Poesias

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Lira Cantante

Lira que plange e sente a tristeza de um dia sem lágrimas e sem consolo
Dias que passam vagos, dispersos 
Sonho com esta lira errante, que me acompanha desde o início de meus dias 
Quero sentir o seu pulsar, seu som tristonho a me acompanhar

Quero sentir o lento caminhar de seu som 
De um tempo de felicidades que já se faz distante
Quero sentir uma alegria que nunca foi minha
Que nunca me pertenceu, mas ainda assim
 Eu trago a lembrança de sua existência 

Tenho saudade de um tempo de venturas 
De uma lira que suave tocava meu coração
Que me comovia com as coisas mais simples 

Quero voltar ao tempo das alegrias ingênuas 
Onde somente com a força da imaginação, se podia criar um mundo inteiro de luz e cor
Um mundo onde não havia tanta dor e tristeza
Um mundo onde as misérias humanas não tinham lugar  

Lira, saudosa lira, onde estás? 
Porque hoje tocas tão triste, se houve um dia em que foste tão sonorosa? 
Hoje meu preito é melancólico, só tenho mágoas 
 Estão tão cansada!
Cansada deste prélio enfadonho
Desta batalha sem sentido

Lira cantante da minha vida 
Choraste comigo, todas as minhas amarguras 
Mesmo diante disto, permaneço desalentada
Por que os caminhos da vida são tão tortuosos?
 Por que viver é tão triste, tão duro?
Por que não podemos ser felizes a todo o momento?
Por que somos tão frágeis? 

Lira romântica, por que não cantas as glórias de seu tempo?
 Lira tristonha, porque só sabes prantear as tristezas do presente?   
Sinto-me tão cansada! 
A vida, mais parece um fardo, do que o imenso mar de maravilhas que promete

Ao me confrontar com tantos problemas, sinto vontade de chorar, chorar, chorar...
Chorar, não mais as tristezas de minha vida, mas também as tristezas de meu tempo
Deste tempo tão louco e irracional que ninguém consegue compreender

E é por essas e por outras,
 Que eu sinto tanta saudade de uma época que não é minha
De um tempo passado que nunca fez parte de minha vida
E de uma época que não me pertence

Tenho saudades de uma vida que nunca tive
E medo de um futuro sem perspectivas 

Mas muito mais temor eu tenho,
De não conseguir me realizar como ser humano que sou
 De uma vida sem sentido e sem realizações 
Tenho medo de estar sonhando um sonho que não me diz respeito
E disperdiçando a chance de uma grande existência

Lira, amada lira, triste e conformada
Por que vivo entre as sombras, e não consigo encontrar a luz? 
Por que sua triste melodia me persegue?
Por que não tocas algo mais alegre? 

Quero ter esperança, mas não consigo
A minha frente, vejo poucas soluções
Será que viver é isso?
Um eterno penar?
Ou será que verei um dia de luz
Depois dessa tempestade que pairou sobre minha vida?

Como gostaria de acreditar que tudo vai dar certo
Será que a vida é um filme?
Será que no final tudo acaba bem?

Não consigo descobrir a resposta
Será que um dia saberei?
Será que algum dia vou ser feliz? 
Algum dia na minha existência vou finalmente conseguir ver meus sonhos realizados?  

Lira, suave lira, jogue suas tristezas para longe de mim
Deixe-me ser feliz 
 Deixe-me ser o ser humano que posso e mereço ser 
 Deixe-me ser uma cidadã de verdade 

Lira, rara lira, traga sua antiga música álacre 
Traga-me o tempo da felicidade 

Brindemos a isso preclara lira, 
Afastemo-nos do tempo de tormentas 
E nunca mais seremos tristes 
Ó lira cantante, como eu te admiro!

Luciana Celestino dos Santos
Autorizada a reprodução desde que mencionada a autoria.

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