Poesias

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Duelo do Sorriso Amarelo

X

Carlos, Carolina e Vilma aprenderam a conviver com a pandemia

Este incrível pesadelo intérmino


Foram anos de sofrimento, lutas e adaptações


Ora todo o setor de comércio e serviços estava fechado

Só atuando à distância, ora estava aberto


Tudo dependia da incerteza das condições


Pessoas perderam seus empregos,

Outras retomando suas atividades


Pessoas se curando, outras morrendo


Nesse interim,

Vilma e Antonio se reconciliaram


Antonio, que há muito tempo morava sozinho em São Paulo 

Arrumou um emprego no Nordeste


Mudou-se para lá,

Não sem antes, pedir desculpas a família


E Vilma com o tempo acabou aceitando

Se acertaram


Voltaram a morar juntos


Carlos e Carolina, ora estavam em aulas presenciais

Ora estudavam à distância


A família não pegou o vírus


Mas uma gripe de Carlos assustou a todos

Ao final, descobriram se tratar apenas de uma gripe


Neste meio tempo, 

Já estavam todos vacinados


E embora com a relutância de uns tolos que não queriam a vacina

Um dia todos entenderam que ela se fazia necessária

Afinal, não inventaram ainda, nada melhor que a vacina


Quando inventarem, saberemos!


E um dia, com a colaboração de todos, a pandemia cessou


Quem acreditava que levaria tantos anos?


Mas acreditem, um dia ela acabou!


Um dia ela acabará!


Carlos, o menino visionário, sonhou com isto


Neste sonho, todas as pessoas felizes se abraçavam,

Foram às ruas comemorar

Brindaram


No jornal, noticiavam o fim da pandemia


O vírus estava controlado,

Pessoas curadas,

E ninguém mais morrendo por conta do vírus

O número de casos diminuindo drasticamente, chegando quase a zero


Em dias, noticiaram que não havia informações de pessoas com o vírus


Noticiaram também, comemorações em todo o mundo

Celebrando a vida


O número de nascimentos aumentou


Felizes Carolina e Carlos comemoravam que finalmente estavam livres do vírus.


Vilma respondeu-lhes que o vírus fora combatido, mas ele não deixara de existir

Assim, os cuidados deviam persistir


Máscaras sempre em lugares fechados, principalmente os mau ventilados

Mesmo sob olhares curiosos


Carolina e Carlos ficaram um pouco decepcionados

Pois acreditaram que estava tudo resolvido


Vilma comentou que agora este seria um cuidado permanente


Lugares fechados, ou mesmo abertos com aglomeração de pessoas

Máscara, máscara, máscara, sempre!

Lição aprendida, é lição que nunca será esquecida!


Amém nós todos!


Fim!


Duelo do Sorriso Amarelo

 IX

Arthur continuou em seu encalço

Queria por que queria localizar o bando e Omar


Continuou suas investigações

E finalmente conseguiu encontrar Omar e mais 2 cangaceiros


Estavam de passagem em outra cidade,

Comprando alguns víveres


Omar com o auxílio dos companheiros,

Conseguiu desarmar o policial solitário


Arthur perguntou-lhe se o mataria

Tenório respondeu-lhe que Omar decidiria


O homem então sugeriu um duelo

Arthur admirou-se


Omar disse-lhe que seria uma luta com facas

E quem escapasse nunca mais seria perseguido por seu contrário


Arthur continuava incrédulo

Mas sem alternativas, concordou


Omar então liberou-o

Disse que o duelo estava marcado

Agendou data e horário


Prometeu que ali estaria

Mencionou que a imprensa saberia do duelo

E assim o fez


Clodoaldo intermediou o encontro

E o jornalista registrou a história

A notícia correu o país


O chefe de Arthur ao saber da notícia

Chamou-lhe a atenção

Perguntou-lhe onde ele estava com a cabeça

Aceitar participar de um duelo?


Arthur argumentou que não teve saída

Ou concordava ou seria morto

Respondeu que estaria no local no dia e hora agendados


O homem argumentou que duelos eram proibidos no Brasil

Arthur respondeu que proibido ou não, iria

Afinal Omar precisava ser preso


O chefe tentou argumentar

Mas Arthur respondeu que ele buscasse os meios legais para resolver a questão

Contudo, a despeito disto, lá estaria

Pois palavra tinha


E assim fez

Compareceu no local

Omar também lá estava


Os cangaceiros também se dirigiram ao local

Mesmo arriscando a serem presos

Pareciam não se importar


Arthur e outros policiais também estavam

Até seu chefe compareceu


A imprensa estava em peso

Fotos foram tiradas de ambos


Por fim, deu-se início ao duelo

Arthur e Omar lutaram com facas

Feriram-se


Em dado momento do duelo

Omar deixou Arthur encurralado


Todos pediram a morte do policial


Neste momento Omar empurrou o homem

Arthur caiu no chão


Gritos de: Mata! Mata!

Não cessavam


Neste momento um policial chegou

Trazia uma ordem judicial

Leu o mandado que dizia

Para cessar o nefando duelo

Prática cruel e em desuso no Brasil

Ou cessavam a luta, ou ambos seriam presos


Omar concordou,

Lançou sua faca ao solo


Arthur já estava desarmado


Omar dizia que não pretendia cometer mais crimes

Pois a morte de um homem já lhe pesava bastante

Cansado estava de fugir, e a polícia se entregava


Os jornalistas não paravam de fotografá-lo

Também registravam os fatos


Com isto, Omar foi algemado e preso

Levado para a delegacia da cidade


Arthur conversando com ele, perguntou-lhe por que não o matara

Afinal se livraria de seu perseguidor

Poderia até fugir, já que integrantes do bando acompanhava o evento

Auxiliariam-no caso necessário fosse


Omar argumentou não ser bandido

E apesar de estar entre cangaceiros,

Nunca cometeu crimes enquanto integrava o bando


Contou sua longa história


Arthur ficou admirado


Entendeu que seu único crime fora tentar ajudar

Pois, auxiliara uma moça que provavelmente seria vítima de violência


Arthur sugeriu que ele alegasse legítima defesa de terceiro


Comentou que ele tinha direito a defesa e auxílio de um advogado do Estado

Caso não reunisse condições de pagar


Arthur se comprometeu a cuidar disto


Omar ficou surpreso


O homem respondeu-lhe que teve duas oportunidades para se livrar dele,

Ainda assim não o matou

Argumentou que se fosse o contrário, não pensaria em matar


Contudo, tinha consciência agora, que ele não era um criminoso

Apenas fora levado pelas circunstâncias


Argumentou que esta ajuda era uma retribuição


Omar agradeceu


Com isto o cangaceiro de bom coração

Como era chamado, foi a juri


No Tribunal foi absolvido


Os jornalistas comentaram que policia, juiz, jurados e bandoleiros

Todos tinham certeza de uma coisa

Omar criminoso não era


E assim livre, o homem seguiu sua vida

Muitos cangaceiros abandonaram o bando e seguiram com ele


Clodoaldo e outros tantos continuaram sua saga como bandoleiros

E morreram pouco tempo depois em uma chacina


Arthur não participou do evento

Tornou-se promotor


Nunca mais atuou em volantes


Os homens que seguiram Omar

Vida honesta tiveram

Passaram a ter novas profissões e vida nova deram à suas famílias

Não tiveram o triste dos bandoleiros 

Duelo do Sorriso Amarelo

 VIII

Descrente, o homem pediu-lhe para explicar

Que pretendia ele

E Omar encurralado, com uma arma apontada

Teve que uma saída arrumar


Disse que contaria seu intento ao chefe do bando

Com isto explicou que ao lado do bando de Lampião vivera

Que da vida de cangaceiro soubera

E que da vivência na cidade

Tirara importantes aprendizados para a vida


O homem achando o jeito de Omar enrolado

Comentou que sim, o levaria diante dos cangaceiros

Mas não para falar com o chefe do bando

E para ser julgado


Omar nada entendeu

Com isto, o homem mandou-lhe seguir em frente

Avisou-lhe que se tentasse fugir,

Um balaço levaria


Omar então caminhou pelo sertão

Andou por dias até chegar ao acampamento


Os companheiros do bandoleiro

Ao saberem da história de Omar

Intrigados ficaram

Chegaram a criticar Tenório,

Por trazerem tão suspeita figura que poderia denunciá-los

Pensaram em matá-lo


Mas Omar com o tempo,

A simpatia dos membros do bando ganhou


Prestativo, realizava pequenos trabalhos

Com sua arte e ciência em cutelaria,

Produziu belas facas


Era limpo, organizado, ordeiro

Sabia até mesmo cozinhar


Dizia que a todos que há muito tempo

Sozinho vivia

Só tendo por companhia,

Os amigos que pelos caminhos da vida encontrava


Quando por lá chegara

Comentou sobre sua experiência no bando de Lampião

Dizia não ser inimigos dos cangaceiros

Mas que preferia a paz


E assim nos primeiros tempos,

Viveu sob ameaças

A todo momento diziam que iriam matá-lo,

Que de lá não escaparia


Com o tempo,

Ao demonstrar lealdade,

Posto que chegou até mesmo

A avisar que havia um movimento suspeito nos arrabaldes


O chefe do bando,

Ao disto tomar conhecimento

Demonstrou admiração

Perguntou-lhe por que não fugira e os denunciara

Pois esta seria sua libertação


Omar respondeu-lhe,

Que traidor da causa não seria

Mesmo em não concordando com ela

Argumentou que eles uma boa vida teriam

Se abandonassem a vida de bandoleiros


O homem riu

Dizia que só sabia fazer isto da vida

Omar retrucava dizendo

Deus a todos dotara de inteligência

E que se ele fora capaz de aprender tantas coisas

Eles também seriam


Clodoaldo argumentava que todos ali bem viviam

E que não ouvira ninguém reclamar da vida que levava


Omar respondeu-lhe que estavam acostumados

E que não conheciam outras formas de viver

Respondia que a vida de cangaceiro estava com os dias contados

E que um dia todos iriam morrer

Mencionou o trabalho das volantes, e que muitos políticos queriam o fim do movimento


Clodoaldo ficou envaidecido ao saber do interesse dos políticos

Omar retrucou dizendo que com isto não se brinca

E que o esfacelamento do movimento seria questão de tempo


Com o tempo, ao darem pela falta de Omar

Avisaram o policial que passou a procurá-lo


E assim, seguia Omar sua vida em meio aos cangaceiros

Prestativo, gentil e amigo


Tão amigo, que Clodoaldo

Percebendo a afeição que os bandoleiros

Passaram a demonstrar ao novo companheiro

Incomodado começou a ficar

Chegou até a lhe falar,

Alguns cangaceiros estão a pensar em suas palavras


Omar então desculpou-se

Disse-lhe que não estava interessado em intrigas causar

Que apenas a vida das pessoas melhorar


Clodoaldo entendeu

Apenas pediu para que isto parasse

Argumentou que a decisão cabia a seus homens

E não a ele


Omar pensativo, calou-se


Com o tempo, o policial conseguiu pistas

Organizou uma volante e passou a varrer a região

Foi questão de tempo para localizar o acampamento do bando


O primeiro homem avistar, foi Omar

O rapaz, a presença do policial notar

Chamou-lhe num canto

Explicou que estava tentando convencer as pessoas a mudar

Argumentou que não seria necessário prender ou matar

E que eles deixariam de atacar vilarejos


O policial achou aquela conversa muito louca

Mas Omar insistiu

Disse que há tempos eles não invadiam a cidade

Que arranjavam alimentos em meio a natureza, caçavam, pescavam

Montavam suas cabanas,

Teciam suas roupas

Alguns eram casados, traziam suas mulheres

Além de tudo havia crianças


O policial admirado ficou

Mas argumentou que estava em uma missão

Disse-lhe que não poderia cancelar tudo

Pois até o exército e o prefeito da cidade de tudo estava sabendo


Omar argumentou que aquele não era o bando que invadira a cidade, o vilarejo

Argumentou que sua palavra estava encontrando eco

Que alguns bandoleiros já cogitavam abandonar o bando

Diziam estar cansados de tanta violência e dificuldades


O policial foi percebendo uma aproximação

Mas ao tentar atirar, recebeu tiros como resposta

Encostou-se em um canto


Gritou para Omar se proteger

O homem gritou para os cangaceiros pararem de atirar


Nisto, os demais policiais, passaram a também atirar

Omar arriscou-se e tentou sair do local

Mesmo em meio a tiros


Em dado momento,

Tenório apontou-lhe uma arma

Argumentou que ele era um traidor e merecia a morte


Os demais cangaceiros tomaram sua defesa

Clodoaldo perguntou-lhe se havia avisado os policiais

Omar respondeu-lhe que não

Mas admitiu que conhecia um dos policiais

Clodoaldo pediu-lhe o nome


Omar recusou-se a dizer

Por conta disto foi preso

Aprisionado pelos cangaceiros

Ouviu que iria se iniciar uma caçada aos policiais


Com efeito, do evento,

Resultou um policial ferido e um cangaceiro morto


Os cangaceiros estavam furiosos

Queriam vingança


E Omar em meio a isto, sem saber o que fazer

Aprisionado, mesmo assim, pediu para trabalhar


Clodoaldo concordou,

Sob protestos

Os bandoleiros diziam que ele poderia fugir


O homem respondeu que este seria um teste

E que ele estava sendo vigiado


Com efeito, em nenhum momento, o homem pensou em fugir

Omar varria, limpava, cozinhava

Só não mexia com facas


E os policiais continuavam em suas tentativas

Em dado momento, chegaram com um grande efetivo

Omar foi o primeiro a avistar, e avisou o chefe do bando

Aflito sugeriu que fugissem

Argumentou que daria tempo de levantar acampamento

Sem deixar vestígios e se embrenharem na mata


Clodoaldo não concordou, argumentou que preferia enfrentar a policia

Omar argumentou que eles eram em maior número, armados

E que lutar com eles, acarretaria muitas mortes para o bando

Seria uma carnificina

Clodoaldo argumentou que não era covarde

Omar sugeriu ir conversar com os homens

O chefe do bando não concordou


O homem retrucou dizendo que tinha uma ideia

Mas sugeriu que sim, todos organizassem suas coisas

Deveriam sim levantar acampamento


Clodoaldo ficou sem entender

Omar respondeu que diria ser um cangaceiro

Que se rendendo estava

Com isto, eles ganhariam tempo para fugir


Clodoaldo indagou-lhe por que isto faria

Omar respondeu que estava cansado de ficar no meio de tanta violência

Argumentou que desde sempre estava se escondendo

Confessou que matara um homem em defesa de uma mulher

E desde então vivia a se esconder


Clodoaldo ficou a ouvi-lo

Por fim, entendeu seu ponto de vista

Argumentou que se tratava de um homem bom

E ao avistar a volante,

Finalmente entendeu o que Omar insistia em dizer-lhe


Por fim, ordenou a todos que levantassem acampamento

E procurassem levar o que podiam

Apagassem e desfizessem fogueiras

Que não deixassem vestígios de sua passagem


Todos acataram sem discutir

Omar auxiliou no que podia

Avistou todos partirem


Quando percebeu que estavam longe

Foi ao encontro da volante


Os bandoleiros estavam cientes do plano de Omar


O acesso era difícil

Omar levou algumas horas para localizar a policia

Que se dispersava pelo morro


Entregou-se

Disse que estava cansado desta vida

Que havia cometido um crime e que estava disposto a responder por isto

Com isto, o policial que o perseguia, deu-lhe voz de prisão


Omar não mostrou resistência


Os policiais ao chegarem ao morro,

Perceberam que não havia cangaceiros


Arthur, o policial que prendeu Omar

Perguntou-lhe que havia ocorrido

O homem que não havia cangaceiros no lugar

Mencionou que após o último tiroteio,

Os homens fugiram

Nunca mais ouvira falar deles


Arthur respondeu-lhe que estava mentindo

Mas que ele iria contar-lhe tudo

Inclusive o paradeiro dos bandoleiros


Omar seguiu rumo a cidade

Os policiais ainda tentaram localizar os bandoleiros

Sem êxito


Omar na prisão foi torturado,

Mas em nenhum momento delatou os companheiros

Socos, choques, e tentativas de afogamento

Não o convenceram

Dizia nada saber


Argumentou que seu único crime fora matar um homem para defender uma dama

Que os outros crimes não cometera


Clodoaldo ao saber da prisão do moço

Prometeu ao bando que o libertaria


Traçou um plano

E assim, foi questão de tempo para invadirem a delegacia

Renderem os policiais e libertarem Omar


Omar agradeceu, mas respondeu que estava disposto a responder por seu crime

Clodoaldo argumentou que os policiais o matariam antes

O homem sem alternativa, concordou com a fuga


Subiu na garupa de um cavalo, e sumiu juntamente aos cangaceiros

Duelo do Sorriso Amarelo

VII

Certa vez, Carlos acordou gritando por conta de um pesadelo


Aturdida, Vilma acordou, levantou

Colocou um quimono em cima da camisola, calçou um chinelo, e foi ao quarto do filho


Ao lá chegar, se deparou com o filho chorando


Preocupada, sentou em sua cama e perguntou-lhe

O que havia sucedido


O menino então respondeu

Sonhara um sonho muito estranho

Onde uma grande noite sem fim encobria o mundo inteiro

Não havia luz, energia elétrica somente em alguns lugares


O garoto detalhou então todo o sonho que tivera

Argumentou que tudo parecia muito real


Vilma abraçou-o dizendo para que não se preocupasse

Pois era um sonho apenas

Acreditou que ele sempre teve muita imaginação


Com efeito, a mulher conversou com a criança até que ela se acalmou

Voltou a dormir

Com isto, foi ao quarto de Carolina

A menina dormia a sono solto


Com isto, nos dias que se seguiram

Tudo transcorreu na mais absoluta tranquilidade


Vilma conseguiu arranjar tempo para levar as crianças para visitarem lugares turísticos

Museus, Feiras, Parques, Praias


Carlos e Carolina se encantaram com os passeios


Quando Antonio ligava, passavam horas comentando sobre os passeios

O pai se tranquilizava ao perceber a felicidade dos filhos

Acreditava que a mudança não lhes acarretara traumas


Por fim, conversava com a ex-mulher e agradecia o cuidado com os filhos

Vilma dizia-lhe que eram filhos dela também


E assim, Vilma prosseguiu com sua rotina

Filhos na escola e ela na faculdade lecionando história


Com o passar dos dias, uma notícia extraordinária

Uma epidemia arrasava uma região do Oriente


As pessoas ouviam os relatos chocadas


Diversos meios de comunicação trataram de alarmar a população


Em que pese a gravidade do problema,

Muitos órgãos de imprensa

Relatavam os fatos como se toda uma população não fosse viver

Como se eventos muito graves não tivessem ocorrido antes

Doenças e vírus que também geraram mortes muitas e não foram tão alardeados


De fato, muitas e muitas foram pessoas infectadas,

Mortes diversas, e enterros coletivos chocaram a humanidade

Todos se abalaram, pois não se trata de algo que se mostra a todo o momento

Muito embora muitas pessoas morram de fome e em guerras a todo o tempo ...


Mas não, não interessa isso mostrar

Em que pese mais mortandade ocasionar

Mais fácil desorientar e levar ao desespero

Do que orientar uma população


Com efeito, parecia sim que uma grande catástrofe iria se abater sobre o mundo

Em tempo

Foi questão de meses para o mal se irradiar por todo o mundo

Ásia, Europa, Américas, todos os recantos do mundo


Um dia chegou ao Brasil


Quando Vilma, se deu conta do que o ocorria no mundo

Iria trazer reflexos para o país

Ficou perplexa


Com isto, medidas restritivas passaram a ser tomadas

Escolas fechadas, pessoas passaram a trabalhar à distância

Outras tantas perderam seus empregos


Crise, recessão, dificuldades várias

Até de adaptação a um novo modo de viver


As crianças se ressentiram da ausência na escola

Da convivência com os coleguinhas

Reclamavam de ficar sempre em casa

De não terem com quem brincar


Sentiam falta até da tia


Professora! - corrigia Vilma


A mãe redarguia dizendo que ela também estava confinada

Por um tempo não houve aulas


Vilma ficou preocupada em ficar tanto tempo parada

Argumentou que durante este tempo poderiam ser implementadas aulas à distância

Contudo, não havia tempo hábil para implementar a medida



Com efeito, com o passar dos meses,

A universidade passou a transmitidas à distância


Vilma respirou aliviada

Temia perder seu emprego


Nesse meio tempo Vilma passou a dar aulas aos filhos

As crianças tinham aulas à distância


Carlos e Carolina tentavam burlar as regras

Mas Vilma os enquadrava e intimava a assistir as aulas


E assim as crianças não perderam o ano letivo

Em que pesem dificuldades várias


Com o passar do tempo, as crianças voltaram a ter aulas presenciais

Máscara, álcool em gel, distanciamento social

E interações restritas


Mas Carlos e Carolina estavam felizes

A despeito disto, finalmente iriam rever os amiguinhos


Na volta às aulas, comentaram contentes que todos bem estavam

Vilma ficou feliz com a notícia


Durante os tempos difíceis,

Antonio se preocupou com a situação da ex-mulher

Comentou que caso precisava de ajuda poderia socorro

Vilma agradeceu ao apoio


Com o tempo as coisas se acertaram

E Vilma retornou às suas atividades


Ao passar do tempo,

Vilma recordou-se do pesadelo de Carlos

Quando o menino sonhara com uma noite escura que nunca cessava


A mulher se deu conta então que se tratara de um sonho premonitório


A noite intermina que Carlos mencionara

Nada mais era do que a epidemia que se converteu em pandemia

Flagelando a humanidade


Vilma ficou impressionada


No início da pandemia,

As crianças ficaram apavoradas

E Vilma teve que conversar com elas


Em meio a conversas

Comentou que a situação era grave

Mas não era necessário desespero

Que tomando os devidos cuidados

As chances de contaminação eram pequenas


Carlos perguntou se havia riscos

Vilma respondeu-lhe que sim

Mas não era caso de se torturar com isto

Pois um dia todos partiremos

Não precisamos ser irresponsáveis,

Mas não era preciso desespero


Com isto, rezaram juntos

Pedindo saúde para eles e para toda a humanidade

E desta forma, as crianças foram se acalmando

Mas a angústia dos primeiros tempos não foi fácil de administrar

Nem por ela e tampouco pelas crianças


Com o tempo porém, as coisas foram fluindo


Inclusive para Omar

Que teve oportunidade de enfrentar a perseguição da polícia


Ao estabelecer residência no povoado

Auxiliou os moradores

Ajudou-os no conserto de suas casas, reformas

Auxiliou alguns garotos ensinando-lhes o que sabia de cutelaria

Adquiriu também novos conhecimentos e novas amizades


Com o tempo, um policial pousou no local

E ao vê-lo, intrigado ficou

A todo o momento, perguntava-lhe se não o conhecia de algum lugar


Aflito o homem pensou em se evadir do lugar

Mas não houve tempo hábil


Um bando de cangaceiros rondava o lugar

Omar, percebendo isto, tentou contatar o líder do bando


Ao ver um suposto cangaceiro, o homem partiu em seu encalço

O sujeito, ao perceber que Omar o seguia,

Apontou uma arma para sua cabeça

Perguntou-lhe se estava querendo morrer

Omar respondeu-lhe então

Que gostaria de conversar com o chefe do bando,

Tinha uma proposta a fazer


O homem ficou desconfiado

Omar então contou que não tinha nada a perder

Mas sentia que precisava auxiliar os moradores

E sua proposta atenderia a todos

Duelo do Sorriso Amarelo

 VI

No dia seguinte,

Ou melhor na noite seguinte

Tudo continuava da mesma forma


Vilma aflita, pediu para as crianças se arrumassem,

Pois com ela sairiam


As crianças, assim como ela, tomaram banho frio e reclamaram

Vilma respondeu que era o que havia para o momento

Carolina argumentou que não via a hora de tudo voltar ao normal


A seguir, o café da manhã tomaram

E para a rua rumaram


Primeiro a escola foram

Tudo fechado estava


Vilma procurou algum funcionário

Encontrou um vigia que disse-lhe que em algumas seria substituído

A mulher perguntou-lhe se sabia o que estava acontecendo


O funcionário respondeu-lhe que:

Antes de tudo escurecer e a noite conta de tudo tomar

Ouviu no noticiário televisivo

Que um estranho fenômeno metereológico estava escurecendo

Regiões diversas do mundo


A mulher lembrou da conversa com uma funcionária

E argumentou se o evento não era astrológico


O funcionário respondeu que havia ouvido perfeitamente

O jornalista informou fenômeno meteorológico

Vilma pediu mais informações,

Mas o homem argumentou que não mais sabia dizer


Com isto a mulher perguntou quando as aulas iriam retornar

O funcionário respondeu que informações ainda não possuia

Sugeriu-lhe retornar no dia próximo

Vilma agradeceu o vigia e desejou-lhe um bom trabalho

O homem agradeceu


Carolina e Carlos perguntaram se não iriam mais estudar

Carlos perguntou sobre seus colegas


Vilma argumentou que eles iriam estudar sim,

Nem que ela mesma tivesse que dar aulas para eles

Nisto, as crianças ficaram um pouco espantadas


Em seguida, a mulher seguiu a pé para o trabalho

Durante o percurso, nenhum ônibus circulou


Ao chegar a universidade,

A mulher se deparou com o mesmo cenário da escola dos filhos

Tudo fechado, visão desoladora


Durante o trajeto, as crianças reclamaram da caminhada longa

Vilma respondeu que não tinha com quem deixá-los

Tendo em vista que tudo estava fechado

Por sorte, as crianças não carregavam suas mochilas

E a caminhada foi longa


Com efeito, ao local chegar

Novamente Vilma perguntou a um funcionário

Perguntou-lhe se no dia anterior aula tivera

O homem respondeu-lhe que não

Vilma perguntou-lhe se sabia quando as atividades iriam se normalizar

O segurança respondeu-lhe que nada sabia


Vilma indagou se funcionários e alunos se dirigiram ao local em busca de informação

O homem respondeu-lhe que várias pessoas se dirigiram ao local

Perguntavam sobre o retorno das atividades,

O funcionário respondeu que também não sabia como as coisas iriam se suceder

Mencionou que seus filhos estavam sem aula desde o dia anterior


Vilma respondeu-lhe que estava na mesma situação

Argumentou que precisava de informações e que não era fácil ir até lá a pé


O segurança lamentou mas respondeu nada podia fazer

Argumentou que ele também estava indo a pé


Vilma respondeu que entendia

No que o homem respondeu que levou quarenta minutos a pé


Vilma mencionou que levou mais de uma hora,

Levando seus filhos

Agradeceu e mencionou que caso a situação permanecesse,

No final de semana retornaria


Foi então que o homem mencionou

Que talvez antes disso as coisas se normalizassem

Vilma respondeu que rezava por isso


Nisto, chamou os filhos e partiu

Carlos e Carolina reclamaram

Argumentaram que estavam cansados de andar


Vilma se aproximou das crianças

Abaixou-se e falou;

Que sabia que não estava sendo nada fácil para eles, aquela situação

Mas que a despeito disto, precisavam seguir com suas vidas

Por mais difícil que isto fosse


As crianças concordaram


Vilma disse-lhe que assim que chegassem em casa

Descansar poderiam,

Até dormir se quisessem


As crianças argumentaram que isto seria muito bom


Caminhando devagar, o trio chegou em segurança no prédio

Outro porteiro os recebeu


Vilma estranhou o procedimento

Foi então que o funcionário explicou

Que houve mudanças em virtude do estranho evento


A mulher seguiu de escada para o apartamento

Argumentou que o fenômeno faria todos emagrecerem

Carlos e Carolina cairam na risada


Chegaram em casa, retiraram suas roupas e se recolheram

Dormiram pesadamente por horas


Nos dias seguintes, como o problema persistisse

Vilma passou a lecionar para os filhos

Esporadicamente se dirigia a faculdade para saber notícias

Na escola das crianças, tudo continuava na mesma


A certa altura a mulher se aventurou em uma ida ao supermercado

Com o passar dos dias,

Em que pesem serem noites

Perdão pelo trocadilho


A mulher passou a deixar as crianças em casa

Dirigia-se aos lugares sozinha


Com o tempo porém, as crianças passaram a ficar impacientes

Queriam, por que queriam sair


Mas Vilma não achava seguro

Com isso ia sozinha a escola das crianças, a faculdade

Tudo na mesma


Para ir ao mercado, foi sozinha

Comprou apenas o necessário e voltou para casa

Duelo do Sorriso Amarelo

V

A mulher ficava a se perguntar:

Será sonho ou pesadelo?


Carolina e Carlos a todo momento lhe perguntavam

O que estava para acontecer!

Aflitos ao serem o medo nos olhos de seus coleguinhas

Pensavam que o mundo iria acabar


Vilma, percebendo o temor

Dizia-lhes que não sabia o que estava acontecendo

Contudo, a despeito disto

Por mais difíceis que as coisas se tornassem

Que tinham um ao outro, não estavam sós

E que ela jamais os deixaria desamparados

Argumentava ainda que sem saber pelo que esperar

Que tudo bem, ao final iria acabar


Carlos nervoso, perguntava como,

Já que tudo parecia tão estranho

Vilma, sincera, comentou nunca antes passara por isso

Aliás, nunca o mundo presenciara algo tão estranho


Ao chegar em casa, tentou ligar a televisão

Não funcionava

Acender a luz, impraticável, já que energia faltava


No saguão do prédio, o elevador parado estava

O porteiro atônico ficara

Dizia que a luz faltava

Neste momento, nem o céu brilhava


Carlos e Carolina se afligiam ao ver tudo escurecido

Ao verificar que estavam sem eletricidade,

Vilma tentou ligar o celular

A muito custo e luta, consegui o aparelho ligar

Mas sem energia, nada de internet ou de acesso ao mundo


Aflita, tentou não demonstrar o nervosismo diante dos filhos

A todo momento, e a todo custo,

Tentava muita calma demonstrar

Dizia para as crianças não fiarem em palavras catastróficas

E mensagens pessimistas

Dizia sincera, que não sabia como, mas tudo ao final terminaria bem


Carlos nervoso, dizia a todo o momento

Que ela não também não sabia, o que acontecia


Vilma, triste, reconheceu

Disse-lhe que não possuía respostas para tudo

Mas que, ainda que não soubesse quando tudo se acabaria

E qual o final que seria

Sabia, que tudo se encaminharia para o bem


Afina, se Deus, em sua infinita sabedoria,

Criou um mundo tão vasto e complexo

Em que todos são capazes e aptos para vivê-lo

Os seres humanos acabariam por criar uma solução para o caos


Carlos indagava como isto aconteceria


Carolina ao perceber a tensão no ambiente,

Começou a chorar


Vilma então pediu de forma enérgica para que todos se acalmassem


Com isto, passou a procurar velas

Espalhou-as pela casa


Disse-lhes que já que nada poderiam fazer

Iriam aguardar os acontecimentos

Perguntou as crianças se tinham fome


Carolina e Carlos diziam que não

A todo o momento ficavam a observar a janela


Foi em questão de minutos para tudo escurecer


Vilma começou as velas acender

Não sem antes recomendar que cuidado tivessem

Já que velas o prédio incendiar podiam


Carlos e Carolina prometeram ter cuidado


Vilma, percebendo que estavam ansiosos,

Tentou inventar brincadeiras para entretê-las

Em vão


Carolina e Carlos ficavam a todo o momento perguntando

Quando esta noite vai terminar?


E Vilma dizia que não sabia

Acreditava se tratar de um fenômeno meteorológico

Talvez um eclipse


Carlos retrucou dizendo

Que se eclipse fora

Os jornais teriam noticiado com antecedência


Vilma concordou


Carolina ao perceber que nem a mãe sabia o que acontecia

Chorou novamente


Vilma então consolou-a

Disse-lhe que provavelmente em questão de horas isso provavelmente se resolveria

Quem sabe amanhã tudo normal ficaria


Carolina perguntou-lhe se certeza tinha

Vilma disse-lhe que certeza não tinha

Mas esperava que isto se resolveria


Nisto, ficou a observar as construções ao redor

Tudo escuro

Não vinha luz de nenhuma das casas


Vilma pensou em sair de casa e verificar a vizinhança

No que as crianças pediram-lhe para não ir

E a mulher concordou


Tentou ligar para o ex-marido, o chefe, colegas

Nenhuma ligação completava

Afinal energia não havia


Rindo chegou a comentar que burra ficara

Nisto comentou se nada podia fazer

Iria preparar uma refeição


As crianças a acompanharam

Em meio a escuridão, separou os ingredientes

Preparou como refeição: arroz, feijão, carne e batata frita

Carlos adorou

Já Carolina reclamou


Vilma argumentou que diante das circunstâncias era o que podia ser feito

Carolina contrariada reclamou


Carlos e Carolina comeram a comida em silêncio

Vilma ficava a pensar em quanto tempo isto iria perdurar

Em seguida pensava:

Chega de bobagens, amanhã tudo se normalizará.


Mais tarde Carlos fabulou sobre o intrépido cangaceiro Omar

Que depois de certo tempo do bando de Lampião se despediu

Lampião tentou convencê-lo a ficar

Mas Omar dizia que para outras rumagens iria parar

E assim, o famoso cangaceiro desejou-lhe que conseguisse êxito em sua empreitada

Comentou que gostou de conhecê-lo

Afirmou que se tratava de homem de fibra e princípios


Carolina achava graça

Considerava divertido um cangaceiro de bom coração


Carlos achando interessante o comentário,

Disse que iria acrescentar a informação a história


E assim Omar, ganhou a alcunha de cangaceiro de bom coração

Também partiu do acampamento onde estavam os cangaceiros

Rumou para longínquas paragens


Em suas andanças avistou a paisagem íngreme do nordeste

A caatinga, os cactos, as árvores rasteiras e retorcidas

O solo rachado por falta d’água

O sol inclemente abrasando o solo

E o jovem andando com sua roupa e chapéu de couro,

Montado em seu cavalo,

Andou, andou, até chegar ao vilarejo

Casas simples e roupas penduradas em cercas de arame


Parou diante de uma casa e pediu um pouco de água para prosseguir a jornada

No que foi prontamente atendido

Agradeceu e partiu


Ao chegar em outra vila,

Deparou-se com um ambiente arrasado

Casas queimadas, outras invadidas, com portas e janelas quebradas

Ambientes revirados, mulheres, crianças, homens e idosos maltratados

E a população por entre revoltada e amedrontada

Sua vida a viver ficava


Omar ao tomar ciência da situação,

Resolveu no local ficar

Bem como a população ajudar


Apresentando-se como Omar

Relatou que sabia confeccionar facas e relatou que por ali pretendia se instalar

Os homens do lugar acharam curiosa a ocupação do rapaz


Com o tempo, o homem que havia alugado uma das casas

Passou a exibir seus dotes em cutelaria

E produziu belas facas e instrumentos de corte

E os moradores ficaram admirados com suas habilidades

Com o tempo passaram a comprar seus produtos

Que eram também exibidos na feira do lugar


Nisto, com o adiantado da hora,

Vilma ficou a chamá-los,

Dizia que era hora de dormir


As crianças argumentaram que não estavam com sono

Vilma disse também que não

Mas diante dos últimos acontecimentos,

Argumentou que era o que restava a ser feito


Pensou que no dia seguinte tudo voltaria a normalidade,

Só que não

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

VOLGAS DO AMAR - CAPÍTULO 3

Ao chegarem juntos, Michele e Augusto perceberam que Felipe e Fernanda também estavam lá. Michele ao ver os dois juntos, pediu a Augusto para irem embora.
Nisso Augusto, percebendo que a garota estava incomodada com a presença de Felipe, tentou de todas as maneiras, entender o que estava acontecendo. Michele porém, arredia, só respondia com evasivas. Desconversando sempre, dizia apenas, que havia brigado com ele, e que por isso, não queria vê-lo em sua frente.
Mas Augusto ficou desconfiado. Atento, passou a reparar no comportamento da garota. Ao perceber que ela não parava de olhar para Felipe, ele foi que começou a ficar incomodado com a situação. Contudo, mesmo aborrecido, Augusto fez de tudo para que ela não notasse. Isso por que, se queria conquistá-la, não podia antes mesmo de começar a namorá-la, brigar com ela.
E assim, engoliu o orgulho. Com isso, tentando a todo custo chamar a sua atenção, Augusto chamou-a diversas vezes para dançar. Michele aceitava. E enquanto os dois dançavam pelo salão, ele aproveitava para conversar um pouco com ela e contar um pouco sobre sua vida.
Augusto ao contar as peripécias de sua infância, fez Michele cair na risada.
Felipe então, percebendo que ela estava se divertindo com Augusto, ficou visivelmente irritado. Comentando com a namorada que Michele estava muito estranha, Felipe conseguiu irritá-la. Tanto que aborrecida, ela quase saiu do salão.
Não fosse ele se desculpar, e fingir deixar o assunto de lado, e Fernanda teria o abandonado no salão.
Nisso Augusto, percebendo a reação de Felipe, comentou com Michele que eles podiam perfeitamente fingir que estavam namorando, só para provocar o rapaz.
Michele, ao ouvir a proposta, não achou uma boa idéia.
Mas Augusto insistiu. Tentando de todas as formas possíveis, tirar uma lasquinha de Michele, o rapaz chegou até a propor este absurdo. Dizendo que aquela era uma ótima solução, o rapaz propôs a ela, que eles só fingiriam quando estivessem na frente dele. Assim, Felipe ficaria furioso e passaria a notá-la. Isso por que, vendo-a ser desejada por outro homem, ela se tornaria atraente para os olhos dele.
Com isso, Michele, de tanto ouvir os argumentos dele, acabou concordando em pensar no assunto.
Augusto, ao ouvir isso, respondeu que aguardaria pacientemente pela resposta.
Nisso, quando a levou de volta para casa, tentou beijá-la, mas Michele, dizendo que ainda iria pensar no assunto, comentou que não estava prometendo nada.
O rapaz, então prometeu que aguardaria a resposta. Deixando-a em frente sua casa, despediu-se e foi embora.
Nisso, quando Felipe deixou Fernanda em sua casa, a moça voltou a cobrar mais intimidade entre eles. O rapaz, surpreso com a cobrança de Fernanda, respondeu gaguejando que precisava de um tempo para pensar.
Fernanda, impaciente, começou a dizer:
-- Ah, é? Mas então, quando é que você vai me dar uma resposta? Quando é que você vai estar preparado de verdade, para viver um relacionamento de verdade? Ou você acha que sair de vez em quando com uma pessoa, e dar uns beijinhos nela, é o ápice da intimidade? Por que tanta demora, heim? Por acaso você é virgem?
Felipe, não sabia o que dizer.
Fernanda, notando o silêncio, finalmente chegou a uma conclusão:
-- Ah! Você é realmente virgem, não é? Por isso fica fazendo tanto jogo duro. Por essa eu não esperava.
Felipe, constrangido com a situação, respondeu a ela, que precisava ir embora dali por que estava tarde. Magoado com a atitude de Fernanda, o rapaz foi embora sem se despedir dela.
Fernanda, percebendo que havia pegado pesado com Felipe, ainda tentou ir atrás dele, mas não foi possível.
No dia seguinte, conversando com Augusto, Fernanda comentou com o amigo, que havia pegado pesado com Felipe.
Augusto, ouvindo a história contada pela amiga, concordou.
Fernanda comentou:
-- Puxa! Até você agora vai me criticar?
-- Calma, Fernanda, eu não falei isso para te criticar. Eu só concordei por que realmente você pegou pesado com ele. Afinal de contas, não se faz isso com um virgem. – respondeu ele rindo.
-- Você diz isso por que não é com você que isto está acontecendo.
-- Calma Fernanda, eu só estava brincando. Mas realmente você pisou na bola, minha cara. Agora vai ter que correr atrás do que você realmente quer, ou seja, vai ter que ir até ele e pedir desculpas, quantas vezes for necessário. Não importa, o quanto você vai ter que implorar.
-- Implorar, nem morta!
-- Pois então, minha cara, prepare-se para partir pra outra, ou outro.
-- Não, não e não. Eu não vou desistir de nada. Felipe está encantado por mim, e não vai ser por conta desse pequeno incidente que ele vai desistir. – comentou ela, vaidosa.
-- Olha, Fernanda, eu se fosse você, não contaria inteiramente com isso.
Fernanda, percebendo o ar de preocupação do amigo, pediu a ele, que a ajudasse a falar com Felipe. Mas Augusto, reticente, contou a ela que Felipe não simpatizava muito com ele. Por isso, de nada adiantava ele ir falar com o rapaz, por que o mesmo não o ouviria.
Fernanda, percebendo a ironia de Augusto, passou a perguntar o que ele estava querendo dizer com aquilo.
Augusto então, tentando não entrar em atrito com Fernanda, comentou que Felipe nunca simpatizara com ele. Isso por que, Augusto achava que Felipe não confiava ele. Além disso, toda vez que ele estava com Michele, Felipe olhava para ele com mais aversão.
Fernanda, ao ouvir isso, não gostou nem um pouco dos comentários de Augusto. Alegando novamente que Felipe só tinha olhos para ela, a moça respondeu que não seria uma simples Melissa, que atrapalharia seus planos.
Augusto, notando o ar de desdém da moça, corrigiu-a dizendo:
-- É Michele, não Melissa.
-- Ah! Tanto faz. – respondeu ela, com desdém.
Nisso, Augusto, conversando com ela, aconselhou-a simpaticamente, se desculpar com ele. Aconselhando-a a dizer que estava arrependida do que dissera, Augusto recomendou que ela não tocasse no assunto por algum tempo.
Porém, não foi nada fácil convencer Fernanda a ir com calma.
Todavia, Fernanda, acabou concordando com o amigo, e cautelosa, assim que pôde, foi conversar com Felipe.
Inicialmente, o rapaz não quis nem saber de falar com ela. Contudo, depois de uma certa insistência, Felipe acabou concordando em ouvi-la.
Fernanda, então, começou dizendo que só falou aquilo tudo, por que ficou nervosa ao perceber que ele era virgem.
Felipe, ficou incomodado ao ouvir isso.
Mas a moça prosseguiu. Dizendo que estava acostumada a ser conquistada, não sabia como agir quando a situação se invertia. Assim, acabou tomando uma atitude atabalhoada e magoando-o. Contudo, sua intenção não era aquela.
Com isso, depois de discurso, finalmente, Fernanda pediu desculpas. Dizendo que havia exagerado, a moça pediu várias vezes para que ele a desculpasse.
Felipe, relutou por algum tempo, mas depois de ver o ar arrependido de Fernanda, acabou por aceitar o pedido de desculpas. Todavia, reticente com a moça, o rapaz comentou com ela, que eles precisavam dar um tempo, para pensar na relação.
Fernanda, ao ouvir isso, ficou profundamente irritada com a situação. Mas, disfarçando sua irritação, concordou em dar um tempo.
E assim, furiosa, foi comentar com Augusto o que Felipe havia lhe pedido. Por conta disso, Fernanda espumava de raiva.
Augusto, ao ver a ira da moça, caiu na risada.
Fernanda, ao ver o descaso do amigo, ficou ainda mais irritada com a situação:
-- Que que é agora? Por acaso virei palhaça? Agora você cismou em se divertir as minhas custas? Que droga!
-- Calma. Calminha minha cara. Devagar se vai ao longe. Pra que a pressa? Não está vendo a minha situação? A quanto tempo eu estou de marcação com aquela moça?
-- Há muito tempo. Nem sei como você não desistiu ainda. – respondeu Fernanda.
-- Não desisti, nem vou desistir. Quanto mais difícil é a conquista, maior é o sabor da vitória.
Agora foi a vez de Fernanda rir.
-- Quer dizer que você realmente acredita que ela algum dia vai te dar bola? Você realmente é muito otimista. – comentou ela rindo.
-- Você diz isso, por que está acostumada a ter tudo muito fácil. Até eu quando te namorei, fui muito fácil para você. Sabe que pensando nisso, eu parei para pensar um pouco, e constatei que eu devia ter me valorizado um pouco mais?
Fernanda respondeu:
-- Me poupe. Faça-me o favor, desde quando você foi difícil para alguém? Eu tô pra ver um homem tão dado quanto você. Bastou sorrir, pra você ir logo se arreganhando todo. Francamente, às vezes eu penso que você está se enganando. Você acha que está conquistando todo mundo, mas no fundo, no fundo, você está é sendo usado. Sabe aqueles tapetes velhos, que todo mundo já pisou em cima? Pois é, você é um tapete velho, um corrimão de escada. Todo mundo que eu conheço, já saiu pelo menos uma vez com você. Raramente, ninguém escapa do teu cerco.
Augusto, não gostou nem pouco dos comentários da moça:
-- Muito engraçadinha você. Mas bem que na hora do aperto, é a mim que você vem procurar.
-- Sim, é verdade. Eu te procurei, pois você sabe muito bem o que fazer nesses momentos. Muito melhor do que eu. – respondeu ela, agora simpática.
-- Sei bem. Na hora da ajuda, você é um doce. Na hora em que não precisa de mim, é a hora de desdenhar, fazer pouco.
-- Ah, Augusto, não seja assim tão dramático! – respondeu ela abraçando e dando um beijo no amigo.
Nisso Michele, que adorava estudar, encontrou-se novamente com Felipe. Distraída, não percebeu que o rapaz estava atrás dela e acabou trombando nele. Ao virar para desculpar-se, acabou descobrindo se tratar de Felipe.
Nisso rapaz então, ao percebê-la, tratou logo de lhe pedir desculpas. Tentando puxar assunto, comentou que não estava mais namorando Fernanda. Comentando que ela tivera razão ao dizer que Fernanda ainda o magoaria, Felipe contou que eles não combinavam, e que gostar dela foi a pior coisa que ocorreu em sua vida.
Michele, sem saber o que pensar, só ficou ouvindo o que Felipe dizia. Sem tecer nenhum comentário, ouviu atentamente as palavras do rapaz. Apesar de já tê-lo advertido quanto ao temperamento da moça, não o criticou.
E Felipe, ao terminar de desabafar, perguntou a Michele, se ela tinha algum compromisso para a noite.
Michele então, dizendo que tinha que falar com Augusto, comentou que já tinha compromisso.
Felipe, ao ouvir a resposta, ficou desapontado. Isso por que, acostumado a ter sempre Michele por perto, não podia acreditar que algum dia ela se recusaria a sair com ele. Surpreso com a resposta, o rapaz começou a dizer que Augusto não era homem para ela. Mulherengo e descarado, não era uma boa companhia.
Michele ao ouvir isso, comentou com Felipe, que este era um problema apenas dela.
Tudo isso em razão de, cansada de sofrer por causa de Felipe, Michele acabou aceitando a sugestão de Augusto. Sim, namorariam de fachada, pelo menos por algum tempo.
Augusto, ao ouvir da boca de Michele, que ela aceitava o arranjo, sentiu-se deveras feliz. Apesar de não ser um namoro de verdade, já era um pequeno passo em direção a seu objetivo.
O rapaz então, sempre que via Felipe, procurava provocá-lo, beijando Michele na sua frente.
Nisso, Felipe furioso, ao ver os dois vez se beijando, quis logo tomar satisfação. Cansado de ver a cena se repetir o rapaz se enervou.
Fernanda então, percebendo que ele iria discutir com Augusto, resolveu chamá-lo para conversar. Felipe, tentou não aceitar, mas Fernanda, insistente acabou pegando-o pelo braço e puxando-o para um canto.
Fernanda então, levando-o para uma sala, trancou a porta, e começando a se insinuar para ele, fez de tudo para desviar sua atenção.
Felipe, todavia, estava irritado demais com o que vira para prestar atenção no que quer que fosse. E assim, tentando se afastar de Fernanda, exigiu que ela abrisse a porta para ele.
Como a moça se recusava a abrir a porta, o rapaz ameaçou pular pela janela.
Fernanda, sem ter alternativa acabou concordando e abrindo a porta para ele. Irritada porém, antes que ele saísse, disse-lhe:
-- Nunca ninguém me rejeitou antes. Pois fique sabendo de uma coisa. Esta foi a primeira, e também vai ser a última vez que você vai me ver humilhada. Cansei. Pra você não querer saber de mulher, é por que deve ser uma tremenda de uma bichona. Bichona.
Fernanda, então, começou a rir.
Felipe, por sua vez, não respondeu nada.
Procurando Michele e Augusto, não conseguiu encontrá-los.
Fernanda que observava-o a distância, não parava de rir. Achando-o ridículo, não conseguia parar de gargalhar.
Felipe, irritado, tratou de voltar para casa. No dia seguinte, faria de tudo para conversar com Michele. Na escola, seria mais fácil. Acreditava.
No entanto, não foi nada fácil conversar com ela. Michele, toda vez que via Felipe se aproximando, dava um jeito de se afastar, simplesmente para não ter que conversar, ou pelo que pensava, brigar com ele.
Todavia, depois de algum tempo, não havia mais como fugir. O rapaz, cansado de vê-la sempre junto com Augusto, se remoía de raiva toda vez que via os dois se beijando. Sentindo-se traído por Michele, não via a hora de tomar satisfações com ela.
Depois que passou a namorar Augusto, Michele nunca estava perto dele. Sempre ocupada com seus estudos e com seu suposto namoro, a garota não queria nem saber de se aproximar de Felipe. Pelo menos por enquanto.
Segundo Augusto, somente quando Felipe sentisse sua ausência, é que passaria a lhe dar valor.
Michele, ao ouvir isso, retrucou dizendo, que desde que ele namorara Fernanda, eles nunca mais se entenderam. Além disso, os dois agora raramente se falavam, e assim nada havia mudado.
Augusto porém, discordava.
O rapaz para animá-la, dizia que, desde que eles passaram a ser vistos juntos, Felipe começou a percebê-la. Além disso, depois que eles passaram a fingir que namoravam, Felipe ficou ainda mais incomodado com a situação.
Nisso, ao dizer que Felipe odiava quando ele estava junto dela, Augusto, insistia em afirmar que eles estavam no caminho certo.
Michele contudo, não estava convencida disso. Mas, como havia combinado com Augusto que fingiria o estar namorando, achou por bem, não terminar tudo repentinamente.
Quanto a isso porém, o namoro fingido, estava sendo levado muito a sério por Augusto. Tanto que a certa altura, o rapaz, chegou a propor a moça, para ficarem a sós. Assim ninguém os atrapalharia.
A moça, ao ouvir a proposta de Augusto, ficou bastante desconcertada, e dizendo que aquilo não fora o combinado, resolveu deixá-lo falando sozinho.
Surpreendida com a situação, Michele nunca mais quis saber de ficar sozinha com ele. E assim, toda vez que o rapaz telefonava para tentar marcar um encontro, ou mesmo falar com ela, Michele pedia aos pais para dizerem que não estava.
Na escola, procurando fugir de Augusto, fazia o possível para ele não se aproximar.
Certa vez, ao ver que o rapaz se aproximava, Michele resolveu ficar perto de Felipe. O rapaz ao ver Augusto se afastando, ficou bastante satisfeito.
Aproveitando a oportunidade, Felipe, segurou o braço da moça e pediu para conversar.
Michele tentou resistir mas ao ver o olhar suplicante de Felipe, acabou concordando em conversar com ele.
Nisso Augusto, que via tudo de longe, acabou desistindo de se aproximar. Ao ver os dois juntos, não ficou nem pouco contente. Porém, o fato deles estarem conversando, não queria dizer que eles estavam se entendendo. Augusto, acreditando nisso, resolveu continuar insistindo.
Felipe então, conversando com Michele, contou a moça, que há muito tempo estava tentando falar com ela, só que a mesma, nunca o deixava se aproximar.
Michele, ouvia a tudo atentamente.
Assim, Felipe prosseguiu dizendo que desde que começara a namorar Fernanda, começou a se dar conta, de que ela não era nada do que ele imaginava. Muito bonita sim, mas sem a metade do brilho que outras pessoas tinham. Além disso, comentando que não gostou nem um pouco de a ter visto com Augusto, disse-lhe que ele não era uma boa pessoa. Assim, como Fernanda era egoísta, ele tinha a mesma índole.
Michele, continuou ouvindo.
O rapaz, então, comentou, que nunca mais voltaria a namorar garotas como Fernanda.
Michele continuava impassível.
Felipe, já começando a ficar impaciente, contou que desde que vira ela com Augusto, ficou morrendo de ciúmes. Sim, desde que ela brigara com ele e passara a namorar Augusto, ele não era mais o mesmo. Sempre que ele a via toda arrumada, linda, ao lado de Augusto, sentia-se como se tivesse perdido a grande oportunidade de ser feliz. Isso por que, dizendo que fora tolo, comentou com a moça, que devia ter percebido a pessoa de valor que ela era. Amiga, nunca se importara em ajudá-lo. Até para se aproximar de Fernanda, ele pôde contar com sua ajuda. Preocupada, mesmo não concordando com o namoro, nunca atrapalhou os dois. Pelo contrário. Contudo, como boa amiga que era, tratou de avisá-lo, quando percebeu que Fernanda não era uma boa pessoa.
Mas mesmo quando ela lhe dissera isso, ele teimosamente insistiu em continuar namorando-a. Porém, foi apenas questão de tempo, para ele perceber a burrada que fizera. Arrependido pela má escolha, começou a perceber que Michele, era muito melhor do que Fernanda. Mais amiga, mais companheira, mais correta. Era estudiosa, inteligente, dedicada, bonita.
Michele, ao ouvir as palavras de Felipe, deu um sorriso encabulado.
Felipe continuou:
-- É sim. Muito bonita. Mais bonita do que muitas dessas patricinhas que andam sempre por aí, muito arrumadinhas demais. Você é bonita por que não força a natureza. É bonita por que nasceu assim. Não fica arrumando penteadinhos ou roupinhas para deixá-la melhor do que realmente é. E eu gosto disso.
-- Está me chamando de esculhambada?
-- Mas é claro que não. Onde já se viu isso? Como eu poderia considerá-la esculhambada? Você está sempre arrumada. Eu nunca te vi mal vestida. Pelo contrário. Está sempre muito bem.
-- Mas então, o que falta? – perguntou ela.
-- Não falta nada. – respondeu ele.
-- Se não falta nada, por que então, você me chamou para conversar? Eu não estou entendendo.
-- Ah! Não está? – perguntou ele desapontado. – Pois bem, eu lhe explico. Não sei se você ouviu bem, mas eu disse que fiquei com ciúmes de você. Disse também, que você é muito melhor que minha ex-namorada. Disse ainda que você é bonita. Linda para dizer a verdade, e que tem muitas qualidades.
-- Sim, e o que tem isso? – perguntou Michele com um certo descaso.
Felipe um pouco irritado, puxou-a pelo braço e começou a perguntar:
-- E o que tem isso? E o que tem isso? Pois bem eu te explico: O que tem isso, é que eu quero te namorar. Não percebeu ainda, sua cabeça dura?
Michele, ficou surpresa com a pergunta.
Felipe, percebendo o espanto de Michele, resolveu dar um tempo a ela para que pudesse por os pensamentos em ordem. Mas depois, impaciente com a demora na resposta, o rapaz começou cobrar:
-- Então. Qual é a resposta?
Michele continuava calada.
Felipe não agüentava mais o silêncio. Sem saber o que fazer, só podia esperar. E esperou.
Assim, depois de quase meia-hora de silêncio, Michele respondeu que não sabia o que dizer.
Felipe, desapontado, perguntou:
-- Mas como não sabe o que dizer? Você sempre soube se comunicar muito bem!
-- Mas agora, eu não sei o que dizer.
Felipe perguntou-lhe então, qual era o problema em aceitar o namoro.
Michele respondeu-lhe então, que não havia problema nenhum.
Felipe sorriu e falou que só sairia dali, com uma resposta afirmativa.
O rapaz ficou então, parado ali, como se fora uma árvore.
Michele, percebendo que ele não sairia dali, começou a ficar incomodada com a situação. Dizendo que ele não podia ficar parado ali feito um poste, tentou debalde, convencê-lo a sair de lá.
Mas Felipe era teimoso. Como dissera, só sairia dali, com a tão sonhada resposta.
Michele, percebendo que não tinha outra saída, acabou concordando. Sim, aceitava o namoro. Mas com uma condição: que ele saísse dali.
Felipe concordou, e os dois foram embora juntos para casa.
Andando juntos, os dois conversaram longamente.
Augusto, vendo os dois saírem de braços dados rua afora, não gostou nem um pouco da novidade. Mas decidido a esclarecer a situação, prometeu a si mesmo que descobriria o que estava acontecendo. Curioso, foi logo conversar com Fernanda, e exigiu dela, uma atitude, já que seu suposto namorado estava saindo com outra garota.
Fernanda, ao saber da novidade, caiu na risada.
Augusto porém, não gostou nem um pouco da reação da moça. Tanto que chegou a perguntar:
-- Mas você não vai fazer nada? Seu namorado está saindo com Michele e você não vai tomar nenhuma atitude? Afinal de contas, que namoro é este? Não sabia que ele era tão moderninho assim.
-- Mas é claro que não. Eu dispensei ele. Mas ora vejam! Quem diria! Pra quem era tido como bicha, até que ele está se saindo bem. – respondeu ela, com ar de superioridade.
-- Bicha? Mas como? Você achou que ele era bicha? – perguntou ele espantado.
-- Não, eu não pensei que ele fosse homossexual, mas muita gente, chegou a me contar, que achava ele muito estranho. Eu até perguntei: Estranho como? Mas sempre que eu fazia essa pergunta, as pessoas começavam a dar risinhos maldosos e iam embora. Eu não entendia nada.
-- Nada mesmo, Fernanda? Então como você descobriu a história?
-- É que um dia, usando o banheiro feminino, eu acabei ouvindo uma conversa de duas garotas, dando a entender que ele não gostava muito de mulher. Depois, vendo as atitudes dele com relação a mim, eu resolvi terminar o namoro.
-- E ele? – perguntou Augusto, curioso.
-- Ah, ele não gostou muito no começo, mas depois acabou aceitando. Coitado! Deve ser difícil mesmo, levar um fora.
-- Quer dizer então, que vocês não estão mais juntos?
-- Não. Não mesmo.
-- E você não vai fazer nada para impedir os dois de ficarem juntos? – perguntou Augusto.
-- Não. Me desinteressei. Felipe não é o que eu imaginava. Cansei.
Augusto, ao perceber o desdém da moça em relação ao rapaz, tentou várias vezes, convencê-la de que ela não deveria aceitar aquela situação. Dizendo que ela sempre deixava os homens apaixonados, Augusto insistiu para que Fernanda tentasse convencê-lo a namorá-la novamente.
Fernanda, porém, respondeu que não estava mais interessada. Dizendo que ele era muito sem graça, a moça comentou que poderia arrumar coisa muito melhor.
Augusto teimou ainda um pouco em tentar convencê-la, mas debalde.
Fernanda estava decidida a não mais procurar o rapaz. Depois da decepção que tivera com Felipe, Fernanda não queria mais nem ouvir falar no nome dele. E assim, conforme se seguiram os dias, Fernanda começou a se irritar com Augusto por conta disso.
Mas o rapaz, inconformado em ser trocado por Felipe, queria por que queria, arrumar um jeito de separar os dois.
Fernanda, percebendo que o amigo estava obcecado, pediu a ele, várias vezes, para que mudasse de assunto. Cansada de ouvir falar em Felipe e Michele, já não agüentava mais a lenga-lenga. Tanto que certa vez, explodiu. Dizendo para o amigo, que nunca mais tocasse no nome dos dois, Fernanda comentou que já estava cansada de só ouvir falar neles. Ressaltando que sua vida não se resumia a falar dos outros, a moça deixou bem claro que se Augusto voltasse a tocar no assunto, tentando convencê-la a mudar de idéia, ela nunca mais falaria com ele.
O rapaz, percebendo então, que não a convenceria a ficar do seu lado, passou a não procurá-la mais.
Nisso, Fernanda, vendo-se livre da insistência de Augusto, tratou logo de partir para outra, e em pouco tempo arrumou um novo namorado.
Enquanto isso Felipe e Michele, namorando, começavam a trocar confidências.
Felipe dizia a ela, que sempre a admirara, muito embora ainda não estivesse apaixonado.
Michele, ao ouvir isso, encheu-se de coragem, e disse que há muito tempo, gostava dele.
Felipe, ao ouvir isso, ficou bastante surpreso. Isso por que, nunca imaginou que Michele poderia um dia se interessar por ele. Assim, tomado de curiosidade, o rapaz pediu a ela para que contasse desde quando ela gostava dele.
Michele tímida, comentou que não queria falar sobre isso, mas Felipe, insistindo muito, acabou convencendo-a a contar.
A moça então, revelou que gostava muito dele. Muito antes dele namorar Fernanda, e vê-lo suspirar cada vez que ele a via.
Felipe ao saber disso ficou espantado. Isso por que, nunca havia percebido. Além do mais, foi a própria Michele que facilitou sua aproximação com Fernanda, e possibilitou o namoro. Felipe, percebendo isso, foi logo perguntando por que ela o havia ajudado.
A moça respondeu:
-- Felipe! Como eu não poderia ajudar se era dela que você gostava? O que eu ía fazer, impedi-lo? De nada adiantaria, se era para vocês se encontrarem, vocês acabariam se encontrando. Ademais, você nunca demonstrou nenhum interesse por mim, além da amizade. O que eu poderia fazer?
Felipe, percebendo a nobreza do gesto da moça, coisa rara de se ver, parou de fazer perguntas, e admirado, tratou logo de abraçá-la.
Nisso, Augusto, inconformado, ao ver os dois juntos, tentou armar uma cilada para Michele.
Felipe no entanto, percebendo que Michele nunca se interessara de verdade por Augusto, ao vê-lo segurando-a pelos braços, e Michele lutando para se livrar dele, ficou enervado. Aborrecido, Felipe puxou-o para um canto, e lá lhe deu três socos.
Michele, nervosa com o que estava acontecendo, ao tentar explicar que não tinha culpa, começou a gaguejar.
Felipe, percebendo o nervosismo da moça, deixou bem claro que confiava nela e que não havia por que se preocupar. Além disso, disse que depois dos socos que o rapaz levara, nunca mais ele iria incomodá-la.
Michele, percebendo isso, agradeceu a confiança e abraçou Felipe.
Felipe estava certo. Apesar de ainda inconformado, depois do que se sucedera, nunca mais Augusto voltou a incomodar Michele, com seus apelos para voltarem a namorar.
Depois de um certo tempo inclusive, cansado de ficar sozinho, Augusto acabou voltando para sua vida, cheia de namoradas.
À uma certa altura, Felipe e Michele, já namorando há bastante tempo, e prestes a se formarem, cansados de só se verem poucas horas todos os dias e depois voltarem para suas casas, resolveram que deveriam morarem juntos.
Por já estarem trabalhando, já possuíam renda própria. Além disso, era uma questão de tempo para serem efetivados na escola em que trabalhavam. Com isso, assim que se formaram, e foram definitivamente contratados como professores, os dois resolveram juntar seus pertences para morar juntos. Inicialmente, Michele e Felipe, morariam em um pequeno apartamento, mas depois, quando se decidissem casar, poderiam arrumar uma casa maior.
E assim, os dois começaram a preparar suas malas. Antes porém, procuraram cuidadosamente, um apartamento. Levaram meses até encontrar um que pudessem pagar. Vocês devem saber que salário de professor não é muito grande.
E assim, lá se foram eles para a casa nova.
Viveram muito felizes lá.
O apartamento, apesar de pequeno, foi muito bem arrumado pelo casal, que além de levar seus pertences, ainda teve que comprar alguns móveis. Assim, depois de tudo pronto, o casal se encantou, pois o lugar estava lindo!
Animados, ao verem que tinham seu próprio lar, os dois começaram a fazer tudo juntos. Limpavam e organizavam a casa juntos. Até a na hora de cozinhar não se largavam.
Realmente, estava tudo transcorrendo maravilhosamente bem.
De vez em quando, algumas rusgas surgiam, mas era apenas uma questão de horas para resolverem tudo. E assim, as brigas do casal, duravam muito pouco tempo. Tão pouco que todos que os viam juntos, achavam que eles nunca brigavam.
Era realmente um belo casal. Um belo e unido casal.
Somente uma vez brigaram sério. A briga foi realmente tão séria, que Michele chegou a arrumar suas coisas para ir embora. Chateada com Felipe, a moça não queria nem ver seu rosto. Aborrecida, voltou para a casa dos pais, e só retornou para o apartamento, depois de muita insistência de Felipe, que não economizou desculpas para ela.
Depois disso, o casal nunca mais se desentendeu seriamente.
E assim, dois anos depois, decididos a se casar, finalmente Michele foi conduzida até o altar.
Se casaram.
Fernanda, também se casou. Ambiciosa, tratou logo de arrumar um bom partido, como ela mesma dizia.
Já Augusto, demorou ainda algum tempo para se casar. Mas ao engravidar uma garota, não teve jeito. Até seus pais exigiram que ele se casasse.
É... ao que parece, todo mundo, de um jeito ou de outro, acabou se casando.
E assim, termina um louca história, sobre encontros e desencontros.
Cada um escreve sua história como bem entender.
Está dado meu recado.

Luciana Celestino dos Santos
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