarto.
Não sob protestos da moça, que argumentava que alguém poderia ver.
Maximiliano não se importava.
Conduziu a moça até o quarto.
Lá, começou a beijá-la e a despi-la.
Laura reagiu.
Max, percebendo que a moça resistia, perguntou-lhe se estava tudo bem.
Sem jeito, a moça respondeu que sim.
O moço, segurando o rosto da moça, segurou-a novamente nos braços, deitou-a na cama.
Falando-lhe no ouvido, disse que estava tudo bem, e que aquela era uma noite muito especial para ele.
Brincando disse que ela esclarecida o suficiente para saber que o estava acontecendo, mudaria a vida deles para sempre.
Com isto, o moço amou a jovem.
Laura contudo, não se sentia muito a vontade nestes momentos.
Após o casamento, a moça colocou uma camisola, e depois de vestida, chamou o marido para entrar no quarto.
Ao deitar-se na cama, tratou logo de dormir.
Agora não poderia fazê-lo.
No dia seguinte, a moça mostrou outros lugares da cidade para o moço.
Comentou que poderiam começar a pesquisar lugares onde poderiam morar.
Max ao ouvir isto, argumentou que estava ali a passeio.
Laura não gostou da conversa. Perguntou-lhe se havia desistido dos planos.
Maximiliano, então respondeu-lhe que não, mas que gostaria primeiramente conhecer o lugar. Prometeu que sim, veriam apartamentos, mas na hora certa, e não na viagem de lua de mel.
Nisto, agradeceu a mulher pela noite que passaram juntos.
Laura continuou a dizer que a cidade oferecia muitas oportunidades de lazer, cultura, conhecimento.
Também passearam pelo litoral.
Dias depois, Laura e Max estavam em uma linda praia.
Tomaram muito banho de sol, de mar.
O moço adorava a companhia da esposa.
Quando se aproximou o momento de retornarem a fazenda, o moço chegou a lamentar. Brincalhão, comentou que estava adorando ter todo o tempo livre do mundo para passear com ela, namorá-la, cortejá-la.
Com isto, segurou suas mãos, beijou-as.
Ludmila com efeito, resolveu se hospedar em num hotel da região.
Em contato com seus filhos, informou-lhes o número do telefone do hotel em que estava hospedada.
Com isto, ao final de uma semana, a mulher recebeu um telefonema aflito de Henrique. Nervoso, o moço dizia que Carlos e André não paravam de brigar.
Ludmila ao ouvir o apelo do filho mais velho, prometeu que se dirigiria ao colégio onde estavam internados.
Desta forma, teve que adiar seus planos de encontrar-se com a filha.
Atenta, ia todos os dias a casa de Zélia e Olavo perguntar sobre a moça.
Questionava se já havia voltado.
Diante deste fato, precisou se ausentar.
Razão pela qual arrumou suas malas.
Preocupada, a mulher foi até o colégio interno.
Acompanhada de Emerson, descobriu que Carlos e André não estavam se entendendo bem, e que quase todos os dias brigavam.
Foi informada também, que Henrique tentava conter as brigas, mas não vinha obtendo êxito.
Diante disto, a diretora da instituição chamou os meninos para conversarem em sua sala.
Carlos e André assustaram-se ao ver os pais por ali.
Começaram a discutir por causa disto.
Um dizia que o outro era culpado por aquilo.
Ludmila, ao perceber a confusão, exigiu que os filhos se comportassem.
Falava que não estava pagando um colégio caro como aquele, para que eles ficassem ali, armando confusão. Comentou que eles eram pessoas privilegiadas e que deveriam honrar a rara oportunidade que tinham de estudar.
Envergonhados André e Carlos pararam de brigar.
Pediram desculpas.
Mais tarde, estando a sós com os filhos, Ludmila perguntou-lhes o que estava acontecendo.
Os garotos permaneciam calados.
Emerson então, tentando conquistar-lhes a confiança, disse-lhes que Ludmila estava preocupada com eles, assim como ele.
Falou-lhes que nunca os vira se desentender daquela forma.
Carlos disse então, que o casal não se importava mais com eles.
Ludmila ao ouvir isto, perguntou-lhes de onde haviam tirado semelhante bobagem.
Angustiados, os meninos disseram que agora ela se preocupava com uma suposta filha, uma irmã que nem sequer conheciam.
A fazendeira tentou conversar com os moços, explicar as razões por que vinha procurando a filha.
Em dado momento, foi Henrique que se aproximou.
Abraçou a mãe.
Ludmila, rodeada pelos filhos, disse-lhes que sentia muitas saudades deles, mas que aqueles anos de estudo eram muito importantes. Disse que seriam aqueles tempos que lhes forjariam a personalidade, e os direcionariam para a vida adulta.
Henrique, ao ouvir estas palavras, respondeu que gostava da vida na fazenda e que não pretendia ser um doutor.
Sorrindo, Ludmila disse-lhe que não precisava ser um doutor se não quisesse, mas que até para ser um bom administrador do patrimônio que tinha, deveria ter conhecimento do mundo que o cercava. Para que com isto, pudesse melhorar o ambiente em que vivia, e não ser enganado pelos outros.
Henrique mencionou que sentia falta de casa.
Ludmila penalizada, pediu-lhe paciência.
Disse-lhe que agora ele poderia não entender o porquê do afastamento da família por tantos anos, mas que depois, ele faria muito bom uso dos anos de estudo que tivera.
Com isto, a mulher abraçou os filhos.
Ao cair da tarde, voltou para casa.
Retomou as atividades na fazenda.
Tempos depois, Laura e Max retornaram a fazenda.
O homem também voltou a executar suas atividades como peão.
Laura ficou a cuidar da casa em que viviam.
Lavava, passava, cozinhava.
Nos fundos da residência fez uma pequena plantação de verduras e condimentos.
Cuidadosa, cuidava muito bem da casinha.
Casa que fora providenciada pelo dono da fazenda.
Feliz, acreditava que em pouco tempo sairia dali.
Maximiliano voltava depois de um longo dia de trabalho, com comida boa.
Estava feliz com a vida de casado.
Com o tempo acomodou-se. Feliz com a vida na fazenda, desistiu dos planos de estudar na cidade.
Quando Laura percebeu isto, passou a questioná-lo.
Argumentou que tinha pretensões de continuar estudando, e que aquela vida não era para ela.
Maximiliano por sua vez, desconversava dizendo que ainda não era hora de sair da fazenda.
Laura ao ouvir isto, ficava aborrecida.
Em dado momento, incomodada com a inércia do moço, disse-lhe que fora enganada, vítima de um logro.
Por diversas vezes, chegaram a discutir por isto.
Laura chegou a dizer que o moço havia prometido a ela fazer de sua existência, algo feliz. Chorosa, chegou a falar certa vez que não estava feliz vivendo daquela forma.
Maximiliano, percebendo que o intento de voltar a viver na cidade rondava a mente da esposa, començou a dizer que iria providenciar a ida de ambos para a cidade.
Argumentava que de fato precisava estudar.
Quando o casal retornou de viagem, Zélia recomendou ao moço, que não deixasse uma certa mulher de nome Ludmila, aproximar-se da filha.
Sem mencionar as razões para tal prevenção, pediu ao rapaz para que se acautelasse.
Maximiliano, ao perceber a perturbação da mulher, prometeu que faria o possível para que Laura não se aproximasse da mulher.
Zélia agradeceu.
Argumentou porém, que passava boa parte do tempo cuidando dos animais da fazenda, e que em boa parte do dia, não estaria por perto, e que não poderia impedir uma possível aproximação se isto tivesse realmente que acontecer.
Ao ouvir isto, Zélia se afligiu novamente.
Chegou a perguntar-lhe se não seria melhor satisfazer a vontade da filha. Comentou se não gostaria de passar alguns dias na cidade.
Zélia acreditava que se Ludmila retornasse a fazenda e não encontrasse Laura, acabaria desistindo de ver a filha.
Maximiliano por sua vez, retrucou dizendo que não seria possível fazê-lo ainda.
Argumentou porém, que assim que pudesse eles iriam viver na cidade. Nem que fosse por algum tempo apenas.
Com efeito, alguns meses após o casamento, a fazendeira encaminhou-se novamente a fazenda.
Ao bater na porta da mulher, após fazer perguntas aos moradores do lugar, descobriu que sua Odara estava de volta.
Alguns moradores chegaram até a descrever a moça.
Conversando com uma Zélia, ainda mais nervosa do que no primeiro encontro, a mulher prometeu que não revelaria quem era.
Pediu apenas para ver a moça. Falou que se apresentaria como uma visita, sugerindo ainda, que poderia dizer que ela era uma amiga dos velhos tempos.
Zélia negou o pedido.
Olavo por sua vez, ao chegar em casa após um dia de trabalho extenuante, tentou intervir amenizando a contenda.
Contudo, não obteve êxito.
Nisto, a fazendeira se despediu da mulher.
Dias depois a mulher retornou ao local.
Ficou a observar a casa onde a filha vivia.
A certa altura, Laura saiu da residência.
Ficou a cuidar de um pequeno jardim que havia em frente a casa.
Ludmila ao ver sua Odara, sentiu o rosto queimar.
Lágrimas caíram de seus olhos.
Relembrou-se de Lúcio, dos momentos em que foram felizes, seu desaparecimento, o momento em que se despediu da filha, da partida da criança com o casal que a criara.
Laura era jovem, bela, e lembrava sua juventude.
Ludmila fora só, a fazenda.
Mais tarde, Emerson foi ao seu encontro.
Juntos em uma lanchonete, chegaram a ver a moça ao lado do marido, passeando pela cidade.
Maximiliano, percebendo a tristeza da jovem, resolveu levá-la para um passeio na cidade.
Laura procurou usar uma roupa bonita.
Sorrindo, comentou que estava usando roupas rústicas a tanto tempo, que brincou dizendo se saberia ainda, usar uma roupa mais arrumada.
Max sorriu-lhe dizendo que disto ela jamais se esqueceria.
Incomodado, percebeu que não se decidisse a deixar a mulher estudar, ela acabaria fazendo isto por ela mesma.
Aflito, neste momento, prometeu que eles passariam alguns anos na cidade, e que ainda não o havia feito, por que estava arrumando mais dinheiro. Argumentou que precisava proporcionar mais conforto a mulher.
Com isto, o casal foi até a cidade.
Assistiram a um filme. Depois foram a uma sorveteria.
Depois do sorvete, o casal se encaminhou a uma lanchonete.
Maximiliano dizia estar com fome.
Laura brincou dizendo que ele estava sempre com fome.
Maximiliano não gostou da brincadeira.
Contou que trabalhava muito, que seu serviço demandava muita força e energia, e que precisava repor o que havia gasto.
Laura, percebendo que o rapaz estava melindrado, desculpou-se. Disse que não tivera a intenção de ofendê-lo. Argumentou que era apenas uma brincadeira. Falou que sabia que seu trabalho era exaustivo. Pediu para que ele não ligasse para isto.
Desta forma sugeriu que ele pedisse algo com bastante sustância.
Laura comeu um pedaço do lanche do moço.
A seguir, o casal caminhou de mãos dadas pela praça.
Foi quando Ludmila e Emerson viram a jovem caminhando com o marido.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
Poesias
sexta-feira, 2 de abril de 2021
CARINHOSO - PARTE II - CAPÍTULO 13
quinta-feira, 1 de abril de 2021
CARINHOSO - PARTE II - CAPÍTULO 12
Laura sentou-se ao lado do pai, segurou um de seus braços. Colocou sua cabeça no ombro dele.
O homem entendeu o gesto, como um sinal de que as coisas se acalmariam por algum tempo.
Passaram perto da mata que havia no local, percorreram riachos.
Com isto, ao chegarem na entrada da fazenda, Antonio desceu da carroça.
Abriu a porteira.
Passaram.
Ao chegarem em casa, todos estava entusiasmados.
Zélia não se cansava de elogiar a filha.
Comentou também, que as moças elogiaram a elegância de seus meninos.
Antonio e Vicente, comentaram que gostaram das garotas da festa. Disseram que foi um dos bailes mais animados dos quais participaram.
Olavo comentou que para a festa ficar perfeita, só faltou dançar um pouco mais com Zélia.
No baile, casal dançou umas poucas danças juntos.
Zélia estava envergonhada.
Ficou constrangida quando alguns convidados comentaram que estava elegante.
Antonio e Vicente concordaram. A mãe estava muito elegante.
Zélia desconversou.
Nisto, Laura, que permanecera calada, foi chamada para manifestar sua opinião sobre o baile.
Ao ser indagada, a moça respondeu que a festa estava divertida sim.
Com isto, dizendo que estava cansada, pediu licença e se recolheu.
No quarto, retirou o vestido e o colocou na cadeira em frente a penteadeira.
Vestiu uma camisola.
Enquanto penteava os cabelos, ficou a se recordar da festa, das danças, das músicas.
Nos dias que se seguiram, a moça se ocupava em realizar passeios pela fazenda.
Andando a cavalo, revisitou os lugares de sua infância.
Passou perto dos pomares, das plantações.
Maximiliano, ao vê-la passeando a cavalo, acenou para a moça.
Laura retribuiu.
Mais tarde, o moço foi ao encontro da jovem.
Conversaram.
Maximiliano convidou-a para vê-lo trabalhar.
Laura prometeu que um dia desses iria.
Nisto, despediu-se do moço e continuou a cavalgada.
Em dado momento, a jovem sentou-se a beira de um lago.
Lá havia pessoas pescando.
Os homens, ao verem a moça, cumprimentaram-na.
Laura retribuiu.
Um deles se aproximou. Perguntou se ela era filha de Zélia e Olavo.
Laura respondeu que sim.
Curioso, o rapaz comentou que nunca a vira antes por lá.
Laura comentou que passou muitos anos fora. Estudara em colégio interno.
O moço perguntou como era viver tão longe dali.
Laura comentou que vivendo em colégio interno, pouco vira da cidade, mas mencionou que as pessoas corriam muito para ganhar o salário para sustentar a família. Relatou que ali na fazenda, o ritmo de vida era mais lento, mais tranqüilo.
O rapaz, ao ouvir as palavras da moça, comentou que tinha sorte em não precisar viver num lugar assim. Argumentou que nunca se acostumaria.
Laura riu.
O jovem, pediu desculpas.
Laura por seu turno, comentou que gostava da vida na cidade.
Mencionou que não se importaria em voltar a viver por lá.
Estéfano, comentou que ela não deveria voltar a viver num lugar assim.
Nisto a moça pediu licença e se afastou.
Montou em seu cavalo e voltou para casa.
Dias depois, a moça acompanhou o trabalho de Maximiliano.
Viu o moço colocar ferraduras nos animais, domar cavalos.
Ludmila por sua vez, continuava a administrar a fazenda.
Carlos, Henrique e André, estudavam em colégio interno.
Maximiliano e Laura por sua vez, estreitaram os laços de amizade.
O moço, com o tempo, passou a freqüentar a casa de Zélia e Olavo.
A pretexto de conversar com Antonio e Vicente, o moço passou a visitar a casa.
Conversando com os moços, o jovem combinou uma pescaria.
Laura também foi convidada, mas não se interessou em participar.
Zélia ao ouvir a recusa, cochichou no ouvido da filha.
Disse que ela deveria ir.
Laura respondeu sussurrando, que não gostava de pescar.
A mulher, ao ouvir as palavras da filha, sugeriu que levasse um livro.
Disse que Olavo gostaria muito que ela os acompanhasse.
Laura tentou retrucar cochichando, mas ao perceber que os homens olhavam para ela, calou-se.
Maximiliano aproximando-se, convidou-a para participar do passeio.
Sem jeito, e pressionada por Olavo e pelos irmãos, acabou concordando com o convite.
Quando chegou o dia da pescaria, a moça tratou de pegar um livro.
Montou em um cavalo e acompanhou o pai e os irmãos de criação até o rio.
Ao lá chegar, ficou contemplando a paisagem.
Maximiliano, percebendo que a moça ficara encantada com o cenário, perguntou-lhe se não conhecia o lugar.
Laura respondeu que sim.
Contudo, como fazia anos que não passava por ali, havia se esquecido de como era belo.
Maximiliano ao ouvir estas palavras, retrucou dizendo:
- Lindo mesmo! Está vendo só? O que você estaria perdendo se não estivesse aqui!
Laura riu.
Nisto os começaram a se preparar para pescar.
Pegaram os instrumentos de pescaria, as varas de pescar, colocaram as iscas. Arremessaram-nas rio.
Antonio e Vicente pediram silêncio para não assustarem os peixes.
Laura sentou-se na margem do rio, encostou-se em uma árvore e desfrutando da sombra, começou a ler um livro.
Maximiliano observava o movimento das águas. Ao perceber um movimento diferente, pediu a todos que ficassem quietos.
Esperou um pouco e sentiu que algo estava puxando o anzol. Atento, esperou um pouco e puxou a linha.
Olavo ao ver o peixe que o moço havia pescado, parabenizou-o.
Antonio e Vicente argumentaram que o dia estava somente começando, e que era cedo para se cantar vitória.
Empenhados, voltaram para as margens do rio. Continuaram a pescaria.
Olavo acompanhou os filhos.
Maximiliano, ao perceber que Laura estava entretida com um livro, resolveu se aproximar.
Curioso, perguntou o que ela estava lendo.
Laura demorou um pouco para responder.
Mostrou-lhe a capa do livro.
A moça lia “O Guarani”, obra de José de Alencar.
Tentando puxar conversa, o moço comentou que havia ouvido falar da obra quando estava no grupo escolar, e que lera algumas passagens do livro.
Laura comentou que já havia lido o livro nos tempos de escola e que agora estava lendo novamente.
Maximiliano brincou dizendo que ela devia ser mesmo muito instruída para se interessar em ler uma obra clássica como aquela.
A moça comentou que gostava da obra do autor.
Nisto o moço comentou que estava tentando ler um livro de poesia que tinha em casa, mas que estava tendo um pouco de dificuldade para entender algumas delas. Meio constrangido, citou que eram poesias de Camões.
Laura perguntou-lhe se havia lido “Os Lusíadas”.
Sem jeito, o moço respondeu que não. Argumentou que seu nível de conhecimentos não permitiria ler o texto e entender a obra.
Laura ficou um pouco decepcionada.
Voltou a ler.
O moço, percebendo que precisava retomar a conversa, comentou que se ela o ajudasse, talvez se encorajasse a ler o tal livro. Perguntou o nome.
Laura respondeu:
- Os Lusíadas.
Como o moço não soubesse do que se tratava, Laura respondeu que era uma epopéia, que cantava as glórias do povo português, e contava de forma poética, sua história, desde sua fundação, até o momento em que o vate escrevera os versos.
Com isto, a moça teve que explicar o significado de vate.
Disse que Luiz Vaz de Camões era um grande poeta.
Maximiliano respondeu que já ouvira falar de Fernando Pessoa.
Laura comentou que ele também era português, como Camões.
A pedido do moço, a jovem recitou trechos da poesia de Camões.
O peão ficou encantado.
Comentou que ela tinha uma voz bonita, o que deixava os poemas mais bonitos.
Laura sorriu para ele.
Olavo então, ao pescar um peixe, chamou Maximiliano.
O moço pediu então licença e se afastou.
Ao voltar ás margens do rio, se deparou com um peixe imenso sendo trazido por Olavo.
Orgulhoso, o homem mostrou o peixe para a filha, que elogiou o pai.
Curiosa, perguntou o nome do peixe.
Maximiliano respondeu que se tratava de um dourado.
Laura ao ver o peixe, comentou:
- Bonito peixe! E grande.
Maximiliano falou que o rio da fazenda era muito piscoso.
Ao dizer estas palavras, perguntou a Laura se ela sabia o significado daquela palavra.
- Piscoso, rio que tem muitos peixes. – comentou a jovem.
- Muito bem. – respondeu o moço. – Vejo que você ficou distante mas não perdeu suas raízes.
Antonio e Vicente comentaram que era de pequeno que se torcia o pepino e que não seriam alguns anos de afastamento, que fariam as coisas mudarem. Laura era caipira como todos os que nasceram naquela região.
A moça ao ouvir estas palavras, não gostou do comentário. Argumentou que quem vivia no campo não era caipira.
Olavo retorquiu dizendo:
- Me desculpe minha filha, mas, seus irmãos tem razão. Nós somos caipiras com muito orgulho. Não me importo em ser apontado como caipira como já fui algumas vezes. Isto não me ofende não.
Laura respondeu que não gostava quando as pessoas apontavam os dedos para os outros chamando-as de caipiras. Considerava isto, uma falta de respeito.
Olavo lhe disse para não ocupar deste tipo de bobagem. Comentou que o que valia era o que pessoa tinha por dentro e não o que os outros falavam. Disse que quem debocha dos outros é tolo, e que um dia quem ridiculariza será ridicularizado também.
Laura abraçou o pai.
Disse-lhe que era o homem mais sábio que conhecia.
Constrangido, o homem respondeu que não tinha estudo.
Laura redargüiu que ele tinha o mais importante que era o amor, e que conhecia de verdade as coisas. Mais do que muitas pessoas que passaram muitos anos estudando.
Olavo ao ouvir estas palavras, encheu-se de orgulho.
Antonio e Vicente concordaram.
Argumentaram que não tinha pergunta que faziam para ele, que ficasse sem resposta.
Maximiliano observou a cena, comovido.
A certa altura, o moço chamou a todos para continuarem a pescaria.
Antonio e Vicente, depois de muitas tentativas, conseguiram pescar alguns peixes.
Maximiliano e Olavo pescaram mais um peixe cada um.
Em dado momento, o peão chamou Laura para pescar.
A moça recusou-se.
Disse que não sabia pescar.
Maximiliano respondeu que poderia ensiná-la.
Mencionou que era divertido, que ela iria gostar.
Antonio e Vicente, insistiram para que ela tentasse pescar algum peixe. Comentaram que era divertido.
Olavo também interveio e disse que ela não poderia fazer uma desfeita para com o moço que havia sido tão gentil com eles.
Laura então aproximou-se da margem do rio.
Segurando a vara de pescar, o moço colocou o instrumento nas mãos da moça, que desajeitada, quase a derrubou no chão.
Maximiliano foi-lhe explicando o que tinha que fazer.
Porém, ao arremessar o equipamento, a moça quase enganchou o anzol no galho de uma árvore.
Antonio e Vicente caíram na risada.
- Meu Deus! Como alguém pode ser tão desajeitada!
Olavo, ao ouvir as palavras de Antonio, censurou o filho, comentando que ela não estava acostumada a pescar, mas que com o tempo ela acabaria aprendendo e se tornaria uma exímia pescadora.
Vicente, ao ouvir a palavra exímia, perguntou o que significava.
Laura respondeu que exímia significa alguém muito bom em uma atividade, que na situação em questão era a pesca. Curiosa, perguntou ao pai onde havia ouvido aquela palavra.
Sorrindo Olavo respondeu que também procurava se aprimorar, e que inspirado por ela, também estudava um pouco.
Maximiliano ao ouvir isto, parabenizou o homem.
Comentou que também pensava em prosseguir estudando, nem que fosse por conta própria.
Laura então ficou aguardando.
Maximiliano, ao perceber que algo puxava o anzol, sugeriu que ela esperasse um pouco.
Fora ele quem colocara a isca no anzol.
Depois de algum tempo, o peão orientou-a a puxar a linha.
Laura, um pouco atrapalhada, precisou da ajuda do moço para puxar o peixe.
Maximiliano então, ao segurar o peixe, comentou que era um jaú.
Parabenizou a jovem pela conquista.
Antonio e Vicente argumentaram que se tratava de sorte de principiante.
Mais tarde, o grupo retornou a casa da família.
Maximiliano, ao ver os homens se afastando, aproximou-se de Laura.
Perguntou-lhe se havia gostado da pescaria.
Laura respondeu que fora divertido.
Maximiliano falou-lhe que a vida na fazenda era muito boa. Comentou que se trabalhava muito, que as dificuldades eram grandes, mas que não trocava aquela vida, pela vida na cidade.
Laura ao ouvir estas palavras, comentou que viver na cidade não era tão ruim assim. Mencionou que havia coisas boas também na cidade. Cultura, conhecimento, trabalho, dinheiro.
- Não duvido! – respondeu Maximiliano. – Mas também tem coisas ruins.
Laura redargüiu que coisas ruins existiam em todos os lugares.
O moço concordou.
Nisto, abraçou a moça, e beijou-lhe o rosto.
Comentou que amanhã iria na missa na vila e perguntou se sua família não iria.
Laura respondeu que sim.
Nisto, o moço respondeu que se encontrariam por lá.
Desta forma, desejou-lhe boa tarde.
Laura desejou-lhe o mesmo.
Quando entrou na casa, Zélia perguntou do moço.
Laura respondeu que Maximiliano havia ido embora.
- Mas porque ele não esperou para almoçar? Eu ia preparar um desses peixes. – lamentou Zélia.
- Ah, não sei! Acho que a família dele já devia estar esperando por ele. – comentou Laura.
Com isto, Olavo, Antonio e Vicente, comentaram que a moça havia pescado um jaú.
Zélia ao ouvir isto, ficou deveras contente.
Laura por sua vez, retrucou dizendo que não fizera nada demais, e que Maximiliano quem pescara o peixe praticamente sozinho.
Vicente explicou que ela havia segurado a vara de pescar e puxado o peixe. Ainda que desajeitada, tecnicamente havia pescado.
Nisto a moça pediu licença e fechou-se em seu quarto.
Sentou-se na cama, riu das trapalhadas ocorridas na pescaria, acomodou-se e continuou a ler seu livro.
Mais tarde, Zélia entrou no quarto da filha.
Sentando em sua cama, perguntou se ela havia gostado da pescaria.
Laura respondeu sem tirar os olhos do livro, que o passeio fora divertido.
Zélia comentou então, como quem não queria nada, que Maximiliano era um bom moço, vindo de boa família, era esforçado, trabalhador, dedicado.
Laura parecia não estar prestando atenção as palavras da mãe.
Zélia falou então, que o moço parecia estar interessado nela.
Ao ouvir isto, Laura caiu na risada.
Zélia retrucou dizendo que não era engraçado o que dissera.
Comentou que ela era uma moça muito bonita, bem tratada pela vida, bem criada, e que era perfeitamente natural que atraísse a atenção dos moços da região.
Laura calou-se.
Zélia aproximou da filha e a abraçou.
Contou que apesar de sua teimosia, seria muito feliz naquele lugar.
Depois de dizer estas palavras, afastou-se.
Disse que tinha que cuidar do almoço.
Com isto, perguntou a moça se ela não gostaria de ajudá-la.
Laura respondeu que mais tarde iria até lá.
Zélia ao ver a filha entretida com o livro, perguntou:
- Você gosta muito de ler, não é mesmo?
Laura assentiu com a cabeça.
Zélia aproximou-se da filha e pediu-lhe desculpas.
Laura não compreendeu.
A mulher respondeu-lhe que não poderia ajudá-la a cursar uma faculdade, mas que poderia fazer com que fizesse alguns cursos por correspondência. Prometeu que cuidaria disto.
Laura, ao fitá-la, percebeu que seus olhos se encheram de lágrimas, mas temendo ouvir palavras de desaprovação, temeu perguntar a razão das lágrimas.
Simplesmente sorriu para ela.
Zélia sentiu-se acalentada pelo sorriso.
Retirou-se do quarto e encaminhou-se para a cozinha.
Animada, preparou o peixe pescado pelo marido.
Olavo, ao vê-la tão feliz entretida na cozinha, perguntou o que havia acontecido.
Zélia então, comentou que Laura voltaria a estudar. Faria alguns cursos por correspondência.
Ficou surpreso com a resolução da mulher. Perguntou-lhe se voltaria a escrever para Ludmila.
Zélia pedindo para que o homem não tocasse mais no assunto, comentou que ela daria um jeito para arrumar dinheiro para que a filha fizesse os cursos. Disse que não mais escreveria para a fazendeira.
Olavo comentou que a mulher poderia estranhar a ausência de contato.
Zélia respondeu que Ludmila estava pouco se importando com a moça. Argumentou que se ela quisesse saber como estava a filha, teria arrumado um jeito de visitá-la.
Olavo discordou do proceder da esposa, mas sem ter argumentos para discutir, calou-se.
Comentou que já dissera o que pensava sobre o assunto, e que não se posicionaria mais a respeito.
Zélia argumentou que assim seria melhor.
Com efeito, naquele domingo, as famílias de Laura e Maximiliano encontraram-se na missa.
Mais tarde, a moça fez alguns cursos.
Aprendeu a fazer reparos na parte elétrica da casa, um pouco de mecânica.
Todavia, em que pese este fato, Laura não se sentia satisfeita.
Chegou a comentar que não desgostava da vida na fazenda, mas que não queria passar o resto de sua vida, cuidando de uma casa, lavando, passando e cozendo.
Maximiliano prometeu ajudá-la em seu sonho de cursar uma faculdade.
Laura por sua vez, não conseguia entender como ele poderia ajudá-la.
O peão lhe respondia que no momento certo ela saberia.
Com isto, Laura começou a realizar leituras com o moço sobre “Os Lusíadas”.
Entretida com sua tarefa, a moça explicava passagens do livro, recitava as poesias para ele.
Fazia isto, em passeios a cavalo pela fazenda.
Maximiliano ficava embevecido com a poesia e a voz da moça.
Zélia autorizava os encontros, pois acreditava que ele e a filha formavam um bonito casal.
Olavo por sua vez, ficava cismado em ver a filha tão solta. Comentava que isto não ficava bem, e que precisava ficar de olho.
Zélia ria.
Dizia que Laura não lhe preocupava. Argumentava que quem mais despertava preocupações nela quanto a isto, eram seus dois garotos.
Olavo respondeu por seu turno, que se um deles aprontasse com as moças da região, iria ter que se entender com ele.
Zélia achava graça na severidade do marido.
Maximiliano adorava as tardes que passava ao lado da moça.
Ás vezes era convidado para almoçar com a família da jovem.
Nestes momentos aproveitava para conhecer um pouco melhor a moça.
Perguntava a Antonio e Vicente do que ela gostava, além de livros.
Os irmãos diziam que ela gostava de aprender coisas novas, falaram sobre os cursos que fizera. Que estava aprendendo a cuidar da casa.
Mencionaram porém, que ela não era muito afeita aos trabalhos domésticos.
Maximiliano rindo, respondeu que ele também estava aprendendo a cuidar de suas coisas. Comentou que tinha consciência de que se viesse a casar com a moça, teria que ajudá-la cuidar da casa.
Indiscreto, Vicente perguntou-lhe quando pediria Laura em casamento.
Sem graça, o moço respondeu que eles precisavam primeiramente, começar a namorar.
Surpreso, Antonio perguntou se já não estava namorando.
Maximiliano respondeu que não.
- E o que você está esperando para isto? Você acha realmente que ela é tão moderna que irá perceber seu interesse, sem que seja necessário falar? Ah, só nos filmes. E ela é uma moça de carne e osso.
Maximiliano respondeu que já sabia o que fazer.
Com isto almoçou com a família, conversou com todos.
Comentou com Laura que estava adorando conhecer Camões e com isto, um pouco dela.
Mais tarde, despediu-se da moça.
Quando novamente se encontraram a beira do rio, aproveitando um momento de distração da jovem, o moço roubou-lhe um beijo.
Surpresa com o gesto inesperado, a moça deixou o livro cair no chão.
Sem saber como reagir, afastou-se do rapaz.
Correu em direção ao seu cavalo, montou e saiu a galopar.
Maximiliano, nervoso, ficou desapontado.
Não esperava aquela reação.
Ao se deparar com o livro, teve ímpetos de segui-la, mas temeu fazê-lo. Acreditou que se o fizesse faria com que ela ficasse ainda mais assustada, e poderia fazer com que caísse do cavalo, que se machucasse.
Decepcionado, voltou para casa.
Ficou tristonho, pensativo.
Não queria conversar com ninguém.
Laura também se trancou em seu quarto.
Não quis saber de comer.
Mais tarde, quanto todos estavam entretidos em outras atividades, a moça saiu do quarto, esquentou sua comida e alimentou-se.
Lavou a louça e voltou para o quarto.
Como a moça não voltava para as leituras, Maximiliano foi procurá-la em sua casa.
Auxiliado por Zélia, o moço conseguiu ficar a sós com a moça.
Laura estava relutante em encontrá-lo, e Zélia teve que fazer uso de toda sua diplomacia para convencê-la a encontrar-se com o rapaz.
Disse-lhe que não sabia o que havia acontecido, mas que se o moço estava tão empenhado em se aproximar, era por que tinha bons propósitos.
Laura, ao perceber que Zélia não a deixaria em paz, concordou em encontrar-se com o moço.
Sozinhos, conversaram.
Laura ouviu tudo o que o rapaz tinha para dizer.
Maximiliano disse-lhe que não tivera a intenção de desacatá-la, mas que ela era muito fechada em si mesma e que ele estava tentando devassar este mundo, e não estava conseguindo. Comentou que sentia a necessidade de um gesto brusco para ver se conseguia despertar alguma reação.
Laura falou-lhe então, que não estava entendendo onde ele queria chegar com todas aquelas palavras.
Maximiliano, aproximando-se da moça, pediu para que ela ouvisse.
Laura olhou-lhe nos olhos.
O rapaz perguntou-lhe o que ela achava dele.
Ao ouvir as palavras do moço, Laura respondeu que ele era uma boa pessoa.
- Só isto? – perguntou o rapaz, um pouco desapontado. – Eu pensei que fossemos ao menos amigos.
Laura, percebendo isto, comentou que sim, eram amigos. Disse que ele era um bom amigo sim.
Nisto, Maximiliano disse-lhe que gostaria de ser um pouco mais que seu amigo. Falou-lhe que a tinha em ótima conta, que era bonita, inteligente, interessante e atraente. Contou ainda, que ela não se parecia com as moças de lá. Que era mais instruída. Confessou, que a achava especial.
Laura ao ouvir estas palavras, ficou encabulada.
Tentando quebrar o silêncio, disse que não sabia como retribuir a gentileza.
Maximiliano argumentou que não se tratava de gentileza.
Nisto, segurou a mão da moça.
Comentou que assentaria bem um anel em seu dedo.
Laura, inopinadamente retirou sua mão, das mãos do moço.
Maximiliano diante da reação da jovem, que lhe voltou ás costas, perguntou se ela não gostaria de ter alguém.
Laura respondeu que não estava pensando nisto.
Maximiliano não se deu por vencido.
Comentou que ela não lhe era indiferente, e que acreditava que poderia haver algo entre eles.
Ao ouvir isto, a moça voltou-se para ele.
Indagou de onde ele havia tirado aquilo.
Maximiliano falou-lhe que nenhuma outra moça havia chamado tanto sua atenção.
Laura riu.
Incomodado, o moço perguntou:
- Então não acredita? Pois pergunte a quem quiser. E se quer saber, eu não tive tantas namoradas quanto você pensa!
Laura retrucou dizendo que não pensava nada.
Nervoso, Maximiliano respondeu que precisava de uma resposta.
- Que resposta? Você não me fez nenhuma pergunta. – redargüiu a moça.
Maximiliano então, enchendo-se de coragem, perguntou-lhe se ela não gostaria de ser sua namorada.
Laura observou-o indiferente.
Impaciente, o moço perguntou-lhe qual era sua resposta.
Laura respondeu-lhe que não sabia o que dizer.
Maximiliano, ao notar o desinteresse da jovem, segurou-a pelos ombros, e olhando nos olhos da moça, falou:
- Como não sabe? Eu estou aqui, tentando dizer da melhor maneira possível que estou interessado em você, e você não me diz nada? Isto, não está certo. Que seja um não, mas que seja dito logo, que eu tenho este direito.
Laura comentou que não gostaria de estragar a amizade que tinham.
Maximiliano respondeu-lhe que não estava interessado em apenas amizade. Triste, comentou que não poderia obrigá-la a gostar dele, mas que acreditava que seriam felizes juntos.
Com isto, levantou-se e se afastou.
Laura ao vê-lo se afastando, resolveu entrar em sua casa.
Zélia ao ver a filha entrando, percebeu que estava constrangida.
Dirigiu-se a entrada da residência.
Ao notar que moço partia amuado, censurou a filha. Disse que era um rapaz bonito, correto, trabalhador, e que igual a ele, dificilmente encontraria outro igual.
Laura respondeu que não estava apaixonada.
Zélia respondeu-lhe que ela aprenderia a gostar do rapaz, como um dia ela aprendera a gostar de Olavo.
Laura argumentou que pretendia estudar, ter uma profissão, e não ficar a depender de um marido.
A mulher, ao ouvir as palavras da filha, censurou-a. Falou-lhe que estava errada, que deveria se casar. Argumentou que Maximiliano não fazia o gênero de homem ciumento, tão comum aos homens do lugar, e que se fosse possível, a deixaria estudar.
Preocupada com o futuro da filha, Zélia prometeu se empenhar em ajudar a filha a fazer uma faculdade.
Laura redargüiu:
- Com que dinheiro? Afinal de contas, não foi você mesma que disse que a tal fazendeira não mandaria mais dinheiro para bancar meus estudos? Como você vai fazer para conseguir dinheiro?
Ao ouvir estas palavras, Zélia argumentou que daria um jeito.
Foi o bastante para Laura retomar as conversas de que gostaria de conhecer a tal mulher.
Nem que fosse para ouvir de sua boca que não a queria, mas gostaria de entender por que uma mulher rica, abandonaria uma filha.
Zélia pedia para a moça calar-se.
Irritada, Laura trancou-se no quarto.
Sistematicamente se recusava a ouvir os argumentos da mãe.
Irritada, Zélia ameaçou-a filha dizendo que se não esforçasse em ser simpática com o moço, não a ajudaria a continuar os estudos. Alegava que a filha estava jogando fora uma grande oportunidade.
Maximiliano aborrecido, ao perceber que Zélia estava pressionando Laura, argumentou que não queria que ela ficasse ao seu lado obrigada.
Com efeito, após se declarar a moça, o jovem dirigiu-se a casa da mulher, acreditando que Laura havia mudado de idéia.
Ao lá chegar, percebendo o ar contrariado da moça, Maximiliano desculpando-se com todos, pediu licença e partiu.
Zélia ficou inconformada.
Laura, que só ficara fazendo sala para o moço, obrigada pela mãe, admirou a atitude do moço.
Sorrindo, comentou que Maximiliano tinha brio.
Zélia ficou furiosa com ela.
Praguejando, disse que ela ficaria enterrada naquele lugar.
Laura deu de ombros.
Certo dia, depois de cuidar da casa, a moça montou em um cavalo e saiu a percorrer a fazenda.
Em dado momento, encontrou Maximiliano distraído, sentado a beira do lago.
Parecia descansar.
A moça cautelosa, aproximou-se.
Perguntou-lhe se podia conversar.
Maximiliano, ao vê-la diante de si, surpreendeu-se.
Imediatamente levantou-se.
Laura então, pediu-lhe desculpas.
Surpreso, o rapaz perguntou o porquê das desculpas.
Laura, constrangida, comentou que não agira corretamente com ele. Mencionou que o havia desapontado. Pediu desculpas por não ter podido corresponder a sua expectativa.
Chorando, relatou que não queria magoar ninguém, embora estivesse se sentindo muito magoada.
O moço ao ver a moça em prantos, abraçou-a.
Penalizado, aceitou as desculpas.
Disse que ela não tinha culpa por não gostar dele da mesma forma que ele gostava dela.
Laura pediu-lhe novamente desculpas. Mencionou que pensava em sair dali e tentar a vida na cidade.
Maximiliano ao ouvir as palavras da moça , soltou-a.
Olhando-a nos olhos, perguntou-lhe se tinha condições de se manter na cidade.
A moça respondeu que com seu nível de escolaridade, poderia arrumar um emprego de vendedora, balconista, recepcionista, poderia trabalhar em um escritório.
O jovem perguntou-lhe se seus pais concordavam com seus planos.
Laura, comentou que faria isto, sem esperar pela aprovação deles.
Maximiliano censurou-a.
Disse que não deveria fazê-lo. Poderia se arrepender.
A moça argumentou que não iria se arrepender.
O rapaz, segurando-a pelo braço pediu para que não partisse.
Disse que seu sumiço faria muita gente sofrer. Argumentou que ela não poderia pensar somente nela.
Laura ficou aborrecida com as palavras.
Retrucando, disse que ela precisava pensar em seu futuro, e que não seria vivendo como dona de casa em uma fazenda que conseguiria um futuro melhor. Irritada, indagou:
- Olhe pra mim! Acha realmente que eu conseguiria viver no campo, capinando, com uma enxada nas mãos? Olhe pra minhas mãos, eu nunca fiz este tipo de trabalho! Minha mãe nunca me deixou ir com ela para a lida, para a colheita. Só sei fazer serviços domésticos. E ... sinceramente, não quero ir para o eito, eu não nasci para isto. Eu tenho qualificação para muito mais.
Maximiliano, ao ouvir as palavras da moça prometeu ajudar-lhe. Disse que tinha vontade de adquirir novos conhecimentos para poder ter uma vida melhor na fazenda.
Laura perguntou-lhe como poderia ajudá-la, se era tão pobre quanto ela.
Curiosa, a moça indagou onde arrumaria dinheiro para tanto.
Ao ouvir os questionamentos, respondeu:
- Quanto a isto, não se preocupe! Eu cuidarei de tudo.
Nisto, segurando as mãos da moça, pediu a ela para que não partisse. Disse que tivesse paciência, pois poderia ajudá-la.
A moça, ao ouvir as palavras do rapaz, relatou que não poderia aceitar a ajuda.
Argumentou que aquilo não era direito.
Maximiliano, pousando os dedos nos lábios da moça, falou-lhe:
- Não se ocupe disto! Eu não estarei me sacrificando se te ajudar. Eu quero fazer.
Laura surpreendida, argumentou que ela não havia feito nada que o motivasse para isto.
Maximiliano respondeu que sim, havia feito algo muito importante.
Segurando as mãos da jovem, disse-lhe que ela havia proporcionado a ele, a possibilidade de conhecer algo mais do que aquele mundo em que vivia. Comentou que era muito grato a ela por lhe mostrar poesias.
Nisto, o moço aproximou-se de seu cavalo, e pegando algo de sua algibeira, caminhou em direção a moça.
Laura, ao perceber do que se tratava, comentou que achou que havia perdido o livro para sempre.
Sorrindo, o moço comentou que pensou em devolvê-lo, mas desistiu.
Argumentou que com o livro em mãos, teria uma desculpa para falar-lhe novamente.
Maximiliano contou então, que aproveitou para ler o livro.
Comentou que gostou muito da obra.
Desta forma, estendeu sua mão e sinalizou para que a moça segurasse o livro.
Laura, ao ouvir as palavras do moço pensou nos últimos acontecimentos, e decidiu:
- Agradeço o cuidado em me devolver o livro. Mas, pensando bem, eu acho que você deveria ficar com a obra.
Maximiliano tentou recusar o oferecimento, e Laura, segurou o livro.
Em seguida, a moça estendeu a obra para o moço.
Disse que ele deveria aceitar um presente.
Afinal de contas, alguém que era capaz de ajudá-la, sem nem ao menos pedir algo em troca, merecia um presente.
Sorrindo, a garota comentou que gostava muito dele, e que alguém tão especial assim, deveria ganhar algo valioso.
Laura contou que aquele era um dos livros de que mais gostava.
Ao ouvir isto, o jovem argumentou que ela não poderia se desfazer de algo tão importante para ela.
Laura insistiu.
Disse que a obra havia cumprido sua missão. Nisto, comentou que agora ela deveria preencher e enriquecer a existência de outra pessoa.
Com isto, a moça estendeu novamente a obra para o jovem.
Ao perceber que Maximiliano titubeava, a jovem comentou:
- Não vai fazer uma desfeita destas, vai?
O peão, sem jeito, pegou o livro. Agradeceu o presente.
Laura abraçou o moço.
Maximiliano ficou a observá-la.
Laura agradeceu-lhe a gentileza.
Com o tempo, a amizade entre eles se estreitou.
Laura continuou a recitar-lhe poesias.
Maximiliano adorava ficar as margens do rio, a ouvir as poesias declamadas pela moça.
Com isto, o moço disse-lhe certa vez, que havia conversado com os pais.
Contou-lhes que pretendia cursar uma faculdade de agronomia.
Mencionou que seus pais lhe disseram que não tinham condições de mantê-lo estudando na cidade.
Maximiliano comentou então, que possuía uma certa quantia guardada. Dinheiro que poderia ajudá-lo a se manter na cidade, por alguns meses, desde que vivendo de forma simples, sem luxos e ostentações.
Laura, ao ouvir isto, ficou feliz pelo moço.
Retrucou porém, que sentiria saudades dele.
Maxiliano ao ouvir isto, sorriu.
Perguntou-lhe se sentiria falta dele.
A moça respondeu que sim.
Maximiliano lhe propôs que o acompanhasse.
Laura ficou surpresa com a proposta.
Relatou que seus pais não aceitariam que ela fosse estudar na cidade, com um rapaz.
A moça comentou que não ficaria bem.
Maximiliano propôs que se casassem.
Surpresa, a jovem comentou:
- Casar? Como assim?
Maximiliano disse que gostava dela. Mencionou que só havia proposto esta possibilidade, por que sentia que ela não lhe era indiferente.
Laura respondeu-lhe que não sabia o que dizer. Argumentou que não estava apaixonada por ele, e que casamento não fazia parte de seus planos.
Maximiliano ficou desapontado.
Sem coragem para olhá-la nos olhos, o moço disse que havia se precipitado. Pediu-lhe desculpas.
Laura, ao vislumbrar uma possibilidade de retomar os estudos, pediu um tempo para pensar. Disse que ele a havia pego de surpresa.
Segurando o rosto do moço, Laura disse-lhe que sabia de seu valor.
Nisto, perguntou:
- Por que você cismou justamente comigo?
Maximiliano respondeu-lhe que ela não era igual as outras moças do lugar.
Nisto, o moço aproximou-a e segurando a moça pelo pescoço, beijou-lhe o rosto.
Laura olhou o rapaz com curiosidade.
Depois de conversarem um pouco mais sobre os planos do moço, a jovem prometeu pensar no assunto.
Despediram-se com um beijo no rosto, que quase virou um beijo nos lábios.
Constrangidos, afastaram-se.
No caminho de volta para casa, a moça ficou pensando nas palavras do moço.
Nos encontros, na amizade, do baile, onde dançou com o rapaz.
Antonio e Vicente, quando souberam que ela havia retomado a amizade com o moço, ficaram a dizer que Laura estava namorando Max.
Aborrecida, a jovem dizia que não sabiam do que falavam, que só podiam estar malucos.
Zélia, ao saber da amizade da filha com o peão, ficou deveras contente.
Com o tempo, Ludmila, ao perceber que Zélia interrompera o contato com ela, ficou intranqüila.
Em conversas com Emerson, chegou a conclusão de que deveria contar aos filhos, sobre a existência da moça.
Aconselhada pelo marido – leal companheiro dos momentos difíceis – a mulher encheu-se de coragem para contar aos filhos, sobre seus casamentos anteriores.
Nisto, quando Henrique, Carlos e André retornaram a fazenda no período das férias escolares, a mulher aproveitou para chamar-lhes a atenção para o fato de que já fora casada anteriormente.
Curiosos, os moços comentaram que pouco sabiam disto.
Ludmila comentou que não dissera quase nada a respeito, em consideração a Emerson.
Com isto, contou que fora casada com Antenor, o proprietário daquelas terras, que enviuvara, e que tempos mais tarde, veio a se casar novamente com um rapaz chamado Lúcio.
Neste momento, os olhos da mulher madura encheram-se de lágrimas.
Contar sobre seu passado era como reviver aqueles momentos ternos, lindos, duros e tristes, tudo novamente. Sentia a saudade preencher seu peito, e uma angústia por não ter podido ajudar Lúcio.
Os moços perceberam a tristeza da mulher.
Ludmila, cautelosa, pedira para conversar a sós com os filhos.
Comentou com Emerson, que aquilo era pessoal e que dizia respeito somente a ela, mais do que a qualquer outro.
O homem, mesmo chateado, entendeu.
E assim, a fazendeira contou aos filhos, depois de uma certa dificuldade, que após o segundo casamento, tivera uma filha, fruto de uma relação de muito afeto.
Henrique, incomodado com o fato, chegou a perguntar a mãe se ela ainda possuía algum afeto pelo tal Lúcio.
Ludmila sorrindo tristemente, comentou que o ‘tal Lúcio’, havia morrido anos atrás.
Completou dizendo que por conta disto, precisou abandonar sua filha, e entregá-la aos cuidados de um casal que havia perdido uma criança pequena.
Contou que um delegado da região havia ameaçado fazer algo com a menina. Razão pela qual decidiu deixar a criança com outra família.
Chorando, contou que preferia viver longe da filha, mas vê-la segura, do que correr o risco de sofrer uma segunda perda.
Os rapazes ficaram indignados.
Diziam-se enganados.
Perguntaram por que ela não havia falado antes da tal criança.
André, chegou a perguntar o nome da menina.
- Odara! – respondeu Ludmila – Minha Odara!
Carlos e Henrique, em dado momento, perguntaram se teriam que dividir a herança com a tal moça, filha dela com o tal guerrilheiro.
Ludmila, ao ouvir a palavra guerrilheiro, censurou os filhos.
Disse-lhe que Lúcio nunca fora guerrilheiro.
Nervosa, disse que o moço fora enredado em uma armadilha. Chorosa, comentou que isto ficaria provado um dia, e que seu corpo ainda teria uma morada digna e repouso eternos.
Carlos, ao ouvir a mulher proferir aquelas palavras, perguntou-lhe se estava tudo bem.
Ludmila respondeu que sim.
Enquanto a conversa se desenvolvia, a mulher comentou que a família que vinha cuidando da moça, deixou de manter contato.
Preocupada, comentou que precisava reencontrar esta moça.
Argumentou que não poderia perder o contato definitivo com a filha.
Curiosos, os rapazes perguntaram-lhe como faria para encontrar a moça.
Ludmila respondeu que tinha pistas de onde Odara estava. Contou que iria ao seu encontro.
Seus filhos protestaram, mas a fazendeira estava decidida.
Só precisava ter coragem para olhar nos olhos da filha e explicar por que ficara ausente por tanto tempo.
Enquanto isto, Laura continuava sua amizade com o peão.
A moça, ao perceber que sua família fazia gosto em seu envolvimento com Maximiliano, começou a refletir sobre a proposta do moço.
Seus afazeres eram cuidar da casa, da comida, das roupas, e do quintal.
O pouco tempo que sobrava, aproveitava para ler.
Enquanto trabalhava, aproveitava para ouvir modas sertanejas.
Zélia adorava aquelas músicas.
Laura por sua vez, estava cansada daquela rotina.
Sentia-se enganada por Zélia, que a fizera crescer acreditando que era um princesa, para agora fazer com que trabalhasse como uma gata borralheira.
Com o passar dos meses, constatou que sua vida não se modificaria em permanecendo naquele lugar.
Ou arrumava suas coisas e sumia dali, ou então se casava com algum morador do local e com o tempo o convencia de sua necessidade de sair dali.
Laura chegou até a arrumar suas malas para partir dali, mas Zélia, ao abrir o pequeno armário existente no quarto da moça, notando a ausência de algumas peças de roupa, desconfiou.
Diante disto, interrogou a moça, que negou estar escondendo as roupas.
Preocupada a mulher chamou Olavo para um conversa.
Desconfiados da atitude da moça, combinaram de trancar a porta da sala após o entardecer.
Certo dia, a jovem aproveitando que todos dormiam, se aproximou da porta da sala.
Ao perceber que a mesma estava trancada, ficou aborrecida.
Desta feita, a moça teve que adiar seus planos de fuga.
Isto por que, caso sumisse de dia, não poderia levar seus pertences. Também chamaria muito a atenção de todos.
A certa altura, cansada de tantas restrições, ao encontrar-se com Max, após uma leitura, e ao perceber que o moço aguardava uma resposta para a proposta feita, Laura perguntou:
- Você tem certeza de que quer casar-se comigo? Eu não tenho certeza de que quero me casar...
Maximiliano respondeu-lhe que casando-se com ele, não lhe imporia a condição de viver como camponesa.
Argumentou que pretendia estudar e que casado, poderia levá-la com ele.
Ao ouvir novamente a proposta, os olhos de Laura se iluminaram.
Estudar era o que ela mais queria.
A proposta para a moça, era de fato tentadora.
Maximiliano acrescentou-lhe que talvez tivessem que ficar algum tempo no campo, mas que assim que se liberasse de seus afazeres, rumariam para a cidade. Ao menos, para estudar, acrescentou. Após os estudos, retornariam a fazenda, ou a qualquer outra propriedade. O moço argumentou que mais qualificado, ganharia mais, e poderia proporcionar uma melhor condição de vida a ela.
Laura por sua vez, disse que também poderia trabalhar.
Maximiliano sorriu.
A moça percebendo isto, redargüiu dizendo que poderia sim trabalhar, e que se assim não fosse, não faria sentido voltar a estudar.
Argumentou que se ele pretendia casar-se com ela, deveria entender isto, e apoiá-la, ou então seria melhor ela tentar voltar a estudar de outra forma.
Maximiliano ao notar que poderia perder a moça, acabou concordando.
Contrariado, disse que não a impediria de trabalhar, mas que para tanto, precisava estudar, se qualificar e que depois pensariam no que fariam.
Disse que a vida de ambos mudaria bastante, caso ela aceitasse casar-se com ele.
Nisto, o moço perguntou se ela aceitava se casar com ele.
Laura hesitante, pensou um pouco antes de responder.
Nervosa, ao perceber a ansiedade do rapaz, respondeu timidamente:
- S... sim!
Maximiliano ficou exultante.
Nisto a moça o fez prometer que sairiam da fazenda o quanto antes, e que ela poderia estudar e se formar, e poderia trabalhar depois de formada.
Maximiliano sorrindo, concordou com tudo o que a jovem lhe pedia.
Feliz, o moço acrescentou que iria conversar com seus pais, e depois iria até a casa da moça para pedir oficialmente sua mão.
Desta forma, segurou as mãos da moça.
Aproximou-se dela e a beijou.
Laura aceitou o beijo e correspondeu a ele.
Maximiliano, percebendo isto, ficou feliz.
Sorrindo para ela, disse-lhe que ela não se arrependeria de ficar ao seu lado.
Comentou que faria da existência de ambos algo muito belo. Todos os dias seriam dia dos namorados para ele e para ela.
Laura sorriu. Não pelas palavras do moço, mas pela possibilidade de mudar de vida.
Sorriu para o moço, que retribuiu o gesto com outro sorriso.
Despediram-se.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
CARINHOSO - PARTE II - CAPÍTULO 11
Ludmila, ao tomar conhecimento do suposto sumiço de Lúcio, apontando o dedo na direção do delegado, chamou-o de mentiroso.
Gritando, disse que sabia que o marido estava morto. Relatou que Lúcio estava muito machucado, que não teria condições de fugir, de se embrenhar pela mata. Caso conseguisse escapar da prisão, seria facilmente capturado.
Silvério por sua vez, disse para que ela tivesse cuidado com o que dizia. Argumentou que o moço poderia ter sido auxiliado por cúmplices.
Ludmila rindo, comentou que ninguém teria coragem de ajudar um procurado da justiça. Alguém que estava sendo acusado de terrorismo.
Gritando, argumentou que as pessoas tinham medo da polícia, da truculência dos militares.
Silvério ameaçou-a publicamente, dizendo que ela deveria ter cuidado com suas palavras. Falou-lhe que deveria cuidar para não falar demais e vir a ter problemas.
Emerson, ao se deparar com a cena em frente a igreja da vila, resolveu intervir.
Dizendo que a missa iria começar, convidou a mulher para ficar ao seu lado.
O homem trazia Odara nos braços.
Silvério ao ver a criança, comentou que ela crescia a olhos vistos. Mencionou que Ludmila deveria ter muito cuidado com a menina. Argumentou que a vida era muito frágil.
Emerson, fingindo-se de desentendido, comentou que não havia compreendido o comentário. Disse que a menina vendia saúde, e que ele não precisava se preocupar.
Silvério respondeu que ficava contente por isto.
Mais tarde, o homem comentou com Ludmila sobre os comentários de Silvério.
Aflita, ao perceber que se passavam as semanas, meses e não obtinha notícias a respeito de Lúcio, começou a encher-se de aflição.
Silvério continuava assediando-a.
Dirigia-lhe ameaças.
Dizia que se não se acautelasse, outras pessoas de sua família poderiam desaparecer.
Temendo que o homem fizesse algum mal a mais um ente querido seu, a mulher resolveu proteger a filha.
Com os olhos cheios d’água, comentou que era o único tesouro que Lúcio deixara para ela.
A esta altura, todos tinham certeza de que algo havia acontecido ao moço.
Muitos acreditavam que ele estava morto.
Ludmila sofria com o fato de não ter dado um enterro digno ao rapaz.
Com o tempo, chegou a conclusão de que o moço devia estar morto de fato.
A fazendeira sabia que se vivo estivesse, já a teria procurado, ou de alguma forma, mantido contato.
Ao chegar a esta conclusão, a moça se desesperou.
As margens do riacho, chorou copiosamente.
Desesperada, gritou o nome de Lúcio.
Deitada na grama, começou a chorar.
Abatida, ao retornar a casa grande, a mulher recolheu-se a seu quarto.
Ficou a sonhar com o marido sendo torturado.
Imaginou todo o sofrimento pelo qual havia passado.
Lágrimas saíam abundante em seus olhos.
Chorando, perguntava por que ele a havia abandonado.
Com o tempo, a mulher pensou em uma forma de fazer com a filha deixasse a fazenda, sem levantar suspeitas.
Auxiliada por Emerson, que nos últimos tempos se ocupara em ajudá-la a libertar Lúcio, e agora se empenhava onde estava o corpo do rapaz, combinou a forma como a criança deixaria a propriedade.
Ajustados com um casal que havia perdido uma filha recentemente, Ludmila combinou de ajudá-los financeiramente em troca do compromisso em cuidar de Odara.
Zélia e Olavo concordaram com a proposta.
Desolada com a perda da primeira filha do casal, a mulher encheu-se de alegria ao saber que ganharia uma filha.
Chegou até a recusar a oferta de dinheiro.
Ludmila porém, argumentou que o dinheiro era para a criança.
Para que pudesse ter a melhor educação possível.
Zélia concordou.
Ludmila comentou que seria bom que a menina passasse a ter outro registro, ou seria facilmente localizada.
A fazendeira se comprometeu em providenciar a documentação.
Emerson comentou que precisariam de um novo batistério.
Ludmila só impôs uma condição, que ninguém soubesse da combinação.
Para todos os efeitos, ela era a mãe da criança.
Zélia e Olavo concordaram.
Com os documentos da criança em mãos, Zélia e Olavo viajaram para longe dali.
Iriam se estabelecer longe dali.
Ludmila prometeu a criança que um dia a buscaria, e ela voltaria a viver na fazenda.
Odara, registrada como Laura, cresceu sua infância longe das terras de Ludmila.
Até a adolescência, nem sequer suspeitava que Zélia não fosse sua mãe.
Estudou em colégio interno, e depois de formada, voltou a viver em fazenda.
Ludmila, depois de ver a filha partir, continuou a procurar por Lúcio.
Um dia, um estranho chegando a fazenda lhe disse que havia abandonado sua filha, e que iria responder por isto.
Emerson, ao se deparar com a cena, respondeu que Ludmila não havia abandonado ninguém. Conforme fora combinado, o homem disse que a menina morrera, pouco tempo depois do desaparecimento de Lúcio.
Combinados com os empregados da casa, foi providenciado um enterro para a filha de Zélia e Olavo.
Os moradores da fazenda acompanharam o enterro.
Na lápide constava o nome de Odara.
Todos os empregados da fazenda, acreditavam que a filha da fazendeira estava realmente morta.
Estranharam a partida do casal, mas não sabiam que o casal levava Odara para longe dali.
Com o tempo, Emerson conseguiu fazer com que Silvério fosse transferido.
Auxiliado por Nilton e alguns amigos influentes, o homem conseguiu fazer com que o delegado fosse para outras paragens.
Com isto, continuou a pagar um investigador para descobrir o paradeiro de Lúcio.
Conhecedor da dor de Ludmila, sabia que enquanto o corpo do peão não fosse localizado, a fazendeira não se libertaria daquele sofrimento.
Contudo, o tempo passava, e nenhuma notícia sobre a localização do corpo.
Emerson, ao perceber que mulher estava se afundando em tristezas, chegou a comentar com Jurema e Rosa, que daquele jeito, ela acabaria morrendo.
Ludmila por sua vez, chegou a dizer para Emerson, se não seria melhor que morresse, afinal de contas, sempre que começava a ser feliz com alguém, acontecia algo para atrapalhar.
Falou que foi assim com Antenor e depois com Lúcio.
Chorando, comentou que até a filha lhe foi tirada.
Emerson, ao perceber a tristeza da moça, abraçou-a.
Passou a ajudá-la a cuidar da fazenda.
Certo dia, quando Ludmila estava na beira do riacho, contemplando as águas, chamou-a.
Alertada por Valdomiro, o homem acorreu para aquelas paragens.
Emerson notou que a mulher estava perigosamente próxima das margens do local.
Aflito, o homem chamou-a.
Ludmila não ouviu.
Emerson, apeou do cavalo, amarrou-o em uma árvore e correu em direção a mulher.
Ludmila caminhou em direção ao lago.
Emerson aproximou-se e segurou-a pelo braço.
A fazendeira, estacou.
O homem, ao perceber que a moça agia de maneira mecânica, perguntou-lhe o que pretendia fazer.
Ao cair em si, a mulher respondeu chorando, que a vida não valia a pena.
Emerson, segurando seu rosto, falou-lhe que havia um motivo para continuar vivendo.
Disse que sempre a considerou uma mulher de fibra. Comentou que admirou-a quando resolveu administrar a fazenda, e cuidar do patrimônio deixado por Antenor.
Ludmila respondeu que não tivera escolha.
- Não importa! – respondeu Emerson. – Foi um ato de coragem. Outras mulheres em seu lugar, teriam vendido as terras e ido para outro lugar.
Ludmila, disse com o ar perdido, que seu lugar era ali.
Comentou que parecia que tudo o que vivera até chegar ali, indicava que ali era seu lugar.
Emerson, tentando consolá-la, disse que ela era uma mulher de sorte.
Havia vivido duas lindas histórias naquelas paragens, naquele cenário e que poucas pessoas podiam dizer que tiveram o privilégio de terem sido tão amadas.
O administrador comentou que muitas pessoas viviam muito tempo sonhando com um amor igual aqueles, e poucas conseguiam vivê-lo.
Rindo, o homem comentou que nem todas as pessoas vinham para este mundo para vivenciar este tipo de experiência.
Tocando em seus cabelos, o homem disse que ela era uma privilegiada. Mulher linda, amada, querida por todos.
Visivelmente emocionada, a mulher respondeu:
- E sozinha!
Emerson, ao ouvir as palavras da moça, retrucou dizendo que ela não estava sozinha. Falou-lhe que ela poderia estar se sentindo só, mas que sua solidão era passageira.
Sorrindo, comentou que se olhasse em volta, perceberia que tem uma pessoa que sempre gostou dela e durante todo este tempo, ficou esperando um pequeno gesto de afeto.
Ao ouvir isto, a mulher ficou intrigada.
Emerson, abrindo seu coração, confessou que há muito tempo vislumbrava a possibilidade de viver ao lado da moça.
- Você? – perguntou a moça.
Emerson, constrangido com a pergunta, soltou os cabelos da jovem.
Ludmila ao perceber a tristeza nos olhos do homem, perguntou por que ele não dissera nada antes.
Emerson, olhando nos olhos dela, comentou que não achou que não era o momento oportuno.
Em dado momento, começou a rir.
A seguir, falou que por ter sido tão comedido, acabou por abrir caminho para que Lúcio entrasse em seu coração.
Ludmila espantou-se.
- Mas então você gosta de mim há tanto tempo assim?
Emerson confessou que se interessara por ela, desde quando a vira ao lado de Antenor, de braços dados com ele.
A mulher ficou admirada.
Emerson comentou que pensou em se afastar da fazenda, mas algo o impedia de fazê-lo.
Ao se recordar dos últimos acontecimentos, comentou que agora entendia o que o prendia ali. Comentou quase chorando que precisava passar por tudo aquilo, para ter certeza de que não era um simples capricho.
Ludmila ao ver o homem tão emocionado, abraçou-o.
Emerson respondeu-lhe que nunca sentiu por ninguém, o que sentia por ela.
Neste momento, enchendo-se de coragem, comentou que agora não poderia perder a oportunidade.
Não poderia deixar que outro homem tomasse novamente a sua frente.
Ludmila riu.
Comentou em tom amargurado, se ele não tinha medo de se casar com uma mulher que já enviuvara por duas vezes.
Brincando, disse que ele poderia ser a próxima vítima.
Emerson rindo, comentou que adoraria ser a próxima vítima.
Brincando falou que ela poderia partir antes dele.
Ao proferir estas palavras, o homem respondeu que não gostaria de ficar sozinho.
Ludmila por sua vez, argumentou que não estava mais disposta a casar-se. Respondeu que com duas experiências tristes, não se sentia encorajada a casar-se novamente.
Emerson porém, não se daria por vencido.
Dizendo que não havia esperado tanto tempo para se contentar com um não, comentou que não iria desistir.
Com isto, Emerson passou a visitar Ludmila.
Gentil, levava flores para a mulher, convidava-a para passear pela fazenda.
O administrador com o passar do tempo, venceu a resistência da fazendeira.
Todos torciam para o desenlace.
Jurema, Rosa, Valdomiro, Leocádia. Todos se condoeram com o passamento de Lúcio, mas, cientes do sofrimento de Ludmila, desejavam que ela voltasse a ser feliz.
Com o tempo, foi providenciada a Declaração de Ausência, e informada a Morte Presumida de Lúcio.
Nisto, meses depois, a moça se casou com Emerson.
Com ele teve três filhos.
Ludmila contudo, nunca se esqueceu de Odara.
Tempos depois, a jovem descobriu que era filha adotiva de Zélia e Olavo.
Ao descobrir o fato, a garota desejou conhecer a mãe.
Zélia tentou convencer a filha a desistir da idéia. Em vão.
Dizia a filha que sua mãe a abandonara quando ainda era criança e que não tinha interesse em conhecê-la.
Decepcionada, a moça por seu turno, deu continuidade aos estudos.
A jovem descobriu que fora adotada, ao ouvir uma conversa de Zélia e Olavo, discutindo sobre a circunstância.
Para o homem, a moça tinha o direito de saber sobre sua origem.
Zélia, por sua vez, argumentava que Laura era sua filha, fora criada por ela.
Olavo, ao notar o tom da esposa, argumentou que Ludmila custeava os estudos da filha, e que a moça já havia percebido que a forma com que era criada não era a mesma de seus outros irmãos.
O homem dizia que esta preferência estava causando desavença entre os irmãos.
Zélia, por sua vez, argumentava que havia criado sua filha para ser uma princesa.
Olavo retrucava dizendo que Laura estava mal acostumada, e que com o tempo, acabaria por se afastar deles.
A mulher dizia que Laura jamais os abandonaria, como fora abandonada por Ludmila.
Irritado, Olavo respondeu que a fazendeira não abandonou a filha, e sim que circunstâncias a levaram a se afastar da criança, para a própria segurança da menina.
Laura, ao ouvir a discussão, ficou perplexa.
Como poderia ser?
Nervosa, acabou derrubando um vaso, o que fez com que a atenção de Zélia e Olavo se dirigissem ao local de onde viera o barulho.
Laura, ao perceber que os pais haviam interrompido a conversa, tentou se encaminhar para seu quarto, no que bateu fortemente a porta.
Zélia, ao ouvir o som, comentou aflita que ela havia ouvido a conversa dos dois, que já sabia de tudo.
Olavo, também desconfiou.
Com isto, se encaminharam para o quarto da filha.
Laura havia trancado a porta.
Zélia, aflita, chamou a filha insistentemente.
Laura, colocando o travesseiro na cabeça, tentou não ouvir o chamado.
No dia seguinte, a jovem tentou sair da casa, sem que seus pais percebessem.
Zélia porém, a aguardava.
Desta forma, quando a moça saiu do quarto, a mulher chamou-a.
Conversaram.
Laura, disse-lhe que ouvira a conversa tivera com Olavo.
Perguntou sobre a tal mulher, Ludmila.
Comentou que sempre estranhou o dinheiro que eles utilizavam para pagar o colégio interno onde estudava, as boas roupas que usava. Argumentou que sempre estranhou a diferença que havia entre ela e seus irmãos. Mencionou que as crianças da região, viviam de forma simples, muitos, de pés no chão.
Laura comentou que se sentia uma estranha no meio deles.
Recordou-se de como era ridicularizada por eles, por vestir roupas elegantes, e sempre ser proibida de brincar, por estar sempre muito arrumada.
Comentou que sempre se sentia só, e que por diversas vezes, chorou por conta disto.
Zélia argumentou dizendo que ela não fora criada para viver de pé no chão, que era uma princesa.
Irritada, Laura, perguntou se, sendo filha de fazendeira, por que vivia em um casebre, em meio a gente tão simples. Por que não fora criada por sua mãe? Por que precisava viver longe dela?
Zélia, ao ouvir as perguntas da moça, calou-se.
Incomodada com o silêncio da mulher, Laura insistiu para que ela lhe deixasse conhecer sua mãe biológica.
Foi o bastante para que Zélia a torpedeasse com palavras duras.
Disse que Ludmila não queria conhecê-la, que abandonou-a, entre outras barbaridades.
Com efeito, sempre que a moça tocava no assunto, Zélia utilizava-se do discurso de que Ludmila a havia abandonado.
Olavo criticava a mulher por isto.
Contudo, em que pese este fato, Zélia continuava a desestimular a filha a se reencontrar com a mãe.
Laura, ao ouvir pela enésima vez que Ludmila não queria vê-la, chorou copiosamente.
Decepcionada, a moça decidiu voltar ao colégio interno.
Lá, concluiu os estudos.
Após, retornou a fazenda onde fora criada.
Ali, conheceu Maximiliano.
O moço trabalhava com peão da fazenda.
Laura, ao retornar ao lugar, resolveu passear pela propriedade.
Curiosa, resolveu pegar um cavalo.
Passeando pela propriedade, a moça reviu as paisagens de sua infância.
O lago, as matas verdes.
Recordou-se das tardes em que brincou de correr entre os laranjais.
Laura brincava escondida de sua mãe.
Certa feita, ao retornar para a casa, toda suja de terra, Zélia ralhou com ela.
Segurando a menina pelo braço, argumentou que ela não devia usar uma roupa tão bonita como aquela, para correr no meio das plantações.
Berrou com ela. Disse que ela estava de castigo.
Laura chorou.
A garota também passava as tardes em casa, estudando.
Mas sempre que podia, saía para brincar.
E apesar das gozações da maioria das crianças que viviam no lugar, ela possuía alguns amigos.
Zélia e Olavo, trabalhavam nas plantações, na colheita e no cultivo das plantas.
Certo dia, Zélia viu a filha correr pela fazenda.
Estava a brincar de pega-pega com os amigos.
Ao vê-la toda descomposta, a mulher gritou, chamando-lhe a atenção.
Laura, recordava-se com saudade das tardes que passou a beira do lago, de quanto foi pescar com seu pai.
Dos bailes na vila.
Desajeitada, não sabia dançar.
Por conta disto, ficava observando as pessoas dançarem, ficava a ouvir a música.
Havia alguns moços, e um deles chegou a convidá-la para dançar.
Laura porém, sem saber dançar, recusou o convite.
Disse que estava com os pés machucados e que não poderia dançar.
Caminhar por aquelas paragens, a fazia se recordar de sua infância.
Por certo tempo, estudou no grupo escolar que havia na vila.
Depois, necessitando de uma educação mais esmerada, Laura passou a estudar em um colégio interno.
Zélia contatou Ludmila, que enviou dinheiro para o casal.
Ludmila também retomou sua vida.
Conforme já dito, casou-se no civil com Emerson.
Para comemorar o enlace, foi organizado um almoço para alguns convidados.
Receosa de represálias contra sua filha, a mulher omitiu a existência de Odara.
Henrique, Carlos e André, não sabiam da existência de uma irmã.
Ludmila achou que seria o melhor a ser feito.
Não gostava de se recordar dos momentos que vivera ao lado de Lúcio.
Dizia para Emerson, que recordar-se de Odara, era uma lembrança dolorosa.
Emerson chegou a criticar a esposa por isto.
Dizia que a moça poderia se ressentir do fato.
Ludmila comentou que Zélia não mencionara sua existência para a moça.
Emerson por sua vez, continuava a investigar o desaparecimento de Lúcio.
Nunca desistiu de entender o que havia acontecido.
Certa vez, chegou a dizer a Valdomiro em segredo, que somente conseguiria viver plenamente feliz com sua esposa, quando fosse dada a oportunidade a mulher, de se libertar do passado, e que isto só iria acontecer, quando aquela história estivesse plenamente esclarecida.
O tempo passou, e continuava a existir um hiato, uma lacuna entre eles.
Enciumado, Emerson chegou a dizer algumas vezes a Ludmila, que sabia que ela não havia esquecido completamente o moço. Dizia que Lúcio era uma sombra entre eles.
Ludmila tentava desconversar, argumentava que era passado, e que ele deveria se preocupar com o futuro.
Emerson se incomodava com o olhar ás vezes perdido da esposa.
Incomodado, o moço sabia que ela ainda se lembrava de Lúcio.
Henrique, Carlos e André, estudavam em um colégio interno.
Mas voltando ao passeio de Laura, a moça cavalgava entretida em seus pensamentos.
Escolhera um caminho próximo da estrada.
Pensou em ir até o vilarejo.
No caminho, encontrou um peão da fazenda, também seguindo a cavalo.
Maximiliano vinha a toda a velocidade.
Laura, que seguia com o cavalo lentamente, assustou-se com a velocidade do animal conduzido pelo rapaz.
Seu cavalo parecia indócil.
Em dado momento, começou a empinar.
Maximiliano, ao perceber isto, resolveu interromper sua cavalgada.
Apeou de seu cavalo e acorreu em direção a moça.
Tentando controlar o animal, o jovem pediu para que ela não se preocupasse.
Laura procurou se acalmar.
O peão começou a emitir sons e a controlar o animal.
Por fim, o cavalo parou de empinar.
Laura, tentando se refazer do susto, agradeceu o moço por ajudá-la.
Maximiliano agradeceu. Disse que não fora nada.
Laura pediu-lhe então, para que a ajudasse a apear do animal.
O moço atendeu prontamente.
Laura, ao descer do cavalo, encostou-se em uma árvore.
Maximiliano perguntou-lhe se estava tudo bem.
- Estou bem! Fora o susto! – respondeu a moça.
Nisto, a jovem tentou montar novamente seu animal.
Neste momento, Maximiliano perguntou-lhe se vivia na fazenda.
Laura respondeu-lhe que sim.
- Curioso! Não me lembro de tê-la visto antes. – comentou o jovem, procurando puxar assunto.
Laura respondeu-lhe que passara muito tempo fora, pois passou os últimos anos estudando em um colégio interno.
Maxiliano então, comentou que ela era uma moça letrada, que muito provavelmente nunca havia conversado com os moleques da fazenda.
Laura retrucou dizendo que antes de partir para estudar, freqüentou o grupo escolar da vila.
Curioso, o peão perguntou se estava há muito tempo na fazenda.
Laura respondeu que havia voltado há pouco tempo, e que terminara os estudos. Comentou que agora estava pronta para fazer um curso universitário.
Maximiliano respondeu constrangido, que só havia estudado até a oitava série.
Laura ao ouvir isto, respondeu que ele poderia se mudar dali e continuar a estudar.
Maximiliano redargüiu dizendo que gostava muito dali e que não gostaria de se afastar da fazenda.
Laura perguntou-lhe se não gostaria de estudar agronomia, ou algo parecido.
O peão respondeu-lhe que até tinha vontade de se especializar, mas que não tinha condições financeiras para fazê-lo. Comentou que havia uma faculdade com o curso em uma cidade próxima, mas não tinha como se deslocar até lá. Ademais, gostava do trabalho na fazenda.
Laura riu.
Comentou que embora tenha sido criada em uma fazenda, não se identificava com o ambiente.
Disse observando a paisagem, que se sentia uma estranha ali.
Maximiliano, falou que isto se devia ao fato de ter ficado muitos anos ausente. Argumentou que ao inteirar do dia-a-dia do lugar, não iria ter mais vontade de sair dali.
Laura comentou que talvez ele tivesse razão.
Nisto, a moça começou a perguntar sobre as plantações, se havia mudado alguma coisa no modo de se realizar as colheitas.
Maximiliano respondeu-lhe que, segundo seu pai, havia menos pessoas vivendo no campo.
O moço comentou que o proprietário da fazenda estava investindo em gado, e que ele trabalhava cuidando dos animais.
Laura curiosa, perguntou sobre o trabalho do moço.
Maximiliano, cheio de orgulho, falou de seu trabalho.
Elogiou a vida na fazenda.
Disse que aquele viver, era a mais próxima tradução do que era viver no paraíso. Comentou que acordava cedo, vivia uma vida simples, mas sempre estava cercado das pessoas que amava, da vida que gostava. Argumentou que poucos podiam se gabar dizendo que faziam o que gostavam.
Laura comentou curiosa, que estava tentando descobrir do que gostava.
Maximiliano chegou a dizer-lhe que encontraria o que buscava, na vida na fazenda.
Laura riu novamente.
A certa altura, dizendo que estava ficando tarde, comentou que precisava voltar para casa.
Maximiliano chegou a argumentar que estava cedo.
Laura respondeu-lhe então que vivera tanto tempo afastada daquela vida campestre, que se desacostumara a montar a cavalo, e que precisava voltar logo para casa.
Comentou que da próxima vez, sairia de charrete.
O rapaz, ao ouvir as palavras da moça, comentou que ela estava com medo.
Disse que aquilo fora um incidente, e que ela precisava ganhar confiança.
Neste momento, pediu desculpas a moça. Relatou que fora o causador do incidente. Disse que se não tivesse passado a toda a velocidade, não teria assustado seu animal.
Laura respondeu que ela também não sabia controlar o animal.
Caso tivesse controle, aquilo não teria acontecido.
Neste momento, a moça comentou que era muito desajeitada.
- Desajeitada, não! – retrucou o rapaz.
Nisto, o moço ajudou a jovem a montar o animal.
Recomendou-lhe que fosse devagar.
Laura começou a volta para o lar.
Neste momento, o moço perguntou-lhe onde morava.
Laura respondeu-lhe que morava em um casebre, e que seus pais se chamavam Zélia e Olavo.
Ao ouvir os nomes, o moço comentou que conhecia o casal, bem como os filhos Antonio e Vicente.
Curioso, comentou que não sabia que o casal tinha uma filha.
Laura rindo, contou que era quase uma desconhecida na fazenda.
Nisto, dizendo que precisava voltar para casa.
Despediu-se do moço dizendo-lhe até logo.
Maximiliano retribuiu.
Ao chegar em casa, Zélia comentou com a filha, que ela havia se demorado.
- Fiquei passeando por aí! – respondeu a moça.
Desde que descobrira que não era filha biológica do casal, Laura passou a se distanciar dos pais. Sentia-se enganada por haver descoberto a história através de uma discussão do casal.
Olavo, ao perceber o distanciamento, procurou conversar com a filha.
Tentou explicar os motivos pelos quais não havia contado a verdade.
Zélia, ao perceber isto, resolveu interromper a conversa.
Laura por sua vez, ao perceber que Zélia não deixaria Olavo lhe contar o que quer que fosse, decidiu ir para seu quarto.
Estava aborrecida.
Olavo, ao se deparar com a atitude intempestiva da esposa, censurou-a.
Argumentou que Laura devia estar se sentindo enganada, e que ela tinha direito a uma explicação.
Nervoso, o homem mencionou que quanto mais tentasse esconder a verdade, pior seria quando ela descobrisse todos os detalhes sobre sua origem.
Aflita, ao ouvir isto, a mulher pediu ao marido para que parasse de dizer aquelas palavras. Comentou que ela poderia ouvir.
Olavo comentou que para ela descobrir a verdade, seria uma questão de tempo.
Nisto, durante o jantar, Antonio e Vicente comentaram sobre o baile que haveria na vila.
Laura jantava.
Distraída, não ouvia as palavras dos moços.
Olavo, ao notar que a filha estava distante dali, disse:
- Quanto valem estes pensamentos?
Laura, distraída, não ouviu as palavras de Olavo.
Vicente chamou sua atenção. Gesticulou.
Em seguida disse que o pai havia feito uma pergunta.
Laura perguntou qual fora a pergunta.
Olavo disse que estava curioso em saber no que ela estava pensando.
Laura, surpreendida com a pergunta levou algum tempo para responder.
Pensou no que iria dizer.
Medindo as palavras, a moça disse que pensava em dar continuidade aos estudos.
Zélia, ao ouvir as palavras da filha, comentou que ela havia acabado de terminar os estudos, que ainda estava cedo para pensar em faculdade.
Laura comentou que não gostaria de se enterrar na fazenda. Argumentou que não seria útil vivendo ali.
Zélia falou que ela poderia auxiliá-la nos serviços domésticos. Poderia arrumar um bom homem e casar-se.
Ao ouvir isto, Laura começou a rir.
Contou que não estava em seus planos casar-se, que pretendia se formar e dedicar-se a uma profissão.
Olavo comentou que não tinha dinheiro para isto.
Laura redargüiu dizendo que poderia pedir ajuda a tal Ludmila.
Zélia, ao ouvir as palavras da moça, ficou inconformada.
Contou que não havia possibilidade de fazê-lo.
Nervosa, relatou que a mulher não continuaria a mandar dinheiro para eles.
Laura, ao ouvir as palavras de Zélia, ficou furiosa.
Tanto que levantou-se da mesa.
Mencionou que havia perdido a fome.
Zélia, ao ouvir isto, insistiu para que a filha não fosse para o quarto. Comentou chorosa que não dissera aquilo para chateá-la. Tentando animá-la, contou sobre o baile que aconteceria na vila.
Desanimada, Laura comentou que não estava interessada em bailes e que tampouco sabia dançar.
Olavo, Antonio e Vicente, comentaram que ela precisava aprender.
Provocando a moça, Antonio e Vicente ficaram falando que assim ela não arrumaria marido, que ficaria encalhada.
Aborrecida, a jovem respondeu que não estava interessada em se casar.
Zélia comentou:
- Você está dizendo isto, por que não encontrou o homem de sua vida. Quando gostar de verdade de alguém, você vai mudar de idéia.
Com isto, ficaram insistindo para que a moça fosse ao baile.
Olavo e seus irmãos, se comprometeram a ensiná-la alguns passos de dança.
Pacientes, ensinavam a dançar, com passos lentos.
Laura por sua vez, aprendeu a dançar até a famosa valsa.
Vicente e Antonio riam das dificuldades da moça em aprender a dançar.
Diziam que ela havia estudado, mas se esquecera de aprender o mais importante, que era se divertir.
Irritada, Laura respondeu que sabia se divertir sim, mas que não perdia seu tempo com bobagens.
Olavo, ao perceber a provocação dos irmãos censurou-os.
Disse para que eles parassem de provocá-la. Argumentou que a moça estudara, por que possuía uma benfeitora.
Antonio e Vicente, perguntaram de quem se tratava.
Zélia interveio dizendo que era uma pessoa bondosa, que caíra de encantos por Laura.
Antonio e Vicente perguntaram por que não tiveram a mesma oportunidade.
Olavo, ao ouvir as palavras dos filhos, argumentou que eles tiveram a oportunidade de cursar o primário, que tinham uma boa educação.
Zélia perguntou aos moços se já haviam escolhido as roupas que usariam no baile.
Os moços pediram a mulher, para providenciasse calças sociais e camisas.
Nisto, Zélia perguntou a filha se ela gostaria de ganhar um vestido novo.
Laura comentou que vestiria qualquer roupa.
Zélia, ao notar o desdém da jovem, insistiu que ela deveria usar uma roupa bonita. Comentou que ela era linda, e que precisava valorizar sua beleza.
Desanimada a moça disse que mais tarde pensaria nisto. Mencionando que estava cansada, pediu licença para se recolher.
Olavo autorizou-a a sair da copa.
Laura dirigiu-se a seu quarto.
Arrumou-se, vestiu uma camisola, penteou os cabelos.
Sentou-se diante da penteadeira.
Ficou a imaginar se possuía alguma semelhança com a tal fazendeira. A tal Ludmila.
Olavo certa vez, comentou com Zélia que ela estava a cada mais parecida com Ludmila.
Zélia discordava.
Dizia que sua filha era linda, e que a cada ficava mais e mais bela. Coruja, dizia que ela seria ainda mais bela que Ludmila.
Chegado o dia do baile, a família estava produzida para o evento.
Zélia estava elegantíssima em um vestido de gala. Vestido longo.
Desacostumada a usar trajes tão finos, estava desajeitada em um salto de cinco centímetros.
Olavo usava um terno que estava um pouco apertado.
Antonio e Vicente estavam impecáveis em suas roupas sociais.
Animados, comentaram que estava parecendo o dançarino do filme que viram na cidade.
Laura por sua vez, depois de muita insistência de Zélia, aceitou que a mulher comprasse tecidos e fizesse um vestido para ela.
A mulher, dizendo que faria um vestido estampado, comentou que faria uma roupa tão bonita que ninguém no baile estaria vestido com algo parecido. Disse que todas as moças ficariam com inveja.
Laura retrucava dizendo que não queria causar inveja em ninguém.
Zélia por sua vez, estava felicíssima.
Finalmente apresentaria sua filha dileta para toda a vizinhança.
Chegaram ao baile de carroça.
Laura ficou sentada na frente, ao lado do pai.
Quando apresentou-se a todos, Olavo, Antonio e Vicente elogiaram o garbo da moça.
Disseram que ela estava lindíssima.
Zélia ficou feliz ao ver a moça usando seu vestido.
Orgulhosa, comentou que a roupa ficara perfeita.
Depois dos elogios, todos se encaminharam para a carroça.
Zélia e os irmãos, ficaram na parte traseira.
Quando chegaram no baile, Olavo desceu da carroça.
Ajudou a filha a descer.
Ao adentrarem no salão, todos os que lá estavam, ficaram observando a moça.
Zélia comentou que Laura estava causando sensação.
Olavo brincando, disse que ela era uma mãe coruja.
Nisto, Antonio e Vicente conduziram a moça para o centro do salão.
Laura tentou resistir, mas os moços disseram que ela deveria começar a desfilar pelo salão. Precisava arrumar um parceiro para dançar.
A moça retrucou dizendo que não fazia questão de dançar.
Nisto, eis que surge Maximiliano, que ao vê-la de vestido, comentou que ela estava muito bonita.
Laura, um pouco sem jeito, agradeceu.
Antonio e Vicente, se olharam cúmplices e se afastaram.
Brincando, disseram que não queriam ficar segurando vela.
Laura, ao ouvir a palavra dos moços, tentou repreendê-los, mas foi contida por Maximiliano, que a convidou para dançar.
A moça tentou argumentar que não sabia dançar direito.
O jovem redargüiu dizendo que poderia ensiná-la.
Nisto, estendeu sua mão para ela.
Laura acompanhou-o.
Dançaram juntos.
Antonio e Vicente também arrumaram parceiras.
Enquanto dançavam observavam Laura e Maximiliano.
A moça ria.
Olavo e Zélia observam os filhos à distância.
Estavam sentados em uma mesinha.
Conversaram com os moradores da vila, os empregados da fazenda em que viviam.
Todos comentavam sobre a jovem que dançava com Maximiliano.
Zélia, ao ouvir alguns comentários sobre a beleza da moça, disse orgulhosa que era sua filha.
Algumas mulheres questionavam o fato. Diziam que a moça parecia uma princesa, não lembrava nem de longe uma sertaneja.
Zélia retrucava dizendo que ela não fora criada para ser uma simples camponesa. Orgulhosa, comentou que a filha tinha mais estudo que a maioria das pessoas que freqüentava o salão.
Olavo, ao perceber o tom da esposa, comentou que ela não precisava falar daquele jeito.
Zélia por sua vez, ao ouvir a censura do marido, desculpou-se. Disse que o orgulho em ter uma filha tão estudiosa, a fazia se esquecer que nem todos tiveram a mesma oportunidade. Preocupada, comentou que Laura precisava pensar no futuro.
As mulheres da vizinhança, entendiam a preocupação de Zélia.
Depois de dançar com a moça, Maximiliano ofereceu-lhe um ponche.
Comentou que não a vira mais. Perguntou se tinha planos para o futuro.
Laura respondeu desanimada, que não sabia ainda. Mencionou que ainda estava pensando.
O moço, segurando as mãos da moça, perguntou-lhe quanto tempo permaneceria na fazenda.
Laura falou-lhe que não tinha previsão de quanto tempo permaneceria por ali. Disse em um tom tristonho, que sua estada seria prolongada.
Maximiliano, respondeu que lamentava sua tristeza, mas que ficava muito feliz em saber que ela ficaria por mais algum tempo na fazenda.
Laura por sua vez, tentou esboçar um sorriso.
Mais tarde, a moça se encaminhou para a mesa dos pais.
Não sem antes dançar um pouco mais com o moço.
Laura, ao sentar-se, percebeu que era bastante observada.
Chegou a se sentir incomodada com isto.
Zélia animada, perguntou-lhe se estava gostando da festa.
Monossilábica, Laura respondeu que sim.
- Que bom! – comentou a mulher.
- Eu sabia que você iria se divertir. O povo é simples, mas acolhedor, sabe receber bem as pessoas. – completou Olavo. – Sem que contar que você virou a atração da festa. Olha só como todos olham procê!
Ao ouvir isto, Laura retrucou, mas Zélia concordou com o marido.
Feliz, comentou que ela estava perfeita naquele vestido. Indiscreta, comentou que ela já havia até arrumado um pretendente.
Laura negou. Comentou que Maximiliano era apenas um amigo.
Antonio e Vicente, que se aproximavam com duas garotas, comentaram rindo que Laura havia arrumado um namorado.
Irritada, a moça negou.
Irônicos, os garotos cantaram:
- Com quem será? Com quem será que Laura irá se casar? Vai depender, vai depender se o Max aceitar.
Laura aborrecida, levantou-se.
Ao se aproximar da mesa onde estavam os comes e bebes, a moça foi abordada por outros rapazes. Os moços a convidaram para dançar.
Laura tentou recusar, mas uma moça que estava por perto, relatou que não ficava bem recusar.
Desta forma, sem jeito, Laura dançou com os moços.
Em dado momento, Maximiliano novamente se aproximou.
Ao vê-la dançando com um rapaz, o moço pediu licença.
Disse que tinha algo importante para conversar com ela.
O jovem, contrariado, argumentou que a dança não havia acabado.
Maximiliano então, esperou.
Ao conseguir conversar com a moça, o jovem disse brincando:
- Agora eu vou ter que pegar senha pra falar com você?
Laura tentou dizer que estava dançando, que não podia deixar o moço dançando sozinho.
Rindo, Maximiliano respondeu que estava brincando.
Nisto, conduziu a moça para o centro do salão.
Dançaram.
Mais tarde, a moça despediu-se dos donos da festa.
Todos ficaram encantados com a moça. Elogiavam sua beleza.
No final da festa, Maximiliano lamentou sua partida. Comentou que gostaria de revê-la.
A moça sorriu.
A família voltou para casa de carroça.
Luciana Celestino dos Santos
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