Poesias

sexta-feira, 19 de março de 2021

A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 31

Olavo emendou então, dizendo que se ela quisesse, poderia retornar com o carro para a casa, devendo buscá-lo no horário do almoço, caso tivesse interesse em voltar antes para casa.
O moço comentou então, que Josie já sabia o caminho de volta.
Vilma perguntou então a jovem, se ela sabia dirigir.
Josie respondeu que sim, muito embora não segurasse um volante há algum tempo. Comentou que como morava perto do trabalho, abriu mão do carro.
Olavo retrucou dizendo que dirigir por aquelas paragens não tinha mistério.
Nisto a moça foi servida de um pouco de graspa.
Ao beber o líquido, a jovem começou a tossir.
Vilma recomendou-lhe que comesse algo.
Josie pegou um pedaço de pão e começou a mastigar.
Olavo, ao observar o tempo pela varanda da casa, recomendou a moça que tomasse um pouco mais da bebida, pois o tempo não estava nem um pouco amigável.
Vilma recomendou que a moça bebesse um pouco mais da bebida, vagarosamente.
Enquanto isto, preparou um lanche para ela comer.
Depois, devidamente alimentados, Josie, Olavo e Otaviano seguiram para o parreiral.
Enquanto os homens se ocupavam das uvas, verificando a qualidade das mesmas, e recolhendo algumas espécies para verificar mais atentamente o fruto, Josie estendeu uma toalha na relva e sentada, começou a ler um livro emprestado por Olavo.
Tratava-se da obra “O Tempo e o Vento” de Érico Veríssimo.
O moço respondeu-lhe antes de sair, que tinha a coleção completa da saga.
Brincando, o moço disse que agora ela teria que passar três meses por ali somente para ler a obra.
Mais tarde, os homens dirigiram-se para o local onde Josie estava.
Notaram que a moça estava entretida com a leitura.
Ao vê-la tão absorta, Otaviano chamou-a para comer.
Enquanto se alimentavam, perguntou a moça, se ela estava gostando da leitura.
Josie respondeu que sim.
Otaviano emendou que Érico Veríssimo, materializou em sua obra, o sentimento do que é ser gaúcho. Empolgado, comentou que era verdadeiramente um épico.
Josie respondeu que a obra era conhecida até por quem não era gaúcho. Relatou que sempre tivera vontade de ler a obra.
Otaviano argumentou que era sim, uma grande história.
Nisto, voltou-se para o filho dizendo-lhe que Otávio viria passar alguns dias na vinícola.
Olavo perguntou-lhe como estava o irmão.
Otaviano respondeu que parecia estar bem.
Serviram-se de um pouco de café.
A bebida estava acondicionada em uma garrafa térmica.
Enquanto sorviam a bebida, comiam um lanche.
Em seguida, voltaram ao trabalho.
Josie voltou ao livro.
No horário do almoço, voltaram para a casa.
A tarde, Josie permaneceu na residência.
Ajudou Vilma nos afazeres domésticos.
Ao término da jornada, Olavo resolveu tomar um banho.
Depois jantou.
Ao ver Josie sentada no sofá, ocupando-se de seu livro, perguntou-lhe como havia passado o dia.
Josie respondeu que estivera muito bem acompanhada de Vilma, e de todos as personagens do livro.
Quando Olavo percebeu que a moça já havia lido mais de duzentas páginas do livro, espantou-se.
Comentou então, risonho, que daquele jeito, a moça acabaria lendo o livro todo de uma sentada.
Josie contou que estava adorando ler o livro.
Olavo então, desculpando-se com a moça, respondeu-lhe que nos próximos dias, Otávio voltaria para casa e que poderia fazer-lhe um pouco de companhia.
Ao ouvir isto, Josie argumentou que o moço poderia estar mais interessado em se divertir do que fazer companhia para a ela.
Ao ouvir isto, Olavo respondeu-lhe então, que os dois poderiam se divertir juntos.
E assim, seguiram os dias.
Josie ficou entretida com a saga dos Terra e dos Cambará.
Olavo se ocupava na análise das uvas, e ficava a discutir com Otaviano, quais os produtos que poderiam extrair do produto.
Realizaram a colheita das uvas, com a participação de Josie.
A moça, munida de uma tesoura, ajudou a colher as frutas depositando-as num cesto.
Vilma cantava enquanto colhia as uvas.
Josie, ao perceber que se tratava de um ritual, ficou encantada.
Em um dos dias da semana, o moço acompanhou turistas, explicando-lhes o modo de fabricação das uvas, a produção dos vinhos e demais produtos vínicos.
Josie acompanhou-o no passeio.
Quando Otávio chegou de viagem, foi logo intimado a fazer companhia a Josie.
O jovem concordou, mas disse que gostaria muito de visitar o centro da cidade, e dançar.
Josie concordou.
Como a moça estava dormindo em seu quarto, Otávio teve que dormir na sala.
Josie constrangida, respondeu que não havia problema algum em dormir na sala.
Comentou que não estava interessada em desalojar ninguém.
Olavo disse brincando que a moça poderia dormir em seu quarto.
No que Vilma respondeu com um sonoro:
- Não senhor! Deixe de ser saliente!
O moço ficou desapontado.
Otaviano disse que Josie precisava ficar em companhia de pessoas de sua idade.
Olavo respondeu então, que nos últimos dias, não foi possível fazer nenhum passeio com a moça.
Josie argumentou que estava gostando do dia-a-dia na vinícola e que não estava se queixando de nada.
Olavo prometeu-lhe então, que no fim-de-semana sairiam juntos.
Comentou que iria levá-la para um passeio em Gramado e em Canela.
A moça comentou que não via a hora de rever as cidades.
Otávio, curioso, perguntou-lhe de onde ela era.
Josie respondeu que vivia em São Paulo, sua terra natal.
Simpático, Otávio respondeu que alguns de seus colegas de turma, eram de lá.
A moça respondeu que eles havia andado bastante para chegar a Curitiba.
Otávio concordou.
Nisto contou que estava no penúltimo ano de seu curso, e que dentro em breve, voltaria para casa. Para aplicar os conhecimentos adquiridos.
Desta feita, Otávio aproveitou a ocasião para auxiliar o pai e o irmão, na escolha das uvas.
Olavo e Otávio mais tarde explicaram a moça, que o grau de acidez das uvas, determinaria o tipo de produto a ser produzido. Se vinho tinto, seco, suco de uva, etc.
No dia seguinte, os moços mostraram a Josie a adega, os tonéis, o lugar onde as bebidas eram conservadas.
Olavo comentou que os turistas tinham acesso ao lugar.
Mais tarde, o trio foi até Gramado, onde Josie e Olavo relembraram dos lugares onde passaram.
Atencioso, ao perceber que Josie gostara de um poncho, resolveu comprar o mimo para sua prenda.
Josie agradeceu o presente.
Otávio, brincando com o irmão, respondeu que ele estava caprichando. Estava querendo impressionar.
Olavo respondeu que estava em falta com a guria, e que precisava se redimir.
Brincando, perguntou a moça se estava perdoado.
Josie respondeu que sim.
Olavo, aproveitando a presença do irmão, pediu para Otávio, tirar fotografia deles juntos, filmá-los caminhando pela cidade.
Mais tarde, o trio almoçou.
Comeram medalhão com molho de mostarda, batatas cozidas no vapor, e tomaram um vinho.
Olavo, conversando com o irmão, comentou que contrataram um profissional para avaliar a qualidade das uvas que eram produzidas na vinícola.
Otávio, comentou eles deveriam criar vinhos mais sofisticados para vender. Ressaltou que deveria abrir a possibilidade de vender os vinhos para outros mercados.
Olavo comentou então, que Josie criara um site para divulgar a vinícola da família, e com isto, foi criado mais um canal para venda dos produtos.
Otávio parabenizou a moça.
Brincando, disse que a cunhadinha já estava se inteirando dos negócios da família.
Depois do almoço, o trio continuou o passeio pelas ruas da cidade.
A noite foram aproveitar a noite da cidade onde moravam.
Otávio se acabou, dançando música eletrônica.
Josie e Olavo, que não curtiam muito o ambiente e a música, despediram-se de Otávio.
O casal resolveu ficar a sós.
Malicioso, Otávio recomendou juízo ao casal.
De madrugada, o jovem voltou para casa.
Josie e Olavo por sua vez, não voltaram para a vinícola.
Josie, ao perceber que dormiram no quarto do estabelecimento, espantou-se.
Levantou-se sobressaltada.
Ao olhar a janela, percebeu que já era dia claro.
Tratou logo de acordar Olavo, que dormia.
Olavo, ao perceber que a moça havia despertado, puxou-a de volta para a cama.
Josie insistiu para que ele a soltasse. No que o moço respondeu:
- Agora já devem ter percebido nossa ausência. – disse Olavo sossegado.
De fato, o casal só retornou a casa no meio da tarde.
Quando o casal retornou a casa, Otávio tratou logo de brincar com o irmão dizendo:
- A noite foi boa!
- Mas o dia foi melhor ainda! – respondeu o moço.
Josie não ouviu.
Aproveitando que Josie não estava por perto, Olavo comentou que estava pensando em se casar com ela.
Otaviano, percebendo que o casal estava junto a pouco tempo, indagou se não era cedo ainda para se pensar em casamento.
Olavo comentou então, que já estava apresentando a moça como sua noiva.
Otávio perguntou se ela estava ciente de seu interesse.
O moço respondeu que em breve ela tomaria ciência disto.
Nos dias que se seguiram, Olavo acompanhou a moça em uma viagem que planejara pelo interior do estado.
Comentou animado com os familiares, que havia combinado com Josie de lhe mostrar as Missões.
Otávio respondeu que era um ótimo passeio. Lamentou apenas não poder fazer a mesma viagem em suas férias.
Percebendo o ar de curiosidade de seus familiares, o moço comentou que faria um curso de férias em Curitiba, razão pela qual não voltaria para casa.
Foi o bastante para Vilma ficar desolada.
Otávio, tentando se justificar, respondeu que aproveitara os dias em que a faculdade estava de recesso para ficar um pouco ao lado da família.
Com isto, aproveitou para acompanhar Josie em alguns passeios no centro da cidade.
Otávio apresentou-lhe uma padaria onde segundo ele, era servido o melhor lanche da região.
Josie aproveitou então, para almoçar um lanche com salada, maioneze, catchup, mostard, calabreza, ovo.
Curioso, o moço perguntou-lhe se conhecia seu irmão há muito tempo.
Josie respondeu que não.
Otávio por sua vez, comentou que eles pareciam se conhecer há bastante tempo.
Ressaltou que eles tinham muita afinidade. Segredou que fazia tempo que não via o irmão tão entusiasmado com uma garota.
Contou que Olavo não era santo, mas que agora ele estava calmo, sossegado.
Josie se espantou com o comentário.
Otávio, percebendo que havia falado demais, desculpou-se com a moça. Argumentou que devia ter mais cuidado com o que dizia, já que ela era uma moça de fino trato.
Josie achou graça da expressão.
Otávio então, começou a contar que para os paulistas, o jeito de falar dos gaúchos era engraçado.
Josie respondeu que não era propriamente engraçado, mas os gaúchos tinham uma preocupação maior em pronunciar as vogais, de falar corretamente. Isto causa um certo estranhamento nos paulistas, que não tem esta preocupação. Mencionou que os paulistas tem um jeito mais informal de falar.
Rebateu porém, a brincadeira manjada que faziam de que o paulista pediu um chop’s e dois pastel. Argumentou que ela como paulista que era, nunca falou um absurdo deste, e que não conhecia nenhum paulista que falava desta forma.
Otávio respondeu brincando:
- É mina! Você é da hora!
Josie respondeu que ele poderia passar uma temporada em São Paulo, que não passaria apuros. Passaria por um legítimo paulista.
Otávio respondeu que fazia o que podia. Contou que a despeito das brincadeiras, gostava muito dos paulistas. Argumentou que não gostava da mania besta que havia entre algumas pessoas, de hostilizar quem não é do Sul. Disse que o Sul tinha seus encantos, e que São Paulo tinha a pujança.
Ao ouvir isto, Josie, respondeu que São Paulo não era uma cidade de belezas naturais, de natureza exuberante, mas que a mão do homem fizera prodígios pelo lugar. Comentou que a cidade tem muitos encantos e atrativos.
O moço confidenciou que tinha curiosidade em conhecer a cidade e saber se era realmente o colosso que falavam.
Josie disse que nascera na cidade, vivera e se criara por lá, e não conhecia tudo o que ela tinha para oferecer.
Otávio ficou espantado.
Josie respondeu que a cidade era maior do que muito países, e que havia bairros da cidade que ela desconhecia completamente, não apenas os mais longínquos, mas também alguns bairros menos famosos.
Nisto, a dupla ficou conversando longamente.
Enquanto conversavam e comiam, bebiam milk shake.
Depois do bate papo, a dupla caminhou pelas ruas da cidade.
Otávio comentou que estava interessado em uma moça na faculdade, mas que enquanto o namoro não engrenava, aproveitava para paquerar um pouco.
Dizia que a vida era muito curta e que tinha aproveitar para ser feliz. Afinal de contas, vai que o namoro não dá certo?
Josie achou graça no jeito prático do moço. Perguntou-lhe se estava ou não namorando a moça.
- Infelizmente não! Mas eu bem que gostaria.
Josie desejou-lhe toda a sorte do mundo. Comentou que torcia para que ele se acertasse com a jovem, e que ele fosse muito feliz com ela.
- Amém! – respondeu o rapaz.
Nisto, beijou a mão de Josie, que ficou um pouco sem graça com o gesto.
Mais tarde, a dupla voltou para a vinícola.
Riam as gargalhadas.
Olavo, ao vê-los tão cúmplices, ficou um tanto enciumado.
Durante o jantar, ficou o tempo todo perto da moça.
Otaviano percebendo isto, recomendou ao filho que não tivesse ciúmes do irmão.
Disse-lhe que Otávio jamais se prestaria a um papel tão deplorável quanto este.
Mas não adiantava, Olavo ficara enciumado.
Com isto, o moço decidiu antecipar o passeio pelas Missões.
Mas não pode evitar a convivência de Otávio e Josie, que passavam longas tardes conversando.
Olavo por sua vez, pedira para a mãe ficar sempre por perto.
Vilma respondeu que não havia motivos para tanto zelo, mas percebendo a impaciência de Olavo, prometeu que ficaria de olho na dupla.
Quando Otávio voltou para Curitiba, Josie deu um abraço de despedida no moço.
Olavo também se despediu do irmão.
O moço voltou para Curitiba dirigindo seu veículo.
Nisto, quando se viu a sós com Josie, Olavo argumentou que ela não precisava abraçar seu irmão daquela forma.
Josie respondeu que não fizera nada de mais. Apenas fora gentil com alguém que ocupou seu tempo em ser atencioso com ela. Argumentou que ele não tinha obrigação de ficar pajeando-a.
Vilma, tentando chamar o filho a razão, comentou que o gesto não fora malicioso.
Josie ficou incomodada com a reação do moço.
Olavo por sua vez, não conversou com a moça e tampouco com a mãe naquele dia.
No dia seguinte, aborrecida, Josie comentou com Vilma e Otaviano que estava preparando as malas para partir.
Não fosse a intervenção do casal, insistindo para que ficasse, e a moça teria partido.
Quando Olavo tomou conhecimento deste fato, foi correndo ao quarto onde a moça estava.
Josie distraída, não percebeu que o moço a observava da porta, arrumando suas coisas.
Quando notou a presença do rapaz, Olavo já havia entrado no quarto e encostado a porta.
Ao perceber que a jovem estava disposta a partir, pediu para que ela não fosse. Comentou que precisava conhecer melhor o estado, as Missões. Afinal, como ficaria a viagem que estavam planejando fazer já há algum tempo?
Josie argumentou que não poderia permanecer na casa de uma pessoa que não confiava nela.
Confessou que a desconfiança dele a ofendia.
Olavo, percebendo que se excedera, pediu-lhe desculpas.
Disse que sentira ciúmes da atenção que ela dispensara a Otávio, por que estava se sentindo negligenciado por ela. Comentou que ela nunca reclamava sua presença, e que sentia falta de um pouco de ciúmes.
Tentando provocá-la, Olavo respondeu que a maioria das namoradas que tivera, era ciumenta.
Josie, percebendo a provocação, respondeu que não era ciumenta, e que já tivera namorados ciumentos, com os quais tivera muito problema.
Olavo, ciente do recado que Josie lhe dava, respondeu que estava descobrindo agora, que poderia ser bem ciumento. Confessou que nunca tivera ciúme de suas namoradas, e que se sentira ameaçado com a presença de Otávio.
Josie sorriu.
Ao perceber Olavo vulnerável, sem pose, Josie segurou em seu rosto.
Comentou que naquele momento, ele fizera ela se lembrar do porquê ela o havia escolhido.
Olavo olhou-a com curiosidade.
Josie respondeu-lhe que quando ele queria, poderia ser verdadeiramente encantador.
Nisto a moça beijou-lhe os lábios.
Olavo correspondeu.
Quando Vilma adentrou o quarto em que a moça estava, notou que o casal dormia.
Constrangida, viu Josie e o filho enrolados nos lençóis.
Quando avistou-os, tratou logo de sair do quarto, sem fazer barulho. Encostou a porta.
Otaviano por sua vez, procurou o filho no quarto. Ao notar que o filho não estava em nenhum lugar da casa, pensou com seus botões: “Onde se meteu este moço?”
Vilma contou-lhe então, que Olavo dormia no quarto de Josie, com a moça nos braços.
Otaviano comentou que não adiantou fazer com que dormissem em quarto separados.
Vilma respondeu que não.
Argumentou que Olavo não tinha jeito. De uma forma ou de outra, acabava conseguindo o que queria.
Curioso, Otaviano foi bisbilhotar o quarto.
Ele e Vilma ficaram alguns minutos observando o casal.
Vilma comentou enternecida:
- Eles parecem se gostar bastante! Acho que se entenderam.
Otaviano começou a rir.
Preocupada com o riso do marido, mandou ele sair do quarto e saiu em seguida.
Como Otaviano continuava a rir, ela perguntou:
- Do que você está rindo?
- Nada. Só estou graça do seu acho que se entenderam. Você tem alguma dúvida de que eles já se acertaram?
Vilma então começou a rir.
- Ah! Essas crianças!
Otaviano respondeu:
- Crianças que já são capazes de fazerem outras crianças.
Vilma se enervou:
- Não diga bobagens! Eles não são casados.
Otaviano respondeu que da forma como as coisas estavam se encaminhando, seria apenas uma questão de tempo.
Quando o casal despertou, Olavo comentou sobressaltado que Vilma iria puxar suas orelhas.
Nisto levantou-se e começou a se vestir.
Josie começou a rir.
Enquanto se vestia, o moço perguntou-lhe do que estava rindo.
Josie respondeu:
- De nada. Só estou achando graça um homem do seu tamanho ter tanto medo assim de uma mulher.
No que Olavo retrucou dizendo:
- A questão não é esta, pois a mulher mencionada não é uma mulher qualquer. É minha mãe. E vou te dizer, é brava como o quê!
Quando terminou de se vestir, Josie também começou a se recompor.
Ao vê-la novamente vestida, o moço abraçou-a e brincando, disse que era uma pena não poder ficar mais um pouco.
Comentou que não via a hora de poder ficar o tempo todo ao lado dela.
Discretamente o moço abriu a porta, saiu do quarto e delicadamente conduziu-a fora do ambiente.
Sorrateiros, caminharam até a cozinha.
Quando ainda estavam no corredor, Vilma chamou-os.
O casal ficou visivelmente constrangido.
Olavo, sem saber o que dizer, perguntou se ela estava há muito tempo ali.
No que Vilma respondeu que o suficiente para saber que ele havia entrado no quarto da moça.
Disse que Otaviano procurou-o pela casa inteira.
O sangue de Olavo e Josie gelaram.
Nervoso, o homem perguntou se eles haviam entrado no quarto.
Josie ficou vermelha. Começou a olhar para o chão.
Otaviano tentando amenizar a situação, disse que o amor deles era visível, e que eles deveriam se casar o quanto antes, ou Vilma não os deixaria mais, ficarem sozinhos.
Ao ouvir isto, a moça começou a chorar.
Olavo abraçou-a.
Vilma ao notar que a moça estava constrangida, pediu para Olavo conduzi-la até a cozinha.
Lá a mulher deu um copo de água com açúcar para a moça.
Tentando amenizar o constrangimento, disse que ela não tinha do que se envergonhar pois até então, fora muito discreta.
Vilma comentou que Olavo era terrível, e não deixava por menos.
Por fim, concordou com o marido dizendo que eles deveriam se casarem logo.
Dias depois, o casal partiu de viagem para as Missões.
Não sem mil recomendações de Vilma. A mulher chegou a comentar que tivessem cuidado.
Josie, nos últimos dias, estava sem jeito de ficar a sós com Vilma.
Olavo e Otaviano percebendo isto, tratavam de levá-la junto deles quando iam trabalhar.
Enquanto trabalhavam, Josie lia os volumes da obra “O Tempo e o Vento”.
Por fim, Olavo e Josie, viajaram de carro pelo interior do estado.
Josie se deslumbrou com os pampas, sofreu com o frio extremo.
Olavo, percebendo que as roupas que a moça trouxera não era suficientes para o frio, tratou de levá-la até o comércio das cidades, para que comprasse roupas adequadas.
O moço providenciou chapéu, luvas. De pele.
Animado, comprou-lhe roupas típicas como ponchos, calças.
Ao vê-la trajada com as peças, dizia-lhe que estava linda.
Juntos, conheceram as ruínas de São Miguel das Missões. Passaram por outras cidades onde havia remanescentes das missões guaraníticas tanto do sul do Brasil, quanto do lado argentino.
Dançaram tango, acompanharam apresentações da dança típica da Argentina.
Josie arranhou um pouco de espanhol no país. Foram muito bem recebidos.
Na região, viram alguns homens de bombacha e bebendo chimarrão.
Josie brincou com Olavo dizendo que já havia visto aquela cena antes.
Em certa tarde de frio, a moça se deliciou com uma caneca com chocolate quente. Enquanto isto, Olavo, sorvia chimarrão, preparado em sua cuia.
O casal viu as missões guaraníticas argentinas.
Olavo contou-lhe ainda, no Sul, sobre a lenda do índio Sepé Tiaraju, e do padre Balda, que resistiram até o fim, contra as investidas espanholas. Mas as missões guaraníticas pereceram. A luta era mais por território, e por poder.
Josie brincou com Olavo, dizendo-lhe que estava saindo um ótimo guia de turismo, muito melhor que a encomenda.
O casal caminhou por construções e ruínas de pedras, áreas verdes.
Comeram muito churrasco gaúcho e argentino.
Ao retornarem a serra gaúcha, o casal foi recebido com festa por Vilma e Otaviano.
Olavo, disse aos pais, que pretendia se casar com Josie.
Foi o suficiente para que a moça começasse um acesso de tosse.
Preocupada, Vilma ofereceu-lhe um pouco de água.
Olavo então, aguardando a recuperação da moça, ao vê-la mais tranqüila, ressalvou que pretendia se casar com ela em no máximo três meses.
Nisto, fitou o rosto da moça, e ao perceber o espanto da mesma, comentou:
- Não adianta ficar com esta expressão de pasmo pois nós já tínhamos conversado sobre isto!
Otaviano perguntou ao moço, se Josie concordava com a decisão.
Josie sem jeito, respondeu que eles poderiam esperar um pouco.
Olavo por sua vez, respondeu que não gostaria de esperar mais do que três meses.
Josie respondeu-lhe que tinha um trabalho, e que não estava disposta a abandoná-lo.
Foi o suficiente para deixar o moço irritado.
Nervoso, disse que a mulher devia acompanhar o homem onde quer que ele fosse.
Ao ouvir as referidas palavras, Josie se exaltou.
Disse que sempre fora independente, que fora criada para ser dona do próprio nariz e que não estava disposta a mudar isto de maneira alguma.
Olavo, percebendo a irritação da moça, tentou alterar o discurso dizendo que não havia necessidade dela continuar trabalhando, haja vista que ele ganhava o suficiente para sustentar uma família. Argumentou que logo viriam os filhos e que ela se veria muito atarefada cuidando da educação deles.
Josie respondeu que mesmo que se mudasse para o Sul, procuraria emprego nas redações da região.
Olavo argumentou que na cidade em que viviam, não havia muito trabalho para uma jornalista.
A moça respondeu então, que poderia trabalhar em Porto Alegre.
Ao ouvir isto, o moço se indignou.
Disse que o casamento para trazê-la para perto de si e não para afastá-la.
Vilma, percebendo o clima tenso, comentou que eles poderiam pensar nisto depois.
Argumentou que ainda era cedo para se pensar em tantos detalhes.
Com isto, perguntou como fora a viagem.
Josie contou-lhe detalhes do passeio, de como Olavo fora atencioso com ela. Que dançaram tango.
Vilma admirou-se:
- Tango? Não sabia que meu filho sabia dançar a famosa dança portenha!
Olavo ao ouvir isto, disse-lhe que Josie estava se saindo uma exímia dançarina.
Ao falar sobre a viagem, o semblante do rapaz transformou-se. De carrancudo, passou a trazer um sorriso nos lábios.
Mais tarde, sua mãe conversou com ele.
Vilma aconselhou-o a não querer impor sua vontade a moça.
Disse que Josie tivera uma criação diferente da dela, mais consentânea com os tempos atuais. Argumentou que a moça não fora criada para o casamento, e sim para ser livre, independente, e que ela jamais se casaria por conveniência e sim por amor.
Olavo comentou que não queria forçá-la a se casar com ele.
No que Vilma respondeu:
- Eu sei! Você só quer que as coisas saiam do seu jeito. Quer que a moça se submeta a todas às suas vontades! ... Meu amor, não é assim que se faz um casamento! Numa relação a dois não é a vontade de um que deve prevalecer. Dever haver um consenso entre as partes. Não havendo consenso, é melhor adiar o compromisso até que as partes estejam mais amadurecidas.
Olavo tentou retrucar, mas Vilma respondeu-lhe que ele não estava respeitando a vontade da moça. Pediu-lhe para pensar no que estava fazendo.
Percebendo o aborrecimento do jovem, disse que tinha certeza do amor de Josie por ele, mas perguntou-lhe se tinha o direito de exigir tamanho sacrifício da moça. Impor que ela deixasse para trás, tudo o que havia construído com tanta dificuldade, casa, trabalho e amigos, para segui-lo numa relação que somente o tempo diria se seria feliz e duradoura.
Insistiu para que o filho pensasse nisto, pois Josie tinha muito mais a perder com o fracasso do casamento do que ele.
Olavo insistiu em dizer que o casamento daria certo.
Vilma argumentou dizendo que ele deveria conversar com a moça, tentar entender a situação dela. Ser mais compreensivo. Argumentou que a despeito da criação machista que tivera, não havia criado seus filhos para serem machistas com as mulheres.
Com isto, Olavo se acalmou.
Prometeu que conversaria com a moça. Agradeceu as palavras de sua mãe.
Mais calmo, o moço bateu na porta do quarto onde a jovem estava instalada.
Josie estava sentada na cama, olhando para as malas que ainda não tinham sido desfeitas.
Olavo, aproximando-se, sentou-se na cama.
Josie voltou-se para ele.
O moço então, pediu-lhe desculpas. Aproximou-se da moça e a abraçou.
Disse-lhe que sim, tinha muita vontade de se casar com ela, o quanto antes, mas que a despeito disto, deixaria que ela escolhesse o momento certo.
Josie respondeu que tinha compromissos na redação, e que precisava honrá-los. Comentou que não poderia se casar de uma hora para outra.
Olavo ficou desapontado.
- Então você não quer se casar comigo? – argumentou.
Josie respondeu que não era isto, o que estava querendo dizer e sim, que não estava pronta para se casar em três meses. Argumentou que precisaria arrumar um outro emprego na localidade, para que tivesse condições de se sustentar, sem depender dele.
Olavo retrucou dizendo que ela poderia trabalhar na vinícola da família.
Josie recusou a oferta.
Insistiu que ela própria deveria arrumar um emprego, e não trabalhar de favor para ele.
Nervoso, Olavo chamou-a de teimosa.
Josie retorquir dizendo que só queria ser dona do próprio nariz.
Contrariado, o moço teve que concordar com a moça.
Quando Olavo contou a mãe sobre a condição da jovem para se casar, Vilma comentou que Josie não se parecia com nenhuma das namoradas que tivera. Todas ávidas por um bom casamento, no qual pudessem abandonar seus empregos e viverem às custas do marido.
A mulher argumentou que Josie crescera em seu conceito.
Olavo por sua vez, estava inconformado.
Josie por sua vez, enquanto pensava na conversa que tivera com Olavo, decidiu tomar um banho.
Trocou de roupa, usando um vestuário mais leve.
Olavo ao vê-la usando calça jean’s e uma blusa mais leve, comentou que ela estava linda.
Para o jantar, Vilma havia preparado arroz a carreteiro.
Ao ver o prato sendo servido com carne e vinho, Josie comentou que adorava a iguaria.
Vilma respondeu que aos poucos ela iria se acostumar com os hábitos da terra.
Ao término do jantar, Josie pegou um livro para ler, mas Olavo, encostando-a em seu peito, começou a lhe dizer que estava sentindo saudades dela.
Vilma e Otaviano se afastaram.
Josie por sua vez, respondeu que só voltaria para São Paulo, dali a uma semana.
- Eu sei, e já estou sentindo saudades por antecipação!
Durante a última semana de Josie na vinícola, Olavo procurou convencer a moça a marcar para logo o casamento.
Diante disto, pediu para mãe preparar um jantar caprichado para a moça.
Empenhado em impressionar a jovem, encomendou muitos buquês de flores para enfeitar a sala e o quarto da moça.
Vilma e Otaviano haviam deixado a casa para eles, indo passear em Gramado.
Olavo levou a moça para passear pela cidade durante a tarde, e enquanto isto, Vilma preparava o jantar e enfeitava a casa com as flores encomendadas pelo rapaz.
Quando o casal voltou para casa, Olavo comentou:
- Enfim sós!
Josie ao ver a sala da residência toda enfeitada de flores, percebeu que Olavo estava preparando algo.
O moço contou-lhe que havia preparado uma surpresa para ela, e argumentou que estando ela casada com ele, sempre teria surpresas daquele tipo.
Com isto, perguntou se a moça estava com fome.
Josie respondeu que sim.
Ao perceber que a mesa da sala de jantar estava toda arrumada, a moça elogiou o capricho na decoração.
Olavo puxou uma das cadeiras.
Josie sentou-se.
Nisto, o moço pediu licença, dirigindo-se a cozinha.
Lá estava um recado de sua mãe, dizendo que ela e o marido haviam saído a cerca de quinze minutos. Que a refeição estava pronta, e votos de sorte e felicidades para ele.
Nisto, o jovem serviu a moça de arroz e carne.
Ofereceu-lhe um bom vinho.
Enquanto degustavam a comida, conversaram.
Olavo ofereceu uma sobremesa a Josie.
Dançaram.
Ao término da dança, o moço entregou-lhe uma caixinha.
- Abra! – pediu o rapaz.
Josie se deparou com um anel de prata com um brilhante no centro.
Olavo pediu licença e colocou a jóia no dedo de Josie.
Disse-lhe que aquele anel simbolizava o compromisso de ambos.
Ao receber o presente, Josie tentou argumentar dizendo que não havia necessidade de lhe dar algo tão caro.
No que Olavo rebateu dizendo que ela merecia receber presentes muito mais caros do que aquele, mas que o maior presente que ela poderia receber, era ele próprio.
Josie riu.
Olavo brincou dizendo que ele era um presente caro sim.
A moça retrucou falando que ele era um presente caro e modesto.
Olavo riu.
Respondeu que modéstia não era o seu forte, mas que também não era seu maior defeito, já que graças a sua falta de modéstia, havia conhecido a melhor mulher do mundo, para a qual poderia proporcionar as melhores coisas da vida.
Enquanto Josie sorria, Olavo pegou a moça pelo braço e convidou-a para dançar novamente.
Ensaiaram alguns passos de tango.
Olavo pegou um cravo e entregou nas mão de Josie.
A moça por sua vez, tocou o rosto do rapaz com a flor.
Nisto segurou as mãos da moça, estendendo os braços e caminhando lentamente de um lado e de outro.
- El dia en que mi quieras, la rosa que engalanas. – cantou Olavo.
Como em uma dança dramática, o casal ficou se olhando, se observando.
Dançaram, e a certa altura, beijaram-se.
Por fim, conversaram um pouco.
Olavo fazia planos. Fazia questão de que a moça se mudasse para o Sul. 
Josie, por sua vez, dizendo que estava cedo para isto, comentou que precisava terminar seu trabalho na redação para depois, pensar no que faria de sua vida.
Olavo sorriu.
Disse-lhe que esperaria o tempo que fosse para isto.
Brincando respondeu-lhe que ela não se livraria tão facilmente dele.
Em seguida, convidou a moça para ir a seu quarto.
Josie lembrando-se do incidente envolvendo os pais do moço, se esquivou.
Olavo por sua vez, insistiu.
Apertando-a contra si, beijando-lhe, disse-lhe que sentia sua falta, e acabou conduzindo-a a seu quarto.
Dormiram juntos.
Contudo, seguindo as recomendações da moça, Olavo trancou a porta do quarto.
Risonho disse que agora estavam sós, e que teriam todo o tempo do mundo para eles.
Abraçado a Josie, Olavo sorria.
Após, ficou algum tempo velando o sono da moça.
Em seguida, dormiu.
Quando Otaviano e Vilma retornaram a casa, perceberam logo que o casal não havia acordado ainda.
O homem ficou espantado.
No que Vilma argumentou:
- Você se esquece que já teve a mesma idade que ele?
Otaviano riu.
Concordou com a esposa.
Quando o moço despertou novamente, chamou Josie, que permanecia deitada.
Carinhosamente sussurrou em seu ouvido para que acordasse.
Ao despertar, a jovem perguntou as horas.
Olavo olhou o relógio que ao lado da cama, e disse:
- Dez horas.
Josie ficou espantada.
- Dez horas?
Nisto começou a procurar suas roupas, que estavam espalhadas pelo quarto.
Olavo, percebendo o afobamento da moça, disse que poderia se vestir com calma, e se quisesse, até tomar um banho.
Nisto o moço abraçou-a.
Josie por sua vez, argumentou que já era hora de levantar.
No que foi questionada por Olavo que argumentou que pretendia ficar mais um pouco no quarto.
Josie então, segurando o lençol no corpo, pediu licença ao moço e dirigiu-se ao banheiro. Respondeu que iria tomar um banho.
Olavo recomendou que ela não fechasse a porta, pois iria tomar banho também.
Mais tarde, a moça saiu do quarto.
Rapidamente entrou no quarto onde estavam suas coisas e trocou de roupa.
Quando dirigiu-se a sala, já era quase meio-dia.
Otaviano, ao ver o filho, perguntou-lhe se tinha sido boa a noitada.
Vilma criticou o marido dizendo que aquele não era modo de se falar, pois além de invadir a intimidade do filho, estava também tirando a privacidade da moça.
Sorrindo, Olavo respondeu que não poderia entrar em detalhes, mas que estava muito bem e que a noite tinha sido muito boa.
Quando Josie apareceu na sala, o trio mudou de assunto.
Olavo comentou que agora estavam comprometidos oficialmente, e que em breve conversariam sobre a data do casamento.
Otaviano e Vilma, parabenizaram o casal.
Nos dias que se seguiram, Olavo se desdobrou para ficar ao lado da moça.
Mesmo cansado, a convidava para passear.
Nisto, quando o dia da partida chegou, o moço estava todo jururu.
Vilma ficou preocupada ao ver o filho tão desanimado.
Quando a moça retornou a São Paulo, Olavo conversava todos os dias com Josie pelo skype.
Dizia-lhe que estava morrendo de saudades, e que assim pudesse, iria ao encontro dela.
Por semanas mergulhou no trabalho.
Não tinha vontade de sair, nem quando seu pai o convidava.
Josie também sentia saudades do moço.
Contou as amigas sobre suas férias e mostrou-lhes seu anel de noivado.
Roberta por sua vez, disse que não estava mais conseguindo contatar Leonardo. Comentou ter ouvido da secretária do moço, que ele estava trabalhando como repórter em um país em conflito, e que não tinha previsão de quando ele retornaria a redação do jornal onde estava trabalhando.
Aborrecida, contou que isto faria com que o divórcio demorasse mais para ocorrer.
A moça ansiosa, disse que André retornaria ao Brasil dentro de poucos dias.
Lucineide comentou que ela estava mais interessada no retorno do amante do que na volta do marido.
Roberta irritada, respondeu que André não era seu amante, e que ela e Leonardo não mais juntos há meses.
Razão pela qual não traíra ninguém.
Josie por sua vez, percebendo que Lucineide iria retrucar, disse que estava sentindo muita falta de Olavo, mas que não estava segura em deixar tudo para trás, e começar tudo do zero no Sul.
Lucineide incentivava a amiga.
Dizia que emprego existia em todos os lugares, e que ela poderia se estabelecer noutro lugar.
Roberta por sua vez, dizia que ela deveria tentar ser feliz.
Nisto as amigas continuaram o trabalho na revista.
Medeiros não se cansava de elogiar as fotos que Josie fazia para suas matérias.
A última matéria na qual trabalhara, era sobre restaurantes que não dedicavam apenas a gastronomia.
Lucineide e Roberta também trabalharam na matéria, cobrindo diferentes regiões da cidade.
Enquanto isto, Roberta continuava a tentar contato com Leonardo; e Josie conversava com Olavo via skype, ou mesmo, em seu celular.
O moço comentava animado que as vendas dos produtos da vinícola haviam aumentado em relação ao ano anterior. Disse que tudo era resultado de melhorias que estavam sendo implementadas.
Josie o felicitava pelas novidades.
Vez ou outra o moço dizia que estava interessado em casar-se no ano que se seguiria.
Josie dizia-lhe que poderiam pensar no assunto.
Quando o fim do ano começou a se aproximar, Olavo convidou-a para passar o Natal com sua família.
Animado, disse-lhe que se quisesse, poderia chamar suas amigas que seriam muito bem recebidas.
Prometeu que uns dias antes, tentaria visitá-la em São Paulo, mas que não poderia garantir nada, já tinha muito trabalho na vinícola.
Josie respondeu que adoraria se ele pudesse ir a cidade, mas que se não fosse possível, ela iria até o Sul.
Roberta e Lucineide, ao tomarem conhecimento do convite, ficaram animadas.
Depois disto, silêncio.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 30

Tempos depois, finalmente Josie entrou de férias.
Quando Roberta soube que a amiga estava namorando firme, com um rapaz bonito, de nome Olavo, ficou fazendo gracinhas com ela.
Lucineide se juntava nas gozações, e Josie pedia para que se calassem.
Olavo mantinha contato com a moça.
Sempre que podia, ligava para a moça, comentava sobre seu trabalho, o aumento nas vendas dos produtos feitos na vinícola, etc.
Nisto, a moça dirigiu-se ao Sul.
Preparou suas malas.
Não sem ouvir os palpites de Lucineide e Roberta.
As amigas acompanharam Josie até o aeroporto.
Nisto, ao se despedir de Roberta, aconselhou-a a se entender com Leonardo.
Disse-lhe que não precisava permanecer brigada com o moço.
No que Roberta lhe disse que não fora ela quem brigara com ele, e que não tinha raiva do moço.
Contudo, não poderia aceitá-lo.
Josie continuou, dizendo que ela deveria se acertar com o moço, para conseguir viver bem com André.
Roberta respondeu-lhe que iria tentar conversar com Leonardo, mas que não poderia garantir que ele a ouviria.
Por fim, as amigas se despediram.
Josie rumou de avião para o Sul.
Com isto, ao chegar no aeroporto de Porto Alegre, a moça foi recepcionada por Olavo, que a aguardava.
Acenou-lhe enquanto a jovem aguardava sua bagagem.
Quando Josie foi ao encontro de Olavo, o moço a recebeu com um caloroso sorriso.
Perguntou-lhe como estava.
Josie respondeu que estava bem, e que não via a hora de rever os lugares por onde passara tempos atrás.
Animado, Olavo comentou que seria um mês muito especial o que ela passaria a seu lado.
Com isto, o moço carregou as malas de Josie até seu carro.
Levou-a até sua casa.
Ao chegar na propriedade da família, a moça cumprimentou Vilma e Otaviano.
Vilma mais uma vez, instalou a moça no quarto do irmão de Olavo.
Cansada, a moça pediu para tomar um banho.
Como fazia calor, Josie vestiu um vestido estampado de alças.
Olavo ao vê-la, disse-lhe que estava linda.
Vilma e Otaviano perguntaram sobre seu trabalho em São Paulo.
Josie respondeu que estava a correria de sempre. Muitas matérias, muito trabalho na redação.
Vilma comentou que leu a matéria que a moça fizera para o Sul.
Simpática, a mulher disse que mostrou a reportagem para suas amigas. Relatou que todas gostaram da matéria.
Animada, Vilma respondeu que ela havia captado um pouco do que era o viver daquela região.
Josie agradeceu os elogios.
Olavo por sua vez, convidou-a para um passeio.
Vilma por sua vez, argumentou que Josie poderia estar com fome. Razão pela qual sugeriu-lhe comer algo.
O moço porém, dizendo que estava apressado, pediu a mãe para providenciar uma cesta de pequenique.
Vilma argumentou que eles poderiam ficar ali, comer alguma coisa e depois sair para caminhar. Percebendo no entanto que o moço não mudaria de idéia, arrumou um pequeno café da manhã.
Na cesta havia bolo, pão, frios, um frasco com suco de uva, uma garrafa térmica com café, pratos, copos, toalha.
Com isto, ao receber a cesta das mãos da mãe, Olavo perguntou-lhe se havia colocado as ervas, água quente e a cuia de chimarrão, no recipiente.
Como Vilma não tivesse providenciado tais acessórios, Olavo dirigiu-se a cozinha, lá encontrando em um dos armários a cuia de chimarrão, e em outro a erva.
A mulher então, esquentou um pouco de água, e colocou em outra garrafa térmica.
Ajeitou os itens dentro da cesta.
- Meu filho! Você é impossível! Com você não há quem possa.
Josie por sua vez, despediu-se da mulher.
Comentou que mais tarde conversariam.
Quando o casal estava saindo da casa, Vilma recomendou a Olavo que ele não demorasse em seu passeio, pois dentro de duas horas estaria com o almoço pronto.
Olavo respondeu que na hora certa, estaria de volta.
Nisto, o moço conduziu a moça até um carro antigo, mas ainda em bom estado de funcionamento.
Ajudou Josie a sentar-se no veículo.
Colocou a cesta, ao lado da moça.
Olavo conduziu o carro pelo caminho das uvas.
Josie pode então, rever os parreirais.
Não se cansava de olhar.
Olavo, ao parar o veículo, percebendo o deslumbramento da moça com a beleza dos parreirais, comentou:
- Lindo, não? E pensar que já estamos na época da colheita das uvas. Logo, logo, todo este verde irá desaparecer.
Nisto, o jovem ajudou Josie a descer do carro.
O casal caminhou durante algum tempo pelo parreiral.
Mais tarde, quando o moço abriu a cesta de pequenique, pegou uma toalha e estendeu-a em um canto, ao lado do parreiral.
Auxiliado por Josie, o moço tirou bolo, pão, frios, suco, café da cesta.
Por último, retirou a garrafa térmica com água quente, a erva e a cuia.
Animado, comentou que Josie iria experimentar uma bebida muito especial, que não havia outra igual no mundo.
Olavo então, começou a preparar o chimarrão.
Bebeu um pouco, e ao oferecer a moça, percebeu uma hesitação.
Razão pela qual, insistiu.
Argumentou que se ela nem experimentasse, estaria fazendo uma desfeita para ele.
Sem jeito, a moça acabou aceitando a oferta.
Ao sorver a bebida, achou seu gosto amargo.
Motivo pelo qual, quando o moço perguntou-lhe se havia gostado, respondeu:
- É amargo!
Olavo riu.
- Aos poucos você se acostuma!
- Como assim? – perguntou a moça.
O moço então, passou a beber o chimarrão.
Ao oferecer a bebida novamente a moça, Josie recusou-se a sorver um segundo gole.
- Nem mais um pouquinho, prenda? – insistiu o moço.
Olavo disse-lhe para ficar à vontade e se servir dos comes e bebes.
Brincando, disse que as iguarias a fariam esquecer o gosto do chimarrão.
Josie comeu uns pedaços do bolo, e bebeu um pouco do suco de uva.
Enquanto comia, Olavo comentou que a bebida ajudava a suportar o frio da terra, esquentava o peito. Por esta razão, era servida quente.
Depois, o moço mostrou-lhe a erva com que fizera a bebida.
Josie comentou que o cheiro era forte.
Olavo respondeu que era planta nova.
A moça voltou a contemplar a paisagem, a admirar a grande quantidade de uvas, os parreirais a se perderem de vista.
Construções de pedra.
Enquanto caminharam, Josie viu algumas árvores, com buracos na parte inferior.
Lembrou-se da história dos imigrantes italianos dormindo dentro dos ocos das árvores, enquanto não tinham casas para se abrigarem.
Intrigada, perguntou a Olavo, como eles faziam para suportarem o frio que fazia durante a madrugada.
O moço respondeu que provavelmente faziam fogueiras para se aquecerem, e deviam cobrir a entrada com algum pano resistente as intempéries, como faziam os tropeiros, que dormiam com suas capas impermeáveis.
Depois, ao ver que Josie não se servira de outras iguarias, perguntou-lhe se estava cansada.
Como a moça respondera que não, Olavo insistiu para que ela se deitasse um pouco.
Sentado a seu lado, Olavo abraçou a jovem.
Argumentou que ela devia estar cansada, pois viajara de São Paulo a Porto Alegre, e depois seguira viagem com ele até a vinícola, que fica em outra cidade.
Josie respondeu que ele devia estar cansado, pois fora ele quem seguira dirigindo da vinícola até Porto Alegre, e depois de lá, até a vinícola.
Olavo retrucou dizendo que não, não estava cansado.
Começou a fazer uma massagem nos ombros da moça.
Também começou a se afastar.
Josie foi se inclinando, até ficar recostada.
Ficou contemplando a paisagem.
- Lindo, lindo, lindo! Eu também não me canso de olhar! – respondeu Olavo.
Josie continuava a olhar os parreirais verdejantes, as estradinhas de terras cortando as plantações.
Olavo percebendo que a moça estava entretida, começou a entoar canções de sua terra.
Josie riu.
Por fim, o casal levantou-se, guardou os comes e bebes, utensílios e toalha, dentro da cesta.
Voltaram para casa.
Quando adentraram a sala do imóvel, Vilma disse que eles estavam atrasados para o almoço.
Nisto a mulher serviu Josie com carne, batata recheada, arroz. Perguntou-lhe se gostaria de comer um pouco de salada.
Josie deixou Vilma colocar a salada.
Durante o almoço, Olavo comentou que Josie provou um pouco de chimarrão, mas que não gostara da bebida, por considerá-la amarga.
Vilma ao ouvir o comentário do filho, respondeu que com o tempo, ela acabaria se acostumando com a bebida.
Otaviano por sua vez, falou que geralmente quando a pessoa bebia o chimarrão pela primeira vez, estranhava o gosto, mas depois acabava se acostumando com a bebida. Disse que a bebida era uma marca registrada do povo gaúcho. Apaixonado, comentou que no Brasil aquela era uma terra onde seu povo costumava preservar suas tradições.
Josie argumentou que em São Paulo o problema era que em razão da absorção de tantas culturas, o povo da região acabou perdendo sua identidade. A moça comentou que não havia problema algum em aceitar a cultura de outros povos, de outras regiões, e até, de outros países. Contudo, não se devia perder a própria tradição.
Nisto, Otaviano perguntou se havia uma tradição paulista.
Josie respondeu que conhecia alguns aspectos culturais típicos de São Paulo, como o caipira, vindo da roça, que tinha um jeito todo particular de se vestir e de falar. Comentou que haviam dois representantes do caipira paulista, que eram o Mazzaropi – interpretado pelo ator Amácio Mazzaropi; e o Jeca Tatu – personagem de Monteiro Lobato.
Josie, contou ainda, sobre as festas juninas, os santos católicos, a Folia de Reis. E os tapetes de serragem a enfeitar as ruas de algumas cidades no feriado de Corpus Christi.
O homem ao ouvir a enumeração de Josie, comentou que festas juninas, tapetes com serragens e Folias de Reis não existiam somente em São Paulo.
Josie concordou, mas respondeu que em cada região, estas manifestações tinha seu colorido próprio.
Otaviano concordou. Respondeu que São Paulo poderia não ter uma cultura tradicional, antiga, mas que possuía uma cultura cosmopolita.
Josie comentou que em São Paulo, assim como naquela região do Sul, havia muitos descendentes de italianos. Disse que havia festas italianas muito famosas na cidade de São Paulo.
Vilma perguntou então, se havia uma música tipicamente paulista, como havia música típica gaúcha.
Josie respondeu que haviam músicas que falavam das belezas da cidade, da cultura caipira, mas que como estas músicas são tocadas em todo o país, acabam tendo uma característica mais universal.
Otaviano comentou que gostava muito do trecho da música de Caetano Veloso que falava que alguma coisa acontecia em seu coração, quando fazia o cruzamento da Ipiranga com a São João.
Simpático, respondeu que antes mesmo de pisar na cidade, já sabia que existiam na cidade logradouros com os referidos nomes. Curioso, contou que não sossegou até passar pelos lugares.
Campeou, campeou, até encontrar a famosa esquina.
Josie riu.
Enquanto almoçavam, a moça perguntou-lhe se ele conhecia o Brás.
Otaviano respondeu-lhe que não.
Josie bebeu então um pouco de vinho tinto.
Depois respondeu que um famoso compositor, cantor e sambista paulista, chamado Adoniram Barbosa, havia criado o “Samba do Arnesto”, no qual na letra da música, fazia menção ao Brás.
Otaviano admirado, respondeu que já havia ouvido falar no cantor. Curioso, perguntou como era a letra da música.
Sem jeito, Josie respondeu que não era muito afinada.
Curioso, Olavo pediu-lhe para cantar, nem que fosse desafinada.
Otaviano disse então, que conhecia algumas músicas de Adoniram, mas não se recordava desta canção.
Josie, timidamente, começou então a cantar:
- “O Arnesto nos convidou, prum samba ele mora no Brás. Nóis fumo não encontremos ninguém. Nóis vortemo cuma baita de uma reiva. Da outra vez, nóis num vai mais. Nóis num semos tatu. Noutro dia encontremo com Arnesto, que pediu desculpa, mas nóis num aceitemo. Isso não se faz Arnesto, nóis num se importa. Mais você devia tê ponhado um recado na porta...”
Otaviano por sua vez, comentou que conhecia a música.
Olavo perguntou a moça, se ele não era criticado por cantar errado.
Josie respondeu que provavelmente em sua época, ele deveria ter sido alvo de muitas críticas, mas que atualmente ele era um ícone da cultura paulistana e muito reverenciado. Disse que os erros de português de suas letras, eram uma forma de retratar o povo de sua terra, simples, que falava errado, e que sofria as vicissitudes da vida, suas dificuldades, era pobre.
Olavo entendeu a intenção do cantor.
Enquanto conversavam, saboreavam a deliciosa carne, acompanhada do arroz branco, e batata recheada.
Bebiam o vinho.
A certa altura, Olavo sugeriu um brinde as férias de Josie.
Sorrindo, prometeu que iria lhe proporcionar férias memoráveis.
Os quatro brindaram.
Ao término do almoço, Vilma recolheu a louça.
Josie se ofereceu para lavá-la.
Vilma porém, dizendo-lhe que era hóspede, recusou a oferta.
Josie não insistiu, mas dizendo que estava a disposição, argumentou que estava acostumada a cuidar de uma casa.
Vilma curiosa, perguntou-lhe se não morava com seus pais.
Josie respondeu que seus pais haviam falecido há cerca de três anos. Razão pela qual tivera que aprender a se virar sozinha.
Vilma ficou sem palavras.
A moça, percebendo isto, comentou que isto não lhe causava mais tristeza, pois havia aprendido a lidar com a ausência de ambos.
Argumentou que fazia mais de cinco anos que morava sozinha. Brincando, comentou que só não se arriscava a fazer pratos complicados. A cozinha poderia se incendiar. Mas que se virava fazendo o trivial.
E assim, enquanto lavava a louça, a moça conversava um pouco mais com Vilma.
Desta forma, a mulher contou sobre as traquinagens dos filhos, das brigas de Olavo com Otávio.
Contou que os irmãos eram muito companheiros, que brincavam juntos. Jogavam bola o dia inteiro se deixassem. Mas também, quando brigavam, podiam passar um bom tempo sem se falarem.
Vilma contou que se protegiam muito.
Relatou que houve um dia em que Olavo tentou fazer uma experiência com um gato, fato este que resultou em louças quebradas e muita confusão pela casa. Como ninguém confessasse quem havia feito a bagunça, ambos ficaram de castigo.
Como Olavo negou a autoria da traquinagem e Otávio também, os dois ficaram trancados em seus respectivos quartos.
Mesmo assim, Otávio não dedurou o irmão.
Curiosa, Josie perguntou qual fora a travessura, no que Vilma respondeu que Olavo tentou dar um banho no gato. Queria comprovar se de fato, gato não gosta de água.
A moça, perguntou então, se Olavo havia conseguido molhar o gato.
Vilma respondeu que ele conseguiu foi bagunçar a casa toda e levar um arranhão do bicho.
Olavo, depois de alguns minutos, foi até a cozinha.
Ao ver a moça conversando com sua mãe, perguntou-lhe se gostaria de fazer um passeio pela cidade.
Ao ouvir a palavra passeio, Vilma recomendou que a moça visitasse a igreja, a praça, e conhecesse o centro da cidade, e o comércio local.
Com isto, Josie e Olavo foram passear.
Vilma, percebendo que a moça usava um vestido leve, recomendou-lhe que levasse um casaco pois no final da tarde, a temperatura costumava cair um pouco.
Josie dirigiu-se ao quarto onde estava instalada e procurou um casaco que combinasse com o vestido. Decidiu levar um sobretudo.
Por fim, despediram-se de Olavo e Vilma.
No carro, o moço ligou o rádio, ficou a ouvir músicas da região.
Animado, começou a cantar.
Josie sorriu.
Curioso, Olavo perguntou do que ela estava rindo.
A moça respondeu:
- Eu não estou rindo. Estou sorrindo! Você canta muito bem.
O jovem ficou lisonjeado.
Enquanto dirigia, cantava. A certa altura, perguntou se não estava incomodando.
Josie respondeu que não.
Nisto o moço dirigiu até o centro da cidade.
Lá, passearam por uma praça, pela igreja matriz, caminharam por ruas, visitaram o comércio da cidade.
Avistaram construções em estilo contemporâneo, germânico.
O moço também levou-a para conhecer construções de pedra.
Josie ficou encantada com a cidade.
Tudo muito limpo, organizado, cidade arborizada, jardins bem cuidados.
Havia um pouco de pressa na cidade, mas nada que se comparasse a São Paulo.
Olavo percebendo o encantamento de Josie pela cidade, comentou que o lugar não era frenético e cosmopolita como São Paulo, mas tinha seu encanto.
Josie concordou respondendo que o município era muito charmoso.
Olavo, munido de uma câmera digital e uma filmadora, aproveitou para registrar todos os instantes do passeio.
Com o cair da tarde, o casal aproveitou para jantar no centro da cidade.
Como esfriara, Olavo auxiliou Josie a vestir seu casaco.
Enquanto degustavam um típico churrasco gaúcho, Olavo recebeu uma ligação em seu celular.
Era sua mãe, ligando para saber eles voltariam a tempo de jantar, ou jantariam em algum restaurante da cidade.
Olavo respondeu que já estava jantando. Argumentou que estava tudo bem, que Josie estava devidamente protegida do frio, e que não os esperassem, pois voltariam tarde do passeio.
Ao ouvir as frases finais da conversa, Josie criticou o namorado. Argumentou que ele estava sendo indiscreto.
Olavo, olhou-a nos olhos e disse que depois do jantar, ele iria mostrar a cidade iluminada, o comércio todo enfeitado de luz. Disse ainda, sussurrando em seu ouvido, que a noite estava só começando.
Nisto o garçom chegou e ofereceu lingüiça. A seguir, outro garçom ofereceu batata recheada.
Enquanto comia, Olavo insistia para que Josie se servisse de mais comida. A todo o momento Argumentava que ela estava comendo muito pouco.
Josie porém, dizia que estava satisfeita.
Insistente, Olavo chegou a pegar pedaços de carne de seu prato e oferecer para a moça.
Josie aceitava o alimento.
Ao término do jantar, Olavo perguntou se ela não gostaria de comer uma sobremesa.
Josie respondeu que gostaria de comer um doce.
Olavo sugeriu um sorvete.
A moça concordou.
Nisto, o rapaz pediu uma suculenta sobremesa.
Quando a sobremesa foi servida, Josie argumentou que não conseguiria tomar tanto sorvete.
Olavo, sem se fazer de rogado, respondeu que a ajudaria a comer a sobremesa.
E assim, o casal devorou juntos o sorvete.
Olavo aproveitou a ocasião para dar colheradas de sorvete para a moça.
Josie achou graça da situação.
Ao perceber que algumas pessoas olhavam para eles, chegou a ficar constrangida.
Olavo por sua vez, dizia para ela não se importar com olhares.
Dizia que as pessoas não estavam acostumadas a presenciar gestos de carinho, e isto fazia com que as pessoas que eram atenciosas umas com as outras, acabassem por chamar a atenção.
Josie olhou-o com ternura.
Em dado momento disse que ele era adorável.
Olavo recomendou-lhe que ela não lhe dissesse isto o tempo inteiro, ou ele ficaria mal acostumado.
Ao término da refeição, o moço pagou a conta.
A seguir, o casal caminhou por algumas das ruas por onde passaram durante o dia.
Josie ficou encantada com a beleza das luzes da cidade.
Olavo respondeu que durante a noite, a cidade tinha um charme todo especial.
A moça concordou.
Com isto, o casal ficou passeando durante algum tempo pela cidade.
Ao passarem por um centro de tradições, o casal entrou e ficou durante algum tempo acompanhando as danças.
Quando os membros do centro de tradições perceberam a presença do moço, trataram logo de convidá-lo para dançar.
Como estava acompanhado, Olavo pediu para dançar com sua noiva.
Ao ouvir a palavra noiva, Josie ficou espantada.
Todos os que estavam próximos, parabenizaram o casal.
Quando finalmente ficaram a sós, Josie perguntou de onde ele tirara a idéia de noivado.
Olavo respondeu que tivera vontade de dizer que tinha uma noiva e acabou falando.
A moça argumentou que ele não podia dizer o que quisesse sem pensar.
Olavo respondeu que não fora tão impensado assim, seu proceder.
Josie tentou argumentar, mas o moço, dizendo que iriam dançar um fandango, tratou de ensinar alguns passos da dança para a moça.
A jovem tentou se desvencilhar do compromisso, mas Olavo disse-lhe que ela fora intimada.
Com isto, só restou a jovem tentar aprender alguns passos da dança.
E assim, o casal dançou então para os freqüentadores do lugar.
Nervosa, Josie errou alguns passos, mas nada do que pudesse comprometer a dança.
Por fim, o casal agradeceu e Olavo se despediu dos amigos.
Ao saírem do CTG (Centro de Tradições Gaúchas), Josie argumentou que estava cansada.
Olavo, brincando com ela, disse para ela agüentar mais um pouco, pois dentro de algumas horas, estariam de volta a vinícola.
Nisto, o casal caminhou de mãos dadas até um estabelecimento da cidade.
Lá, Olavo reservou uma suíte.
Mais tarde, o casal rumou para a vinícola.
Durante a viagem, Josie aproveitou para colocar o sono em dia.
Olavo dirigiu pela estrada, ao som de músicas tradicionais do Sul.
Pela estrada escura, dirigiu, até chegar na vinícola.
Ao lá chegar, desceu do carro.
Do lado de Josie, abriu cuidadosamente a porta, tirou seu cinto, e carregou-a para dentro da casa.
Deitou-a no sofá da sala.
Depois, voltou para trancar o carro.
Quando voltou para dentro da casa, percebeu que sua mãe se encontrava na sala.
Olavo se assustou.
- Mãe! O que você está fazendo ai? – perguntou.
- Eu estava esperando vocês voltarem. – respondeu.
Josie permanecia deitada no sofá.
Olavo então, pedindo licença, disse que iria levar a moça até o quarto.
Vilma concordou.
Olavo então pegou a moça, e carregando-a, levou a moça para o quarto onde estava instalada.
Preocupada, Vilma lhe perguntou se não seria melhor acordar a moça para que trocasse de roupa e continuasse a dormir.
Olavo comentou então, que do jeito que Josie estava cansada, dificilmente ela acordaria para se vestir. Disse que dormira durante toda a viagem.
O moço, olhando a jovem dormir, respondeu que vendo a dormir tão tranqüila, ficou com pena de acordá-la.
Comentou preocupado que ela poderia perder o sono.
Com isto, retirou seu casaco, e ajudado por sua mãe, cobriu-a com o edredon estendido na cama.
Para isto, segurou-a nos braços novamente.
Vilma, estendeu o edredon.
Em seguida, Olavo beijou o rosto da moça.
Estendeu seu corpo na cama.
Vilma ficou enternecida com o gesto.
Por fim, o moço desejou-lhe boa noite.
Acompanhado por Vilma, fechou a porta do quarto.
Josie dormiu por horas.
Quando despertou, já era de madrugada.
Espantada, Josie percebeu que estava de volta a vinícola, e que havia sido levada do carro até lá.
Compreendeu que Olavo a carregara.
Por fim, vendo que ainda estava de vestido, e que seu casaco estava em uma cadeira, Josie resolveu vestir sua camisola.
Em seguida, deitou na cama e voltou a dormir.
Quando o dia amanheceu, a moça escutou um galo.
Continuou a dormir por mais algum tempo.
Por fim, levantou-se.
Resolveu tomar um banho.
Vestiu roupas limpas e confortáveis.
Ao abrir a janela do quarto, percebeu que estava um pouco frio.
Razão pela qual vestiu uma calça, botas sem salto, blusa de lã e casaco.
Devidamente composta, saiu do quarto, dirigiu-se a cozinha, onde Vilma já preparava um café da manhã.
Olavo ainda não havia se levantado, mas foi questão de tempo para que o fizesse.
Quando chegou a cozinha para tomar o café da manhã, Olavo disse que nos próximos dias ocorreria a colheita das uvas.
Convidou a moça para participar da colheita.
Vilma, ao ouvir o convite, censurou o filho.
Argumentou que a moça estava ali para descansar, e não para trabalhar mais.
Olavo retrucou dizendo que a colheita era trabalhosa mas tinha seu lado divertido.
Josie comentou que não se importava em participar.
Otaviano, brincando, respondeu que não costumava se enganar com as pessoas e que havia percebido que ela era uma mulher que não fugia do trabalho.
Josie riu.
O moço colocou um pouco de graspa, em seu café.
Comentou que durante o dia olharia os parreirais. Enquanto comia, pediu a Josie para acompanhá-lo.
Vilma, insistindo no fato de que a moça estava de férias, recomendou-lhe que não ficasse por toda a manhã nos parreirais ou a deixaria entediada.
Olavo respondeu que ela poderia preparar uma cesta com um lauto café da manhã, e que Josie poderia ler um livro enquanto ele trabalhava.
A moça concordou.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

quinta-feira, 18 de março de 2021

A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 29

Desta feita, tempos depois, eis que surge Roberta, amiga de longa data de Josie.
A moça já fora colega de trabalho dela e de Lucineide.
Contudo, depois de se casar com Leonardo, optou por deixar de trabalhar, para acompanhar o marido, em suas viagens.
Josie e Lucineide, ao reverem a amiga depois de tanto tempo, perguntaram-lhe as novidades.
Roberta respondeu então, que seu casamento estava passando por uma crise. Confidenciou que fora infiel a Leonardo, e que havia pedido um tempo para o rapaz, a fim de colocar suas idéias no lugar.
Chorando, comentou que Leonardo descobrira a infidelidade.
Josie e Lucineide tentaram então, consolar a amiga.
Sem saber direito o que dizer, pediam para que ela se acalmasse, que tudo se ajeitaria com o tempo.
Roberta contudo, não parava de chorar. Dizia que não sabia o que iria fazer da vida, para onde ir.
Josie então, sugeriu que a moça voltasse a trabalhar na redação da revista. Comentou que conversaria com Medeiros a respeito do assunto.
Roberta agradeceu o cuidado das moças.
Mais tarde, conversando com o chefe, Josie acabou convencendo-o a recontratar a moça.
Argumentou que muito embora Roberta estivesse afastada há quase três anos, era uma boa jornalista. Profissional competente.
Medeiros concordou. Disse que a recontrataria.
Com isto, Roberta começou a trabalhar na revista.
Josie por sua vez, ficou encarregada de informá-la sobre a nova rotina de trabalho.
E assim, Roberta começou fazendo matérias sobre comportamento: como por exemplo: o hábito dos paulistas de tomarem café da manhã em refinadas padarias.
Todavia, continuava entristecida.
Aos poucos porém, Roberta, tentava se desvencilhar do desânimo e retomar sua vida.
Em dado momento, Roberta, procurando desabafar, recordou-se de quando conhecera Leonardo. Do quanto era apaixonada por ele - em que pese seu temperamento pacato.
Nítido contraste com seu jeito festeiro e descolado.
Roberta, gostava do jeito sério do moço.
Certa feita, confidenciou que Leonardo a conquistara com seu intelecto, em que pese não ser um sujeito feio.
A moça comentou que adorava o papo cabeça do rapaz, o qual falava sobre filmes mudos, conversava sobre história, filosofia, arte.
Roberta contou que ele não era fútil como a maioria dos rapazes que conhecera.
Dizia que teve muitos homens, e que gostava do momento da conquista. Confessou que se cansava rápido dos relacionamentos quando estes caiam na rotina.
Ao ouvir tais palavras, Lucineide censurou a amiga. Disse que ela devia ser mais madura.
Roberta comentou que tentou viver com o marido.
Relatou que no momento do casamento, ao entrar na igreja com um deslumbrante vestido branco, estava feliz. Acreditava que seu casamento daria certo. Estava disposta a fazer a união ser duradoura.
Radiosa, foi conduzida por seu pai até o altar, onde Leonardo, em um bonito terno branco com flor na lapela, a esperava.
A moça sorria para os convidados.
Diante do altar, tanto ela quanto o noivo juraram fidelidade recíproca.
Beijaram-se diante dos convidados.
Ao saírem da igreja, receberam uma chuva de pétalas de rosa.
Em seguida, receberam os cumprimentos do convidados.
No salão de festas, o casal dançou uma valsa juntos.
Viajaram para o Rio de Janeiro.
Roberta lembrou-se da lua-de-mel cheia de encantamento, dos lautos cafés-da-manhã com sucos variados, iogurtes, bolos diversos, tortas, pães, brioches, croissantes, frios, frutas.
Leonardo era muito atencioso.
Ocupava-se de agradar a esposa.
Levava a moça para passear pelo Pão de Açúcar – onde o casal andou de bondinho.
Lá, o casal apreciou a linda vista da Praia Vermelha, as belas praias, os bairros cariocas vistos do alto, as ilhas, e a imensidade do mar carioca.
De longe o moço lhe indicava a Praia de Copacabana, famosíssima e muito admirada.
Encantada com a paisagem, Roberta tirou inúmeras fotos.
Também foram tiradas fotos do casal apreciando a vista do local.
Leonardo levou-a também para conhecer o Corcovado, e ver de perto o Cristo Redentor.
De lá, avistaram o Jockey Clube, a Baía de Guanabara, a Ponte Rio Niterói, o mar, o relevo, as paisagens verdejantes, o Maracanã.
Fizeram uma caminhada pelo Bairro Leblon, e seus prédios luxuosos.
Passearam pelo Arpoador.
Almoçaram, e continuaram o trajeto até a Praia de Copacabana, onde se deslumbraram com o imponente prédio do Copacabana Palace.
Empolgado, Leonardo comentou que muitos diziam que o Rio dos anos cinqüentas e sessentas, foi muito mais espetacular que nos tempos atuais, em que pese o seu resistente esplendor.
Roberta concordou. Deveria ser realmente mais belo, ante a inexistência de tantas mazelas quanto hoje.
Em outro dia, passearam pelo Aterro do Flamengo.
Roberta ficou encantada com a beleza do Parque do Flamengo.
O casal passeou de mãos dadas pela Marina da Glória, onde de longe avistaram o Pão de Açúcar.
Noutro momento, conheceram a Cinelândia, seus monumentos, prédios históricos, o Teatro Municipal, a Biblioteca Nacional.
Por diversas vezes Roberta abraçou o marido e beijou-o em público.
No começo do namoro, o rapaz ficava um tanto sem jeito com o jeito despachado de Roberta. Depois porém, percebendo que a moça não mudaria, acabou aceitando seu jeito arrebatado de ser.
Afinal de contas, dizia para si mesmo, que era justamente o fato dela ser o seu oposto, que o havia atraído.
Roberto lembrou-se do jeito estudioso, do então amigo, nos tempos de faculdade.
Conheceram-se quando realizaram um trabalho em grupo.
Começaram uma amizade, e a partir daí, iniciaram o namoro.
Costumavam estudar juntos para as provas.
Roberta passou a dormir no apartamento do namorado.
Dois anos depois de formados, depois de quase três anos de namoro, o casal resolveu casar-se.
A esta altura, Roberta, que havia começado a trabalhar na revista como estagiária, prosseguia com seu trabalho.
Conversando com Lucineide e Josie, Roberta comentava que adorava a profissão de jornalista, por conta das novidades que esta lhe proporcionava. Argumentava que quando fazia as matérias, nenhum trabalho era igual ao outro.
Às vezes contudo, reclamava do namoro com Leonardo, dizendo que a relação estava morna, que tudo estava mal parado, sem graça.
Lucineide respondia que um relacionamento a dois não era um roteiro de filme. Que havia momentos bons e momentos ruins.
Roberta retorquia dizendo que não estava disposta a viver uma eterna mesmice. Comentou que rotina tornava tudo muito árido, muito chato e sem graça. Argumentava que os relacionamentos não tinham que cair na rotina.
Por três vezes a moça brigou com o namorado por conta da rotina.
Dizia a todo o momento que estava cansada daquela mesmice.
Certo dia, Leonardo perguntou-lhe se estava arrependida do namoro.
Ao ouvir isto, a moça caiu em si. Percebendo que estava se excedendo, pediu muitas desculpas ao moço. Disse-lhe que só estava cansada de não ter nenhuma novidade no relacionamento de ambos. Comentou que estava cansada do fato do moço estar sempre ocupado com seus estudos.
Ressaltou que gostava de sair, e que isto era a coisa que menos estavam fazendo ultimamente.
Leonardo, percebendo que estava negligenciando a namorada, prometeu que fariam mais passeios juntos.
E assim, Roberta e Leonardo passaram a jantar fora. De vez em quando iam ao cinema.
O moço aproveitava também, para levar a namorada para conhecer museus e teatros da cidade.
Com isto, Roberta parou de reclamar do namorado.
Tempo depois, quando Lucineide percebeu que a amiga estava mais calma, perguntou-lhe se havia acabado a chateação.
Roberta respondeu que Leonardo estava mais atencioso e menos focado em seus livros.
Lucineide então sorriu. Após, comentou:
- Agora entendo! A moça só queria um pouco de atenção! Estes homens desligados.
Josie achou graça do comentário da amiga.
Com isto depois de casada, Roberta, decidiu se afastar do trabalho.
Roberta comentou então, que os primeiros anos de casada foram especiais.
Contou que embora Leonardo estivesse focado em seu trabalho de correspondente internacional, sempre que surgia uma brecha na apertada agenda do moço, saíam para passear.
Com isto, a moça conheceu diversos lugares fascinantes mundo afora.
Já havia visitado a França. Conhecia Paris, seus monumentos: Arco do Truinfo, Torre Eifel, Champs Elyseés, os famosos cafés, os museus, as construções históricas, os famosos cemitérios. Conhecia a Cotê D’Azur – a Riviera Francesa, o Vale do Loire e seus castelos.
Deslumbrara-se com a Itália, Florença, o Vaticano.
Quanto a Veneza, Roberta respondeu que tinha o seu charme, mas que também tinha seu aspecto de cidade abandonada, com canais mal cheirosos, que não lembravam nem de longe a atmosfera romântica que lhe era característica.
A moça comentou que conhecera a Holanda que também possuí canais e tulipas. Pais de que gostara muito.
Roberta comentou que enquanto Leonardo trabalhava em lugares diversos da Europa e da Ásia, permanecia ao lado do marido. Aproveitava o tempo livre para realizar passeios pelos lugares. Também aproveitava para fazer cursos livres variados.
Quando Lucineide perguntou-lhe se ela não trabalhava, a moça comentou que de vez em quando fazia algumas matérias para algumas revistas de turismo no Brasil.
- Ah, bom! – comentou Lucineide.
Josie censurou a amiga.
Roberta por sua vez, dizendo que não se importa com os comentários maldosos de Lucineide, respondeu que de fato trabalhava pouco.
Relatou que gostava de viver a cada seis meses em uma cidade, ou mesmo em um pais diferente.
Comentou que na Inglaterra, freqüentou os famosos pubs, andava no famoso ônibus de dois andares.
A moça relatou que só não acompanhava o marido, quando ele ia trabalhar em lugares onde havia conflitos armados, ou mesmo guerras.
Surpresa, Lucineide comentou:
- O Leonardo chegou a trabalhar como correspondente de guerra?
Roberta respondeu que ele cobriu conflitos na Ásia e em países vizinhos a Rússia.
Confidenciou que sempre que o marido partia para estas missões, ficava apreensiva.
Relatou que por conta do trabalho perigoso desempenhado pelo moço, chegaram até mesmo a brigarem. A se desentenderem.
Em uma dessas brigas, o casal ficou meses separado.
Roberta contou que mesmo depois da briga, não retornou para o Brasil. Preferiu permanecer na Europa.
Foi neste momento, que conheceu André.
Enquanto viajava, passeando por lugares deslumbrantes da Europa, enquanto apreciava paisagens por trens velozes, deparou-se com o então passageiro.
Enquanto circulava pelos corredores com sua bagagem, a moça esbarrou no moço.
Desculpando-se, acabou por fazer com que ele gentilmente a ajudasse a colocar as malas em sua cabine.
Roberta ficou encantada com o relevo, a neve, a geografia, os Alpes descortinados por paisagens da Itália, Áustria, da Suíça.
Mais tarde, a moça se encaminhou para o vagão restaurante.
Lá encontrou André, que estava em outra mesa.
Roberta ao ver o moço olhando para ela, acenou-lhe.
Nisto, o moço ofereceu-lhe um capuccino.
Um tanto sem jeito, a jovem acabou aceitando o oferecimento.
Com fome, a moça pediu um lanche, o qual devorou.
Quando se levantava para voltar a sua cabine, André seguiu em sua direção e colocou a mão em seu ombro.
Imediatamente ela se virou para ele.
Nisto o moço, dizendo que ainda não havia se apresentado, respondeu que se chamava André.
A seguir, perguntou o nome da moça.
Roberta respondeu-lhe seu nome.
André elogiou-a, dizendo que Roberta era um bonito nome.
Roberta agradeceu o elogio.
Nisto, dizendo que ainda era cedo para se recolher, sugeriu que ficassem conversando.
Roberta tentou argumentar, mas André, perguntando-lhe se havia algum impedimento para que permanecessem no vagão restaurante, fez com ela se lembrasse que estava brigada com o marido.
Ainda assim, decidiu conversar um pouco com o moço.
André comentou então, que os Alpes Suíços eram deslumbrantes.
Fato este, com o qual Roberta concordou.
André respondeu que adorava viajar. Contou que já havia visitado Roma, Napoles, Paris...
Quando o moço começou a citar nomes de cidades por onde havia passado, Roberta respondeu que havia conhecido alguns desses lugares.
Comentou que morou durante algum tempo em Londres, mas depois decidiu mudar de ares.
Relatou que estava disposta a fixar residência em Portugal.
André comentou então, que depois da tournée pela Suíça, Áustria e outros países, iria voltar para a Península Ibérica.
Aproveitando o ensejo, o moço combinou de se encontrarem no país.
Quando o trem parou na estação, André levou a moça de táxi até o hotel onde ficaria hospedada.
Em seguida se dirigiu ao local onde passaria os próximos dias.
Mais tarde, o moço foi até o hotel onde deixara a moça.
Como a mesma houvesse saído, o moço deixou um cartão com o número de seu telefone, na recepção do hotel.
Quando a moça retornou ao hotel, foi informada por um funcionário da recepção que um moço havia passado por ali. Estava a sua procura. Com isto, deixou um cartão com o número de seu telefone.
Hesitante, a moça ficou observando o cartão.
Só resolveu ligar depois de muito pensar.
Com efeito, quando André recebeu a ligação da moça, mal podia acreditar.
Animado, perguntou-lhe se ela havia passeado muito.
Notando que esta era a hora de se aproximar, André sugeriu que saíssem juntos. Propôs que caminhassem pelas ruas da cidade, e mais tarde poderiam jantar em um dos restaurantes típicos.
Com isto, André e Roberta caminharam por ruas calmas, com construções germânicas, os Alpes emoldurando a paisagem. Muito frio, muita neve.
Roberta respondeu que com tanto frio, precisaria providenciar mais casacos. Argumentou que muito embora estivesse se acostumando com o tempo rigoroso da Europa, ainda sentia saudades do calor do Brasil.
Curioso, André perguntou:
- E de onde você é?
Roberta respondeu que morava em São Paulo.
André retrucou dizendo que também viera da cidade de São Paulo.
Animado, comentou que São Paulo era a economia que nunca dorme.
Curioso, perguntou-lhe o que fazia.
Roberta, desconfortável, respondeu que não gostaria de falar sobre sua vida pessoal. Contou que o passeio estava tão agradável que não sentia vontade de falar de si mesma.
Nisto, tentando desviar o foco, perguntou sobre a vida do moço.
André respondeu que era advogado.
Dizendo porém que estava insatisfeito com seu trabalho, comentou que decidiu se afastar um pouco dele. Contou divertido, que havia decidido permanecer por um ano realizando viagens. Sua intenção era conhecer a maior quantidade possível de países.
Roberta comentou que a tarefa devia ser muito divertida.
Mais tarde o casal jantou.
Sem saber o que pedir, já que o cardápio estava todo em alemão, Roberta ficou tentando decifrar o cardápio.
André então, percebendo a dificuldade da moça, sugeriu que ela pedisse o rösti.
Como Roberta não sabia que tipo de prato era, o moço explicou-lhe que se tratava de um prato feito de batatas finas fritas, misturadas com manteiga, podendo-se juntar bacon, cebolas, entre outros ingredientes.
A moça gostou da sugestão do moço.
André por sua vez, pediu uma raclette.
Para isto, perguntou para o garçom se ele entendia francês.
Como o garçom entendesse o que dizia, o moço realizou os pedidos.
Roberta espantou-se. Afinal de contas, como poderia entender o cardápio, e não conseguir se comunicar em alemão?
André respondeu-lhe que ler em alemão não era tão complicado quanto se expressar no idioma.
Roberta achou graça.
Por fim, perguntou o que ele havia pedido.
André respondeu-lhe então, que os suíços produzem um queijo especial para este prato, e que para a raclette, o mesmo é derretido e servido com batatas cozidas e pickles.
Para acompanhar as iguarias, André solicitou um vinho tinto francês.
Com efeito, quando a comida foi servida, o moço ofereceu um pouco da raclette a moça.
Roberta adorou o prato.
Mais tarde, a dupla caminhou pelas ruas tranqüilas da cidade.
Sorrindo, comentaram que o lugar parecia muito tranqüilo, um pedaço do paraíso.
André ofereceu então seu braço para a moça segurar.
Nos dias que se seguiram, André e ela passearam por diversas cidades circundadas pelos Alpes. Viajaram de trem.
Mais tarde Roberta e André seguiram para Portugal.
Roberta decidiu se estabelecer em Lisboa.
Com isto, embora tenha resistido as investidas de André durante a viagem pelos Alpes, em Portugal a situação se afigurou diferente.
Em dado momento, não resistindo ao assédio do moço, capitulou.
Desta forma, o casal iniciou um romance.
André, procurando impressionar a moça, combinou encontrarem-se no apartamento que alugara.
Nisto, providenciou flores para enfeitar o lugar, bem como escolheu belas canções para complementar a atmosfera.
Ansioso, aguardou a moça, observando a movimentação da rua pela janela.
Ao perceber a aproximação de Roberta, André se ajeitou.
Quando a moça apertou sua campainha, o moço recebeu-a com um sorriso.
Nisto, o moço estendeu-lhe o braço, sinalizando para que ela entrasse.
Roberta riu do gesto cerimonioso. Em seguida, adentrou a sala.
Atenta, observou o ambiente enfeitado de flores e música.
Tudo criava uma atmosfera envolvente.
André então convidou-a para sentar.
Ofereceu-lhe vinho.
No que Roberta gentilmente recusou o oferecimento.
André por sua vez, serviu-se de um cálice de vinho.
A seguir, sentou-se ao lado da moça.
Perguntou-lhe como estava.
Roberta respondeu então, que estava bem.
Comentou que estava procurando trabalho, posto que não poderia ficar a viver de brisa.
André, percebendo isto, perguntou:
- Desculpe-me por estar sendo invasivo, mas qual era o seu trabalho?
Roberta respondeu-lhe que era jornalista.
Ao ouvir isto, o jovem comentou que havia um amigo dos tempos de escola, que se tornara jornalista e trabalhava em Portugal.
Desta forma, tencionando ser prestativo, o moço respondeu que poderia sugerir seu nome para o amigo.
Roberta agradeceu a gentileza.
André disse então que contataria o amigo nos próximos dias.
Nisto, tentando descontrair o ambiente, brincou dizendo:
- Agora que os problemas financeiros se acabaram, podemos nos ocupar de coisas mais agradáveis!
Enquanto dizia estas palavras, aproveitava para segurar a mão da moça.
Olhando-a nos olhos, colocou uma das mãos em seu rosto.
A seguir, beijou-a.
Roberta correspondeu a investida, colocando as mãos nos ombros do rapaz.
Nisto, André abraçou a moça.
Sorrindo, ofereceu-lhe novamente uma bebida.
Com isto, a certa altura, a moça bebeu um pouco de vinho.
Conversando, André recomendou-lhe que não se preocupasse mais com a falta de trabalho. Prometeu contatar seu amigo.
Nisto, o moço convidou-a para dançar.
André então, sem esperar que Roberta dissesse alguma coisa, segurou-a pelo braço, e puxou-a para junto de si.
E assim, dançaram. Juntinhos.
Aproveitando a ocasião, o rapaz aproveitava para lhe dizer gracejos.
Roberta ria.
André brincando, perguntou-lhe onde estava que não apareceu antes. Onde estava se escondendo?
O moço então, beijou a moça novamente.
Enquanto se abraçavam e se beijavam, André conduziu Roberta para o quarto.
Delicadamente o moço pousou o corpo da jovem em sua cama.
André então começou a despir-se.
Tirou os sapatos, a camisa, calça.
Em seguida aproximou-se da moça, auxiliando-a a despir de suas roupas.
Dormiram juntos.
Ao fim da longa noite, ao despertar, Roberta levantou-se da cama.
Começou a se vestir.
Vestiu sua blusa, calça, calçou seus sapatos...
André continuava a dormir.
Com isto, ao encontrar um bloco de notas, Roberta escreveu um recado para o moço.
Dobrou-o, deixando o bilhete ao lado da cama, onde o moço dormia.
Discretamente, a jovem retirou-se do quarto.
Roberta fechou a porta do aposento.
Voltou para seu apartamento.
Ao chegar em sua morada, a moça preparou um lanche e começou a folhear um jornal. Começou a circular classificados onde eram ofertadas vagas para trabalhar em escritórios, redações em revistas, etc.
Estava preocupada com a demora em encontrar trabalho.
Com efeito, quando André despertou, ao notar que ela não estava ao seu lado na cama, reparou na existência de um pedaço de papel dobrado.
Diante disto, abriu-o.
Por fora, estava grafado o seu nome.
Leu o conteúdo.
No breve recado, a moça dizia que havia adorado a noite que passaram juntos, mas que a vida não esperava e que ela tinha que cuidar de seu futuro. Desculpando-se pela saída inesperada, prometeu que assim que pudessem, voltariam a se encontrar.
André surpreendeu-se com a atitude da moça.
Não esperava que ela saísse inesperadamente de seu apartamento.
André sentou-se então em uma cadeira.
Tencionou ligar para o apartamento da moça.
Contudo, pensando que Roberta poderia querer ficar algum tempo sozinha, titubeou.
Roberta passou parte da manhã e parte da tarde procurando trabalho.
Porém, para sua decepção não conseguiu encontrar emprego.
Desanimada, voltou para casa.
André por sua vez, contatou o amigo.
Conversando com o mesmo, comentou que havia encontrado uma pessoa muito interessante, e que ela estava precisando de um emprego.
Cassiano, perguntou-lhe sobre a profissão da moça.
André respondeu-lhe que ela era jornalista. Chamava-se Roberta, e era brasileira.
- Brasileira? Que interessante!
O moço respondeu a Cassiano que já fazia algum tempo que a moça estava procurando emprego em Lisboa, mas não vinha obtendo êxito.
Cassiano respondeu que fazia muito tempo que não retornava ao país. Reclamou do fato do amigo ter demorado tanto para retomar contato.
André desculpou-se dizendo que estivera em falta. Argumentou que o trabalho consumia tanto o seu tempo, que nos últimos meses mal tinha tempo para lembrar de si mesmo.
Cassiano rindo, comentou que ele jamais poderia se tornar escravo de seu trabalho. Disse que isto era nefasto e fatal. E a vida, como ficava? Indagou.
André concordou. Comentou que fora por isto mesmo que decidiu se afastar por um ano de seu trabalho, e conhecer a maior quantidade possível de países da Europa.
Cassiano considerou a idéia original e encantadora. Relatou que era uma boa desculpa para se conhecer lugares e pessoas interessantes.
Sorrindo, André concordou.
Com isto, Cassiano combinou com o amigo de agendar uma entrevista com a moça. Disse-lhe que assim que conversasse com ela, poderia pedir para que ela entrasse em contato com ele.
André agradeceu a gentileza do amigo. Relatou que se quando precisasse de alguma coisa poderia contar com ele.
Cassiano respondeu então, que não estava fazendo isto vislumbrando uma vantagem futura.
André retorquiu dizendo que não esperava menos do amigo.
Os rapazes riram.
Mais tarde, André ligou para Roberta.
Convidou-a para jantar.
Desanimada, a moça argumentou que estava cansada.
O moço, percebendo isto, insistiu para que ela jantasse com ele.
Comentou que precisavam conversar. Argumentou que se ela preferisse, poderia providenciar algo para comer. Assim, não teriam que ir a um restaurante.
Insistiu dizendo que dentro de meia-hora passaria em seu prédio para buscá-la.
Roberta concordou.
Nisto, a moça tomou um banho. Colocou um vestido e botas.
Quando o jovem chegou de carro em frente ao apartamento de Roberta, interfonou para seu apartamento, avisando que havia chegado.
Roberta, ao atender o interfone, pediu ao porteiro que deixasse o moço entrar.
André não esperou ser chamado duas vezes. Dirigiu-se ao apartamento da jovem.
Quando Roberta abriu a porta do apartamento, o moço percebeu o ar de preocupação dela.
Aflito, perguntou:
- Mas o que está havendo?
Tensa, Roberta respondeu que não estava com vontade de sair.
André, ao notar que a moça estava toda arrumada, insistiu para que ela lhe dissesse o que estava acontecendo.
A moça, sem jeito, respondeu:
- É que eu fiquei praticamente o dia inteiro procurando trabalho. Gastei sola de sapato e nada de encontrar! Estou ficando preocupada, minhas reservas não vão durar muito!
- Oh Meu Deus! – respondeu o moço, segurando o rosto dela – Eu já não te disse que iria conversar com aquele meu amigo? Pois bem, ele concordou em agendar uma entrevista com você. É só pegar o telefone e agendar.
Roberta perguntou surpresa:
- É mesmo?
- Sim, sua boba. Não precisa se preocupar. Eu tenho certeza que dará certo!
Nisto abraçou a moça.
Insistindo para que Roberta fosse até seu apartamento, André comentou que um jantar delicioso esperava por eles, e que já estava perdendo tempo demais com indecisões.
Ao ver o sorriso de André, a moça concordou.
Com isto, Roberta acompanhou o homem até a portaria do prédio.
André abriu a porta do carro para ela.
Quando a jovem saiu do carro, André novamente abriu a porta do carro para ela.
Segurou sua mão, conduziu-a até seu apartamento.
Chegando lá, perguntou-lhe se queria beber alguma coisa.
Roberta respondeu que preferia jantar.
André, ao perceber que a moça estava com fome, perguntou:
- Está com fome, não é?
Roberta balançou a cabeça afirmativamente.
Brincando, disse:
- Ô dó! Eu prometo que a comida ficará pronta em dez minutos.
Roberta pareceu-lhe impaciente.
André ofereceu-lhe um pouco de torradas com manteiga e orégano.
Recomendou-lhe apenas que não comesse muito, ou perderia a fome no jantar.
Roberta por sua vez, comeu algumas torradas.
Nisto, quando o jantar finalmente foi servido, André colocou no prato da moça, arroz, feijão, carne, salada e legumes.
Para acompanhar, suco de laranja.
Roberta colocou arroz, feijão, carne e legumes em seu garfo.
Levou a comida até a boca. Mastigou-a.
Ansioso, André perguntou:
- Está bom?
Roberta respondeu afirmativamente.
- Deixa eu ver se isto é verdade! – respondeu André sorrindo.
Nisto, provou a comida.
Brincando, comentou:
- Bom? Meu Deus! Você deve estar realmente com fome!
Roberta retrucou dizendo que a comida estava boa mesmo.
- Eu sei! Fui eu que fiz! Estava só brincando.
André pegou um pouco da comida que havia em seu prato, colocou-a no garfo e ofereceu para a moça.
Roberta serviu-se do conteúdo do garfo.
Jantaram.
De sobremesa, André ofereceu mousse de limão, que Roberta comeu elogiando.
Por fim, perguntou ao moço se fora ele quem realmente cozinhara.
No que André retrucou:
- Então você acha que eu mandei alguém preparar o jantar para mim, apenas para ganhar os louros? É óbvio que não! Eu sei cozinhar sim! E modéstia parte, melhor do que muitas mulheres.
Roberta concordou. Sim, ele cozinhava muito bem. Comentou por sua vez, que não sabia fritar nem um ovo.
Nisto, o moço respondeu que se ela se casasse com ele, não passaria apuros.
Roberta, ao ouvir a palavra casamento, expressou desagrado.
Ao notar isto, André perguntou:
- Algum problema?
Roberta desconversou.
Dizendo que apenas não pensava em se casar, desconversou.
André então, respondeu então que estava apenas brincando.
A moça tranqüilizou-se.
Conduzindo-a pela mão, o moço convidou-a para se sentar no sofá.
Recostando a cabeça da mulher em seu ombro, André recomendou-lhe que não se preocupasse com emprego, pois estava certo de que tudo conseguiria o emprego, após a entrevista com Cassiano.
Nisto, o moço passou o telefone do amigo.
Roberta colocou o pedaço de papel dentro de sua bolsa.
André segurou então a moça nos braços.
Cobriu-a de beijos.
Dormiram juntos novamente.
Ao despertar, a moça vestiu-se.
Antes de sair, beijou a fronte do moço.
André, ao sentir o toque dos lábios da jovem, dormindo que estava, sorriu.
Em seguida, despertou.
Ao notar que Roberta estava pronta para sair, segurou-a pelo braço.
Pedindo para que ela ficasse, o moço fez com ela perdesse o equilíbrio, caindo na cama.
André, pressionou-a contra ele.
Roberta, então, dizendo que precisava contatar Cassiano, argumentou que precisava voltar para casa.
O moço respondeu-lhe, que ela poderia utilizar o seu telefone.
A mulher sorriu.
Disse que precisava sair. Tinha compromissos.
André, percebendo que não tinha argumentos para retê-la, disse:
- Tudo bem. Eu me rendo! Mas não pense que você conseguirá se livrar assim tão fácil de mim!
Roberta beijou-o, e dizendo que mais tarde ligaria para ele, saiu do quarto.
André esticou-se na cama.
Espreguiçou-se.
Estava feliz.
Com isto, Roberta, ao chegar em seu apartamento, atirou-se no sofá.
Mais tarde, tomou um banho.
Depois, contatou o amigo de André.
Roberta identificou-se.
Cassiano combinou com a moça, que a entrevista estava marcada para dali a três dias.
Durante estes dias, André se encarregou de distrair a moça.
Saíram para jantar.
Visitaram museus, igrejas, praças, ruas estreitas.
Ao caminharem pela Ponte Vinte e Cinco de Abril, o casal admirou o Tejo.
Passearam pelo Porto.
Apreciaram um concerto no Coliseu dos Recreios.
Assistiram também, uma apresentação de fado acompanhada de guitarra portuguesa.
Conheceram museus.
Ao término de três dias, Roberta estava mais do que ansiosa.
Quando a moça se dirigiu ao endereço onde seria realizada a entrevista de emprego, vestia uma calça social e blaser.
André lhe dera uma carona até a redação onde seu amigo Cassiano trabalhava.
Atencioso, auxiliou a moça a descer do carro, abriu a porta para ela.
Por fim, desejou-lhe sorte.
Roberta agradeceu-lhe pela oportunidade.
André respondeu que não fora nada.
Com isto, a moça adentrou o local.
Estava mais do que ansiosa.
Por esta razão, os quinze minutos em que aguardou na sala de espera, lhe pareceram uma eternidade.
Nervosa, balançava a perna, mexia as mãos.
Quando finalmente Cassiano chamou-a, Roberta estava um pouco mais calma.
Cassiano perguntou-lhe se estava tudo bem.
Roberta respondeu que sim.
Nisto, Cassiano perguntou-lhe de suas experiências profissionais.
A moça explicou então, que era formada em jornalismo. Que começara como estagiária na redação de uma revista. Época em que passou a conhecer o meandro da profissão. Com isto, ao se formar, foi efetivada. Com isto, continuou a trabalhar na redação.
Argumentou que trabalhou durante longo tempo no local. Realizou matérias sobre comportamento.
Até que decidiu se afastar.
Cassiano perguntou o porquê do afastamento.
Roberta ficou tensa.
Nisto, pesando suas palavras, disse-lhe que sentiu necessidade de adquirir novos conhecimentos, para aperfeiçoar o seu trabalho. Sentia necessidade de conhecimento prático de outras realidades. Desta forma, decidiu realizar uma longa viagem. Sentia vontade conhecer o velho continente – a Europa.
Ressaltou que viajou para diversos países, e que realizou alguns trabalhos como free lancer.
Comentou também, que sentia necessidade de aplicar o conhecimento que havia adquirido, em um novo trabalho.
Cassiano ouvia a tudo interessado.
Desta feita, ao término da entrevista, o moço decidiu comunicar sua decisão.
Roberta por sua vez, ficou novamente tensa.
Porém, tentando disfarçar, aproximou as mãos, enquanto tentava demonstrar tranqüilidade.
Cassiano então, após alguns minutos de suspense, disse:
- Está contratada!
Surpresa, a moça agradeceu.
Cassiano cumprimentou-a.
Por fim, a moça saiu da sala.
Mais tarde, ela e André saíram para comemorar o novo emprego.
André parabenizou-a pela conquista.
Foram jantar em um restaurante.
Lá, Roberta comentou então um pouco mais sobre a entrevista. Contou também sobre suas experiências profissionais.
A certa altura, André comentou:
- Até que enfim eu fiquei sabendo um pouco mais sobre você!
Ao ouvir isto, a moça ficou sem jeito.
André, percebendo isto, perguntou-lhe se estava tudo bem.
Roberta, visivelmente incomodada, respondeu que haviam coisas em sua vida que não poderia contar para ninguém. Não naquele momento.
André ficou surpreso.
Roberta disse-lhe então, que entenderia se ele quisesse terminar o relacionamento com ela.
Sorrindo, André argumentou que isto não era motivo suficiente para terminar o namoro.
- Namoro? – perguntou Roberta surpresa.
- Sim! Namoro. – redargüiu o rapaz – Alguma coisa contra?
Roberta respondeu espantada que não.
Nervosa disse-lhe que assim que pudesse, contaria o que a fez querer retomar o seu trabalho.
Argumentou que não o fazia agora porque não queria estragar tão belo momento com preocupações e detalhes desnecessários.
André concordou.
Comentou que o momento era bonito demais para isto.
Beijou as mãos da moça.
Roberta ficou tocada com o gesto.
O casal bebeu vinho do porto.
Ao término do jantar, caminharam pelas ruas de Lisboa.
Visitaram o Palácio de Belém – sede oficial do presidente de Portugal.
No almoço, se deliciaram com uma deliciosa bacalhoada.
Visitaram os Jardins de Lisboa.
Roberta começou a trabalhar na redação da revista.
Começou a fazer matérias sobre comportamento.
Para isto, visitava lugares históricos, turísticos, culturais.
Cassiano fazia questão de elogiar seu trabalho.
A moça estava feliz.
Finalmente havia conquistado sua independência. Podia dormir tranqüila.
Seu relacionamento com André também a fazia feliz.
Neste momento, a única coisa que a incomodava, era o fato de não haver contado ao moço sobre seu estado civil.
Certo dia, quando o moço comentou sobre seu interesse em se casar, Roberta, ficou incomodada.
André, que a abraçava, ficou surpreso quando a moça se esquivou dele.
Perplexo, perguntou o que estava acontecendo.
A moça, percebendo que não poderia esconder por muito mais tempo a verdade, confessou ao moço que não poderia se casar.
- Mas por que não? Por que você não quer se casar? – perguntou um André atônito.
Nervosa, Roberta respondeu:
- Não é questão de não querer. Eu simplesmente não posso me casar com você.
Hesitante, a moça não teve outra alternativa senão confessar:
- Eu já sou casada.
André começou a rir.
Custou a acreditar que nas palavras da moça. Por um momento acreditou que se tratava de uma brincadeira.
Quando Roberta afirmou que não estava brincando, André ficou sem saber como agir.
Ao refletir sobre as palavras da moça, o rapaz ficou decepcionado.
Disse a jovem que ela o enganara.
Roberta ficou arrasada.
Aborrecido, André pediu para que ela fosse embora.
A moça pegou sua bolsa, e partiu.
Triste, ao chegar em sua casa, Roberta deitou-se no sofá de sua sala, onde ficou pensando em tudo o que havia dito.
Preocupada, a moça pediu para a secretaria de Cassiano para que agendasse um horário para conversar com ele.
Enquanto isto, continuou a executar o seu trabalho.
Realizava matérias sobre pontos turísticos de Lisboa. Conversava com pessoas, passeava por museus, pelo porto, pelo Tejo.
Na redação, redigia as reportagens. Ouvia as gravações feitas.
Conversava com o fotografo que a acompanhava, e comentava sobre as fotos realizadas. Perguntava quais comporiam a matéria.
Quando finalmente conseguiu falar com Cassiano, Roberta contou-lhe que omitira uma informação a seu respeito. Mencionou que seu estado civil era casada.
Constrangida, comentou que se ele quisesse rescindir o contrato de trabalho dispensando-a, poderia fazê-lo livremente. Não iria se opor.
Cassiano, pareceu surpreso.
Disse-lhe claramente que não sabia o que pensar.
Roberta entendeu seu situação.
Por esta razão respondeu-lhe que sairia da sala e assim que ele tivesse uma posição, poderia chamá-la para uma nova conversa.
Desculpou-se, retirando-se da sala.
Nisto, embora um pouco desconcentrada, Roberta continuou executando seu trabalho.
No dia seguinte, Cassiano chamou-a para conversar.
Tensa, Roberta escutou tudo o que o homem tinha a dizer.
Cassiano comentou que depois de conversarem, verificou a documentação que apresentara no RH. Notou que na documentação apresentada, constava a informação de que era casada.
Exibiu os papéis.
Curioso o moço perguntou-lhe por que somente agora mencionara o fato?
Roberta respondeu que estava há alguns meses separada de seu marido. Argumentou que desta vez as coisas eram definitivas. Não tinha a intenção de voltar a conviver com Leonardo.
Respondeu que este era o nome do marido.
Curioso, Cassiano perguntou se André sabia do fato e o que ele pensava sobre isto.
Roberta respondeu o moço sabia sim, e que provavelmente por esta razão, não a perdoaria pelo fato.
Cassiano, percebendo o constrangimento e o ar triste de Roberta, comentou:
- Em que situação você se meteu, hein garota?
- Eu sei. – respondeu a jovem.
Cassiano, percebendo o ar de pesar da moça, emendou:
- Não se preocupe! Se eu conheço bem meu amigo, ele vai acabar entendendo. Vai demorar um pouco, mas ele acabará entendendo.
Roberta respondeu então, que não conseguira explicar sua situação, e que André pensava ser seu amante, e não que ela estava separada de seu marido.
Cassiano penalizado, respondeu a moça, que ela não precisava se preocupar com seu emprego. Ressaltou ainda, que conversaria com André, e explicaria sua situação.
O homem pediu apenas para que ela fosse honesta com seu amigo. Perguntou-lhe se ela estava realmente interessada em ter uma relação séria com André.
Roberta respondeu que sim, muito embora não pudesse exigir este tipo de sacrifício do moço.
Comentou que ela ainda não estava separada do marido, e que não sabia como contar a Leonardo sobre sua decisão.
Cassiano, segurando sua mão, prometeu que conversaria com o amigo, mas insistiu para que ela contatasse Leonardo e comunicasse sua decisão de se separar.
Roberta concordou.
Nisto, Cassiano marcou uma conversa com o amigo.
Mais tarde, Cassiano foi até a casa de André.
Ao chegar lá, foi recebido por um rapaz apático, usando um roupão e amuado em um canto.
Cassiano espantou-se ao encontrar o amigo tão desanimado.
Ao ver-lhe entregue ao desânimo, Cassiano perguntou-lhe o que estava acontecendo.
André contou-lhe sobre Roberta, os momentos felizes que viveram juntos. Destacou o fato da moça ser casada.
Irritado, comentou que ela o enganara. Confessou que se sentia um tolo por isto.
Cassiano, relatou-lhe que Roberta lhe contara o fato.
Nisto, o rapaz relatou ao amigo, que a moça estava há meses separada do marido, e que não tinha a intenção de reatar com o tal Leonardo.
- Leonardo? Então este é o nome do marido? – perguntou André.
- Sim este é o nome do sujeito. Roberta comprometeu-se a contatá-lo e comunicar o interesse em se separar.
André resistiu a idéia.
Custava a acreditar que Roberta estava sendo sincera.
Cassiano, percebendo o temor do amigo, comentou que a moça não parecia estar fingindo.
Argumentou que ela estava disposta a enfrentar os fatos.
Confidenciou que ela colocara o emprego à disposição. Confessou-lhe toda a verdade.
Relatou que Roberta fora corajosa lhe contando toda a verdade. Ressalvou que ela não tinha obrigação nenhuma de se expor.
Cassiano confessou que ficou admirado com a atitude da moça. Considerou-a digna.
André, porém, continuava relutante.
Cassiano precisou convidar o rapaz para sair, para fazer com que André saísse de casa.
Roberta por sua vez, tentava contatar Leonardo.
Todavia, em que pese este fato, não vinha obtendo êxito.
Em um dos contatos telefônicos realizados, a secretária informou-lhe que Leonardo se encontrava realizando trabalho de correspondente internacional na Ásia.
Roberta disse-lhe que estava tentando contatá-lo por celular, mas não vinha obtendo êxito. Argumentou se ela não poderia lhe informar um telefone para contato.
A mulher do outro lado da linha, respondeu-lhe que não.
Roberta agradeceu.
Desligou desapontada.
Nisto, enquanto tentava contatar Leonardo, a moça se ocupava de seu trabalho.
André por sua vez, conversava com Cassiano.
Passados alguns dias, o moço passou a sair de casa, passear pela cidade.
Em dado momento, chegou a comentar com o amigo, que pensava em passear por outras cidades do país e depois visitar outros países da Europa e retornar ao Brasil.
Cassiano ao ouvir isto, aconselhou o amigo a pensar.
André respondeu que pensaria.
Caminhando pelas ruas de Lisboa, André encontrou Roberta, que fazia uma matéria em um dos muitos museus da cidade.
Ao ver a moça se aproximando, o rapaz ficou paralisado.
Roberta, entretida com seu trabalho, demorou para notar a presença de André.
O homem ficou observando-a entrevistar alguns visitantes do museu.
Enquanto a moça realizava a matéria, um fotografo escolhia os melhores ângulos para fotografar.
Quando terminou a entrevista, Roberta percebeu que André a observava.
Espantou-se.
Sem saber o que dizer, ficou olhando para o rapaz.
Nisto, André perguntou-lhe se ela continuava trabalhando com Cassiano.
Roberta respondeu que sim.
Irônico, o moço perguntou-lhe do marido.
Roberta ficou perplexa.
- Leonardo o seu nome, não é? – insistiu André.
Ao ouvir a pergunta proferida em tom agressivo, a moça pediu para André se calar.
Como o rapaz insistisse em discutir, a jovem respondeu que estava ali a trabalho e não para conversar.
Assim, virou-lhe as costas e seguida do fotografo, caminhou pelas dependências do museu.
Irritado, André passou a seguir os passos da dupla.
Roberta prosseguiu com seu trabalho.
Conversou com mais alguns visitantes. Entrevistou-os.
Perguntou-lhe se estavam gostando do passeio, quais os trajes mais lhe agradaram.
Foram tiradas fotos de alguns trajes – devidamente autorizadas por um funcionário.
Quando terminaram o trabalho, Roberta e o fotografo saíram das dependências do Museu Nacional do Traje.
Como André se afastara, a mulher pensou que ele havia desistido de segui-los.
Por fim, a jovem se despediu do fotografo. Disse que ficaria mais algum tempo no museu. Observaria com detalhes alguns trajes, e faria a matéria. Respondeu que dali a duas horas, estaria de volta a redação.
Nisto, a moça passou a observar trajes e acessórios pertencentes a família real, bonecas, brinquedos diversos, acessórios da indústria têxtil.
Estava entretida.
Tanto que não percebeu a aproximação de um jovem.
Era André, que lhe perguntou se estava gostando de conhecer um pouco sobre a cultura de um dos povos que formou o Brasil.
Quando Roberta virou-se para observar o moço, André perguntou-lhe se estava gostando de trabalhar com Cassiano.
A moça respondeu que sim. Acrescentou ele era uma pessoa ótima.
André concordou. Emendou dizendo que não merecia ser enganado.
Roberta se enervou.
Dizendo que não enganara ninguém, respondeu que sua relação com Cassiano era estritamente profissional, e que não passava suas tardes caçando homens.
O moço riu.
A jovem se afastou.
André então, percebendo que Roberta se ofendera e que não aceitaria provocações, resolveu ir ao seu encontro.
Enquanto a moça se dirigia a outro ambiente do museu, André resolveu ir ao seu encontro.
Roberta, ao perceber a aproximação, exigiu que ele se afastasse. Argumentou que ele não precisava acreditar em suas palavras, e que se não tinha um bom conceito dela, não deveria nem se aproximar.
André, percebendo que exagerara, pediu-lhe desculpas. Disse que se sentira enciumado com os cuidados que Cassiano vinha lhe dispensando.
Roberta surpreendeu-se com as palavras do moço.
André por sua vez, prosseguiu o relato.
Disse que ficara muito chateado em saber depois de meses de namoro, que a moça era casada. Confessou que se sentiu traído. Por algum tempo, ficou pensando que ela o havia usado como uma distração.
Roberta comentou que não tivera coragem de dizer a verdade, por que temia que ao contar que era casada, ele se afastasse. Ressaltou que era casada apenas no papel e que fazia meses que não via o marido. Argumentou que estava tentando contatá-lo para definir sua situação jurídica.
André, ao ouvir estas palavras, respondeu que Cassiano lhe havia informado sobre os fatos.
Roberta pediu-lhe desculpas.
Dizendo que não tivera a intenção de magoá-lo, comentou que não omitira o fato por maldade, e sim por falta de coragem em falar a verdade.
André a desculpou.
Mencionou que acreditava em sua honestidade.
Nisto, o casal aproximou-se.
Abraçaram-se.
E assim, Roberta e André continuaram a observar o acervo do museu.
Desta feita, ao saírem do local, Roberta, argumentando que precisava retornar a redação, comentou que mais tarde, poderiam conversar à vontade.
André insistiu para que ela fosse com ele a seu apartamento.
Roberta porém, retrucou dizendo que precisava retornar ao trabalho.
Com isto, sugeriu que ele poderia escolher um lugar para jantarem.
André concordou.
E assim, Roberta voltou a redação da revista onde trabalhava.
Passou toda a tarde trabalhando na redação da matéria que realizara durante a manhã.
André por sua vez, voltou feliz ao seu apartamento.
Ficou pensando no que preparar para o jantar com Roberta.
Cuidadoso, providenciou flores para enfeitar toda a casa.
Escolheu CD’s com músicas brasileiras.
Quando Cassiano soube por seu funcionário que Roberta encontrara André, foi conversar com a moça.
Ao ver-lhe, notou que a jovem estava com um ar levemente distraído.
Indiscreto, Cassiano perguntou se estava tudo bem.
Roberta respondeu que sim. Comentou que iria se encontrar com André.
Cassiano desejou-lhe sorte.
Ao término do expediente a moça dirigiu-se ao seu apartamento onde tomou um banho.
Quando saía do chuveiro e se enrolava em uma toalha, escutou seu celular tocar.
Ao atender a ligação, Roberta respondeu que acabara de sair do banho.
André comentou malicioso que achava uma pena não estar em seu apartamento para ajudá-la a se vestir.
Uma pena mesmo. Dizia.
Por fim, comentou que ela se arrumasse o mais depressa possível, pois iria buscá-la.
Roberta respondeu que não havia necessidade de buscá-la. Respondeu que poderia perfeitamente pegar um táxi.
André concordou. Argumentou porém, que pagaria a corrida.
Roberta concordou. Prometeu que no máximo em quarenta minutos estaria em seu apartamento.
Nisto, o casal se despediu.
A moça então, decidiu vestir, uma roupa leve.
Um vestido de alças estampado, com uma sandália de salto.
Enquanto se vestia, chamou um táxi.
E assim, cerca de cinqüenta minutos depois, estava apertando a campainha do apartamento do moço.
Quando André a atendeu, comentou:
- Você prometeu que chegaria em no máximo, quarenta minutos, mas demorou quase uma hora para chegar.
Roberta, pedindo desculpas, respondeu que enfrentou um pouco de trânsito para chegar lá.
André respondeu desconfiado, que imaginava o que a atrasara.
A moça riu.
André convidou-a para sentar. Ofereceu-lhe um guaraná.
Por fim, comentou que havia preparado um jantar para eles.
Em questão de minutos, o moço ofereceu-lhe conchiglione.
Roberta foi servida por André.
Ao saborear a iguaria, comentou que estava delicioso.
André envaidecido, respondeu que recheara o macarrão com catupiry.
Comentou fazendo charme, que tivera trabalho em encontrar o queijo.
Sugeriu uma recompensa.
Roberta beijou-lhe o rosto.
André disse que era pouco.
A jovem beijou-lhe os lábios.
Abraçaram-se.
Sorrindo, André confidenciou que estava aguardando por aquele momento já há algum tempo.
Beijaram-se novamente.
No dia seguinte, André levantou-se da cama.
Velou por alguns minutos pelo sono de Roberta, que dormia em sua cama.
Decidiu preparar um café da manhã para ela.
Em uma bandeja, colocou leite, café, suco de laranja, pão, algumas frutas, frios. Para enfeitar, pegou algumas flores e colocou na bandeja.
Ao retornar ao quarto, percebendo que a moça ainda dormia, o moço pegou uma gérbera e depois de depositar a bandeja em um sofá, começou a acariciar o rosto da jovem com a flor.
Roberta que dormia, despertou languidamente. Espreguiçou-se.
Brincando, André disse-lhe:
- Acorda Bela Adormecida! O café está pronto.
Roberta sentou-se na cama.
André ofereceu-lhe café.
Roberta aceitou o suco de laranja.
André ofereceu-lhe pão, e a moça se serviu de frios.
Enquanto a jovem se servia da refeição, o moço lhe perguntava se a refeição estava boa.
Roberta rindo, respondia que sim.
Como a moça não teria que trabalhar em pleno sábado, André a convidou para um passeio pela cidade.
E assim seguiram-se os dias de idílio do casal.
Nisto, Leonardo, que ficara meses trabalhando como correspondente internacional, resolveu retornar a Europa.
Ao tomar conhecimento de que Roberta o havia procurado, decidiu ir a procura da mulher.
Como sua secretária não soubesse onde ela estava exatamente, ficou ansioso por um retorno.
Roberta contudo, não retornou.
Por fim, ao saber que a moça se encontrava em Lisboa, Leonardo decidiu se dirigir até o local.
Certo dia, passeando pelos jardins e museus da cidade portuguesa, o homem tivera a impressão de ver Roberta.
Razão pela qual resolveu seguir a moça.
Acompanhou-a por jardins e por um museu.
Qual não foi sua surpresa, ao ver a esposa, conversando com um rapaz.
Discreto, resolveu seguir a dupla à distância.
Atento, seguiu a esposa, até o prédio onde André morava.
Porém, como não tinha autorização para entrar no condomínio, teve que encerrar momentaneamente sua busca.
No dia seguinte, no entanto, ficou a aguardar o rapaz sair do prédio.
Leonardo ficou perplexo ao ver que André saíra acompanhado de Roberta.
Indignado, o homem não se conteve.
Ao ver o casal abraçado, Leonardo gritou dizendo que Roberta era muito rápida.
A moça ao ouvir aquela voz conhecida, virou-se para ver quem era o autor da agressiva frase.
Com efeito, ao ver Leonardo diante de si, a jovem ficou pálida.
Roberta não esperava encontrar o moço daquela maneira. Não sabia o que dizer.
Atônita, ouviu o rapaz dizer-lhe uma série de impropérios.
No que foi defendida por André.
André, disse que eles estavam separados há tempos, e que ela tinha o direito de reconstruir sua vida.
Leonardo riu. Como reconstruir a vida se ainda era casada com ele?
André, percebendo que curiosos paravam para ver a cena, sugeriu ao moço, para subir com ele e Roberta para seu apartamento. Argumentou que ali, não era o local apropriado para discutir qualquer situação.
Leonardo respondeu que não estava disposto a trocar mais uma palavra com Roberta, quanto mais ficar no mesmo ambiente que eles.
André insistiu. Disse que eles precisavam conversar.
Leonardo por fim, concordou.
Nisto, o trio subiu para o apartamento de André.
Lá Leonardo respondeu que Roberta não tinha o direito de traí-lo.
Nervoso, André retrucou dizendo que não houve traição, tendo em vista que eles estavam separados.
- Separados apenas por causa de uma briguinha. Não separados juridicamente. Na forma da lei. – retorquiu irritado, Leonardo.
- Ah tá! Então Roberta tenta fazer inúmeras ligações para você, sem obter retorno ... Ah, me esqueci de dizer sobre o tempo em que estão separados ... Sem contar o fato de um não saber o paradeiro do outro. – respondeu André.
- Não é bem assim!
Roberta, percebendo que aquela conversa não chegaria a lugar algum, disse:
- Vocês falam de mim, como se eu não estivesse aqui! E a mim, ninguém vai me dar a palavra?
Leonardo com isto, pediu-lhe explicações sobre o fato dela estar envolvida com André.
Roberta respondeu-lhe então, que estava apaixonada pelo moço.
Ao ouvir isto, Leonardo ficou desapontado. Questionou o fato de em tão pouco tempo a moça estar tão apaixonada por outro homem. Comentou que as coisas aconteciam de forma muito rápida para ela.
Ao ouvir estas palavras, a moça se ofendeu.
Dizendo que as coisas se encaminharam desta forma, ressalvou que ele também contribuíra para a separação. Respondeu que tentou contatá-lo para informar-lhe os fatos, mas não obteve êxito em seu desiderato.
Leonardo, recordando-se dos recados deixados por sua secretária, respondeu decepcionado:
- Então era para isto, que você estava tentando me contatar?
Arrasado, o moço sentou-se no sofá.
Ficou algum tempo olhando para o chão.
Depois ficou a observar o casal.
Roberta estava ao lado de André.
Leonardo disse-lhes amargurado:
- Então é isto? Uma coisa tão bonita, que durou anos, acaba desta forma? E eu que pensei que esta separação não fosse definitiva. Assim como não foram as outras.
Nisto, Leonardo olhou para André.
- Pois bem! Sejam felizes. Só tome cuidado com esta moça. Roberta é espoleta. Da mesma forma que ela me trocou como uma trouxa de roupa suja, ele pode fazer o mesmo com você. Nunca se sabe.
Ao ouvir isto, André avançou contra o moço.
Roberta tentou impedi-lo, mas não conseguiu.
André então, para rebater as palavras do rapaz, disse que ao contrário dele, não a abandonaria como ele o fez.
O moço argumentou que o fracasso de uma relação amorosa, nunca era culpa de apenas uma das partes. Quando o relacionamento fracassava, todos tem uma parcela de culpa.
Leonardo fuzilou-o com os olhos.
Levantou-se e dirigiu-se a porta do apartamento.
Nisto, André, usando de fina ironia, disse:
- Quando nos casarmos, mandaremos o convite para você!
Leonardo voltou-se para o casal e respondeu:
- Isto, se eu concordar com o divórcio!
Ao ouvir isto, André ameaçou pegar o rapaz pelo colarinho, mas Roberta o segurou pela cintura.
Vendo Leonardo se afastando, a moça falou baixinho, que Leonardo não poderia impedir que ela se separasse. Argumentou que o procedimento poderia ser mais demorado, mas que ela conseguiria o divórcio de qualquer forma.
Nisto o casal se abraçou.
O que Roberta não esperava, era que Leonardo passasse a segui-la por todos os lugares por onde passava.
Com isto, o rapaz descobriu o lugar onde a moça trabalhava.
Dias depois, Leonardo fez um escândalo na redação onde Roberta trabalhava, fazendo com que a moça fosse despedida.
Cassiano tentou reverter a demissão, mas diante da situação posta, não lhe restou outra alternativa senão formalizar a dispensa.
Comentou que recebeu ordens superiores para tanto.
Constrangido, argumentou que lamentava fazê-lo, mas que ajudaria a moça a encontrar outro emprego.
Roberta agradeceu o gesto de boa vontade, mas respondeu que ele não precisava se preocupar com isto.
Com isto, a moça dirigiu-se ao RH, onde recebeu as verbas a que tinha direito.
Nisto, a jovem voltou a procurar emprego.
Como não vinha obtendo êxito em seu intento, Roberta começou a se preocupar.
André respondeu-lhe que a ajudaria.
Com isto, como Roberta estava preocupada com a despesas do apartamento onde morava, acabou aceitando rescindir o contrato de aluguel e morar no apartamento alugado de André.
A certa altura, a moça aceitou a proposta do moço de continuar viajando pela Europa.
Tempos depois, Roberta teve que retornar ao Brasil.
André, convidado para executar um trabalho em Portugal, permaneceu no país por mais alguns meses.
Foi então que Roberta resolveu voltar para São Paulo, e socorreu-se das amigas.
Triste, lamentava o fato de haver magoado Leonardo.
Comentou contudo, que não estava mais apaixonada por ele, e que gostava muito de André.
Curiosa, Lucineide perguntou se ela mantinha contato com André.
Roberta respondeu que sim.
Comentou que embora ligasse para ele quase todos os dias, sentia muita falta do rapaz.
Josie perguntou se ela estava realmente disposta a se separar de Leonardo.
Roberta respondeu que sim.
Argumentou que no último encontro que tivera com Leonardo, diante de seu advogado, ouvira impropérios do moço. Disse que o jovem lhe chamara de adúltera, infiel, e até de ordinária.
Constantino, seu advogado, tentou amenizar o clima, mas não conseguiu.
Tudo que era dito em sua defesa, Leonardo respondia com mais agressões.
Percebendo que Leonardo só queria ofendê-la, Roberta retirou-se do recinto.
Agradeceu o empenho do advogado em trabalhar para que o divórcio fosse consensual, mas respondeu que diante do comportamento de Leonardo, nada indicava que este caminho seria o melhor.
Diante disto, Roberta procurou as amigas. Estava precisando de ajuda.
Lucineide comentou que durante todo este tempo, ela raramente manteve contato com as amigas.
Roberta disse que de fato, esteve em falta com as amigas. Pediu desculpas.
Josie aceitou o pedido, mas Lucineide permaneceu reticente.
Roberta, percebendo isto, comentou que o contato era pouco, mas a amizade nunca diminuiu, mesmo com a distância. Tanto que ao se ver em dificuldades foi nela e em Josie que pensou.
Argumentou ainda, que diante de tanta força e tanta amizade, não se enganara com elas.
Com isto, Lucineide a abraçou.
Comentou que como sempre, a moça era muito hábil com as palavras. Levava a todos na conversa.
Josie riu.

Luciana Celestino dos Santos
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