Percebeu que fora enganado por uma jovem. Logo ele, um homem tão vivido.
Em seu quarto, Viriato percebeu que estava preso sob o domínio da moça.
Constatando que Leonor resistia à suas investidas, o conde resmoneou dizendo que ela não ficaria com Lourenço. Nem que para isto fosse preciso acabar com ele.
Gritava dizendo que Leonor não ficaria com Lourenço.
A esta altura, a moça dormia.
Com efeito, enquanto Leonor permaneceu isolada, ficou a ruminar mil conjecturas.
Nervosa, aflita, chegou ao desespero, ao imaginar Lourenço morto.
Com isto, quando finalmente Viriato foi ter com ela.
Ao vê-la triste e abatida, ficou penalizado.
Abaixou-se, tentou tocar em seu rosto.
Leonor se afastou. Encolhida em um canto do quarto, pôs a cabeça entre as pernas.
Viriato levantou-se. Dizendo que não estava ali para brigar, comentou que viera fazer uma proposta.
Chorosa, a moça perguntou:
- O que você quer de mim? Não basta ter arruinado minha vida, destruído qualquer esperança de felicidade, de ter quase acabado com a vida de Lourenço... Se é que realmente não conseguiu matá-lo.
Ao cogitar a idéia de uma possível morte de seu noivo, a moça começou novamente a chorar.
Viriato ao notar isto, pediu para que ela parasse de chorar.
Respondeu que se ela aceitasse sua proposta, ele esqueceria definitivamente Lourenço. Prometeu que o deixaria em paz. Argumentou que não lhe desejava nenhum mal.
Leonor voltou seu rosto para o conde.
Viriato disse-lhe que se ela fosse razoável, ele se casaria com ela, e que se ela fosse gentil com ele, poderia obter dele, tudo o que qualquer mulher que se envolvera com ele sonhou e nunca conseguiu.
O conde respondeu que ela significava muito para ele, mais do que poderia imaginar.
Abaixando-se, disse olhando em seus olhos que a estimava mais do que Lourenço.
Alquebrada, Leonor só queria saber de Lourenço.
Fazia dois dias que o conde a deixara se alimentar apenas de um pouco de pão e beber água.
A moça estava abatida e com olheiras.
Estava também, cansada de sofrer.
Viriato insistiu na proposta. Disse-lhe que faria dela uma rainha, se aceitasse suas condições. Prometeu novamente que se ela se cassasse com ele, Lourenço permaneceria são e salvo, livre e desimpedido para encontrar outra noiva.
- Promete? – perguntou Leonor suplicante.
- Prometo.
Leonor abatida, assentiu com a cabeça. Disse que aceitava a proposta.
Viriato a abraçou.
A moça não ofereceu resistência.
Feliz, o conde comentou:
- A propósito! Lourenço, está bem. Soube por fonte segura, que já se encontra de pé.
Leonor não acreditou.
No que o homem retrucou:
- Duvidas? É verdade, Lourenço não corre mais perigo de morte.
Leonor pediu uma prova do que estava dizendo. Argumentou que só aceitaria se casar com ele, se tivesse certeza absoluta de que Lourenço estava bem.
Viriato se impacientou.
Leonor pediu então para se encontrar uma última vez com seu então noivo. Argumentou que precisava explicar-lhe que o compromisso fora desfeito, e que iria se casar com Viriato.
Ao ouvir a palavra ‘casar’ saída da boca de Leonor, o homem sorriu.
Contudo, não lhe agradou a idéia da moça visitar o moço.
Ao notar isto, Leonor suplicou:
- Por favor! É o último desejo de uma condenada! Eu só quero vê-lo pela última vez. Preciso explicar-lhe que está tudo terminado. Para que ele não crie falsas esperanças de que voltemos a ficar juntos e venha atrapalhar ... nosso casamento. Por favor! Eu te imploro.
Ao terminar de dizer estas palavras, Leonor deitou-se no leito. Estava cansada.
Viriato colocou sua mão na fronte da moça.
Ao perceber que Leonor não tinha febre, pediu para que ela não dormisse ainda.
A moça ficou observando-o.
Nisto, Viriato perguntou:
- O que eu ganho com isto?
A donzela olhou-o surpresa.
Viriato insistiu:
- Sim, por que eu lhe conceder este favor, não penses que iria sozinha conversar com Lourenço. Além disso, eu quero algo em troca.
Pensando, chegou a seguinte conclusão:
- Um filho! É isto, um filho! Eu vou me casar contigo, vou deixá-la ter com Lourenço. A senhorita vai informá-lo de nosso casamento. Vais fazer tudo o que eu quero. Vai ser gentil comigo, não vai?
Sem alternativa, a moça balançou a cabeça afirmativamente.
Feliz, o moço pediu para que ela não dormisse ainda. Insistiu para que ela tomasse um banho e trocasse de roupas.
Nisto a moça banhou-se.
Viriato mandou Antero providenciar roupas para a moça vestir.
Em seguida, a moça deitou-se na cama e adormeceu.
No dia seguinte, Viriato mandou Antero servir um lauto café da manhã para a moça.
Nisto, ao deixar a bandeja sobre um baú, Antero saiu do aposento.
Viriato então, entrou no quarto.
Ao ver a moça apática, pediu para ela comer algo. Disse que ela precisava estar bem para o casamento. Para o futuro que a aguardava.
Leonor pegou então uma fruta e começou a mastigá-la com algum esforço.
O conde incentivou-a a comer mais.
Contudo, dizendo que não iria forçá-la, comentou que ela precisava estar forte para poder conversar com Lourenço.
A moça fitou-o.
Viriato prometeu que assim que ela ficasse melhor, iria conversar com ele.
Nisto, o tempo foi passando.
E assim, a moça passou a fazer suas refeições na sala de jantar, junto de Viriato.
Certa vez, o conde tentou beijar a moça.
Leonor se afastou.
Viriato, segurando levemente o braço da moça, disse-lhe que ela precisava se acostumar com a idéia. Afinal, dizia, em breve estariam casados.
Leonor então parou de resistir.
Viriato aproximou-se novamente e beijou a moça.
Mais tarde, o moço contou-lhe que no dia seguinte, ela iria conversar com Lourenço.
Leonor tentou não demonstrar ansiedade.
Viriato, preocupado com o encontro, tentou convencer a moça a desistir da idéia.
No que Leonor argumentou:
- É por uma questão de segurança. É necessário. Ou então nunca teremos paz.
E assim, mesmo contrariado, o homem autorizou a saída da moça do castelo.
Acompanhada de seus homens, a moça seguiu de carruagem em direção a propriedade de Lourenço.
Ao chegar no portão da propriedade, Leonor e os homens de Viriato adentraram as terras.
Ao se aproximarem da casa, a carruagem parou.
Leonor foi ajudada pelos criados de Viriato a descer.
Aparecida, ao ver a filha descendo da carruagem de Viriato, compreendeu perplexa, tudo o que se passava.
Triste concluiu que de fato sua filha estava perdida para sempre.
Ao entrar na casa, a moça pediu para ficar a sós com sua mãe.
Ao ouvir isto, um dos homens retrucou que tinha ordens de não deixá-la sozinha em nenhum momento.
Aparecida compreendeu tudo.
Leonor por sua vez, insistiu em ficar sozinha. Disse que eles poderiam ficar do lado de fora, guardando todas as entradas e saídas da casa.
O homem então, afastou-se.
Passando ordens para que toda a casa fosse vigiada, mandou que os homens guardassem todo o imóvel.
Nisto ao se ver a sós com sua mãe, Leonor perguntou-lhe se estava bem, como estava tudo, ... de seu pai.
Aparecida respondeu que sim, que ela e Abílio estavam bem, em que pese seu sumiço.
Com os olhos cheios de água, Leonor respondeu que tinha pressa e que não podia contar tudo o que estava acontecendo.
Disse apenas que se casaria com Viriato, e que precisava conversar com a máxima urgência com Lourenço, para explicar-lhe o que estava acontecendo.
Aparecida por sua vez, insistiu em saber o que estava acontecendo.
Leonor respondeu que aquele não era o momento apropriado para falarem. Disse que estava se casando com Viriato, para preservá-los.
Ao ouvir estas palavras, Aparecida questionou a atitude da filha.
Leonor contou-lhe então, que não estava a salvo. Disse que Viriato lhe impôs casar-se com ela.
Aparecida constatou que a moça estava sendo ameaçada. Insistiu para que ela dissesse claramente o que estava acontecendo.
Nervosa, Leonor disse apenas, que estava se despedindo de todos.
Sua mãe percebeu que ela não estava feliz com a idéia de se casar com o conde.
Leonor por sua vez, ao ser pressionada por sua mãe, respondeu que não poderia falar mais nada.
Descontrolada, começou a chorar.
Triste, ao ver seu pai se aproximando, Leonor abraçou-o.
Abílio ficou deveras feliz com o retorno.
Por um instante, acreditou que ela estava sã e salva.
Contudo, ao descobrir que ela iria se casar com Viriato para resguardá-los, ficou indignado.
Resoluto, insistiu para que a filha não se impusesse tamanho sacrifício.
Angustiado, sugeriu a Leonor que fugisse, e que eles, assim que pudessem, iriam em seu encontro.
Leonor respondeu que já tentara fugir, mas não conseguiu se livrar da perseguição de Viriato. Dizendo que Lourenço fora ferido em virtude de sua fuga, a moça disse que não colocaria a vida de mais ninguém, em risco.
Abílio pressionou então a filha. Exigiu que ela lhe contasse toda a verdade.
Leonor novamente respondeu que não poderia dizer mais do que já dissera.
Com efeito, Aparecida notou que Leonor estava assustada, e que parecia ansiosa em ter com Lourenço.
O moço estava demorando para voltar para casa.
Lourenço estava percorrendo suas terras.
Precisava verificar o trabalho dos camponeses, ver as plantações.
Necessitava ver tudo de perto.
E assim, o tempo passava.
Depois de duas horas, finalmente o moço retornou a casa.
Havia ficado muito tempo ausente.
Ao vê-lo bem disposto, Leonor sorriu.
Lourenço ficou surpreso ao vê-la.
Por um instante achou que estava sonhando.
Depois, observando melhor, notou que era mesmo sua noiva.
Feliz, correu para abraçá-la.
Percebendo que precisavam ficar a sós, Aparecida sugeriu discretamente que ela e Abílio, se encaminhassem para o interior da casa.
Lourenço então, conduziu Leonor, até um dos aposentos da casa.
Nisto o moço fechou a porta.
Leonor estava trêmula.
Ao notar isto, Lourenço percebeu que havia homens rondando a propriedade, como na época que era procurada uma suposta ladra.
O homem comentou que chegaram a invadir sua casa, vasculharam todos os cantos.
Revelou que ao tomar conhecimento deste fato, concluiu que deviam estar procurando-a e que ela estava correndo perigo. Razão pela qual partiu em seu encalço, vindo a ser ferido. Lourenço contou ainda, que desde o sumiço, não deixou de procurá-la. Disse que levou um tiro, ficando doente por um longo tempo.
Feliz, ao vê-la bem, perguntou como ela havia conseguido fugir. Perguntou também quem era seu algoz.
Nervosa, Leonor comentou que fora sequestrada e levada para um lugar ermo, de onde conseguiu fugir. Revelou que planejava ir ao seu encontro, mas temia ser novamente capturada. Razão pela qual percorreu um caminho mais longo para chegar as suas terras. Visando não ser reconhecida, vestiu-se de homem.
Disse que por diversas vezes, se aproximou do portão de entrada, sem coragem para adentrar a propriedade.
Lourenço novamente abraçou-a. Disse que sentira saudades.
Nervosa, a moça se afastou do jovem.
Começou a chorar.
Aflito, Lourenço perguntou:
- O que houve?
Leonor não conseguia parar de chorar.
O moço insistiu:
- O que está acontecendo? Por que choras? Afinal, não estás a salvo?
Leonor balançou a cabeça negativamente.
Lourenço demonstrou surpresa.
A moça então respondeu:
- Houve um dia em que finalmente reuni coragem e adentrei vossas terras. Segui até esta casa e entrei em seu quarto. Ao vê-lo, pude perceber que estava ferido, ardia em febre, provavelmente teve delírios. Ao vê-lo em tão delicado estado, lamentei sua sorte. Chorei muito. Desejei que se recuperasse.
Lourenço continuava surpreso. Afinal de contas, se ela o havia visitado, por que ninguém o comunicara do fato?
Leonor, percebendo a dúvida, revelou que adentrara a propriedade escondida, pois tinha medo de ser descoberta.
Aflito, Lourenço perguntou:
- Quem é este homem que a assusta tanto?
Leonor recusou-se a dizer.
Nervoso Lourenço colocou suas mãos nos ombros da moça, e olhando em seus olhos, insistiu para que ela revelasse a identidade do fascínora.
A moça relutou em dizer. Argumentou que se dissesse, colocaria a vida dele em risco. Ressalvou também, que não poderia colocar em risco a vida de seus pais.
Lourenço aproximou-se da janela. Percebeu então, que guardas vigiavam os acessos da residência.
Com efeito, ao adentrar o imóvel, estranhou o movimento de homens ao redor da casa.
Diante disto, constatou que Leonor estava sendo constrangida.
- Meu Deus! O que está havendo? – indagou Lourenço.
Nervosa, Leonor tinha dificuldade em explicar o que estava havendo.
Lourenço então, começou a chacoalhá-la exigindo que lhe explicasse o que estava acontecendo.
Leonor tornou a chorar.
Nisto Lourenço soltou-a.
A moça então, reunindo coragem, disse:
- Eu não sou mais dona da minha vida... Irei me casar com o conde.
- Conde? Que conde? O único conde que eu conheço é Viriato. – questionou Lourenço atônito.
Gaguejando, Leonor respondeu que iria se casar com Viriato.
Lourenço, ao ouvir as palavras da moça, começou a rir.
- Que história é essa? Que brincadeira de mal gosto é esta? Vocês dois combinaram de virem me pregar uma peça?
Leonor entre lágrimas, respondeu que não tratava de uma brincadeira de mal gosto. Respondeu que fizera uma escolha e que, tendo em vista as circunstâncias, deveria cumpri-la.
O homem se recusava a acreditar no que estava acontecendo.
Disse que se Viriato a auxiliara a fugir, deveria sim, ser-lhe grata, mas não ao preço de se casar com ele, abdicando de seu amor.
Leonor ficou então, de costas para ele.
O jovem aproximou-se e perguntou a moça, se ela ainda o amava.
Ao ouvir tais palavras, Leonor precisou se segurar para não tornar a chorar.
Ansioso, Lourenço fez um apelo:
- Responda para mim!
Nisto puxou Leonor, que estava de costas para ele, para junto de si.
A moça não sabia o que dizer.
Lourenço então, segurou seu rosto e beijou-a.
Surpresa, ao término do beijo, afastou-se.
Lourenço ficou decepcionado.
- Nunca fujiste assim de mim.
Leonor pediu-lhe desculpas. Abaixou a cabeça.
Lourenço então, aproximando-se, disse:
- Não precisa se envergonhar. Eu sei que fui ousado demais.
A moça por sua vez, argumentou que ele não havia feito nada demais. Ela sim é que estava nervosa com tudo o que estava acontecendo.
Nisto, pediu para que ele não dispensasse os serviços de seus pais.
Receosa, argumentou que preferia que eles ficassem perto de pessoas confiáveis.
Lourenço ficou intrigado. Tanto que perguntou:
- Se você não confia em Viriato, por que irá se casar com ele?
Leonor se recusou a explicar.
Lourenço nervoso, gritava:
- O que está acontecendo? Eu exijo explicações. Eu não vou aceitar meias verdades.
Receosa, Leonor pediu para que ele se acalmasse. Dizendo que seu grito poderia chamar a atenção dos sentinelas, contou que ainda não estava a salvo, e que estava se casando, para que todos os que estimava, permanecessem em segurança.
Nervoso, Lourenço comentou que não queria que ela se submetesse a tamanho sacrifício. Insistiu para que ela contasse o nome do fascínora que ainda a oprimia. Crédulo, chegou a dizer que se conversasse com jeito com o conde, ele a liberaria deste fardo.
Suplicante, o homem pediu para que ela não se casasse com seu amigo.
Nisto, virou-se de costas para a moça.
Leonor por sua vez, aproximou-se de Lourenço.
Dizendo que lamentava tudo o que estava acontecendo, comentou que não estava feliz por se casar com o conde. Ressalvou que havia feito um acordo com Viriato, e que precisava cumpri-lo. Afirmou que disto dependia sua segurança, e a de todos os que residiam naquela propriedade.
Por fim, disse que não poderia revelar mais detalhes do que estava acontecendo, sob pena de arriscar a vida de todos.
Ao ouvir isto, Lourenço comentou que estava cansado de ouvir tantas desculpas, e que se ela queria se casar com outro, não precisava inventar mentiras.
Leonor respondeu então:
- Então achas que forjei um sequestro no qual fui a própria vítima, só para ter uma desculpa para me casar com o conde? Bem se vê que não me conhece. Como pode me julgar desta forma? Achei que algum dia, tivesse gostado de mim.
Lourenço permanecia indiferente.
Leonor, com os olhos cheios d’água, respondeu que não tinha mais nada para fazer ali.
Lacrimosa, pediu desculpas a Lourenço, por todo o sofrimento que lhe causara.
O homem, ao perceber que a moça estava partindo, pediu:
- Espere! Não vá ainda.
Leonor virou-se para ele.
Lourenço aproximou-se dela, pediu-lhe desculpas.
Disse que estava confuso, que não estava entendendo nada, e que tudo parecia um pesadelo. Afirmou que não poderia viver sem ela. Insistiu, implorou para que ela não casasse com Viriato.
Leonor permaneceu imóvel.
Lourenço chorando, beijou a moça. Beijou seu rosto, seu lábios, seu pescoço.
Dizia entre soluços e lágrimas, que a não deixaria ir embora. Que ela nunca mais sairia de perto dele.
Nisto, o moço trancou a porta do quarto.
Lourenço disse-lhe que já fizera planos de ter filhos, e de viver longos anos a seu lado.
Ao ouvir tais palavras, a moça chorou.
Aflita a moça lhe disse que não queria se casar, sem antes saber o que era ser feliz, estando ao lado de alguém de quem gostasse.
A moça pediu então para que ele a beijasse novamente.
Lourenço a atendeu prontamente.
Beijaram-se.
Se abraçaram.
Leonor tocou o rosto de Lourenço.
Delicadamente o moço conduziu a moça a seu leito.
Deitados, continuaram a se abraçar e se beijar.
Se acariciavam.
Nus, coabitaram.
Leonor correspondia aos beijos de Lourenço.
O homem entre suspiros, pedia a moça para que não o abandonasse. Pedia para ela desistir de seu casamento com Viriato.
Por fim, adormeceram. Dormiram abraçados.
Horas depois, Leonor acordou sobressaltada.
Afastando delicadamente os braços de Lourenço, a moça levantou-se.
Vestiu-se.
Em seguida, beijou o rosto da moço.
Chorosa, disse baixinho:
- Adeus meu amor! Adeus para nunca mais!
Nisto, pegou a chave do quarto, abriu a porta e saiu.
Cuidadosa, desceu as escadas sem fazer barulho.
Em seguida, entrou no quarto de seus pais. Beijou o rosto de cada um deles.
Por fim, disse adeus.
O casal já dormia há várias horas.
Ao sair da casa, percebeu que os homens de Viriato estavam impacientes.
Viriato, a aguardava ansiosamente.
Nervoso, teve que ouvir Antero dizer que não fora uma boa idéia deixar a moça ter com Lourenço.
O conde estava nervoso e impaciente.
Quando a moça finalmente retornou ao castelo, o homem impaciente, foi ao seu encontro.
Nervoso, disse que ela havia se demorado demais.
Irritado, puxou a moça pelo braço. Disse que ela não tentasse enganá-lo, pois teria muito a perder.
Leonor tremia.
Viriato, percebendo que ela tremia, exigiu que ela lhe desse explicações.
Guagejando, a moça respondeu, que não havia feito nada demais.
Furioso, Viriato gritou:
- Eu não acredito! A senhorita está faltando com a verdade!
Trêmula, a moça respondeu que não. Comentou que fora difícil explicar a Lourenço e a seus pais, que iria se casar com ele.
Leonor insistiu em dizer que fora difícil fazê-los aceitarem a idéia.
A moça argumentou que a conversa fora difícil.
Viriato continuou a segurar os braços da moça.
Leonor, com os olhos cheios d’água, respondeu:
- Não bastasse me tirar uma das poucas alegrias que eu poderia ter na vida, o senhor ainda insiste em me torturar! O que mais queres de mim? Não basta ter destruído minha vida? Ter acabado com qualquer chance de felicidade que eu teria? Não está contente ainda? Tem que me torturar mais e mais?
Viriato ficou abalado.
Percebeu que a moça continuava a tremer dos pés a cabeça.
Constatar a tristeza da moça, encheu-lhe de dor.
Nervoso, comentou que não sabia que sua presença lhe era tão desagradável.
Nisto, soltou os braços da moça.
Leonor afastou-se.
Viriato respondeu-lhe então, que poderia se recolher para seu leito.
Leonor subiu apressadamente as escadas.
Mais tarde, o homem se aproximou.
Disse-lhe que o casamento iria acontecer nos próximos dias.
Aflito, o conde perguntou que se ela estava pensando em desistir.
Leonor respondeu que não tinha escolha.
Viriato então disse:
- Eu te asseguro que a vida a meu lado não será uma fonte de martírios e sofrimento. Comigo você terá uma vida de princesa.
Nisto aproximou-se da moça, que já estava recolhida, deitada na cama.
Parecia transformado. Atencioso, continuou a dizer:
- Eu não quero te fazer mal. Se esta fosse a minha intenção, não me casaria contigo. Eu só quero experimentar um pouco do que é ser feliz. Eu te amo. Me deixa saber o que é sentir um pouco de felicidade! Eu te prometo que não vou te atormentar. Eu prometo te tratar com muito carinho. Entre nós, não haverá brutalidade. Eu prometo.
Leonor encostou cabeça no travesseiro.
Viriato, tocando em seus cabelos, disse-lhe:
- Durma, meu bem! Durma! Eu quero você disposta no dia do casamento.
A moça adormeceu.
Encantado, Viriato ficou contemplando a moça adormecida.
Depois, recolheu-se para seu quarto.
Nos dias que se seguiram Viriato se ocupou dos preparativos para seu casamento.
Antero e toda a criadagem prepararam o castelo para o evento.
Quando finalmente chegou o dia das esponsais, Leonor vestiu um lindo vestido branco.
Lourenço permanecia inconsolável.
Não conseguia aceitar o fato de que Leonor se casaria com aquele, que fora seu melhor amigo.
Dias antes do matrimônio, o moço chegou a ir até o castelo.
Viriato contudo, havido proibido sua entrada no edifício.
Lourenço contudo, não se deu por vencido.
Ao ver o homem passar por ele a cavalo, chamou-o para uma conversa.
Dizendo-lhe que era um covarde, Lourenço comentou que sabia que ele estava pressionando Leonor a se casar com ele.
Viriato respondeu que seu casamento com a moça era fato consumado, e que só cabia a ele aceitar o fato.
Lourenço comentou que jamais aceitaria covardia e traição.
Viriato respondeu então, que não havia mais nada para conversar.
Nisto prosseguiu em sua cavalgada.
Lourenço gritou:
- Não fuja, seu covarde!
Nisto, os homens de Viriato intervieram segurando Lourenço, e conduzindo-o para fora das terras do conde.
Viriato convidou os pais da moça para o casamento, mas Aparecida e Abílio se recusaram a comparecer.
Leonor sabia que isto iria acontecer.
Aparentemente resignada, a moça resolveu enfrentar a situação.
Vestiu-se, adornou-se.
Ao descer as escadarias do castelo, estava deslumbrante.
Viriato encantado, dizia a todos os convidados:
- Lindíssima! Lindíssima!
E assim, foi celebrado o casamento.
Houve festa, trovas, apresentação de menestréis, jograis.
Leonor dançou com Viriato.
Encantado, o homem pediu para que ela dançasse com ele, a dança que ele a viu dançando quando se viram pela primeira vez.
Leonor entristeceu-se.
Viriato, feliz que estava, não se apercebeu disto.
Desta forma, o homem a puxou para o meio do salão. Dançaram a famigerada dança.
O conde sorria, soltava gargalhadas.
Mais tarde, depois de comerem e beberem, o casal se recolheu para o quarto.
Ao adentrar o aposento, o moço começou a beijá-la.
Dizia que a tempos, que aguardava ansiosamente por aquele momento.
Leonor por sua vez, parecia tensa.
Viriato, percebendo isto, pediu a ela para que fosse gentil.
A moça tentou se acalmar.
O conde disse-lhe que não faria nada contra a sua vontade. Dizendo que cabia a ela garantir a segurança de seus pais, comentou que somente ela poderia tornar as coisas mais tranquilas.
Neste momento, um tremor percorreu o corpo da moça.
Viriato, emitindo um som, pediu a moça que se acalmasse. Dizia que aquele era um momento de celebração.
Com isto, continuou a beijar a moça. Beijou seu rosto, seus cabelos, sua boca, seu pescoço.
Aos poucos foi despindo-a.
Ao perceber isto, a moça tentou se afastar dele.
Viriato, percebendo isto, comentou sorrindo, que era tarde.
Comentou que era uma mulher casada e que agora tinha obrigações a cumprir. E entre elas estava a de coabitarem.
O homem insistiu para que ela fosse atenciosa para com ele. Insistiu para que ela não resistisse aos seus carinhos, que lhe proporcionasse uma noite inesquecível.
Leonor desistiu de continuar se afastando.
Nisto Viriato começou a também se despir.
O conde tirou as vestes de Leonor.
Continuou a beijar a moça.
Leonor então, recordou-se dos momentos que passara ao lado de Lourenço.
Seus passeios de mãos dadas, as festas, as danças, as trovas, as cantigas de amigo. Lembrou-se dos beijos, da noite que passaram juntos, do momento da despedida.
Viriato ao perceber que a moça estava distante, pediu para que ela tocasse suas costas.
Leonor tocou as costas do moço.
Ao tocar de leve as costas do conde, a moça ouviu um pedido de que ela o tocasse mais firmemente.
O homem então deitou-se sobre a moça.
Leonor sentiu-se incomodada com o contato do corpo de Viriato.
Seus olhos se encheram d’água.
A pedido do homem, Leonor percorreu com a mão suas costas, tocou em seu cabelo.
Tudo o que Viriato pedia, ela atendia.
E assim, coabitaram.
Viriato consumou o ato. Realizou seu intento.
Ao satisfazer seus instintos, o homem adormeceu. Não sem antes puxar o corpo de Leonor para perto do seu.
Possessivo, jogou seu braço e sua perna direita por cima da moça.
Quando o dia clareou, a moça conseguiu com certo esforço, afastar o braço e a perna de Viriato.
Vestiu-se.
Em seguida, lavou as mãos e o rosto em uma bacia com água.
A seguir, abriu a porta que dava acesso a sacada do aposento, saiu do quarto. Olhou em volta. Um imenso tapete verde se descortinava ante seus olhos.
Leonor então, encolheu-se em um canto, e ficou chorando baixinho. Escondeu o rosto.
Mais tarde, ao despertar, Viriato se afligiu ao olhar em volta e não encontrar a moça.
Assustado, procurou a moça por todo o quarto.
Ao perceber que Leonor havia saído, vestiu-se. Abriu a porta do quarto a qual permanecia trancada e olhou o corredor.
Nisto, voltando para o quarto, percebeu que a porta que dava acesso a sacada estava entreaberta.
Viriato dirigiu-se a sacada, olhou a paisagem rapidamente e aproximou-se de Leonor.
A moça permanecia encolhida, com a cabeça baixa.
O moço tocou uma de suas mãos. Tocou em seus cabelos.
Leonor então lançou-lhe um olhar.
Viriato perguntou se ela estava há muito tempo ali.
A moça respondeu, meneando negativamente a cabeça.
Viriato pediu a ela, que se levantasse.
A jovem obedeceu-lhe.
O conde estendeu as mãos para a moça.
Juntos, adentraram o aposento.
Viriato convidou-a para tomar o desjejum em sua companhia.
Leonor seguiu com o conde pelos corredores do castelo.
O moço não soltava suas mãos.
A moça pretendia sentar-se a cabeceira da mesa, mas Viriato pediu que ela sentasse a seu lado.
Antero havia mandado preparar, uma lauta refeição.
Viriato comia avidamente.
Leonor contudo, não tocara nas frutas, no pão, tampouco no leite.
O homem, percebendo isto, perguntou:
- Por que não está comendo? O desjejum não está do seu agrado?
- Não tenho fome! – respondeu a moça, mexendo nos talheres.
Viriato insistiu para que ela comesse. Dizendo que ela precisava estar bem disposta, comentou que daquele jeito, ela não poderia gerar um filho para ele.
Leonor continuava indiferente.
O conde percebendo isto, passou a lhe oferecer frutas.
A moça porém, continuou recusando.
Viriato por sua vez, insistiu. Delicado pediu para que comesse pelo menos uma fruta.
Leonor comeu a fruta.
O homem ofereceu-lhe outra fruta.
Inicialmente, a moça recusou o alimento, mas Viriato insistiu.
Sem alternativa, Leonor comeu a fruta.
O conde passou a por comida em sua boca.
Viriato ficou satisfeito.
A certa altura, a moça comentou que estava satisfeita.
O homem por sua vez, respondeu que ela estava se comportando muito bem.
Em seguida, o conde a conduziu pelo jardim.
Feliz, comentou que aquele era o início de uma nova fase em sua vida.
Ambicioso, comentou que tencionava expandir sua propriedade.
Contou que deixaria seu legado para seu futuro herdeiro.
Leonor precisou conter as lágrimas que vertiam de seus olhos.
Procurando enxugar as lágrimas, a moça levou a mão ao rosto.
Viriato percebeu.
Curioso, perguntou-lhe se estava chorando.
Leonor respondeu-lhe que não.
Viriato puxou-a pelas mãos e convidou-a para fazer um pequeno passeio em suas terras. Dizendo que ela precisava conhecer melhor o que lhe pertencia, comentou que ela precisava conhecer também as suas terras.
Leonor ficou ruborizada.
Viriato riu.
- Sua boba! Isto tudo aqui é seu. A senhora é dona de tudo o que existe neste lugar.
Nisto ficou a mostrar-lhe o lago, o imenso descampado, algumas plantações.
Os camponeses ao verem o casal, se espantaram.
Viriato parecia modificado. Gentil, concentrou toda sua atenção na jovem esposa, a ponto de não olhar para nenhuma mulher.
Algumas camponesas, ao perceberem isto, ficaram incomodadas.
Outras pessoas diziam que faziam votos para que ele realmente se transformasse em uma pessoa melhor, deixando sua fama de dissoluto, de lado.
Nisto, o casal continuou caminhando.
Mais tarde, após queixas de Leonor, que se dizia cansada, o casal retornou ao castelo.
O casal almoçou.
Mais tarde a moça banhou-se.
Viriato também.
Com isto, encontrando-se a sós com Leonor, Viriato abraçou-a.
Depois, soltando-a, ficou a observá-la por algum tempo.
Deslumbrado, comentou:
- Como a senhora é bonita!
Leonor virou o rosto.
Viriato respondeu:
- Não! A senhora não tem do que se envergonhar! O que é belo tem que ser reconhecido.
A moça continuava envergonhada.
O conde, percebendo isto, comentou que ela trouxera alegria para sua vida. Uma vida dissoluta, de prazeres fugazes. De um vazio que não o levava para lugar algum.
Nisto, aproveitando o fato de que a moça ficava a olhar o chão, Viriato tocou em seu rosto.
Com sua mão, tocou em sua boca, sua fronte, a face.
Comentou que ela tinha uma pele macia e delicada.
Disse-lhe com os olhos cheios d’água que ela era a sua maior felicidade.
Afirmou que ela era dona de tudo o que ele tinha.
Leonor tentou não olhar em seus olhos.
Viriato pediu para que ela não se afastasse.
Novamente tocou em seu rosto.
- Eu te amo! Não entendes? A senhora é dona de todos os meus bens, de todos os meus pertences. Inclusive de mim. A senhora me pertence, mas eu também quero te pertencer.
Nisto, o homem se ajoelhou diante da moça.
Leonor ficou constrangida.
Viriato, permaneceu ajoelhado.
Aproximando-se dele, a moça pediu para que ele se levantasse.
Nisto o homem começou a beijar seus pés, acariciar suas pernas.
A moça ficava cada vez mais constrangida.
Ao se aproximar da cintura da moça, Viriato perguntou-lhe:
- Diga-me o que eu faço para que eu possa lhe oferecer um pouco da felicidade que eu estou sentindo.
Em seguida levantou-se.
Abraçou-a.
Leonor parecia assustada.
Viriato então, beijou sua nuca.
Depois, beijou sua boca.
Colocando a mão em seu vestido, o homem começou a despi-la.
Viriato também se despiu.
Beijando-lhe o rosto, o pescoço, Viriato pediu que Leonor tocasse em suas costas.
Nisto, conforme a moça o tocava, o moço conduzia seu toque. Explicava-lhe como ela deveria tocá-lo.
Ao notar que a moça estava envergonhada por tocá-lo, Viriato pediu para que ela fosse mais firme.
Respondeu entre beijos que aquele corpo lhe pertencia, e que ela poderia dispor dele.
Leonor tentou se afastar.
Viriato impediu que ela o fizesse.
Conduzindo sua mão, pediu para que ela continuasse a tocar em suas costas.
O moço deitou Leonor na cama.
Dormiram juntos.
Com o tempo, Viriato passou a pedir que Leonor o beijasse.
A moça beijava o rosto, o pescoço, a nuca do homem.
Viriato sentia um arrepio percorrer-lhe o corpo.
O homem se desmanchava nos braços da moça.
Deitando sobre o moço, Leonor tocou em seu peito.
Viriato pedia para que ela continuasse o beijando.
Nus, dormiram juntos.
Após a coabitação, a moça tratava logo de se vestir e se afastar.
Seus olhos estavam sempre vazios.
Para desespero de Leonor, estes contatos eram cada vez mais constantes.
Viriato não se cansava de dizer que ela seria mãe de seu filho, que dentro em breve ela estaria gerando um filho dele.
Leonor, atendendo os anseios do conde, procurava atender seus caprichos.
Viriato também não se cansava de lembrar-lhe que para fazê-lo esquecer de Lourenço, ela deveria tratá-lo como um rei, na cama, na mesa e no banho.
Um dia, ao entrar no quarto sem avisar, Viriato percebeu que a moça se banhava.
Ao se deparar com a cena, ficou hipnotizado.
Assustada, Leonor tentou esconder-se, em vão.
Viriato então, começou a despir-se, e afoito, foi logo entrando na tina, em que Leonor tentava esconder seu corpo.
O homem começou a beijar o pescoço de Leonor.
A moça continuava tentando cobrir-se.
Viriato saiu da tina. Em seguida, retirou a moça da mesma tina.
O moço deitou-a na cama.
Viriato deitou ao seu lado. Beijou-a.
Depois deitou-se sobre ela.
Viriato sorria.
Luciana Celestino dos Santos
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